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Duas novas espécies de Tillandsia L., subgênero Anoplophytum (Beer) Baker (Bromeliaceae, Tillandsioideae) para a fl ora sul brasileira

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Duas novas espécies de Tillandsia L., subgênero Anoplophytum (Beer)

Baker (Bromeliaceae, Tillandsioideae) para a fl ora sul brasileira

Henrique Mallmann Büneker1, 2, , Rodrigo Corrêa Pontes1, 2 & Kelen Pureza Soares3

1 Herbário do Departamento de Ciências Florestais, Universidade Federal de Santa Maria, Av. Roraima, 1000, CEP 97105-900, Camobi, Santa Maria, RS, Brasil. henriquebuneker@mail.ufsm.br

2 Universidade Federal de Santa Maria , Colégio Politécnico, Av. Roraima, 1000, CEP 97105-900, Camobi, Santa Maria, RS, Brasil.

3 Universidade Federal de Santa Maria, Programa de Pós-graduação em Engenharia Florestal, Centro de Ciências Rurais, Av. Roraima, 1000, CEP 97105-900, Camobi, Santa Maria, RS, Brasil.

Recebido em 22.VI.2013. Aceito em 27.V.2014

RESUMO - Duas novas espécies saxícolas de Tillandsia (Bromeliaceae, Tillandsioideae), Tillandsia witeckii sp. nov. e Tillandsia chasmophyta sp. nov., são descritas e ilustradas. São fornecidos dados sobre fenologia, distribuição geográfi ca e habitat, assim como comentários sobre afi nidades morfológicas e estado de conservação dos novos táxons.

Palavras-chave: Tillandsia witeckii sp. nov., Tillandsia chasmophyta sp. nov., plantas saxícolas, taxonomia

ABSTRACT - Two new species of Tillandsia L. subgenus Anoplophytum (Beer) Baker

(Bromeliaceae, Tillandsioideae) for the southern Brazilian fl ora. Two new saxicolous

species of Tillandsia (Bromeliaceae, Tillandsioideae), Tillandsia witeckii sp. nov. and Tillandsia chasmophyta sp. nov., are described and illustrated. Data on phenology, geographical distribution and habitat, as well as comments on their morphological affi nities and conservation status are provided in this manuscript.

Key words: Tillandsia witeckii sp. nov., Tillandsia chasmophyta sp. nov., saxicolous plant, taxonomy

INTRODUÇÃO

O gênero Tillandsia L., dentre as Bromeliaceae, é o que apresenta o maior número de espécies, cerca de 610 (Luther 2010), distribuídas em seis subgêneros: Tillandsia, Allardtia (A. Dietr.) Baker, Anoplophy-tum (Beer) Baker, Diaphoranthema (Beer) Baker, Phytarrhiza (Vis.) Baker e Pseudalcantarea Mez (Barfuss et al. 2005). Dispersas pelas três Américas como epífi tas ou saxícolas, habitam os mais diver-sos ambientes, podendo ocorrer em regiões secas ou também em fl orestas úmidas, desde o alto das mon-tanhas frias até os vales nebulares e da beira do mar até o interior do continente (Leme & Marigo 1993).

No Rio Grande do Sul (Brasil), os primeiros le-vantamentos do número de espécies de Bromeliaceae foram organizados por Rambo (1967) e Reitz (1967), os quais citavam 14 espécies do gênero Tillandsia para esse Estado. Estudos posteriores revelaram uma

série de novas ocorrências de outras espécies ou descreveram novas (Ehlers 1997, Rauh 1984, Strehl 2000, 2004, Winkler 1982). As mais recentes, descri-tas por Strehl (2000, 2004), T. afonsoana, T. bella, T. itaubensis, T. jonesii, T. winkleri e T. rohdenardini pertencem, assim como as novas espécies propostas neste artigo, ao subgênero Anoplophytum, são saxí-colas e possuem ocorrência restrita.

Atualmente são citadas 25 espécies de Tillandsia para o Rio Grande do Sul, pertencentes aos subgêneros Anoplophytum, Diaphoranthema e Phytarrhiza. Dessas, 18 são consideradas ameaçadas de extinção neste Estado (Forzza et al. 2013, Rio Grande do Sul 2003).

MATERIAL E MÉTODOS

Este estudo foi realizado através da revisão da literatura especializada e de descrições originais

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90 BÜNEKER, H.M.; PONTES, R.C. & SOARES, K.P..

(Baker 1878, 1887, 1889, Ehlers 1981, 1997, Grise-bach 1874, 1879, Hassler 1919, Hooker 1861, 1866, 1893, Ker Gawler 1816, Lindley 1830, 1848, Mez 1895, 1896, 1916, 1935, Rauh 1984, Reitz 1982, Smith 1956, Smith & Downs 1977, Solander 1813, Strehl 2000, 2004, Tardivo 2002, Till 1981, Till & Till 1995, Weber 1982, Winkler 1982). Também foram consultados os acervos dos herbários HAS, HDCF, ICN, MPUC, PACA, PEL, RB, SMDB, SP, SPF e os acervos digitais dos herbários B, K, NY, P, US e WU (acrônimos segundo Thiers 2013).

Foram coletados espécimes para estudo em labo-ratório, cultivo e herborização. Os exemplares vivos foram incluídos na coleção de bromélias do Jardim Botânico do Colégio Politécnico da Universidade Fe-deral de Santa Maria (Rio Grande do Sul), mantidos em estufa climatizada e ao ar livre. Amostras her-borizadas de material fértil foram incorporadas aos herbários HDCF e SMDB ambos da Universidade Federal de Santa Maria. A variação morfológica das novas espécies foi observada tanto no habitat, quan-to nos espécimes cultivados ao ar livre e em estufa climatizada, onde também foram comparadas com as espécies morfologicamente próximas, sendo observa-dos seu desenvolvimento, fl oração e frutifi cação. Os dados morfobiométricos quantitativos e qualitativos foram obtidos de material coletado de plantas in situ. As medidas das fl ores e peças fl orais foram tomadas da segunda ou terceira fl or da base da infl orescência, levando em conta que as fl ores basais são sempre maiores que as apicais. Para as descrições morfoló-gicas usou-se terminologia usual para Bromeliaceae, baseando-se no modelo Smith & Downs (1977), com adaptações. Os dados das espécies afi ns, citados nas observações, foram obtidos na literatura especializa-da e nas descrições originais. As fotografi as foram tiradas de plantas em seu ambiente natural e, as pran-chas, desenhadas a partir da visualização de material vivo a olho nu ou com o auxílio de estereomicroscó-pio. A avaliação do estado de conservação das novas espécies foi baseado nos critérios da IUCN (2010).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Tillandsia chasmophyta H. Büneker, R. Pontes & K. Soares sp. nov.

(Figs. 1 e 3 A-C, E)

Planta saxicola, caulescens, delicata, fl orida 6-12 cm alta; Rhizoma desnudus; Folia 20-35, polysticha, dense disposita, erecta vel suberecta, nunquam refl exa; Vaginae ovatae; Laminae stricto-triangulares, canaliculatae, 1,2-3 x 0,4-0,6 cm, adpresso-lepidotae; Scapus erectus, paucus arcuatus,

inconspicuus, 1,2-1,7 cm longus; Bracteae scapales imbricatae, basales subfoliaceae, caeterae elipticae, ambae facies lepidotae, apex longe acuminatus; Infl orescentia simplex, 2-4 fl ora, ca. 2 cm longa; Bracteae fl orales ellipticae ad suborbiculares, 1,2-1,8 x 0,8-1,3 cm, pauca infl atae, roseae, ambae facies lepidotae, apex acuminatus; Flores sessili, polystiche dispositi; Sepala lanceolata ad stricto-elliptica, aequaliter concrescita in base ab 0,2-0,3 cm, anterior ecarinatum, posteriora carinata, apex lepidotus; Petala 1,4-2 x 0,4-0,5 cm, lamina obovata ad ellipticam, violacea; Stamina inclusa; Filamenti plicati in regione media; Ovarium ellipticum, viride; Stylus violaceus in portione superiore.

Tipo: BRASIL, RIO GRANDE DO SUL, Cambará do Sul, saxícola em cânion, 10.XI.2012, fl ., H.M. Büneker 111 & R.C. Pontes (Holótipo: SMDB 13922; Isótipos: HDCF 6508; SMDB 13923).

Planta saxícola, caulescente, delicada, fl orida 6-12 cm de altura, 2-4 cm de diâmetro. Raízes desenvolvidas. Rizoma desnudo. Folhas 20-35, polísticas, densamente dispostas, eretas ou suberetas, nunca refl exas; bainhas conspícuas, ovadas, 0,6-0,9 x 0,3-0,6-0,9 cm, lepidotas, branco-esverdeadas, translúcidas na base; lâminas estreito-tringulares, canaliculadas, margens por vezes involutas, 1,2-3 x 0,4-0,6 cm, verdes, algumas vezes rosadas, densamente lepidotas em ambas as faces, escamas adpressas. Escapo ereto ou levemente arqueado, inconspícuo, curtíssimo, cerca de 1,2-1,7 cm de comprimento, verde, glabro ou esparsamente lepidoto abaixo da inserção das brácteas. Brácteas escapais 2,1-3,2 cm de comprimento, imbricadas, as basais subfoliáceas, lepidotas, verde-rosadas, as restantes elípticas, róseas, face externa densamente lepidota, face interna lepidota em faixa centro-longitudinal, ápice longamente acuminado, densamente lepidoto. Infl orescência simples, compacta, com cerca de 2 cm de comprimento, 2-4 fl ora. Brácteas fl orais elípticas a suborbiculares, 1,2-1,8 x 0,8-1,3 cm, um pouco infl adas, cobrindo as sépalas, róseas, face externa lepidota, face interna esparsamente lepidota em faixa centro-longitudinal, ápice acuminado. Flores sésseis, polisticamente dispostas. Sépalas lanceoladas a estreito-elípticas, 0,25-0,4 x 1,2-1,3 cm, igualmente concrescidas na base por 0,2-0,3 cm, ás posteriores carenadas, a anterior ecarenada, base esverdeada, porção central branca, porção apical róseo-lepidota. Pétalas 1,4-2 x 0,4-0,5 cm, espatuladas ou longamente obovadas; unhas lineares, brancas na base, violáceas no ápice; limbo subereto a patente, obovado a elíptico, violáceo, ápice arredondado a obtuso.

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Estames inclusos; fi letes brancos, plicados na região mediana. Pistilo com 0,9-1,2 cm de comprimento, alcançando a mesma altura que os estames; ovário elíptico, verde; estilete branco na base, violáceo na porção superior. Cápsula com cerca de 1,5 cm de comprimento, subcilíndrica.

Etimologia: O epíteto específi co faz referência ao ambiente onde é encontrada a espécie, chasma = abismo e phyto = planta em latim, ou seja, planta de abismo.

Dados fenológicos: Floresce de outubro a dezembro, frutifi ca de novembro a janeiro.

Distribuição geográfi ca e hábitat: Habita abismos rochosos basálticos da região dos Aparados da Serra no Rio Grande do Sul, na divisa com o Estado de Santa Catarina, onde, provavelmente, ocorra também (Fig. 3 A, C). Nesses mesmos abismos, onde vegetam as populações de T. chasmophyta também

são encontradas outras espécies de Bromeliaceae (Tillandsia geminifl ora Brongn., T. cf. recurvata (L.) L., Dyckia reitzii L.B.Sm., Vriesea platynema Gaudich. e Vriesea sp.), Cactaceae (Parodia spp.) e Gesneriaceae (Sinningia sp.).

Observações: Morfologicamente T. chasmophyta possui afi nidade com T. carminea W. Till e T. stricta Solander. A nova espécie diferencia-se de T. carminea pelas folhas com bainhas conspícuas e discolores em relação às lâminas (vs. bainhas indistintas e concolores) e lâminas menores, mais estreitas (1,2-3 x 0,4-0,6 cm vs. 4-5 x 1,2 cm), fl exíveis e levemente secundas (vs. folhas rígidas e secundas), assim como pelas brácteas fl orais lepidotas em ambas as faces (vs. brácteas fl orais lepidotas apenas no ápice da face externa) e infl orescência menor com número reduzido de fl ores (ca. 2 cm compr., 2-4 fl ora vs. ca. 3 cm compr., 9-11fl ora), essas também com sépalas de

Figs. 1 A-G. Tillandsia chasmophyta (H.M. Büneker 111 & R.C. Pontes). A. Aspecto geral da planta quando fértil; B. Face externa da

bráctea escapal; C. Face externa da bráctea fl oral; D. Face externa das sépalas; E. Face interna da pétala; F. Estame; G. Pistilo. Barras = 1,5 cm.

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menor tamanho (1,3 cm compr. vs. 1,4 cm compr.). A forma e cor das brácteas e a cor das pétalas, assim como o nível de concrescência das sépalas da nova espécie lembram T. stricta, porém desta se distingue polo menor porte quando fl orida (até 12 cm alt. vs. até 22 cm alt.), folhas menores (até 3,9 cm compr. vs. até 18 cm compr.), pelo escapo também menor e inconspícuo (até 1,7 cm compr. vs. até 3 cm compr. e conspícuo), pela infl orescência menor e com menos fl ores (ca. 2 cm compr., 2-4 fl ora vs. ca. 5 cm compr., 8-20 fl ora), pelas brácteas escapais e fl orais lepidotas em ambas as faces e com tamanho inferior (brácteas escapais 2,1-3,2 cm compr., brácteas fl orais 1,2-1,8 cm compr. vs. brácteas escapais 3-9 cm compr., brácteas fl orais glabras na face interna com 1,3-2 cm compr.) e pétalas em geral mais largas (0,4-0,5 cm larg. vs. 0,2-0,45 cm larg.).

A espécie é possivelmente endêmica da localidade, formando pequenas populações no Parque Nacional da Serra Geral (Rio Grande do Sul). Porém apesar de vegetar também em área de preservação, por serem encontradas apenas populações pontuais em apenas uma região restrita do Estado, ca. 20 Km², se sugere, de acordo com o critério B2 (área de ocupação) da IUCN (IUCN 2010), que a nova espécie seja anexada a lista de fl ora ameaçada de extinção do Rio Grande do Sul e Brasil, na categoria EN (em perigo). Tillandsia witeckii H. Büneker, R. Pontes & K. Soares sp. nov.

(Figs. 2, 3 D, F, G)

Planta saxicola, caulescens, fl orida 17-41 cm alta; Rhizoma desnudus vel copertus ab vaginis mortis remanescentibus; Folia 11-17, polysticha, erecta vel suberecta; Vaginae ovatae, facies adaxialis glabra, facies abaxialis dense lepidota in apice; Laminae triangulares, 13,8-24 x 1,1-2,3 cm, velutino-lepidotae, virides vel roseo-rubescentes; Scapus erectus, arcuatus, 10,2-24,7 cm longus; Bracteae scapales basis foliaceae, dense lepidotae, caeterae stricto-ellipticae, fl avescentes, apex atenuato-acuminatus, lepidotus; Infl orescentia simplex 3-10 fl ora, 3,5-7,2 cm longa; Bracteae fl orales ovatae ad strito-elipticas, 1,9-3,4 x 0,8-1,5 cm, fl aveolae, subglabrae, apex atenuatus; Flores polystiche dispositi, pedicellati; Pedicelli 0,2-1 cm longi; Sepala libera, 1,5-2,6 x 0,5-0,7 cm, lanceolata ad stricto-elliptica, glabra, anterior ecarinatum, posteriora carinata; Petala 2,5-3,7 cm longa, lamina obovata ad ellipticam, violacea; Stamina inclusa; Filamenti plicati in portione centro-superiore; Ovarium obovatum.

Tipo: BRASIL, RIO GRANDE DO SUL, Piratini, saxícola em escarpa rochosa às margens do rio Camaquã, 31.VIII.2012, fl . e fr., H.M. Büneker 86, S. Frasson, A.S. Lima, R.C. Pontes & L. Witeck (Holótipo: HDCF 6279; Isótipos: SMDB 13924, RB). Parátipos: idem 16.X.2010, fl ., R.C. Pontes 390, L.T.B. Greff, K.P. Soares & L. Witeck (HDCF); idem 8.VIII.2013, fl . e fr., H.M. Büneker 187, R.C. Pontes, D.M. Stopp & L. Witeck (HDCF)

Planta saxícola, caulescente, fl orida 17-41 cm de altura. Raízes 0,8-1,6 mm de diâmetro, desenvolvidas, ramifi cadas. Rizoma desnudo ou coberto por bainhas mortas remanescentes. Folhas 11-17, suculentas, polísticas, eretas ou suberetas, levemente curvadas do centro da lâmina ao ápice; bainhas 2,4-4,1 x 2,3-3 cm, ovadas, brancas, hialina nas bordas laterais inferiores, face adaxial glabra, face abaxial branca ou prateada, com escamas conspícuas, densamente tomentoso-lepidota no ápice, margens ciliadas a partir de 1/3 da base; lâminas triangulares, canaliculadas, 13,8-24 x 1,1-2,3 cm, velutino-lepidotas, verde-cinéreas, quando jovens conspicuamente rosado-avermelhadas, bordas próximas da base com escamas de maior tamanho, que excedem a margem foliar, ápice agudo. Escapo ereto, ou levemente arqueado, 10,2-24,7 cm de comprimento, cilíndrico, branco na base, verde em direção ao ápice. Brácteas escapais, as da base foliáceas, densamente lepidotas, as restantes estreito-elípticas, 2,2-4,6 x 1-1,5 cm, excedendo os entrenós, amareladas com base esverdeada, paleáceas, algumas vezes translúcidas, ápice lepidoto atenuado a acuminado. Infl orescência simples 3-10 fl ora, 3,5-7,2 cm de comprimento, algumas vezes laxa, com raque interfl oral aparente, na maioria das vezes bem compacta; raque achatada, verde. Brácteas fl orais 1,9-3,4 x 0,8-1,5 cm, ovadas a estreito-elípticas, amarelas ou amarelo-esverdeadas, glabras ou inconspicuamente lepidotas, base esverdeada, ápice agudo-atenuado. Flores polisticamente dispostas, quando com poucas fl ores subdísticas, suberetas a eretas, pediceladas; pedicelos 0,2-1 cm de comprimento, subcilíndricos, branco-esverdeados a verdes. Sépalas lanceoladas a estreito-elípticas, amareladas, glabras, base esverdeada, ápice atenuado, geralmente livres, 1,5-2,6 x 0,5-0,7 cm, a anterior ecarenada, as posteriores carenadas e eventualmente concrescidas pela base por até 0,2 cm. Pétalas 2,5-3,7 cm de comprimento, glabras, curvadas no limbo, espatuladas, unha sublinear, branca; lâmina obovada a elíptica, violácea, ápice cuneado a arredondado, algumas vezes emarginado. Estames inclusos; fi letes plicados na porção

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centro-Figs. 2 A-H. Tillandsia witeckii (H.M. Büneker et al. 86). A. Aspecto geral da planta quando fértil; B. Face externa da bráctea escapal; C. Face externa da bráctea fl oral; D. Face externa das sépalas; E. Face interna da pétala; F. Estame; G. Pistilo/Pedicelo. Barras = 3 cm.

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Figs. 3 A-G. A-C, E. Tillandsia chasmophyta (H.M. Büneker 111 & R.C. Pontes). A. Aspecto geral do cânion onde vegeta a nova

espécie; B. Detalhe da infl orescência; C. Aspecto geral da população em período de fl oração; E. Aspecto da planta quando fértil. D,

F, G. Tillandsia witeckii (H.M. Büneker et al. 86). D. Detalhe da infl orescência; F. Aspecto da planta quando fértil; G. Visão geral do

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superior. Ovário obovado, branco-esverdeado. Cápsula cerca de 2 cm de comprimento, robusta, ápice apiculado.

Etimologia: o epíteto específi co presta homenagem ao descobridor da espécie, o professor e naturalista Leopoldo Witeck Neto, Engenheiro Florestal e docente no Colégio Politécnico da Universidade Federal de Santa Maria (Rio Grande do Sul).

Dados fenológicos: fl oresce de julho a dezembro, frutifi ca de agosto a janeiro.

Distribuição geográfi ca e hábitat: até o momento é conhecida sua ocorrência apenas em uma escarpa rochosa localizada às margens do rio Camaquã, no município de Piratini, no sudeste do Estado do Rio Grande do Sul (Brasil), onde é encontrada como casmófi ta e saxícola (Fig. 3 G). Sua população coabita com outras espécies saxícolas das famílias Bromeliaceae (Aechmea recurvata (Klotzsch)

L.B.Sm., Dyckia sp. e Tillandia lorentziana Griseb.), Cactaceae (Parodia spp. e Cereus hildmannianus K. Schum.) e Gesneriaceae (Sinningia sp.).

Observações: em seu ambiente natural Tillandsia witeckii, quando em estado vegetativo, muito se assemelha com T. lorentziana. Porém uma análise mais acurada das características vegetativas das duas espécies revelam suas diferenças: T. witeckii possui folhas eretas ou suberetas, nunca refl exas e as folhas jovens possuem tom rosado. Já T. lorentziana possui as folhas mais externas refl exas e as folhas jovens cinéreas. Quando férteis são facilmente distinguidas pelas fl ores disticamente dispostas e com pétalas brancas de T. lorentziana em oposição às fl ores polisticamente dispostas e com pétalas violáceas de T. witeckii.

A espécie possui difícil posicionamento taxonômico dentre as possíveis afi nidades pela notória morfologia fl oral, relacionando-se morfologicamente com T. ramellae W. Till & S. Till, que ocorre no Chaco (Paraguai), pela cor e forma das brácteas, sépalas e pétalas, assim como o porte e o aspecto vegetativo geral, se diferenciando desta por possuir sempre infl orescência simples (vs. infl orescência às vezes composta), fl ores dispostas de forma polística (vs. fl ores dispostas de forma dística), sépalas glabras (vs. sépalas lepidotas) e fi letes plicados (vs. fi letes não plicados). Contudo, apesar da discrepante morfologia, T. witeckii também possui afi nidade com as sinpátricas T. winkleri e T. aff. bergeri Mez, que ocorrem respectivamente nos municípios Gaúchos de Riozinho (Strehl 2000) e Bagé (I. Fernandes 886, ICN!), diferindo destas pela coloração das brácteas e do perianto (em T. witeckii:

bráeacteas amarelas ou amarelo-esverdeadas, sépalas amareladas e pétalas com limbo violáceo vs. T. winkleri e T. bergeri ambas com brácteas e sépalas róseas e pétalas com limbo azul-claro), pelas sépalas livres ou as posteriores breve-concrescidas pela base por até 0,2 cm (vs. concrescidas até próximo ao ápice) e também por uma característica peculiar, os longos pedicelos que podem medir até 1 cm (vs. fl ores sésseis ou com pedicelos menores que 0,1 cm compr.), caracterizando-se como os maiores já identifi cados dentre as espécies de Tillandsia subgênero Anoplophytum em comparação a dados de Tardivo (2002).

Por ser encontrada em apenas uma escarpa rochosa, sendo possivelmente endêmica da localidade, sugere-se que a nova espécie, de acordo com o critério D1 (população muito pequena ou restrita) da IUCN (IUCN 2010), seja anexada a lista de fl ora ameaçada de extinção do Rio Grande do Sul e Brasil sendo considerada EN (em perigo) por apresentar ca. 200 indivíduos na única população conhecida.

AGRADECIMENTOS

Ao Colégio Politécnico da Universidade Federal de Santa Maria, e aos coordenadores do Curso Técnico em Paisagismo, Marcelo Antônio Rodrigues e Leopoldo Witeck Neto, que proporcionaram as viagens até os ambientes naturais das espécies do gênero Tillandsia encontradas no Estado, além de também cederem espaço para abrigar a coleção de Bromeliaceae. À professora de latim Leila Maraschin pela contribuição na diagnose. E também às professoras Isis Samara Ruschel Pasquali, pela colaboração e contribuição nas saídas de campo, Jumaida Rosito e Thais Scotti Dorow pelas contribuições na organização do artigo.

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Referências

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