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ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA TECNOLOGIA NO DESEMPENHO ACADÊMICO E TRAÇOS DE PERSONALIDADE EM ESTUDANTES DE NÍVEL MÉDIO DE UMA ESCOLA PRIVADA EM UBERLÂNDIA-MG

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1 ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA TECNOLOGIA NO DESEMPENHO ACADÊMICO E

TRAÇOS DE PERSONALIDADE EM ESTUDANTES DE NÍVEL MÉDIO DE UMA ESCOLA PRIVADA EM UBERLÂNDIA-MG.

Camila Cruvinel de SOUSA (Psicologia, cruvinelsousa@gmail.com) Isabella Lopes ALMEIDA (Psicologia, isabella.l.almeida96@hotmail.com) José Alberto Manoel dos SANTOS (Psicologia, albert.manoel@hotmail.com) Kárita de Araújo PEREIRA (Psicologia, karita.pereria@hotmail.com)

Larissa Alves de Jesus CRUZ (Psicologia, larissadejesus21@gmail.com) Paloma Queiroz ALVES (Psicologia, palominalves@hotmail.com)

Rafaella Luísa Borges de ÁVILA (Psicologia, rafaella_luisa@hotmail.com)

RESUMO

A presente pesquisa consiste em um estudo transversal, de base empírica, aplicado em campo com objetivo descritivo e abordagem quantitativa e qualitativa que, buscou investigar a relação entre o desempenho em tecnologias de informação e comunicação, traços de personalidade e desempenho acadêmico de um grupo de trinta estudantes. Esses adolescentes cursão o ensino médio com idade entre 14 e 18 anos (53,3 % = masculino e 46,7% = feminino), de uma escola privada na cidade de Uberlândia-MG. Para tal análise, os instrumentos utilizados nesse estudo foram: Questionário Sociodemográfico, a Escala de desempenho em tecnologias – EDETEC (JOLY; MARTINS, 2006) e Bateria Fatorial de Personalidade – BFP (NUNES; HOTZ; NUNES, 2010). Os resultados encontrados, de um modo geral, indicaram, certa estabilidade emocional, exceto o Neuroticismo que se destacou. Sobre as habilidades em tecnologias, se mostraram um pouco acima da média, enquanto o desempenho acadêmico se encontra mais próximo da nota máxima. Diante disso, pode-se dizer que, embora o computador e a internet estejam presentes em nosso cotidiano, não foi encontrado correlação das tecnologias no desempenho acadêmico. Frente a isso, se faz necessário compreender que, a relação professor-aluno é indispensável. Em outras palavras, a tecnologia não substitui essa relação, mas ocupa o lugar de complemento nesse contexto. Outro resultado relevante foi a correlação negativa entre a renda familiar e um elemento negativo da personalidade. Portanto, entende-se que, enquanto as pessoas têm certa estabilidade financeira, tendem a manter minimamente estabilidade emocional, esse resultado sustenta a compreensão de determinadas relações sociais.

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2 Palavras chave: Desempenho em tecnologias, traços de personalidade, desempenho acadêmico.

ABSTRACT

The present research consists of a cross-sectional study, with empirical bases, applied in the field with a descriptive objective and a quantitative and qualitative approach, which sought to investigate the relationship between performance with computer technology and communication, personality traits and academic performance of a group of thirty students. These adolescents attended high school aged between 14 and 18 years (53.3% = male and 46.7% = female), from a private school in the city of Uberlândia-MG. For this analysis, the instruments used in this study were: Sociodemographic Questionnaire, the Technology Performance Scale - EDETEC (JOLY; MARTINS, 2006) and Factorial Battery of Personality - FBP (NUNES, HOTZ; NUNES, 2010). The results found, in general, indicated, some emotional stability, except the Neuroticism that stood out. Regarding skills in technologies, they were slightly above average, while academic performance is closer to the maximum mark. Given this, it can be said that, although the computer and the internet are present in our daily lives, no correlation of technologies was found in academic performance. Faced with this, it is necessary to understand that the teacher-student relationship is indispensable. In other words, technology does not replace that relationship, but it takes the place of complement in that context. Another relevant result was the negative correlation between the family income and a negative element of the personality. Therefore, it is understood that, while people have certain financial stability, tend to maintain minimal emotional stability, this result supports the understanding of certain social relations.

Key words: Performance in technologies, personality traits, academic performance.

INTRODUÇÃO

Atualmente, a sociedade pós-moderna é, sem dúvidas, influenciada pelo paradigma da ciência da informação e da comunicação associada à tecnologia. Assim, por conseguinte, geram efeitos no modo de viver das pessoas, de agir, de falar, de estudar, de se divertir, de trabalhar dentre outros aspectos não menos importantes.

Esses efeitos, também são percebidos no período da adolescência, que segundo Ferreira; Nelas (2016) no mundo ocidental, corresponde aos 12 e 20 anos. Essa fase é considerada como uma etapa de transição nas quais ocorrem

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3 diversificados momentos de maturação, formação da identidade, estabelecimento de referências, escolha de suas profissões e trajetórias de vida. Lidz (1983 apud FERREIRA; NELAS, 2016) também afirma que nessa fase pressupõem desenvolvimentos biológicos e emocionais do jovem que está chegando à idade adulta, nesse momento suas atitudes exigem mais responsabilidades, o que contribui para a construção de sua identidade.

O período da adolescência, na atual sociedade, tem o ensino médio e as tecnologias como fatores marcantes desta etapa do desenvolvimento. Segundo Krawczyk (2011) os alunos em especial do ensino médio, utilizam como recursos as novas tecnologias voltadas para sua vida escolar e para a utilização de tarefas do cotidiano. As escolas estão passando por esses novos desafios devido às novas gerações. O papel dessas instituições seria de acompanhar, instruir e se aliar dessas tecnologias para o desenvolvimento dos jovens, tanto para ver o mundo de uma forma diferente, quanto para compreender a visão de novos valores sociais, econômicos e político desses estudantes.

Diante dessas mudanças, a nova maneira de funcionamento da pós-modernidade exige profundas investigações e muitos estudos para compreender o dinamismo do atual cenário. O tema do presente estudo, a influência desse novo paradigma nos traços de personalidade e no desempenho acadêmico de alunos do ensino médio de uma instituição privada, representa algumas dessas transformações. Em função disso, o objetivo geral dessa pesquisa, fundamentou-se em correlacionar o desempenho em tecnologias de informação e comunicação, traços de personalidade e desempenho acadêmico dos participantes.

A partir de todas as considerações expostas até então, a questão problemática do estudo se baseou em: Existe correlação entre desempenho em tecnologias de informação e comunicação, traços de personalidade e desempenho acadêmico de estudantes de uma instituição privada de Uberlândia-MG?

Logo, a hipótese geral para essa problematização foi que os estudantes com domínio técnico e eficaz dos recursos tecnológicos, independentemente dos traços de personalidade, possuem bom desempenho acadêmico.

Enquanto que as hipóteses específicas foram: estudantes com domínio técnico e eficaz dos recursos tecnológicos, associados ao traço de personalidade definido como extroversão, possuem melhor desempenho acadêmico. Outra hipótese

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4 específica se orientou no sentido que, alunos sem domínio técnico e eficaz dos recursos tecnológicos, independente dos traços de personalidade, possuem bom desempenho acadêmico.

A pesquisa em questão teve o propósito de contribuir para que estes alunos tenham uma orientação voltada para a importância do uso da tecnologia, uma vez que essa ferramenta pode ser potencializadora do desempenho nas atividades escolares, e do desenvolvimento de novas habilidades cognitivas. Poderá também subsidiar melhorias nos softwares, para que sejam mais didáticos e facilitadores no processo de criação e aprendizagem, bem como compreender a personalidade do indivíduo, possibilitando que este crie técnicas que o auxiliem no processo de ensino-aprendizagem. Além disso, pretende enfatizar a importância do corpo docente aderir à tecnologia como um instrumento potencializador de suas práticas.

Para os pesquisadores, a realização deste estudo proporcionou um refinamento dos conhecimentos acerca do uso da tecnologia na pós-modernidade. Também possibilitou a investigação e reflexão sobre os benefícios e os obstáculos referentes ao contexto da tecnologia, das teorias de personalidade e do desempenho acadêmico dos estudantes. Bem como, abriu novas possibilidades de futuros estudos sobre o tema em questão, visto que a literatura é escassa e essa pesquisa retrata o atual cenário.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Em busca de uma definição de tecnologia, é preciso salientar que a história do homem se iniciou junto com a das técnicas e a utilização de objetos. Para que se possa compreender a participação do homem e da tecnologia no desenvolvimento e no progresso da sociedade, é necessário um estudo da evolução histórica das técnicas desenvolvidas pelo homem, e inseri-las em um contexto sociocultural de cada época.

A tecnologia abarca um conjunto de atividades que, fundidas com um sistema simbólico, instrumental e maquinário destina-se à construção de obras e fabricação de produtos (VAZ; FAGUNDES; PINHEIRO, 2009). Esse conceito não deve se restringir a apenas uma sucessão de descobertas de artefatos. Mas sim, como uma sequência de circunstâncias sociais que ora favorecem, ora prejudicam o esforço do

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5 homem em desenvolver e modificar seu meio, a fim de melhorar suas condições de vida (VERASZTO et al., 2008).

Dessa forma, pode-se perceber que a sociedade pós-moderna está em um processo de transformação de natureza multidimensional, coligado à incidência de um novo modelo, primordialmente, influenciado pelas ciências da informação e da comunicação. Além disso, a sociedade que produz necessidades e interesses para o uso da tecnologia e não o contrário. Assim, pode-se afirmar que a tecnologia é necessária para uma nova forma de organização social que tem como estrutura as redes de comunicação digital (CASTELLS, 2000).

Em oposição a este pensamento, Bauman (2001) discute a passagem de um mundo e relações sólidas, para uma sociedade líquida, isto é, em função de uma nova ordem desenvolve-se um “derretimento dos sólidos”. Enfim, pode-se compreender que a modernidade, à luz das teorias de Bauman, se transforma ao passo de condições menos satisfatórias. Fica clara, portanto, a ambivalência sobre os pontos positivos e negativos da modernidade.

É perceptível que houve relevantes mudanças no modo de se pensar, agir e conviver na nova era da informática. Mudanças estas, as quais são interpeladas pelas telecomunicações, bem como por frequentes transformações nos mecanismos de informações, sejam eles de leitura, visual, aditivos, dentre outros não menos importantes (LÉVY,1993).

Por outro lado, Castells (2000) acredita que sempre existiram sociedades em que a informação e a comunicação foram fundamentais. A diferença é que, agora, a base é a microelectrónica, que possibilita a formação de novas habilidades para antigas formas de organização, no caso, a organização em rede.

Vive-se em uma democracia, porém, os processos sociotécnicos não são de total acesso ao coletivo, menos ainda, de decisões referentes a eles tomadas em conjunto. Entretanto, é nesse sentido, que se busca a tecnocracia, e ainda mais específico, as tecnologias intelectuais.

Um ponto central, da sociedade pós-moderna, é a mudança no âmbito da comunicação. Esta área é pública e é nela que se formam os pensamentos dos indivíduos, por meio de processamento dos signos e sinais (CASTELLS, 2000). Essa mudança é percebida pelo crescimento do ciberespaço, que de acordo com a

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6 definição de Lévy (2009) é o “espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores”.

PERSONALIDADE

Personalidade é um construto analisado por diversas áreas, dentre elas, as Sociais e Humanas (BAPTISTA, 2010). Esse termo iguala-se popularmente aos termos habilidade ou pericia social e é empregado para se referir a tudo aquilo que faz parte do indivíduo. A personalidade pode ser avaliada através da forma como o indivíduo consegue lidar com reações positivas, em diferentes circunstâncias (HALL et al., 2000).

Segundo Jung (2011) o desenvolvimento da personalidade não obedece a nenhuma ordem, porém precisa haver motivação do sujeito para sua construção. A pessoa só se desenvolve se escolher seu próprio caminho e de maneira consciente. Diante disso a personalidade já existe na criança, mas só se desenvolverá aos poucos por meio do seu histórico de vida, por isso que, quem somos de verdade, despontará a partir das ações manifestadas no meio em que vivemos.

No presente estudo adotamos um modelo que estrutura a personalidade do ponto de vista psicométrico denominado modelo dos Cinco Grandes Fatores: Neuroticismo, Socialização, Realização, Abertura para a Experiência e Extroversão (GARCIA, 2006 apud SILVA; NAKANO, 2011).

Segundo Widiger (2009 apud PASSOS; LAROS, 2014) no fator Neuroticismo as pessoas experienciam a vida por um modo negativo dos estados emocionais. Apresentam vulnerabilidade a sentimentos de irritabilidade, ansiedade e depressão, além de manifestar dificuldade em emitir novos comportamentos na tentativa de exploração do mundo.

Socialização se refere a indivíduos que preocupam com a harmonia social, por meio do estabelecimento de vínculos de qualidade nas relações interpessoais ao interagirem com outras pessoas (PASSOS; LAROS, 2014).

Realização caracteriza-se por indivíduos organizados e focados na realização de seus objetivos ou metas, busca seguir as normas e controlar os seus desejos imediatos. São pessoas geralmente bem-sucedidas, atentas e determinadas a

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7 realizarem seus planos de vida. (ROBERTS et al., 2009 apud PASSOS; LAROS, 2014).

Abertura para a Experiência envolve pessoas descritas como criativas, imaginativas, com ideias inovadoras e inclinação a viverem experiências novas, que anteriormente não lhe eram familiares, adaptam-se com facilidade a ambientes novos. (MC CRAE; SUTIN, 2009 apud PASSOS; LAROS, 2014).

Extroversão se trata de traços de personalidade de indivíduos que possuem facilidade para interagir (bom contato interpessoal) e expor suas ideias a um grupo de pessoas e de formar amizades. Também têm “necessidade de serem estimulados e capacidade de alegrar-se” (PASSOS; LAROS, 2014).

Assim, o modelo dos Cinco Grandes Fatores, “se configura como um referencial consistente da personalidade” permitindo que seja aplicado e estudado em diversas pesquisas e relacionado com diversos construtos. Permeado por um excelente embasamento teórico torna-se uma ferramenta eficaz para a produção de novas investigações (PASSOS; LAROS, 2014).

DESEMPENHO ACADÊMICO

O desempenho acadêmico refere-se ao rendimento do aluno a uma determinada atividade, referentes às notas obtidas e ao seu conceito adquirido. Assim, pode-se destacar alguns aspectos como as estratégias adotadas por eles, o conhecimento obtido, as habilidades, competências desenvolvidas e suas notas (FERREIRA, 2009 apud RANGEL; MIRANDA, 2016).

“O ensino médio representa apenas os três últimos anos da educação básica”, e se configura como fonte intermediária no ingresso em uma universidade ou em curso de formação profissional (KRAWCZYK, 2011). Assim todas as etapas escolares pressupõem uma finalidade, que no caso do ensino médio oferece a promessa de um “futuro melhor” – exemplo a inserção do jovem no mercado de trabalho (MELUCCI, 1997 apud KRAWCZYK, 2011).

Sobre os pontos a serem afetados nos âmbitos acadêmicos, pode-se citar os fatores motivacionais (índices de notas acadêmicas, relações interpessoais), os fatores institucionais (frequência do aluno, grau participação e grade horária

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8 adequada) e fatores ambientais internos e externos (CORREIA et al., 2004 apud RODRIGUES, 2010).

Nesse sentido, no que diz respeito às notas acadêmicas, Miranda et al. (2015) postula quatro tópicos, sendo elas as notas de uma avaliação, nota de uma disciplina, nota média de determinado período, média geral acumulada e exames externos da instituição.

RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA, PERSONALIDADE E DESEMPENHO ACADÊMICO.

Diversos estudiosos utilizam o termo technology literacy para fazerem referência ao desenvolvimento técnico e funcional da tecnologia como uma ferramenta, ou seja, para servir de instrumento em diferentes áreas. Centrando no uso do computador, atualmente, tal ferramenta está mais voltada para o âmbito educacional, uma vez que, este desempenho estabelece uma estreita relação com o envolvimento do estudante, suas habilidades e competências no meio digital, promoção de aprendizagem, solução de problemas, coleta e compartilhamento de informações, bem como de se relacionar e permitir constantes transformações (LEU et al., 2004 apud MARTINS, 2008).

Nesse contexto, o ciberespaço é o local de aplicação desta ferramenta, que serve de base para que haja uma maior facilitação e entendimento no que diz respeito às atividades discentes. Com o fácil acesso e as diversas formas de funcionamento da internet, existe, porém, um acesso indiscriminado que prejudica o desempenho dos estudantes. Sendo assim, o acesso pode ser um recurso ou uma ameaça, dependendo do traço de personalidade destes estudantes na medida em que a personalidade também influencia no desempenho acadêmico (RORIGUES, 2010).

No ambiente escolar, a importância da personalidade vai além de uma relação com o sucesso, os efeitos da capacidade cognitiva podem ser avaliados através dos traços de personalidade, e quando se aborda a questão da motivação verifica-se a influência deles. Assim, muitos dos traços do modelo dos cinco fatores estão correlacionados com o desempenho acadêmico (CARVALHO; NOVO, 2010).

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9 METODOLOGIA

O presente estudo trata-se de um estudo transversal, de base empírica, aplicado em campo, com objetivo descritivo e abordagem quantitativa. Participaram da pesquisa 30 estudantes matriculados no ensino médio de uma organização privada da cidade de Uberlândia-MG, de ambos os sexos, cuja a idade se enquadrou entre 14 e 18 anos, inseridos no ciberespaço, residentes na cidade em questão, que consentiram em participar da pesquisa através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), pelo participante e responsável deste.

Os três instrumentos utilizados foram: questionário sociodemográfico; escala de desempenho em tecnologias - EDETEC: (JOLY, MARTINS, 2006); bateria fatorial de personalidade – BFP (NUNES; HUTZ; NUNES,2010).

As respostas dos participantes ao questionário sóciodemográfico, bem como suas pontuações no inventário EDETC e na Bateria Fatorial de Personalidade (BFP) foram codificadas numa planilha do programa estatístico Systat (versão 10.2), segundo as categorias especificadas nos instrumentos de pesquisa, para obtenção de médias, desvios padrões e amplitudes para as variáveis numéricas, e de frequências percentuais para as variáveis categóricas (SYSTAT, 2002). O cálculo descritivo da EDETEC foi realizado utilizando o software Microsoft Excel, seguindo as recomendações do manual técnico deste instrumento.

O teste de correlação de Spearman foi feito para verificar se havia relação entre o desempenho acadêmico (estimado a partir da média acadêmica semestral ) com a (I) idade, (II) a renda familiar, (III) o tempo de conectividade na internet, (IV) os três fatores do questionário EDETC, (V) e os itens do Bateria Fatorial de Personalidade relativos aos seguintes aspectos: neuroticismo, extroversão, socialização, realização e abertura para experiência (ZAR, 1984).

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O Questionário Sociodemográfico foi respondido por 30 estudantes que estão cursando o ensino médio na cidade de Uberlândia, com média de idade entre 15 e 18 anos, sendo 53,3% (16) do sexo masculino e 46,7% (14) do sexo feminino, aos quais 100% dos participantes a situação civil é solteiro e não têm filhos.

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10 Em relação à renda mensal familiar, baseando-se no salário mínimo vigente (954,00 reais) a média encontrada foi de 5.0, variando de 1,5 a 7,0 salários. Segundo Spizzirri et al (2012) os adolescentes são caracterizados por permanecerem sempre conectados e por diversas vezes a muitos meios de comunicação ao mesmo tempo. Contudo as formas como são utilizadas, bem como o tipo dependerão de fatores como os socioeconômicos, culturais, emocionais, entre outros.

Diante da coleta e análise dos dados verificou-se que as atividades que os participantes mais praticam no tempo livre é o uso da internet (80%) e também assistem TV (70%). Segundo os dados coletados verificou-se uma média de 3,6 horas variando de 2 a 4 horas o tempo em que os estudantes descrevem que passam conectados à internet, aproximadamente.

Conforme a pesquisa realizada por Spizzirri et al (2012) que teve como objetivo mapear os modos de utilização da internet pelos adolescentes, a partir dos dados coletados verificou-se que o tempo que passam conectados é de 38,2% usa por 2h a 3h pela tarde, 18,4% faz uso por 1h pela manhã e 36,9% utiliza por 2h a 3h à noite (cuja amostra apresentada foi de 534 adolescentes entre 12 e 17 anos).

Em virtude da média averiguada nesta pesquisa (3,6 horas) que os alunos permanecem conectados foi inferior ao que é esperado conforme salientado por Spizzirri et al (2012) da diversidade de meios utilizados pelos adolescentes, a qual identificou-se a possibilidade dos participantes terem inferido ao assinalar a questão a permanência de conexão à internet referente apenas ao uso do computador sem levar em conta outros meios eletrônicos.

Todos os participantes usam a internet como ferramenta para realizar os trabalhos acadêmicos, com uma frequência 12 ou 40,0% quase sempre, 14 ou 46,7% sempre e 04 ou 13,3% às vezes.

Todos os participantes percebem vantagens no uso da internet, mencionando o acesso a informações diversificadas (50,0%) como a mais relevante e a possibilidade de contatar familiares e amigos, mesmo que estejam no exterior, ou pessoas do mundo todo (6,7%) como a menos relevante. Para Miranda e Alcará (2016), o acesso as informações e os avanços a tecnologia, tende a proporcionar uma grande facilidade nos diversos recursos informacionais.

Já a medida em que a maior parte da sociedade mundial adquire acesso à internet, torna-se possível a coleta de informações de indivíduos localizados em

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11 diferentes regiões de um mesmo país, ou em diferentes áreas do mundo, de forma simples e pouco custosa (SCHOLL; MULDERS; DRENT, 2002 apud, GONÇALVES 2008).

Quanto ao uso da internet, 24 dos entrevistados ou 80,0% assinalaram que o uso de internet lhe traz malefícios, enquanto que 06 ou 20,0% acreditam que a internet não traz malefícios. Segundo Spizzirri et al (2012) as vantagens e as desvantagens são delimitadas pelas características e circunstâncias de cada um. Como observado o maior maleficio foi citado a dependência ou vicio e a falta de concentração.

Dos entrevistados 28 ou 93,3% acreditam que as ferramentas tecnológicas facilitam os seus estudos, enquanto 02 ou 6,7% não acreditam. Segundo Xavier; Viana; Maia (2012) as mídias, como a internet, permitem novas formas de comunicação da informação e possibilitam novas práticas de ensino e aprendizagem. As justificativas utilizadas pelos os participantes que consideram a tecnologia como facilitador nos estudos, foram: a facilidade e a rapidez para a realização de pesquisas ou obtenção de informações necessárias ao estudo (100,0%); as aulas e vídeos disponibilizados (16,7%); a solução de dúvidas, na ausência do professor (3,3%); e a comunicação com o professor (3,3%) e com os colegas fora da sala de aula (3,3%).

Para Tarja (2002 apud XAVIER; VIANA; MAIA, 2012) a internet e seus diversos recursos apresenta um instrumento de mediação pedagógica diante da sociedade de conhecimento prevalece o acesso rápido às informações e, principalmente, o saber lidar com as informações, o que significa utilizá-la de tal forma que possamos transforma-la numa oportunidade de melhoria de vida.

BATERIA FATORIAL DE PERSONALIDADE - BFP

O fator neuroticismo é composto por quatro facetas que são: vulnerabilidade (N1), instabilidade (N2), passividade (N3) e depressão (N4). Este refere-se ao nível crônico de ajustamento e instabilidade emocional dos indivíduos; também representa as diferenças individuais que ocorrem quando pessoas vivenciam padrões emocionais associados a desconforto psicológico e estilos cognitivos e comportamentais decorrentes. É uma das variáveis do funcionamento negativo da personalidade, é a tendência para experimentar emoções negativas, como raiva, ansiedade ou depressão.

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12 Esse fator, em sua constituição é formado pela totalização das dimensões até então descritas. Se tratando dessa amostra, o resultado foi em média bruta 3,9 (desvio padrão = 1,0) variando de 1,9 a 6,2 (n = 30), assim esse fator se dispõe em muito alto com o valor de 33,3%, alto (26,7%), médio (26,7%), baixo (10,0%) e muito baixo (3,3%).

A categoria predominante desse fator, indica que os indivíduos da pesquisa apresentam baixa-autoestima, relatam ter grande medo de que pessoas importantes para eles os deixem em decorrência de seus erros. Têm dificuldades de tomar decisões, mesmo em situações triviais do dia a dia, além de apresentarem grandes oscilações de humor sem um motivo aparente e têm dificuldades para controlar seus sentimentos negativos, bem como apresentar baixa tolerância à frustração (NUNES; HUTZ; NUNES, 2010).

Outra faceta que compõe o teste é a Extroversão, que refere-se a quantidade e a intensidade das interações interpessoais, está relacionada a forma como as pessoas interagem com os demais. Isto indica o quanto as pessoas são comunicativas, falantes, ativas, assertivas e responsivas. O fator extroversão, também, é composto por quatro facetas que são: comunicação (E1), altivez (E2), dinamismo (E3) e interações sociais (E4).

O total dessas dimensões resulta no escore médio bruto 4,2 (desvio padrão = 0,9) variando de 2,0 a 5,9 (n = 30) da faceta Extroversão. Em seus níveis os sujeitos da pesquisa em sua maioria se classificaram com nível médio de extroversão (43,3%) e os demais com muito alto (13,3%), alto (10,0%), baixo (16,7%) e muito baixo (16,7%).

Essa classificação, de acordo com Nunes, Hutz e Nunes (2010) sugere que os sujeitos da pesquisa, se tratando desse fator, apresentam padrões comportamentais, cognitivos e emocionais comuns à maior parte da população, ou seja, tendem a apresentar padrões mais adaptativos, usuais em sociedade. Isso significa uma maior flexibilidade, uma vez que em algumas situações a pessoa pode demonstrar certa característica mais intensamente e em outras, não.

Diferente da faceta anterior, a Socialização mensura a qualidade das relações interpessoais dos indivíduos e se relaciona aos tipos de interação que as pessoas se submetem ao longo de um continuo que se estende da compaixão e empatia ao antagonismo, cinismo e manipulação do outro. O fator Socialização é composto por

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13 três facetas que são: Amabilidade (S1), Pró-Sociabilidade (S2) e Confiança nas pessoas (S3).

Essas dimensões se agrupam e formam o resultado da faceta Socialização, a qual teve uma média bruta de 4,8 (desvio padrão = 0,9) variando de 3,1 a 6,4 (n = 30). Seu índice de destaque foi no nível médio (43,3%) e as outras parcelas dessa amostra foram: muito alto (3,3%), alto (10,0%), baixo 916,7%) e muito baixo (26,7%).

Escores altos desse fator, indicam que as pessoas tendem a evitar situações de risco, bem como transgressões a leis ou regras sociais. Ao contrário, com escores mais baixos os indivíduos tendem a envolverem-se em situações que podem coloca-los, ou às demais pessoas, em perigo. Diante disso as pessoas da amostra em questão, se manifestam entre essas situações, uma vez que o escore predominante foi médio (NUNES; HUTZ; NUNES, 2010).

O quarto fator que compõe os traços da personalidade é a Realização, esse fator descreve características como o grau de organização, persistência, controle e motivação que tipicamente as pessoas apresentam. O fator Realização é composto por três dimensões que são: Competência (R1), Ponderação ou Prudência (R2) e Empenho ou Comprometimento (R3).

Esses resultados sugerem pouca disposição para atingir objetivos e que pessoas facilmente desistem frente a obstáculos ou necessidade de fazer sacrifícios. Escores baixos também tendem a estar presentes em pessoas com uma percepção desfavorável sobre suas capacidades, que evitam atividades complexas e desafiantes e, que não possuem objetivos bem definidos.

Isto também pode indicar que esses sujeitos tendem a falar sem pensar e a agir antes de fazer algum planejamento e serem impulsivas. A impulsividade, nesse caso, não se relaciona necessariamente a baixa tolerância à frustração ou uma reação emocional negativa intensificada, mas sim, à falta de planejamento e organização de modo geral. Sugere-se que essas pessoas deixam colocam pouca energia nas atividades em que se envolvem e podem, com alguma frequência, fazê-las de tal forma que a qualidade de seu trabalho seja insuficiente ou prejudicada. (NUNES; HUTZ; NUNES, 2010).

Finalizando os fatores dessa bateria, o fator Abertura é o quinto elemento dos traços de personalidades mensurados pelo teste. Os itens desse fator referem-se aos comportamentos exploratórios e ao reconhecimento da importância de ter novas

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14 experiências culturais. Ele é composto por três outros aspectos: Abertura a ideias (A1), liberalismo (A2) e busca por novidades (A3).

Por fim, a faceta Abertura, que resulta da média dos outros aspectos, teve uma representatividade significativa no item médio com 36,6%, a medida que os outros se dispuseram em: muito alto (13,3%), alto (16,7%), baixo (16,7%) e muito baixo (16,7). De acordo com Nunes, Hutz e Nunes (2010) esses resultados evidenciam que esses participantes tendem a apresentar padrões comportamentais, cognitivos e emocionais comuns à maior parte da população, ou seja, tendem a ser mais adaptados e usuais em sociedade. Significam também maior flexibilidade, uma vez que em algumas situações esses sujeitos podem demonstrar certa característica mais intensamente e em outras, não.

Ao analisar os resultados de forma geral, houve uma discrepância, uma vez que o fator Neuroticismo e o Realização tiveram uma classificação diferente dos outros fatores. Esses dados mostram que esses sujeitos tendem a uma maior instabilidade emocional, frente a desconfortos psicológicos e ao mesmo tempo apresentam pouca motivação para alcançar seus objetivos, e baixo grau de organização e persistência.

Diferente desses resultados, Barros, Noronha e Ambiel (2015), em sua pesquisa com adolescentes em que utilizaram o teste BFP, encontraram as maiores médias nos fatores Socialização (M = 5,04; DP = 0,86), e Realização (M = 4,79; DP = 0,69), já a menor média foi do fator Neuroticismo (M = 3,53; DP = 0,68), o que vai de encontro a tendência anterior. Assim, é possível promover reflexões acerca do que se encontra de divergente nesses dois contextos.

Diante disso, se faz necessário observar e, se possível, compreender melhor esses dados que, de certa forma, podem comunicar uma necessidade de cuidado. Isso se justifica pelo fato de essas pessoas serem adolescentes do ensino médio e, além de desenvolveram, nessa etapa da vida, características singulares, também estão em situações de submissão à momentos de alto nível de tensão e exigência de um desempenho ideal, como por exemplo, provas e vestibulares. Outra questão relevante, nessa fase, é a escolha por um curso e profissão, bem como a constituição de aspectos da subjetividade.

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15 ESCALA DE DESEMVOLVIMENTO EM TECNOLOGIAS – EDETEC

Para avaliar habilidade em Tecnologia dos sujeitos da amostra, foi utilizada a Escala EDETEC, a qual mensura três fatores: o primeiro está direcionado às ferramentas de comunicação, na qual obteve uma média de 40,2 (desvio padrão = 6,1) variando de 28 a 51 (n = 30). O que demonstra que esses sujeitos estão acima da média no que tange essas habilidades, uma vez que a pontuação máxima para esse fator é de 51.

O segundo fator verifica o manuseio das ferramentas de produtividade, a média desse fator foi de 34,4 (desvio padrão = 9,1) variando de 20 a 56 (n = 30). O que caracteriza um desempenho um pouco acima da média, já que o valor total para essa faceta é de 60 pontos.

O último aspecto avaliado por essa escala está relacionado às ferramentas de solução de problemas. Os adolescentes desse estudo obtiveram uma média de 37,9 (desvio padrão = 7,4) variando de 23 a 57 (n = 30). Isto resulta em um desempenho acima da média, frente ao total de ponto nesse fator que corresponde à 57 pontos.

Em um quadro geral (tabela 12), a somatória de todos os fatores foi uma média bruta de 109,8 (desvio padrão = 9,2) variando de 69 a 158 (n = 30). A partir desses dados pode-se inferir que os participantes desse estudo têm um desempenho em tecnologias acima da média relativo a pontuação total da escala de 168 pontos.

Esses resultados apontam que os participantes se percebem com bom domínio das habilidades necessárias à comunicação e solução de problemas, utilizando-se dos recursos tecnológicos mais comuns. Além de apontar um bom desenvolvimento criativo de tarefas e exposição de ideias. Para as ferramentas de produtividade, a percepção foi de ações frequentes, o que sugere bom uso instrumental em relação as ações mais complexas de produção.

Se comparado com o estudo de Martins (2006), esses dados se assemelham com os resultados encontrados pelo autor, no que tange ao fator 01 e o fator 03. Entretanto para as ferramentas de produtividade (fator02), a percepção foi de ações pouco frequentes, e ainda um uso elementar do instrumental no que diz respeito a ações mais elaboradas de produção, o que mostra uma discrepância em relação à pesquisa comparada em questão, uma vez que os estudantes obtiveram um resultado superior à média aritmética para esse fator.

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16 Esse mesmo estudo, também revelou diferenças significativas quando considerado o sexo. Os participantes do sexo masculino apresentaram desempenho superior (M=93,49; DP=35,34) ao do feminino (M=78,67; DP=36,34). Estas diferenças sugerem que os alunos do sexo masculino demonstram estarem mais preparados para o uso de tecnologias de informação (MARTINS,2016). Já a presente pesquisa apresenta um resultado similar, mas com pouco diferença entre as medias, posto que esses têm (M=115,5; DP= 25,9) e estas (M=108,6; DP=17,9).

Nos estudos de Joly e Martins (2008 apud MARTINS, 2008) realizados com alunos do ensino médio de escolas públicas brasileiras do interior de São Paulo revelou que os participantes apresentaram um desempenho médio em relação aos recursos avaliados. Esses resultados se assemelham aos encontrados na pesquisa.

ANÁLISES ESTATÍSTICAS

Em um quadro geral, foram detectadas correlações significativas e inversamente proporcionais da idade com o desempenho acadêmico (rs = -0,598; p < 0,05) e com a faceta empenho (R3) do fator realização da bateria BFP (rs = 0,432; p < 0,05). Isto indica que com o aumento da idade, o desempenho acadêmico tendeu a diminuir, e aumentaram as dificuldades e o descuido para se dedicar às tarefas, que tendem a ser feitas com menor disposição.

A renda familiar correlacionou-se positivamente com a faceta nível de comunicação (E1) (rs = 0,412; p < 0,05) do fator extroversão e com a faceta competência (R1) do fator realização da bateria BFP e, ainda, com os fatores 2 (rs = 0,397; p < 0,05) e 3 (rs = 0,443; p < 0,05) do inventário EDETEC (Tabela 14). Houve, também, correlação significativa, porém negativa, da renda familiar com a faceta instabilidade (N2) do fator neuroticismo da bateria BFP (rs = -0,581; p < 0,05).

Estes dados indicam que com o aumento da renda familiar, houve aumento nas capacidades de uso de ferramentas de produtividade e de solução de problemas, bem como aumento na habilidade para estabelecer comunicações ou de se expressar em público, agindo com flexibilidade de acordo com as situações e com grande disposição para atingir objetivos, desafiando situações desfavoráveis e complexas. O aumento da renda familiar também tendeu a acompanhar maior estabilidade emocional, com pequenas alterações de humor.

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17 O tempo de conectividade com a internet correlacionou-se positivamente com as facetas vulnerabilidade (N1) (rs = 0,424; p < 0,05), instabilidade (N2) (rs = 0,444; p < 0,05), passividade (N3) (rs = 0,546; p < 0,05) e liberalismo (A2) (rs = 0,345; p < 0,05) da bateria BFP. Por outro lado, esta variável correlacionou-se negativamente com a faceta empenho (R3) (rs = -0,389; p < 0,05) da bateria BFP.

Estas correlações indicam que com o aumento no tempo de conectividade com a internet há uma tendência para o aumento na autoestima, segurança e independência, apresentação de pouca variação no humor e boa motivação para iniciar tarefas e resolver problemas. Tendem, ainda a relativizar mais os valores morais e sociais ao longo do tempo. O aumento no tempo de conexão com a internet também tende a ser acompanhado por aumento nas dificuldades, descuidos e disposição para se dedicar às tarefas.

Outras correlações significativas que foram encontradas foi do desempenho acadêmico com as facetas nível de comunicação (E1) (rs = 0,489; p < 0,05) e dinamismo e assertividade (E3) (rs = 0,461; p < 0,05) e com os escores gerais dos fatores extroversão (rs = 0,477; p < 0,05), realização (rs = 0,461; p < 0,05) e abertura (rs = 0,309 p < 0,05).

Isto indica que o maior desempenho acadêmico é acompanhado pelo aumento das habilidades de comunicação e expressão em público, capacidade de realizar muitas tarefas ao mesmo tempo e de colocar ideias em prática. Deste modo, pode-se verificar que a abertura ao aprendizado de novas e distintas ideias, o empenho para realizar tarefas e superar desafios e habilidade para interagir e se comunicar com pessoas favorecem o desempenho acadêmico.

O fator 02 da escala de desempenho em tecnologias se correlacionou de forma negativa e significativa com as seguintes dimensões do BFP: vulnerabilidade (N1) (rs= -0.440; p < 0,05), amabilidade (S1) (rs = -0.375; p < 0,05), pró-sociabilidade (S2) (rs= -0.380; p < 0,05) e com os escores gerais do fator socialização (rs = -0.410; p< 0,05). Estas correlações denotam que com o aumento das habilidades com as ferramentas de produtividade há uma tendência para a fragilidade e sofrimento emocional, a dificuldades nas relações interpessoais e a empatia, a internalização de regras sócias e ainda a agressividade, cinismo. Desta maneira, pode-se perceber que com o aumento dessas habilidades tecnológicas, as interações sociais tendem a diminuir.

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18 Por fim, detectou-se correlações positivas e significativas do fator 03 da escala EDETEC, com as dimensões competência (R1) (rs= 0.394; p <0,05) e empenho (R3) (rs= 0.452; p < 0,05) bem como, com os escores do fator realização (rs= 0.470; p < 0,05) da bateria de personalidade (Tabela 15). Também foram encontradas correlações inversamente proporcionais desse fator da escala com a dimensão amabilidade (S1) (rs = -0.387; p < 0,05).

Isto indica que com o aumento das habilidades tecnológicas a fim de solucionar problemas, aumenta também o grau de organização, persistência, controle e motivação, além do empenho e comprometimento na realização de trabalhos e qualidade destes. Em contrapartida, com o aumento dessas habilidades as características de compreensão e empatia tendem a diminuir.

Em função dessas análises, é possível perceber que a hipótese geral foi refutada, pois não foram encontradas correlações entre domínio técnico e eficaz dos recursos tecnológicos e desempenho escolar. Ou seja, não foi encontrado nenhuma influência entre tais variáveis.

Diante desse dado, pode-se dizer que, embora o computador e a internet estejam, frequentemente, presentes em nossas vidas, eles não tiveram relevância nesse aspecto da pesquisa. Dessa forma, indica-se que existe algo que afeta esses adolescentes no desempenho acadêmico, que não, a tecnologia, podendo ser as próprias variáveis sugeridas na investigação, posteriormente, discutidas ou outros aspectos não acessados.

O que se sabe é que, o contexto escolar estudado é constituído por uma relação de ensino-aprendizagem, isto é, existe uma relação que pode se expressar dentro e fora da sala de aula que, de certa forma, atravessa esses estudantes. Frente a isso, se faz necessário compreender que, nesse caso, a sala de aula, o professor e tal relação é indispensável. Em outras palavras, a tecnologia, por não se mostrar expressiva, indica que não substitui o professor e tal relação. Porém, esta se mostra uma ferramenta com o potencial de promover a organização, motivação e persistência do aluno, tal como se expressa nas correlações da EDETEC com os fatores R1, R3 e S1.

Por outro lado, pode-se observar que a hipótese específica foi confirmada em relação ao fator extroversão e o desempenho acadêmico, entretanto, não foram encontradas correlações entre o desempenho em tecnologias com as médias

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19 escolares, assim, tal hipótese também foi refutada. O que sugere que, as tecnologias podem ocupar espaços de complemento, podendo criar um lugar de coadjuvante, e não de protagonista.

Enquanto a hipótese que correlaciona os dados da EDETEC com desempenho acadêmico, independente dos traços de personalidade, foi comprovada, pois não se encontrou correlações significativas entre a variável tecnologia e desempenho acadêmico, com pessoas sem o domínio das ferramentas tecnológicas.

Considerando as análises que não compõe a direção do projeto, tal como a correlação relevante entre a renda familiar e elementos da personalidade, mas que expressa o atual cenário brasileiro. Encontrou-se uma correlação negativa entre a renda e o Neuroticismo, fator que teve maior expressão estatística encontrada.

Em outras palavras, enquanto as pessoas têm certa estabilidade financeira, ou seja, têm a garantia que suas necessidades básicas têm uma maior chance de serem atendidas, tendem a manter minimamente estabilidade emocional. Esse resultado pode ter sustentação para compreender diversas relações sociais.

6.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Frente a problemática, que se sustentou na busca de uma significativa correlação entre a tecnologia, os traços de personalidade e o desempenho acadêmico, foi possível alcançar os objetivos propostos dessa pesquisa. Ao passo que, identificou-se as habilidades de se comunicar no espaço digital e o manuseio para um maior rendimento para solucionar problemas emergentes.

A presente pesquisa contribuiu com a relevância que o desempenho em tecnologias tem dentro e fora das salas de aula associados com os traços de personalidades desses adolescentes. E possibilitou para além disso, compreender, de modo geral, os impactos desse contexto, como por exemplo, levantar prerrogativas no que toca aos benefícios e os malefícios que foram reconhecidos pelos próprios alunos no ciberespaço.

Diante disso, percebe-se que, um ponto que merece atenção diz respeito ao refinamento dos objetivos, visto que foram construídos de forma ampla, impedindo resultados mais específicos. Portanto, visando um maior aprofundamento dessa temática, esse estudo abre possibilidades para novas investigações acerca do que

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20 realmente afeta esse estudante no contexto escolar, uma vez que, a tecnologia não se mostrou influenciar o desempenho acadêmico.

O que se faz presente é a relação de ensino-aprendizagem, já ao longo da história sendo investigada, com a presença do professor nesta relação e, ainda, na constituição da personalidade dos indivíduos. Outra questão significativa é a relação entre a estabilidade emocional e a renda familiar, visto que é um caminho relevante para cenário brasileiro, no sentido de romper com ideias determinantes em situações adversas.

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