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A relevância da teoria NPM para contribuir com a sustentabilidade

ambiental das cidades

Denis Alcides Rezende - drezende@netpar.com.br Tatiana Souto Maior de Oliveira - tatiana@jobtech.com.br

PUCPR – Pontifícia Universidade Católica do Paraná PPGTU – Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana e

Curso de Graduação em Engenharia Ambiental

RESUMO

A sustentabilidade ambiental das cidades pode ser entendida como a sua capacidade de manter o meio ambiente interno e externo de forma constante ou estável por um determinado período de tempo. Além de ambiental, a sustentabilidade também pode contemplar outras abordagens: social, econômica, espacial, cultural e informacional. Os

estudos e a práticas dos conceitos da nova gestão pública das cidades ou a “new public management (NPM)” podem contribuir na com a sustentabilidade ambiental municipal. A NPM pressupõe aplicar nas cidades os modelos de gestão originalmente oriundos da iniciativa privada e dos conceitos de administração estratégica focada nos pressupostos

dos negócios empresariais e nos conceitos de empreendedorismo. Seus preceitos também envolvem essas caraterísticas: focar o cidadão como cliente; clarear a missão da

organização pública; delegar autoridades; substituir normas por incentivos; orçar baseado em resultados; expor operações à concorrência e ao público; procurar soluções

de mercado; e medir o sucesso do governo pelo cidadão. Apresenta também os princípios: reestruturação; reengenharia; reinvenção; realinhamento; e reconceituação.

Esse artigo é parte de um largo campo de discussão das ações do governo municipal, onde o movimento da NPM pode pressionar as burocracias e as políticas para tornar a

gestão das cidades mais responsiva, participativa e sustentável.

1. INTRODUÇÃO

Com as profundas mudanças globais, sociais, econômicas e políticas mundiais e nacionais, as cidades estão requerendo novas, inovadoras e relevante formas de entender e praticar a sustentabilidade ambiental das cidades.

Também são requeridos modelos de gestão municipal e respectivos instrumentos voltados para esses objetivos. Nesse sentido os conceitos, preceitos e as aplicações do

new public management (NPM) podem contribuir com a referida sustentabilidade,

procurando encontrar respostas e soluções rápidas para problemas relacionados com esse tema.

Atualmente a gestão urbana contempla um incomensurável conjunto de variáveis e de diferentes atores, experimentando transformações fundamentais que exigem um amplo debate sobre sustentabilidade ambiental das cidades. Reconhecendo as novas potencialidades relacionadas à ampliação desse tema, a literatura vem crescentemente enfatizando o referido tema de “governança com sustentabilidade”, salientando novas

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2. REFERÊNCIAS TEÓRICO-CONCEITUAIS

Esse capítulo resgata e resume alguns conceitos que envolvem os temas relacionados com a relevância da teoria NPM para contribuir com a sustentabilidade ambiental das cidades.

2.1. Administração estratégica

Administração estratégica é um termo mais amplo que abrange uma série de estágios, passos e atividades (internas e externas) que a alta administração deve realizar na organização (WRIGHT; KROLL; PARNELL, 2000). É um processo contínuo e iterativo que visa manter uma organização como um conjunto apropriadamente integrado a seu ambiente (CERTO; PETER, 1990).

A administração é uma ciência. A estratégia pode ser entendida como um conjunto de atividades necessárias para atingir objetivos ou resultados. Pode ser composta de plano, padrão, posição, perspectiva e pauta ou pretexto (MINTZBERG; QUINN, 2001).

A administração estratégica pode ser vivenciada nas atividades da gestão urbana.

2.2. Gestão urbana

O conceito de gestão sob a ótica da administração está relacionado com o conjunto de recursos e a aplicação de atividades destinadas ao ato de gerir. O processo de gestão é uma função orgânica básica da administração. São processos mentais e físicos de estabelecer o que é desejável e como serão elaborados. Gestão é fazer administração nas organizações. Procura reunir planejamento estratégico e administração em um único processo (TAVARES, 2000; CHIAVENATO, 2000; MINTZBERG; QUINN, 2001).

A cidade é um organismo dinâmico de múltiplos contrastes e inúmeras dificuldades. Nesse sentido a gestão urbana deve desempenhar um papel relevante para contribuir na diminuição desses contrastes e dificuldades.

O “Estatuto da Cidade” que foi elaborado em 1990 e aprovado pela Câmara Federal em dezembro de 1999, destaca nas suas diretrizes gerais que a gestão urbana democrática é elaborada por meio da participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano. Também

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do poder público municipal, devem ser objeto de controle social, garantindo a participação de comunidades, movimentos e entidades da sociedade civil. Ainda, dedica um capítulo às formas de gestão democrática das cidades, com ênfase nos mecanismos que garantam o interesse público, o acesso à informação e o controle social sobre os processos decisórios das políticas e dos recursos públicos, nos vários níveis, assegurando a participação popular em geral, mediante a realização de orçamentos participativos, entre outros instrumentos.

A gestão urbana também pode ser entendida como governança urbana. Nesse sentido ela apresenta um novo conceito em gestão pública e política. Apesar de os conceitos teóricos de governança serem multifacetados (HIRST, 2000; RHODES, 2000), não há dúvida alguma sobre uma mudança substancial – tanto em política urbana quanto em teoria urbana – dos conceitos tradicionais, baseados no princípio da autoridade estatal, para abordagens de governança, frisando novas tendências de uma gestão compartilhada e interinstitucional que envolve o setor público, o setor produtivo, o crescente setor voluntário ou terceiro setor. A criação de redes e as parcerias públicas-privadas são processos políticos cada dia mais dominantes no novo mundo urbano fragmentado e são essenciais para a abordagem da governança. “Governar torna-se um processo interativo porque nenhum ator detém sozinho o conhecimento e a capacidade de recursos para resolver problemas unilateralmente” (STOKER, 2000).

A ampliação do debate da governança se deve certamente à retração do Estado promovida pelas estratégias neoliberais nas últimas duas décadas e à evidente incapacidade das instituições públicas enfraquecidas de lidar efetivamente com os crescentes problemas urbanos, ou em outras palavras: “A governança é a face aceitável dos cortes de gastos” (STOKER, 2000 apud RHODES, 2000). Essa afirmação polêmica revela a ambigüidade da abordagem da governança. Se por um lado ela propõe ser uma abordagem neutra, visando descrever as transformações que estão realmente acontecendo nos sistemas político-administrativos modernos, por outro lado, existem evidências claras do fundo ideológico das diferentes concepções.

Em geral pode-se distinguir entre versões de governança que enfatizam como objetivos principais o aumento da efetividade em aspectos governamentais, e outros que focalizam, sobretudo o potencial democrático e emancipatório de novas abordagens da governança (FREY, 2002).

Resumindo, a gestão urbana pode ser entendida como o conjunto de recursos instrumentos da administração aplicados na cidade como um todo, visando a qualidade

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da infra-estrutura e dos serviços urbanos, propiciando as melhores condições de vida e aproximando os cidadãos nas decisões e ações da governança pública, utilizando para isso, os recursos da tecnologia da informação e comunicação por meio da governança e democracia eletrônica.

A administração estratégica juntamente com a gestão urbana, também pode ser vivenciada nas atividades da ambiental.

2.3. Gestão ambiental

Hoje a questão ambiental é um dos assuntos que tem atraído a atenção das pessoas, pela valorização que se dá à qualidade de vida e pela percepção de que as conseqüências do descaso com o meio ambiente têm conduzido a situações críticas para a própria sobrevivência da humanidade em longo prazo (MOURA, 2002). Essas situações críticas também têm levado as organizações públicas e privadas a se preocuparem com as responsabilidades sociais, incluindo-a inclusive em suas estratégias, em seus programas de atuação e em seus planos de ação cotidianos (DONAIRE, 1999; TACHIZAWA, 2002).

O meio ambiente, seus impactos, seus danos e sua gestão vêm merecendo muita atenção dos gestores públicos, principalmente porque os ambientes urbanos têm concentrado cada vez mais, população no mundo e em especial no Brasil (FERRER et al., 1998; GUERRA; CUNHA, 2001; PHILIPPI JÚNIOR et al., 1999).

A gestão ambiental também tem seu lado econômico e competitivo, além do social e ambiental, inclusive possibilitando a geração de empregos e oportunidades sustentáveis para cidadãos, organizações públicas e privadas (BERLE, 1992; BACKER, 1995; MAIMON, 1996).

A Lei Federal 6.938 de 31/08/81 que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, trouxe para o âmbito do direito a devida amplitude do conceito sobre meio ambiente em seu artigo 3º., inciso I: meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influencias e interações de ordem física, química e biológica que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.

A gestão ambiental é um conjunto de políticas e práticas administrativas operacionais que levam em conta a saúde e a segurança das pessoas e a proteção do meio ambiente por meio da eliminação ou minimização de impactos e danos ambientais decorrentes do planejamento, implantação, operação, ampliação, realocação ou

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desativação de empreendimentos ou atividades, incluindo-se todas as fases do ciclo de vida do produto (JUCHEM, 1995).

A questão ambiental não se esgota na necessidade de dar bases ecológicas aos processos produtivos, de inovar tecnologias para reciclar os rejeitos contaminantes, de incorporar normas ecológicas aos agentes econômicos, ou de valorizar o patrimônio de recursos naturais e culturais para passar para um desenvolvimento sustentável. A gestão ambiental do desenvolvimento sustentável exige novos conhecimentos interdisciplinares e o planejamento intersetorial do desenvolvimento, mas é, sobretudo um convite à ação dos cidadãos para participar na produção de suas condições de existência e em seus projetos de vida. O desenvolvimento sustentável é um projeto social e político que aponta para o ordenamento ecológico e a descentralização territorial da produção, assim como para a diversificação dos tipos de desenvolvimento e dos modos de vida das populações que habitam o planeta (LEFF, 2001).

A educação ambiental é talvez a tarefa mais importante de uma administração local (publica e privada) preocupada como meio ambiente, onde a “Agenda 21” pode fornecer subsídios para essa árdua tarefa (SIRKIS, 1999).

Boa parte dos problemas ambientais nos países em desenvolvimento, tanto nas grandes cidades como também no meio rural, tem caráter do tipo “ecologia do sujeito” onde prevalecem ameaças diretas sofridas pela população local, as quais trazem consigo um grande potencial de conflito. Cabe em particular aos municípios estimular a participação e o engajamento cívico para o fortalecimento da consciência ecológica e da gestão ambiental, promovendo os fundamentos para implementação de um modelo de desenvolvimento de uma sociedade sustentável (FREY, 2001).

A gestão ambiental envolve conceitos de meio ambiente e da agenda 21.

2.4. Meio ambiente e agenda 21

Para que se alcance uma maior reflexão no que tange às questões ambientais nas cidades, se faz necessário uma compreensão da definição de meio ambiente, sob a óptica sistêmica, que o vê como um conjunto de elementos que interagem entre si. Entre eles destacam-se os sistemas naturais ou bióticos, o sistemas não naturais ou abióticos. Ambos são influenciados pelos subsistemas econômicos, sociais, culturais e psicológicos. Desse modo, quando se fala em meio ambiente, está se falando muito mais do que recursos naturais, e sim de todo um cenário interdependente, onde um dos elementos é o ambiente natural (BOLLMANN, 1999).

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O meio ambiente, o sistema ecológico ou ainda o ecossistema, constituem-se num conjunto de elementos e fatores indispensáveis à vida. Qualquer unidade que inclua todos os organismos (a comunidade) de uma determinada área interagindo com o meio físico, constitui um sistema ecológico ou ecossistema, onde há um intercâmbio de matérias vivas e não vivas (BRASIL, 2002).

Assim é importante que se tenha a consciência de que falar de meio ambiente é muito mais que falar de recursos naturais, e sim de analisar a inter-relação de todos os componentes necessários para que seja alcançada uma boa qualidade de vida. Nesse sentido se faz necessário destacar que uma das variáveis fundamentais à vida são as interações culturais que caracterizam e determinam a maneira de agir de uma determinada comunidade.

O instrumento mais utilizado como estratégia para se estabelecer parâmetros do desenvolvimento sustentável tem sido a Agenda 21. Ela tem a função de indicar as estratégias para que o desenvolvimento sustentável seja alcançado. Nesse sentido, identifica atores e parceiros, metodologias para obtenção de consensos e os mecanismos institucionais necessários para sua implementação e monitoramento. A noção de sustentabilidade tem-se firmado como o novo paradigma do desenvolvimento humano. A Agenda 21 significa a construção política das bases do desenvolvimento sustentável, cujo objetivo é conciliar justiça social, equilíbrio ambiental e eficiência econômica. De forma gradual e negociada, resultará em um plano de ação e de planejamento participativo nos níveis global, nacional e local capaz de permitir o estabelecimento do desenvolvimento sustentável, no século XXI (MMA, 2003).

A Agenda 21 Global está estruturada em quatro seções: dimensões sociais e econômicas; conservação e gestão dos recursos para o desenvolvimento; fortalecimento do papel dos principais grupos sociais; meios de implementação. Nesse sentido destacam-se como conceitos chaves da Agenda 21 e do processo de formação e condução da mesma as seguintes variáveis: cooperação e parceria; educação e desenvolvimento individual; eqüidade e fortalecimento dos grupos socialmente vulneráveis; planejamento; desenvolvimento da capacidade institucional; e informação.

Assim observa-se que os conceitos de meio ambiente e da agenda 21 estão intimamente relacionados com os conceitos de sustentabilidade.

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2.5. Sustentabilidade

O conceito de sustentabilidade refere-se com a capacidade de manter algo constante, ou estável, por longo período. A sustentabilidade ambiental das cidades pode ser entendida como a sua capacidade de manter o meio ambiente interno e externo de forma constante ou estável por um determinado período de tempo. Além de ambiental, a sustentabilidade também pode ser informacional.

Esses conceitos tem sido desenvolvidos desde a década de setenta tendo como seu ápice a Conferência das Nações Unidas, no Rio de Janeiro em 1992 (UNITED NATIONS, 1987). Entretanto ainda encontra-se uma dificuldade muito grande em precisar o que seria a sustentabilidade e principalmente estabelecer parâmetros para o desenvolvimento sustentável. O desenvolvimento sustentável pode ser entendido como “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades” (BRAGA et al., 2002, p. 216).

Além de ambiental e informacional, a sustentabilidade também pode contemplar outras abordagens: social, econômica, espacial e cultural (SACHS, 1993). Na social, se pressupõe uma civilização com maior eqüidade na distribuição de renda e bens, reduzindo a distância entre ricos e pobres. Na econômica, a eficiência econômica deve ser medida em termos macrossociais e não por meio de critérios microeconômicos de rentabilidade empresarial. A ecológica é obtida por meio da melhoria do uso dos recursos, com a limitação do uso daqueles esgotáveis ou danosos ao meio ambiente; redução do volume de resíduos e de poluição, por meio de conservação de energia e recursos e da reciclagem; autolimitação do consumo por parte dos países ricos e dos indivíduos; pesquisa em tecnologias ambientalmente mais adequadas e normas de proteção ambiental. Na espacial ou geográfica, a configuração rural-urbana é mais equilibrada, com: redução de concentrações, urbanas e industriais; proteção de ecossistemas frágeis e criação de reservas para proteção da biodiversidade; agricultura e agro-silvicultura com técnicas modernas, regenerativas e em escalas menores.

O termo desenvolvimento sustentável vem sendo utilizado com bastante freqüência nos últimos anos. Porém foi a partir da Conferência Mundial para o Meio Ambiente no Rio de Janeiro, 1992, com a sua inserção na Declaração do Rio de Janeiro para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, e na Agenda 21, que o interesse internacional por esta questão atingiu o seu pico, profissionais em geral, formadores de opinião e políticos inseriram-no em seus trabalhos e discursos (MALHEIROS, 2002).

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Dessa forma, destaca-se que o desenvolvimento sustentável é um processo que deve ser absorvido pela gestão municipal e pela comunidade de forma a que se mantenha e garanta as iniciativas preservacionistas. Isso se dará por meio da interação entre os diversos atores, num processo de negociação entre partes em prol do bem comum, capitaneado principalmente por uma nova gestão publica municipal.

As aplicações dos conceitos e ações práticas da NPM podem ser utilizadas para contribuir no sucesso de projetos de sustentabilidade ambiental nas cidades.

2.6. Nova gestão pública (NPM)

A nova gestão pública ou a “new public management (NPM)” pressupõe aplicar nas organizações públicas os modelos de gestão originalmente oriundos da iniciativa privada e dos conceitos de administração estratégica focada nos negócios empresariais e nos conceitos de empreendedorismo.

Esse modelo para nova gerência pública apresenta como caraterísticas: contextualizar o cidadão como um cliente em foco; dar o sentido claro da missão da organização pública; delegar autoridades; substituir normas por incentivos; elaborar orçamentos baseados em resultados; expor operações do governo à concorrência; procurar soluções de mercado e não apenas administrativas; e medir o sucesso do governo pelo cidadão. Também tem como princípios: reestruturação; reengenharia; reinvenção; realinhamento; e reconceituação (JONES; THOMPSON, 2000).

O novo gerenciamento é um largo campo de discussão sobre as intervenções políticas dentro do governo executivo. As características dos instrumentos das intervenções de políticas são regras institucionais e rotinas organizacionais que afetam o planejamento das despesas, a gestão das finanças, a administração pública, as relações civis de trabalho, as compras, a organização e os métodos, a auditoria e a avaliação (BARZELAY, 2001).

A NPM tem defendido que os gestores públicos devem se comportar como novos empresários e como empreendedores, mais dedicados e crescentes em posturas de privatização do governo, não emulando apenas as práticas mas também os valores dos negócios. Os proponentes da NPM desenvolveram seus amplos argumentos por contrastes com a velha administração pública (“old public administration”) em favor do "novo serviço público" onde o papel primário do servidor público é ajudar os cidadãos na articulação e no encontro de seus interesses compartilhados no lugar de tentar

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várias mudanças altamente positivas foram implementadas no setor público (OSBORNE; GAEBLER, 1992).

A evolução do movimento da NPM acrescentou mais pressão nas burocracias para tornar as organizações públicas mais responsivas para os cidadãos como clientes participativos. Sem dúvida, é um avanço importante na contemporânea administração pública (VIGODA, 2002).

3. METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia de pesquisa empregada se constitui numa abordagem de natureza aplicada numa realidade circunstancial, com ênfase no método indutivo favorecido pelas experiências vivenciadas dos autores pesquisadores. Contempla parcialmente conceitos da pesquisa exploratória no que tange ao levantamento bibliográfico e documental, requerendo ainda mais investigações futuras. Aproxima-se da pesquisa descritiva quando descreve a preocupação dos autores com a atuação prática das discussões relatadas nesse documento. A metodologia adotada está fortemente embasada em projetos acadêmicos e organizacionais desenvolvidos nos últimos anos pelos autores desse artigo. Dessa forma, abrange uma visão de multimétodos (NACHMIAS; NACHMIAS, 1987; GIL, 1999).

4. RELAÇÃO DA NPM COM SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL DAS CIDADES

Os conceitos e aplicações da NPM e da sustentabilidade ambiental estão intimamente ligados e podem contribuir mutuamente na cidade e conseqüentemente com seus múltiplos atores (stakeholders) e principalmente com os seus cidadãos.

4.1. O mito da sustentabilidade

Muito tem se ouvido falar da questão da sustentabilidade, isto é, da possibilidade de associar o desenvolvimento econômico com a preservação do meio ambiente, que perda da qualidade de vida alcançada pela população mundial, e sim um aumento da qualidade daqueles que vivem em condições precárias.

Nesse sentido percebe-se uma série de movimentos que buscam conscientização mundial a fim de controlar o processo de degradação ambiental causado, sobretudo pelo desenvolvimento econômico. O fato é que se pensar na possibilidade de que toda a população mundial tenha uma qualidade de vida similar razoável, seria necessário sete a oito planetas terra a mais do que temos hoje. Entretanto mesmo sabendo-se das

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limitações, a busca pela melhoria da qualidade de vida em paralelo a diminuição da degradação ambiental continua a ser um tema de suma importância e pesquisado de forma multidisciplinar.

De acordo com o Ministério da Ciência e Tecnologia “para que se alcance o crescimento sustentado são necessários o contínuo aperfeiçoamento da tecnologia utilizada na produção de bens e serviços, a introdução de novos produtos e serviços e melhores formas de organizar e distribuir a produção além da significativa ampliação da escolaridade e da qualificação da população” (BRASIL, 2002, p.24). Dessa maneira surgem várias tendências e teorias que tentam enquadrar política e economicamente a questão do desenvolvimento sustentável. A primeira delas parte do princípio que o mercado é capaz de se auto-regular e assim atingir a sustentabilidade naturalmente.

De acordo com Dryzekin apud Frey (2001, p. 118) “as forças de auto regulação do mercado e parte do pressuposto de concorrência, crescimento econômico e prosperidade levariam automaticamente ao uso racional dos recursos naturais, ao progresso tecnológico e as novas necessidades de consumo compatíveis com as exigências do meio ambiente”. É a abordagem econômico-liberal de mercado.

Em contradição a postura liberal a abordagem ecológico-tecnocrata, tem como base o uso do planejamento como ferramenta para controlar o desenvolvimento econômico, preservando os recursos naturais. De acordo com Mason apud Frey (2001, p. 121) “a intervenção estatal via planejamento é considerada indispensável”. Numa linha paralela a ecológico tecnocrata, a democrática parte do princípio que somente com a participação popular será possível uma política ambiental.

Vale ressaltar que as abordagens trazem consigo algumas alternativas que não evitam a devastação, como a taxação de recursos naturais ou o comércio de títulos de poluição. Ainda, a questão da sustentabilidade, só poderá ser trabalhada pela integração do Estado, mercado e sociedade civil.

Os preceitos da NPM podem ser relacionados com as práticas da sustentabilidade ambiental das cidades.

4.2. Relações dos preceitos da NMP com a agenda 21

Um bom exemplo nesse sentido é o processo de Agenda 21 local que estabelece uma série de áreas a serem trabalhadas com a finalidade de se diminuir a degradação mundial. Devido às distintas necessidades e prioridades, cada país adequou e enfatizou

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tais como: envolver os diferentes atores da sociedade no estabelecimento de parcerias; incorporar o princípio federativo; possuir um caráter gerencial e mobilizador de meios; e adotar, com visão prospectiva, abordagem integrada e sistêmica das dimensões econômicas, sociais, ambientais e políticas do desenvolvimento sustentável.

Como cada cidade tem liberdade de determinar sua agenda em comum acordo com a comunidade e especificidades locais, a NPM vem a esse encontro. Assim surgem experiências das mais diversas, conforme as necessidades locais, que alcançam os objetivos almejados, conscientização, participação e preservação. Com efeito, observa-se que a preobserva-servação culturalmente e estrategicamente embasada pode observa-se transformar em uma atuação prática, concreta e duradoura.

4.3. Relações dos preceitos da NMP com a gestão urbana ambiental

Nesses últimos anos, a realidade brasileira no que tange a gestão urbana e desenvolvimento sustentável vem passando por um processo de transformação na sua história social, decorrente da necessidade de encontrar uma identidade sua e não a de outros países (SILVA, 2003).

O desenvolvimento da gestão urbana ambiental brasileira ainda precisa ser ampliado, nesse caso, os preceitos da NPM pode contribuir para evidenciar a administração pública deve buscar a harmonia entre as relações do governo municipal e comunidade, buscando uma maior integração dos interesses dos múltiplos interessados. Um exemplo para reiterar esse argumento é o planejamento participativo onde o cidadão pode efetivamente participar de sua elaboração, execução e controle de resultados.

O emprego de princípios do empreendedorismo, inclusive internamente nas prefeituras, contrapõe com a gestão pública vetusta que precisa ser modernizada e democratizada, numa postura de transparência total. Nesse sentido o empreendedorismo municipal pode: enfatizar alternativas de produção externa de bens e serviços, por meio da terceirização, parcerias governo-sociedade civil, voluntarismo, etc; propor a gestão participativa de programas e projetos com sociedade-clientes; estimular o processo competitivo interno e externo; elaborar a desregulamentação interna, simplificação organizacional e transparência de papéis e missões; avaliar a gestão baseada em princípios de resultados obtidos; considerar o cliente como consumidor; criar estratégias de serviços efetivos; descentralizar atividades municipais; entender e aplicar a gestão estratégica nos municípios (OSBORNE; GAEBLER, 1992).

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A competitividade entre as cidades requer um projeto abrangente e participativo de planejamento estratégico municipal para contribuir na efetividade da gestão urbana (RIBEIRO; SANTOS JÚNIOR: 1994; VASCONCELOS FILHO; PAGNONCELLI, 2001). O desafio atual está em buscar modelos de políticas que combinem as novas exigências da economia globalizada com a regulamentação pública da produção da cidade e com o enfrentamento do quadro de exclusão social e de deterioração ambiental. Nesse sentido, os preceitos da NPM se enquadram nesses novos marcos da gestão de cidades e de seu modelo e forma de gestão (BEZERRA; FERNANDES, 2000).

Outra forma dos preceitos de NPM contribuir com a sustentabilidade urbana, é aplicar os recursos da tecnologia da informação ou os serviços da governança eletrônica para suportar as ações ambientais municipais (BEZERRA; BURSZTYN, 2000; CUNHA, 2000; FREY, 2002; REZENDE, 2002; RUEDIGER, 2002).

Assim, como a cidades competem entre elas, é importante melhorar o modelo de gestão municipal, considerando os preceitos da sustentabilidade. Evidentemente, todos as questões legais devem ser contempladas.

5. CONCLUSÃO

A teoria NPM pode ser aqui compreendida como um abrangente modelo de gestão municipal que envolve muitas variáveis. A partir dessas perspectivas pragmáticas apresentadas, a teoria NPM para contribuir com a sustentabilidade ambiental das cidades brasileiras, com vistas a diminuir os problemas ocasionados pelo incorreto uso e ocupação do solo urbano e limitar a degradação do meio ambiente e do ecossistema urbano.

As relações entre as variáveis da sustentabilidade ambiental das cidades e da NPM podem ser observadas principalmente na contextualização do cidadão como um cliente em foco; no sentido claro da missão da organização pública; na elaboração de orçamentos baseados em resultados; na exposição das operações do governo à concorrência; na procura de soluções de mercado e não apenas administrativas; e na medida do sucesso do governo pelo cidadão. Essas relações exigem reestruturação e reconceituação das prefeituras, onde os gestores municipais devem se comportar como empreendedores e não como controladores da sociedade local.

Para a gestão pública municipal, as questões ambientais devem ser prioridade nas suas ações relacionadas a sustentabilidade. A questão da sustentabilidade é um tema importante que deve ser trabalhado de maneira séria e realística. Assim percebe-se a

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necessidade de um esforço multidisciplinar que possibilite o encontro dos melhores caminhos.

Nesse sentido, as aplicações práticas dos preceitos da NPM por meio de inúmeras iniciativas locais, governamentais e não-governamentais e por meio de diversas formas de participação dos múltiplos atores ou stakeholders, podem apresentar um potencial promissor para facilitar gestão sustentável das cidades.

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Referências

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