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Os debates em torno da excepcionalidade da lei de 10 de junho de 1835 e a aplicação da pena de morte nos réus escravos

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1 Os debates em torno da excepcionalidade da lei de 10 de junho de 1835 e a aplicação da

pena de morte nos réus escravos

Ricardo Figueiredo Pirola∗

Resumo

Em 10 de junho de 1835 foi sancionada pelo regente imperial uma nova lei de repressão aos crimes cometidos por escravos. Em relação à legislação existente a nova lei ampliava o número de delitos praticados por cativos que passariam a ser condenados com a pena capital e encurtava os procedimentos processuais. O objetivo deste texto é analisar os debates travados na seção Justiça do Conselho de Estado a respeito da lei de 10 de junho de 1835 ao longo da década de 1840. Duas questões principais serão abordadas: a validade do artigo 94 do Código do Processo Criminal para os casos da lei de 10 de junho de 1835 e a possibilidade de extensão dos direitos assegurados aos menores de 21 anos no Código Criminal, para os réus inclusos na de lei de 1835.

Abstract

In 1835, was sanctioned by the imperial ruler a new law of repression on crimes committed by slaves. In relation to the previous legislation the new law expanded the number of offenses committed by slaves that would be condemned to capital punishment. The purpose of this presentation is to analyze the debates in the Conselho de Estado about the law of 1835. Two main issues will be discussed: the validity of Article 94 of the Code of Criminal Procedure for the slaves’ crimes and the possibility of extending the rights guaranteed to children under 21 years in the Criminal Code, for the defendants judged by the law of 1835.

Introdução

Em 10 de junho de 1835 foi sancionada pelo regente imperial uma nova lei de repressão aos crimes cometidos por escravos. Em relação à legislação existente a nova lei

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ampliava o número de delitos praticados por cativos que passariam a ser condenados com a pena capital e encurtava os procedimentos para o julgamento e execução de sentença. Apesar da recorrente indicação na historiografia sobre a importância dessa lei na repressão dos movimentos de rebeldia escrava e na aplicação da pena de morte, o assunto tem recebido ainda pouca atenção. O objetivo deste texto é analisar os debates travados na seção Justiça do Conselho de Estado a respeito da aplicação da lei de 10 de junho de 1835 ao longo da década de 1840 – período marcado por grandes polêmicas envolvendo o tema da excepcionalidade da nova lei frente ao arcabouço jurídico criminal do Império. Assim, duas questões principais serão abordadas: a validade do artigo 94 do Código do Processo Criminal para os casos da lei de 10 de junho de 1835 (esse artigo impedia a aplicação da pena de morte quando a única prova existente contra os réus era proveniente de sua própria confissão); e a possibilidade de extensão dos direitos assegurados aos menores de 21 anos no Código Criminal, para os réus inclusos na de lei de 1835.

O artigo 94 do Código do Processo Criminal

No dia 18 de maio de 1847, em Patos, interior da Paraíba, Anselmo Lauriano Teixeira foi encontrado morto com duas facadas no peito e uma no ombro em frente à porteira de seu sítio Barragem. As primeiras investigações conduzidas por autoridades locais apontaram o escravo Donato como o autor do crime. Preso e interrogado pelo sub-delegado, Donato confessou o assassinato de Anselmo Lauriano Teixeira. A mãe de Donato, a cativa Joana, também foi acusada de colaboração no crime. As suspeitas sobre Joana foram levantadas pelo senhor moço, que alegou que ela fornecera a arma utilizada no momento do assassinato. A motivação para o crime, segundo o senhor moço, ligava-se ao fato de que a vítima havia prometido libertar Joana depois de seu falecimento, o que levou Donato a cometer o sinistro assassinato em proveito de sua mãe.1

Instaurado o processo-crime, o caso foi enviado então ao juiz de direito da Comarca de Pombal, responsável pela convocação do conselho de jurados e organização do julgamento dos réus. No dia 21 de junho de 1847 teve inicio a seção de julgamento de Donato e Joana,

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realizado na sacristia da igreja matriz da vila de Patos, onde compareceram além dos dois réus pronunciados, o curador, o promotor, o subdelegado, testemunhas e jurados. Inicialmente foram interrogados os réus e logo na sequencia falaram o promotor e o curador do réu. Apresentadas as versões tanto por parte da acusação como da defesa, os jurados convocados para o caso apresentaram seu veredito: culpados. Donato foi então sentenciado a galés perpétuas e Joana a prisão perpétua com trabalho. Tempos mais tarde o chefe de polícia da Paraíba ao tomar conhecimento do caso disse em tom de sarcasmo que admirava a “bondade” do juiz de direito.

O magistrado da Paraíba justificou a sentença do escravo Donato alegando que, apesar do júri ter reconhecido no réu a autoria do assassinato de seu senhor e ter ainda identificado a existência de circunstâncias agravantes (e nenhuma atenuante), a pena de morte não podia ser imposta, pois a única prova existente naquele caso era a confissão do réu. Todas as testemunhas que depuseram no processo tomaram conhecimento do caso a partir da confissão de Donato feita ao sub-delegado ou da versão contada pelo senhor moço, mas nenhuma testemunhou o crime. O juiz de direito evocou o artigo 94 do Código do Processo Criminal que previa a aplicação da pena imediata à de morte (no caso a de galés perpétuas) para os crimes em que a única prova era a confissão do acusado. Com relação à sentença de Joana, o juiz de direito destacou que o artigo 45 do Código Criminal, parágrafo primeiro, proibia a aplicação da pena de galés em mulheres, por isso determinou a prisão perpétua com trabalho.

A decisão do juiz de direito, contudo, gerou polêmica. O chefe de polícia interino da Paraíba decidiu levar sua insatisfação com o juiz de direito à frente e então enviou o caso ao conhecimento do governo Imperial. Alegava o chefe de polícia que o julgamento dos réus escravos pela lei de 10 de junho de 1835 não permitia a evocação do artigo 94 do Código do Processo, pois se tratava de legislação excepcional. A documentação do caso de Donato e Joana foi encaminhada então ao ministro da justiça, que por sua vez consultou a seção Justiça do Conselho de Estado. O parecerista nomeado para avaliar a situação e encontrar uma solução para aquele imbróglio jurídico foi Silva Maia.

Para o relator da seção Justiça, a interpretação dada pelo juiz de direito da comarca de Patos na Paraíba estava correta. A menção ao artigo 94 do Código do Processo nos casos da lei de 10 de junho de 1835 justificava-se pelas disposições do artigo 67 da lei número 261 de

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3 de Dezembro de 1841, criada no contexto de reforma do sistema penal do Império. Segundo Silva Maia, a reforma judiciária não apenas colocou sob a responsabilidade dos juízes de direito a aplicação da pena, como também obrigou os magistrados a levar em conta as disposições presentes no Código Criminal e Processual – incluindo aí o artigo 94 do Código do Processo. Vale a pena acompanhar a argumentação do relator do caso na seção justiça do Conselho de Estado.

Porquanto se ao juiz de direito pertence a aplicação da pena no grau máximo, médio ou mínimo, segundo as regras de Direito, isto é, se ao juiz de Direito é encarregado no júri de aplicar a pena não à vista somente das decisões sobre o fato proferido pelos jurados, mas conformando-se com as regras de direito, Lei de 3 de Dezembro de 1841, artigo 67 [artigo 67: “ao juiz de direito pertence a aplicação da pena, a qual deverá ser no grau máximo, médio ou mínimo, segundo as regras de Direito, à vista das decisões sobre o fato proferidas pelos jurados”]. Se as regras do Direito, porque deve dirigir-se quando aplicar a pena, são aquelas (nem podem ser outras) que se acham prescritas no Código Criminal, parte 1ª. título 1ª., capítulo 1, 2 e 3 e Título 2ª., Capítulo 1ª. relativos às gradação dos crimes, dos criminosos e das penas respectivas; no Código do Processo, Parte 2ª., Capítulo 6ª relativas às provas necessárias para o convencimento dos réus, e se entre essas regras se inclui a mui expressa do artigo 94 do código do Processo, ‘a confissão do réu em Juízo sendo livre, coincidindo com as circunstâncias do fato, prova o delito, mas no caso de morte só pode sujeitá-lo à pena imediata, quando não haja outra incontestável’, é ser esta uma das regras que o juiz tem obrigação de observar na aplicação da pena.2

O artigo 67 da lei número 261 de 3 de Dezembro de 1841, evocado pelo relator da seção justiça do Conselho de Estado para justificar a decisão a respeito do artigo 94 do Código do Processo, remete a uma discussão que tomou conta de boa parte da década de 1830 sobre o papel dos jurados e dos juízes nos julgamentos criminais. Depois de aprovado o Código do Processo Criminal em 1832, em que foi estabelecido o sistema de jurados para os crimes previstos no Código Criminal (até então o sistema de jurados era empregado apenas para julgar os crimes de liberdade de imprensa), cresceu o debate sobre os limites de atuação do júri e sua importância dentro dos julgamentos. No ano de 1835, por exemplo, Justiniano José da Rocha, bacharel formado pelo recém criado curso da Faculdade de Direito de São

2 Arquivo Nacional, Conselho de Estado, Códice 306, Volume 4, doc. 25, parecer da seção justiça do Conselho

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Paulo, publicou uma obra intitulada “Considerações sobre a administração da Justiça Criminal no Brasil e especialmente sobre o júri”, criticando abertamente a instituição do júri no país. Justiniano José da Rocha argumentava que depois de conhecer o trabalho de Mr. Mezard (“A liberdade considerada em suas relações com o júri e com a Justiça”) descobriu que os males que identificava no júri brasileiro também ocorriam na França e Inglaterra (a primeira “tão ilustrada” e a última local onde “a instituição do júri era mais antiga”), deduzindo assim que o problema dessa instituição no Império do Brasil não era decorrente do “atraso da nossa civilização”, mas de suas próprias características. Para Rocha, o conselho de jurados deveria ser inclusive abolido do sistema penal brasileiro.

A posição de Justiniano da Rocha de extinguir a instituição do júri não prevaleceu nas discussões de reforma do sistema judiciário do Império no começo da década de 1840, contudo, expressava um sentimento que permeava a fala de muitos magistrados profissionais da época, qual seja, a de que os juízes de direito (e mais amplamente o bacharel em direito) tinha um espaço de atuação muito reduzido dentro do sistema penal então vigente. Rocha, por exemplo, não pestanejava em qualificar como “nulo” o papel dos juízes de direito nos julgamentos criminais. Para o autor, o “juiz de direito serve apenas como mola para encaixar em algum artigo do Código Criminal (artigo especificado pela acusação e pela pronúncia) a decisão dos jurados.” O próprio Silva Maia, no parecer que apresentou sobre a validade do artigo 94 do Código do Processo nos casos da lei de 1835 na seção justiça, destacou que considerava a atribuição dos jurados, antes da reforma judiciária do começo da década de 1840, “exorbitante e por ventura inconstitucional”.

Assim, a argumentação de Silva Maia de que a aplicação das sentenças cabia aos juízes de direito apelava para um tema muito sensível aos magistrados. O relator da seção justiça destacou justamente o artigo que restringia os poderes dos jurados nas decisões judiciais e ao mesmo tempo ampliava as atribuições dos juízes de direito na aplicação das sentenças. A saída para o imbróglio jurídico em relação ao artigo 94 do código do Processo e a aplicação da lei de 1835, encontrada por Silva Maia, nesse sentido, utilizava um argumento que tinha grandes chances de contar com simpatia de boa parte dos juízes de direito e de se tornar, portanto, uma referência permanente para julgamentos futuros. Além disso, a decisão do relator evitou enfrentar a questão da excepcionalidade da lei de 1835 de forma direta, o

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foco da discussão foi transferido para as atribuições do juiz de direito, a quem então cabia se valer de diferentes disposições legais para aplicar a pena aos réus condenados. O parecer da seção Justiça do Conselho de Estado subiu ao monarca, que em 6 de Outubro de 1849, concordou com a seção justiça do Conselho de Estado, com seu usual “como parece”.

O leitor deve estar se perguntando então quais foram as consequências práticas da decisão da seção justiça do Conselho de Estado? Em primeiro lugar, é importante mencionar, que a decisão dos conselheiros da seção justiça gerou o Aviso Número 233 de 8 de Outubro de 1849, dirigido ao presidente da província da Paraíba, declarando que “as disposições do artigo 94 do código do Processo Criminal devem ser guardadas, mesmo nos crimes de que trata a Lei de 10 de junho de 1835”. Para os réus Donato e Joana, a decisão representava uma vitória importante contra uma eventual tentativa de mandá-los para o patíbulo. A pressão exercida por homens como o chefe de polícia da Paraíba, que não se conformavam com a decisão do juiz de direito de Patos e preferiam ver escravos como Donato e Joana enforcados ao trabalho nas galés ou nas prisões, não era de se desprezar naquela época. Em segundo lugar, o Aviso Número 233 virou uma referência para as próprias decisões da seção justiça do Conselho de Estado para justificar a comutação de penas capitais de réus escravos condenados pela lei de 1835 em galés perpétuas. O Aviso não tinha o mesmo status de um decreto ou lei, ou seja, de “articulados normativos”, como destacavam os juristas, por isso não obrigava os magistrados a considerarem as disposições do artigo 94 do Código do Processo Criminal nos casos relativos à lei de 1835. Muitos juízes continuaram, de fato, a condenar escravos à pena de morte depois de 1849, mesmo quando a única prova de um determinado crime era a confissão dos réus. Contudo, o Aviso servia como baliza da interpretação dada pela seção justiça do Conselho de Estado, que insistentemente, a partir da década de 1850, recomendou a comutação da pena capital de réus sentenciados sem outra prova além da própria confissão.

A menoridade dos réus escravos em questão

Outra questão que tomou conta dos tribunais de primeira instância e da burocracia Imperial na década de 1840 diz respeito a aplicação da pena de morte em réus escravos menores de 21 anos. Segundo as disposições do artigo 18, parágrafo décimo do Código

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Criminal, o fato de um réu ser menor de 21 anos era considerado circunstância atenuante. O que significava, entre outras coisas, a impossibilidade de aplicação da pena de morte. Além disso, segundo o artigo 45, parágrafo segundo, do mesmo Código Criminal, não era permitido nem mesmo a aplicação da pena de galés aos réus menores de 21 anos (a segunda mais rígida depois da capital), que em caso de condenação por essa pena deveriam ter suas sentenças transformadas em prisão com trabalho. A grande questão que se colocava nos anos 40 do século XIX era se essas disposições do Código Criminal valiam também para os casos da lei de 10 de junho de 1835. Da mesma forma que ocorreu com relação ao artigo 94 do Código do Processo, o tema da menoridade dos réus tomou as discussões nos tribunais e na seção justiça do Conselho de Estado, pressionando para uma decisão que buscasse uniformizar a disputa. Novamente os grupos se dividiram entre aqueles que defendiam a excepcionalidade da lei de 1835, o que significava a não aceitação de circunstâncias atenuantes nos julgamentos criminais, e outros que não viam na lei dos crimes escravos autoridade para derrubar o arcabouço criminal da época. Estava instaurada a polêmica.

O evento que deu origem à discussão desse tema na seção Justiça do Conselho de Estado tem origem na cidade de Cantagalo, província do Rio de Janeiro. No ano de 1843, os escravos Francisco Moçambique e Francisco Cassange foram acusados de terem matado seu senhor Francisco Jose Neves. Processados e julgados, ambos foram condenados à pena de morte, segundo as disposições do artigo primeiro da lei de 10 de junho de 1835. De acordo com o decreto de 9 de março de 1837, os casos de condenações à morte deveriam ser comunicados ao presidente da província, que avaliaria se os condenados tiveram um julgamento justo, a fim de autorizar a execução. Se identificasse algum problema no processo, o presidente da província deveria suspender temporariamente a execução e consultar o governo Imperial, a quem caberia dar a palavra final. Com relação ao caso de Cantagalo, o presidente de província destacou como elementos que impediam a aplicação da pena de morte a menoridade do réu Francisco Cassange e ainda o fato da única prova contra Francisco Moçambique ser derivada da acusação do co-réu. Foi então o caso remetido à Corte Imperial. Ao chegar às mãos do ministro da justiça, o processo dos réus escravos de Cantagalo foi

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encaminhado para Caetano Maria Lopes Gama, da seção justiça do Conselho de Estado, nomeado relator.3

Ao analisar o processo contra os dois escravos africanos, Lopes Gama ponderou que ambos deveriam ter as penas comutadas. Com relação a Francisco Cassange, o relator da seção justiça argumentou que o código criminal do Império no artigo 18, parágrafo primeiro, tratava como circunstância atenuante o fato do réu ser menor de 21 anos. Dessa forma, destacava Lopes Gama, não deveria ter sido imposta ao escravo Francisco Cassange a pena capital, mas sim “a de prisão com trabalho por toda a vida, por ser a pena que segundo o artigo 45 do mesmo Código substitui a de galés para os menores de 21 anos e maiores de 60”. Segundo o relator, “a seção de justiça do Conselho de Estado considera que a lei de 10 de junho de 1835 não alterou aquelas disposições do Código Criminal, que regulam os graus de imputação moral para a punição dos delinqüentes”. Por isso, era recomendável a comutação da pena de morte para a de prisão perpétua com trabalho.

Já com relação ao réu Francisco Moçambique (ou Francisco Jose como preferia o curador), apesar de não existir outra prova além da confissão de Francisco Cassange, ela “é, contudo, revestida de circunstâncias tais que se não provam plenamente a qualidade de autor, bem descobrem a cumplicidade daquele réu”. Por isso, segundo Lopes Gama, Francisco Moçambique não era inocente no assassinato de Francisco Jose Neves, como quis a defesa, mas deveria ter recebido uma pena condizente com a situação de cúmplice e não a de mentor do crime. Dessa maneira, Lopes Gama destacava que o réu era digno de ter sua pena de morte comutada para a de galés perpétuas, que é a que deve ser aplicada para os “casos de cumplicidade, segundo os artigos 34 e 35 do Código Criminal”. O parecer de Lopes Gama foi aprovado por unanimidade pelos demais membros da seção justiça do Conselho de Estado.

Quem demorou, contudo, para dar seu referendo ao caso foi o monarca. Diferentemente do que normalmente fazia, Dom Pedro II demorou pouco mais de um ano para emitir seu parecer. Apenas em 5 de Outubro de 1844 é que o jovem monarca assinou com seu característico “como parece” a concordância com a decisão da seção justiça do Conselho Estado. Geralmente o Imperador despachava os pareceres dos conselheiros em apenas alguns dias, demorando em alguns poucos casos cerca de um mês. Contudo, a longa

3 Arquivo Nacional, Gifi, Ministério da Justiça, 5H-58, depoimento de Francisco Moçambique ao subdelegado,

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espera que o monarca submeteu o caso dos réus de Cantagalo faz lembrar um dos expedientes que ele vai adotar de maneira mais sistemática no final do século XIX. Diante de casos em que havia forte pressão senhorial para a execução dos réus escravos, Dom Pedro II deixava o parecer aguardando decisão por meses ou por mais de um ano até que então mandava comutar a sentença de morte. É possível que o caso de Cantagalo tenha inaugurado tal prática no que diz respeito a escravos condenados a pena capital.

Referências

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