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FILO PORIFERA FILO PORIFERA REINO ANIMALIA

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ão animais aquáticos, abundantes em determinados ambientes

dulciaqüícolas (igapós, na Amazônia; lagoas da coceira, no cerrado),

coloniais, sésseis, fixos em vegetação temporária ou permanentemente

inundada, ou em substratos rochosos de fundos de rios e arroios.

O ciclo de vida compreende uma fase sexuada, com larva livre-natante, e outra assexuada,

com gêmulas abundantes, responsáveis pela dispersão a longas distâncias, não somente pelo

fluxo e flutuação das águas, mas também por serem ingeridas por peixes ou por serem

levadas nas patas e plumagem das aves limnícolas. Houve formação de espongilitos em

lagoas da região do cerrado. Tais depósitos sub-fósseis, formados pelo acúmulo das espículas

silicosas, têm usos industriais semelhantes aos do diatomito. A coleção de referência para

esponjas de água doce do Brasil encontra-se no Museu de Ciências Naturais da Fundação

Zoobotânica do Rio Grande do Sul. Atualmente, esta fauna tem representação e abundância

excepcionais na região amazônica e em certos ambientes formados por pequenas lagoas no

cerrado. As esponjas, bem como os outros grupos que constituem o bentos profundo dos

grandes rios do país, são praticamente desconhecidos, dadas as dificuldades para amostrar

esses ambientes. Uma estratégia que vem sendo utilizada com sucesso consiste em aproveitar

os momentos de desvio dos rios para a construção de barragens de hidrelétricas, quando o

leito a jusante ficar exposto. Isso ocorrerá novamente por ocasião do fechamento das adufas

para formação dos lagos, permitindo, assim, duas amostragens extensivas e abrangentes

dessas comunidades num mesmo rio.

Número de espécies

No mundo: 149

No Brasil: 44

Estimadas no estado de São Paulo: ??

Conhecidas no estado de São Paulo: 6

latim: porus = poro; ferre = possuir nomes populares: esponja de água doce, cauixi, cauxi (Amazônia), pó-de-mico da água, coceira da água (Cerrado). Classe Demospongiae

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EINO

A

NIMALIA

FILO PORIFERA

FILO PORIFERA

Metania spinata

Metania spinata

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C

ECILIA

V

OLKMER

-R

IBEIRO

Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul Caixa Postal 1188 90001-970, Porto Alegre, RS

Fones: (051) 336-1511/336-1378 Fax: (051) 336-1778, e-mail: ebib@pampa.tche.br

1. Histórico dos estudos no Brasil e no estado de São Paulo

Os primeiros registros de esponjas de água doce para o Brasil foram feitos a partir da segunda metade do século XIX, sobre espécimes coletados principalmente na Amazônia por naturalistas e viajantes europeus. Os materiais, depositados em sua maior parte no Museu de História Natural de Londres ou no Museu de Zoologia de Berlim, foram identificados por especialistas da época, totalizando 17 espécies, das quais 13, então descritas, constituem ainda espécies válidas. Estudos abrangentes foram retomados somente a partir de 1962, com trabalhos realizados por esta autora e colaboradores, cobrindo coleções levadas a efeito a partir da segunda metade deste século, principalmente na região amazônica e no estado do Rio Grande do Sul (Volkmer-Ribeiro, 1981). Estes levaram à revisão de vários gêneros, criação de outros, descrições de novas espécies e proposta de uma nova família, tendo como ponto de partida a revisão das esponjas dulciaqüícolas produtoras de gêmulas feita por Penney & Racek (1968).

Das 17 espécies registradas por Weltner (1895) para o Brasil, foi indicada para São Paulo apenas a ocorrência de Eunapius fragilis (Leidy, 1851), sobre material coligido por Von Ihering, sem maior especificação de localidade. O segundo registro de esponjas de água doce para São Paulo foi feito por Traxler (1895), ao estudar uma amostra de espongilito, também sem localização exata. O autor reconheceu três espécies, das quais uma nova. Devido ao fato de que até então, pouco se conhecia dessa fauna para o Brasil e que o material continha apenas espículas soltas, já que o depósito mineral silicoso era sub-fóssil, o trabalho de Traxler (1895) ficou incompleto quanto a aspectos da morfologia dessas esponjas, prejudicando a identificação taxonômica. Carvalho (1942) registrou a seguir, a ocorrência de Ephydatia crateriformis (= Radiospongilla amazonensis) em lagoas marginais do curso inferior do rio Ribeira de Iguape, entre a barra do Jacupiranga e a foz. A comunidade de esponjas que produziu os depósitos estudados por Traxler (1895) só recentemente foi encontrada viva (Volkmer-Ribeiro, 1992) e integrada, de fato, como cinco espécies em vez de três: Metania spinata (Carter, 1881), Corvomeyenia thumi (Traxler, 1895), Radiospongilla amazonensis (Volkmer-Ribeiro & Maciel, 1983), Trochospongilla variabilis (Bonetto & Ezcurra De Drago, 1973) além de Dosilia pydanieli, espécie então descrita. No mesmo trabalho, a autora registrou para o município de Porto Ferreira a ocorrência de espongilito semelhante ao estudado por Traxler (1895), confirmando a ocorrência de espículas das cinco espécies. Volkmer-Ribeiro & Motta (1995) e Volkmer-Ribeiro et al. (no prelo) levaram a efeito um levantamento da ocorrência desses depósitos de espongilito no Brasil, delimitando um grande quadrilátero centrado no Triângulo Mineiro (abrangendo porção noroeste do estado de São Paulo) e distinguindo as condições ambientais que levaram um ambiente de pequenas lagoas, circunscritas ao domínio do Cerrado, a priorizar uma produção de esponjas/espongilito em detrimento de diatomáceas/diatomito.

Melão & Rocha (1996a, b, c, d) registram, a seguir, a ocorrência de Metania spinata em pequena represa no município de Brotas, estado de São Paulo, e estudam respectivamente a germinação das gêmulas, os consumos e taxas de filtração, a macrofauna associada e a biomassa da espécie no local.

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2. Número de espécies registradas (mundo, Brasil, São Paulo e estimativa dos

números mínimos e máximos esperados)

São reconhecidos atualmente, em nível mundial, 26 gêneros de esponjas de água doce produtoras de gêmulas, totalizando cerca de 133 espécies, além de sete gêneros de esponjas que não produzem gêmulas, compreendendo cerca de 16 espécies. Oito gêneros de esponjas gemulíferas e um de esponjas não gemulíferas são endêmicos da região Neotropical. O Brasil conta com o registro de 20 gêneros (um, até o presente, endêmico) e 44 espécies.

Para São Paulo, estão registradas somente as seis espécies já citadas, todas de ocorrência ampla no país. A expectativa é de que esse número amplie bastante pois, por exemplo, no Rio Grande do Sul, que está longe de ter uma cobertura geográfica completa da amostragem desta fauna, os registros sobem atualmente a 24 espécies. Acredita-se que a redução desses números por sinonímia não será grande, já que, nos últimos anos, têm havido revisões dessa fauna em todos os países desenvolvidos. São esperadas, no entanto, definições de mais alguns novos gêneros, quando se levarem a efeito coletas mais abrangentes nas regiões Neotropical (particularmente o Brasil) e Etiópica. O fato é que o bentos profundo dos grandes rios do planeta não foi ainda meticulosamente prospectado, dadas as dificuldades de realização de mergulhos nesses ambientes. No entanto, a autora vem alertando os especialistas e limnólogos para as oportunidades excepcionais de prospecção dessa fauna com o desvio dos grandes rios para a construção de barragens de lagos de hidrelétricas, ou durante o fechamento das adufas, para a formação dos lagos. Nesses momentos, os leitos profundos a jusante ficam integral ou parcialmente expostos por períodos mais ou menos longos, permitindo coletas cuidadosas e o estudo dessas comunidades.

3. Hábitat dos táxons

As seis espécies já registradas para o estado de São Paulo têm a seguinte posição taxonômica e hábitos de ocorrência:

Ordem HAPLOSCLERIDA Família Spongillidae Gray, 1867

Gênero Eunapius Gray, 1867 Eunapius fragilis (Leidy, 1851)

Na parte inferior de pedras, ou de madeiras submersas em ambientes lóticos ou lênticos. Espécie cosmopolita. Gênero Radiospongilla Penney & Racek, 1968

Radiospongilla amazonensis Volkmer-Ribeiro & Maciel, 1983

Em ambientes lóticos e lênticos, preferencialmente sombreados. Quando exposta à luz, toma a cor verde pela associação com algas clorofiladas. Incrusta a face superior e inferior de pedras ou caules e folhas de vegetação submersa. Com distribuição de Roraima ao Sul do Brasil e, provavelmente, Argentina.

Gênero Dosilia Gray, 1867

Dosilia pydanieli Volkmer-Ribeiro, 1992

Ocorreu até agora somente em pequenas lagoas com vegetação abundante de macrófitas, incrustando caules e folhas submersas em pequena profundidade, em locais abrigados da luz. Com registro de Roraima a São Paulo.

Gênero Trochospongilla Vejdovwky, 1883

Trochospongilla variabilis Bonetto & Ezcurra de Drago, 1973

Ocorre em ambientes lóticos e lênticos, preferenciando os segundos, sobre folhas ou galhos de vegetação também submersa em pouca profundidade e em locais abrigados da luz. Com registro de Roraima à região de entre-rios na Argentina.

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Ordem POECILOSCLERIDA

Família Metaniidae Volkmer-Ribeiro, 1986

Gênero Metania Gray, 1867 “sensu” Volkmer-Ribeiro, 1986 Metania spinata (Carter, 1881)

A esponja só ocorreu até agora em lagoas de pequeno porte, podendo ocupar desde substratos do fundo até proximidades da superfície, em áreas sombreadas, quando tem a cor marrom claro; ou em áreas expostas a luz, quando toma a cor verde (Volkmer-Ribeiro et al., 1998), devido a associação com uma Chlorophyceae (Melão & Rocha, 1996). A espécie ocorre de Roraima ao noroeste de São Paulo.

Gênero Corvomeyenia Weltner, 1913 “sensu” Volkmer-Ribeiro, 1992 Corvomeyenia thumi (Traxler, 1895)

A esponja é notória por ocupar substratos muito próximos à superfície da água em lagoas e lagoinhas com águas temporárias e expostas ao sol (Volkmer-Ribeiro et al., 1998). Tem cor verde-azulada devido à associação com algas, provavelmente cianofíceas. Incrusta geralmente macrófitas delicadas como Mayaca sp. e Utricularia sp. A espécie ocorre de Roraima a São Paulo.

Os locais de ocorrência preferidos pelas esponjas de água doce em geral, bem como as técnicas de coleta, preservação e as preparações laboratoriais exigidas para análise taxonômica estão referidos em Volkmer-Ribeiro (1985). Os constituintes espiculares das cinco espécies que compõem a comunidade produtora de espongilitos estão ilustrados em Volkmer-Ribeiro, 1992. Para Eunapius fragilis, encontra-se a ilustração das escleras em Penney & Racek, 1968.

4. Padrões de distribuição geográfica

As grandes regiões zoogeográficas têm faunas típicas. As esponjas vêm se mostrando indicadoras ambientais de valor até agora insuspeito, conforme temos observado na região Neotropical, com comunidades e/ou espécies típicas de grandes ambientes. Existe, por exemplo uma comunidade que ocupa os ambientes de inundação temporária (nos lagos de várzea) da região Amazônica, aí compreendida a Amazônia Venezuelana; enquanto outras, que ocupam os substratos rochosos profundos de rios dessa região (Volkmer-Ribeiro & Tavares, 1997), compartilham o mesmo ambiente nos rios da bacia do Paraná-Uruguai. Citamos a comunidade de esponjas produtora de espongilitos que ocupa/ocupou pequenas lagoas no domínio do Cerrado. Uma outra comunidade vem se mostrando característica dos ambientes de lagoas de águas doces/mixohalinas da faixa costeira do país e, provavelmente, de toda costa Atlântica da América do Sul (Volkmer-Ribeiro et al., 1988; Volkmer-Ribeiro & Tavares, 1990).

5. Importância ecológica e estratégias de preservação

Distinguimos aqui dois aspectos:

1) das esponjas de água doce como elementos indicadores ambientais e

2) como participantes das biocenoses e cadeias tróficas, além de filtradoras/purificadoras da água em que vivem.

Todas esponjas dulciaquícolas pertencem à classe Demospongiae e, como tal, possuem espículas silicosas, ligadas por espongina. Quando uma esponja morre, desintegra-se a espongina, ficando as espículas soltas no sedimento, particularmente em ambientes lênticos. Como essas espículas não se deterioram por serem vítreas e, por terem alto valor na diagnose das espécies, estudos de sedimentos lacustres, tanto atuais, sub-fósseis ou fósseis permitem avaliar a fauna de esponjas que vivem ou viveram no local, desde que se tenha um bom conhecimento taxonômico da fauna e dos ambientes por ela ocupados. Como vimos no item anterior, a distribuição espacial dessas esponjas vem revelando, pelo menos na região Neotropical, afinidades ambientais bastante claras, levando a indícios sobre o ambiente em que a esponja ou a comunidade de esponjas viveu. Nesse sentido,

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essas esponjas vêm sendo recentemente usadas como ecoindicadoras, ou seja, uma espécie ou uma comunidade indicativa de um determinado habitat (Sifeddine et al., 1994; Volkmer-Ribeiro & Turcq, 1996; Volkmer-Ribeiro, 1996).

As esponjas estão inseridas nas cadeias tróficas das águas doces como alimento exclusivo de alguns peixes como, por exemplo, o “cascudo chita” Hipostomus regania e o “cascudo abacaxi” Megalancystrus aculeatus, no reservatório de Itaipu (Agostinho, 1997, comunicação pessoal). O conteúdo estomacal desses peixes revelou pedaços inteiros, com gêmulas, das esponjas Oncosclera navicella (Carter, 1881) ocorrente no reservatório. No rio Guaíba, o estudo do conteúdo estomacal de diversos exemplares de “piavas” Leporinus obtusidens revelaram a presença de espículas das gêmulas de diversas espécies ocorrentes no local (Volkmer-Ribeiro & Grosser, 1981), comprovando observações do mesmo teor feitas por outros autores com espécies desse gênero, na Amazônia. Ainda na Amazônia (arquipélago das Anavilhanas), o gimnotiforme bentônico Sternachogiton porcinus alimenta-se durante todo o ano exclusivamente de uma esponja (Garcia, 1992, comunicação pessoal), identificada pela autora como Drulia uruguayensis. As larvas aquáticas de insetos da família Sisyridae (Neuroptera) alimentam-se exclusivamente de esponjas de água doce (Askew, 1971) sendo esses insetos conhecidos dos limnólogos na região Neártica como moscas das esponjas (“Spongilla flies”).

Melão & Rocha (1996) levantam a macrofauna associada a Metania spinata na lagoa Dourada, Brotas, São Paulo e listaram a bibliografia existente pertinente às associações de esponjas com diversos outros organismos dulciaquícolas. As esponjas alimentam-se filtrando partículas do tamanho de bactérias até algas fitoplanctônicas, em suspensão na água. As bactérias são seu alimento preferencial. Devido a essa característica e ao apreciável potencial de filtração que apresentam (Frost, 1987; Melão & Rocha, 1996), as esponjas funcionam como filtros que retêm particularmente bactérias existentes no meio líquido. Dado esse potencial e dependendo do tipo de bactérias, se bactérias patogênicas estiverem ingressando no habitat, essas esponjas podem representar sistemas de acumulação destas bactérias enquanto não digeridas. Madri et al. (1967) demostraram que a esponja marinha Microciona prolifera era capaz de retirar do ambiente uma quantidade apreciável de Escherichia coli.

Os trabalhos de prospecção até agora realizados nos leitos rochosos de rios expostos por ocasião do desvio do curso para construção de barragens de hidrelétricas ou estancamento, no momento do fechamento das adufas para formação dos lagos, evidenciaram uma cobertura extensa daqueles substratos particularmente por espécies dos gêneros Oncosclera, Uruguaya, Trochospongilla e Drulia. Nestes locais, essa fauna é seguramente o componente mais abundante do bentos e, dada a dureza quase pétrea de algumas dessas esponjas, constituem elas um cimento orgânico que preenche os espaços entre as pedras, o pedregulho e engloba grãos de areia, contribuindo para a fixação do leito profundo do rio. Esse aspecto foi recentemente constatado nos leitos dos rios Tocantins e Uruguai a jusante das barragens de Serra da Mesa e de Itá, respectivamente. Isso ocorre, porém, em rios ou trechos de rios que não transportam cargas de sedimentos ultrafinos. Nestes, a fauna de esponjas torna-se rara, ou ausente, devido ao entupimento dos poros e impedimento da filtração.

A preservação dessa fauna está diretamente relacionada à manutenção da qualidade natural dos ambientes aquáticos em que é encontrada. São raras as espécies que suportam níveis apreciáveis de poluentes químicos, conforme os registros existentes para a região Neártica (Harrison, 1974). As alterações antrópicas que liberam cargas extras de sedimentos nas águas são as que trazem resultados mais imediatos para a redução ou o desaparecimento dessas esponjas num determinado habitat, principalmente se constituírem eventos de longa duração. No mesmo nível, estão consideradas as alterações que diminuem a oxigenação das águas naturais, seja pela diminuição do fluxo, seja por maiores taxas de consumo do oxigênio devidas a processos de decomposição orgânica estranha ao sistema.

No caso das lagoas referidas como jazidas de espongilitos, até certo ponto peculiares ao noroeste do estado de São Paulo, Volkmer-Ribeiro & Motta (1995) indicaram a necessidade urgente da detecção de alguns desses ambientes ainda não perturbados pela extração mineral, tendo em vista a pesquisa dos parâmetros ambientais que levaram à produção de biomassa apreciável dessas esponjas. Tais estudos poderão revelar-se necessários quando se cogitar do cultivo de algumas dessas espécies (espongiocultura) para fins industriais ou de aproveitamento biotecnológico.

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6. Endemismos, espécies ameaçadas e espécies invasoras

Os níveis de endemismo detectados para essa fauna no Brasil são relativamente altos, se considerarmos que os oito gêneros endêmicos da região Neotropical têm sua maior área de distribuição no Brasil. Para o Brasil, conta-se somente o gênero monotipico Sterrastrolepis Volkmer-Ribeiro & De Rosa-Barbosa, 1978, em contribuintes do curso superior do rio Paraná; e as espécies Oncosclera jewelli (Volkmer-Ribeiro, 1963) e Acanthodiscus sheilae (Volkmer-Ribeiro et al., 1988), a primeira para o planalto do Rio Grande do Sul e a segunda, para pequenas lagoas na faixa costeira, também do Rio Grande do Sul. Mesmo esses registros tendem a cair e talvez outros surjam com a expansão dos levantamentos em todo território nacional.

Das espécies ameaçadas, lembramos novamente o contexto das lagoas de espongilito, que acreditamos com poucos remanescentes no estado de São Paulo, sem que se tenha uma idéia de quantas possam conter indivíduos ainda vivendo acima dos depósitos feitos.

Inexistem registros de espécies invasoras para a região Neotropical.

7. Importância econômica

A importância econômica atual reside, conforme explicitado por Volkmer-Ribeiro & Motta, 1995, na sub-utilização das jazidas de espongilito para a fabricação de tijolos e telha. Isso se deve a um desinteresse maior das indústrias em financiar pesquisas que busquem a utilização desses materiais em cerâmicas mais nobres (‘chips’ de computador, por exemplo e, talvez fibras óticas). Se tais pesquisas chegarem a um denominador positivo, a utilização da espongiocultura como fonte de recurso mineral renovável será uma expectativa inédita e plausível. Não temos conhecimento de que existam contratos firmados nesses termos.

8. Pesquisadores no estado ou que trabalham com material do estado

As biólogas Dra. Maria da Graça Gama Melão e Dra. Odete Rocha, dos Departamentos de Hidrobiologia e de Ecologia e Biologia Evolutiva da Universidade Federal de São Carlos, respectivamente, desenvolveram trabalhos versando a produtividade de Metania spinata em aquários e em água natural represada (Lagoa Dourada, Brotas, São Paulo).

O geólogo José Francisco Marciano Motta, da Divisão de Geologia (DIGEO) do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) da Universidade de São Paulo, Cidade Universitária, São Paulo, é autoridade no conhecimento sobre as jazidas, exploração e utilização do espongilito no estado e no país.

Esta autora vem trabalhando nos levantamentos, identificações taxonômicas e características ambientais em que essas esponjas ocorrem, tanto em São Paulo, quanto no país e região Neotropical.

9. Coleções, grau de representatividade, estado das coleções

A única coleção nacional de referência para Esponjas de Água Doce é a existente no Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, sendo, a autora, sua organizadora e curadora. A coleção consta no Index de Coleções De Esponjas Importantes (Stone, 1986) e detém atualmente 1844 entradas em catálogo, consistindo dos espécimes e respectivas lâminas permanentes necessárias à identificação taxonômica. Essa coleção, além de representativa do Brasil e região Neotropical, tem espécimes ou lâminas de esponjas de água doce produtoras de gêmulas, particularmente das regiões Neártica, Etiópica, Oriental e Australiana. Encontra-se acondicionada em armários apropriados e com todos os espécimes identificados, à exceção dos materiais recentemente coligidos e em estudo.

Pertinente ao estado de São Paulo, a coleção abriga espécimes das seis espécies já registradas para o estado, bem como amostras de espongilitos aí coligidas e referidas em publicações.

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10. Necessidades para uma significativa melhora no nível do conhecimento

sobre o grupo

Traduz-se, na execução de levantamentos de campo contemplando cobertura geográfica ampla dos distintos ambientes aquáticos naturais, além dos lagos de barramento de rios. Indicamos, como estratégia de curto prazo, uma seleção de ambientes que priorizem as áreas de proteção ambiental que contenham ambientes dulceaquícolas, tanto lóticos quanto lênticos, pertencentes ao estado, à União ou a municípios em São Paulo.

No caso de busca de lagoas de espongilito ainda não alteradas, aconselhamos uma primeira abordagem por imagem de satélite, após calibração com uma lagoa conhecida. A varredura ampla seria seguida de visitas a campo para constatações e amostragens “in loco”.

Agradecimentos

Ao Dr. Ângelo Antônio Agostinho, NUPELIA, Fundação Universitária de Maringá, PR e ao Biólogo Marcelo Garcia, do Projeto INPA/MAX-PLANCK Hidrobiologia, Manaus, pelas comunicações pessoais citadas no texto.

11. Referências citadas

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