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CENTRALIDADE DA PSYKHÉ NA REFUTAÇÃO DA TESE DE PROTÁGORAS

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CENTRALIDADE DA PSYKHÉ NA REFUTAÇÃO DA TESE DE PROTÁGORAS

Daniel Reis Lima Mendes da Silva Mestre em Filosofia pela UFSCar

Ponto alto do drama do Teeteto na argumentação em torno da tese que “conhecimento é percepção” e o “homem é medida de todas as coisas” Platão faz surgir na obra um Sócrates que se colocando no lugar de Protágoras defende as objeções colocadas por Platão contra a veracidade das percepções.

Em relação ao argumento que quando estamos sonhando temos percepções de que vivenciamos a realidade e, portanto as percepções são faltas, postula que as percepções são verdadeiras enquanto tal, a respeito do argumento que Protágoras deveria ter aceitado que também porcos fossem a medida de todas as coisas já que eles também possuem sensação, o argumento é rejeitado como uma falácia vulgar, sobre o fato de não se poder julgar um homem mais sábio que outro e igualando Protágoras a qualquer um, Sócrates revestido de Protágoras, defende que embora um juízo não possa ser definitivamente mais verdadeiro que outro, pode ser melhor, no sentido de ter melhores desdobramentos. Porém Sócrates replicará mais adiante que quando um médico prevê o desenvolvimento de uma doença, tem mais conhecimento sobre o futuro do paciente que ele próprio, do mesmo modo quando há discordância em relação á posição que a cidade deve ter em relação a determinados assuntos, o resultado demonstra que certos cidadãos tinham mais conhecimento dos desdobramentos futuros que outros, assim, é inescapável a conclusão que um sábio é uma medida melhor que um tolo.

Aqui devemos perceber que esta vaga de argumentos na verdade atinge mais a tese do “homem medida de todas as coisas”, do que propriamente a de que “conhecimento

é percepção”.

Chegamos então à crítica da doutrina de Heráclito, que subjaz a tese do conhecimento como percepção, esta logo de princípio é radicalizada, assim é dito que um objeto pode mudar de dois modos: por locomoção e por mudança qualitativa e a doutrina do fluxo nos é apresentada como defendendo uma mudança em ambos os sentidos o que resulta disso é que não podemos dizer, por exemplo: “isto é branco”, não podemos

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afirmar que vemos algo já que tudo está em mudança espacial e qualitativa assim quando dizemos que “percepção é conhecimento” seria também plausível dizer, com a mesma propriedade “percepção é não-conhecimento” o argumento a meu ver é uma indicação indireta de que seja qual for o objeto em constante devir os significados das palavras devem ser determinados, ainda que por algum tempo, de outra maneira, fica impossibilitada a verificação da falsidade ou veracidade de uma asserção, e todas, ao fim e ao cabo, se igualariam, portanto, é necessário que haja alguma coisa mais ou menos constante, permanente para que o conhecimento seja afinal possível.

Após uma breve, mas exaltante e respeitosa reverência a Parmênides, Sócrates recusa-se a desenvolver algum contra argumento a alternativa imobilista frente aos problemas1 postos pelo pensamento de Protágoras e finalmente inicia-se o movimento da argumentação final contra a tese de que “conhecimento é percepção”, ele começa por

1É possível imaginar que a recusa de Platão em apresentar a posição imobilista de Parmênides relacionando

sua tese a de Protágoras se deva ao fato que a tese do Abderia de que não existem opiniões falsas pode ter apoio também pela via de Parmênides. Em seu poema, Parmênides - segundo interpretação e tradução de Kirk e Raven (1990), p. 275.- afirma só existirem dois caminhos concebíveis de investigação. O primeiro, que afirma ser a via da verdade, consiste em afirmar que “é, e não é possível que não seja” (fr. 2, 3); o segundo caminho afirma que “não é, e é necessário que não seja” (fr. 2, 5). Esses dois caminhos são os únicos possíveis, e mutuamente excludentes: logo, é preciso escolher um deles. Parmênides diz que o segundo caminho deve ser evitado, pois é uma via “imperscrutável” (fr. 2, 6) ou “totalmente impensável”. A justificativa para a exclusão desse caminho é que não se pode conhecer nem expressar em palavra aquilo que não é (fr. 2, 7-8). Essa ideia é reafirmada no fragmento 8, onde Parmênides afirma que o não-ser “não

é dizível nem pensável, visto que não é” (v. 7-8 ) e é “impensável e inexprimível” (v. 16). Excluída a via do

não-ser, resta-nos um único caminho: o do ser. O fragmento 6 afirma que “é necessário dizer e pensar que

só o ser é”, e no fragmento 8, 34 é dito que “o mesmo é pensar e ser”. Ou seja, só o que é pode ser pensado,

só há pensamento se houver algo para ser o conteúdo desse pensamento, e algo só pode ser conteúdo para o pensamento, se cumprir um requisito mínimo: existir. A via do ser é simplesmente a via oposta à via do não-ser; como essa última foi excluída por causa da sua incognoscibilidade, a via do ser é assumida como a única hipótese viável, por ser a via que restou. A afirmação de que o pensamento é sempre pensamento sobre o ser não recebe nenhuma justificativa no poema. A via do ser só se justifica pela exclusão da possibilidade do não-ser como objeto do discurso ou do pensamento. Segundo Kirk e Raven (1990), além dessas duas possibilidades, Parmênides ainda menciona outra, expressamente vedada, que consistiria em misturar ou combinar ser e não-ser ou dizer que ambos são idênticos (fr.6, v.8-9). Sendo impossível falar ou pensar o não-ser, pelo mesmo motivo não é possível combinar ser e não-ser, e essa possibilidade também é descartada como via do pensamento, porém poderíamos localiza-la no campo da dóxa, das “opiniões

ilegítimas dos mortais acerca do que muda”. Se, como nos ensina Parmênides, coisa alguma se pode dizer

do não-ser, inclusive que ele não é, como fundamentar a distinção entre discurso falso e verdadeiro, se cada homem se apercebe de um modo distinto de outro e ambos são medida? Assim, seguindo a linha de raciocínio da doutrina de Protágoras, qualquer discurso que tenha sentido é a princípio verdadeiro. Toda a percepção é verdadeira, não há percepções falsas, por esse prisma Parmênides serviria também de subsídio ao sofista de Abdera motivo pelo qual eventualmente, no nosso entendimento, Platão não desenvolve seu viés.

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uma questão aparentemente semântica, afirmando que percebemos não com os olhos e ouvidos, mas através deles, assinalando a seguir com uma seqüência de exemplos que uma significativa parte de nosso conhecimento não tem ligação com qualquer órgão dos sentidos, um destes exemplos é que sabemos que os sons e as cores são diferentes, apesar de não haver nenhum órgão específico para determinar a “existência ou não existência”, “o mesmo e o diferente”, “a unidade e os números”, o mesmo podendo ser aplicado a “honrado e desonrado”, “bom e mau”. “A alma contempla certas coisas mediante seu

próprio instrumento; outras, através da faculdade do corpo”. Sentimos o duro e o macio

pelo tato, mas é a psykhé que julga que eles existem e que são contrários. Somente a

psykhé pode se aproximar do ser e não podemos alcançar a verdade se não buscamos

vislumbra-la, dirá por fim, que não podemos conhecer os objetos somente pelos sentidos, pois através dos sentidos não podemos dizer do ser das coisas, deste modo o conhecimento consiste de reflexão, e não de impressões, e a percepção não é conhecimento, pois “não desempenha papel algum na captação da verdade, já que não

o tem na captação do ser”.

Nesse sentido é preciso iniciar pelo princípio e no princípio está a psykhé, não faria sentido falar de sensações, percepções ou conhecimento sem falarmos antes do que ou de quem conhece, já que como adiantamos, para Platão é ela quem opera os sentidos ou percepções, para tanto será preciso introduzir o conceito de psykhé.

Abriríamos uma longa discussão se pretendêssemos, aqui, analisar com a propriedade e o vagar merecidos a concepção de psykhé no pensamento do fundador da Academia, entretanto é necessário chegar a um grau mínimo de consenso a fim de levar á frente nosso intento neste trabalho, visto que é a psykhé que irá operar as ligações, se houverem, entre a esfera sensível e inteligível.

A psykhé pensada como princípio de vida era conhecida no mundo Grego bem antes de Platão, identificada no “sopro (pneuma) que sai do corpo” 2 da Ilíada se espalha no senso comum do universo grego pela religiosidade que tem no Hades um local onde ela reside após a morte. No entanto, se sua distinção do corpo já era nítida, não era

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evidente que a psykhé mesma fosse como dirá Platão, a própria vida, ou ainda, para alguns intérpretes3, o verdadeiro sujeito. Essa operação grandiosa que transforma a psykhé Homérica identificada como um elemento sem o qual o corpo não vive, mas que

não vive sem ele (ou vive pouco tempo em condições desconhecidas no Hades4) numa alma que não só sobrevive ao corpo, mas lhe dá sentido, dotando-o de capacidade cognitiva e dirigindo seus movimentos é obra do gênio de Platão5.

Permitir-me-ei, aqui, omitir o trajeto, as disputas entre diferentes interpretações, bem como os problemas que levam, de uma concepção de psykhé como indutora da vida “biologicamente falando”, para o centro cognitivo do homem, notadamente a célebre influência do Orfismo e do Pitagorismo na concepção Platônica de psykhé, isto porque o mais importante é estabelecer aqui, o conceito de psykhé que levaremos em conta na nossa abordagem com o propósito de estabelecermos suas conexões com as “percepções” ou “sensações” que temos do mundo do devir.

3 Como Robinson (2010), por exemplo.

4 Sobre a alma no período Homérico, Robinson (2010) cria um diálogo imaginário com Aquiles que vale a

pena reproduzir a título de esclarecimento: “Se tivéssemos a chance de perguntar a um guerreiro homérico (Aquiles, por exemplo): “quem é o verdadeiro Aquiles?”provavelmente ele iria apontar para o próprio corpo e dizer: “Este, é claro!”. E com isso ele estaria querendo dizer:”este corpo vivo”. Ele não diria que um cadáver é uma pessoa, o cadáver seria mero resíduo, prestes a se decompor, daquilo que um dia foi uma pessoa. “E o que era aquela “sombra” (skiá) que acabou de sair voando como um morcego para o Hades? Aquiles poderia ter tido problemas para lidar com essa pergunta, mas ele eventualmente acabaria respondendo que a “sombra” era (como o cadáver) o resíduo de uma pessoa; apesar de (diferentemente do cadáver) ser um resíduo que, de certa forma, conserva-se, talvez até por um longo tempo (a possibilidade do infinito seria por demais estranha a Aquiles). E se pudéssemos lhe perguntar ainda: “qual desses é realmente você: o Aquiles que vejo aqui e agora ou a “sombra” de Aquiles no submundo?”, novamente ele consideraria difícil, imagino a compreensão da pergunta, mas, pressionado a responder, provavelmente diria: ”o Aquiles que você vê aqui agora na sua frente”. “E a sombra?”. “Bem, ela possui algumas características minhas como a disposição a sentir-se extremamente infeliz por estar onde se encontra, mas nenhuma dessas características é comparável às que tenho aqui e agora” Certamente, ao finalmente ser questionado: ”Você quer dizer que não acredita que o que sobrevive após a morte de seu corpo seja o verdadeiro Aquiles?” – ele reagiria sem dúvida com confusão ou riso, ou talvez com ambos. E responderia: “Sou eu que morro, não a minha psyché; embora seja ao que parece, impossível determinar por quanto tempo esta psyché se relaciona com este ‘eu’ ou de que maneira e por quanto tempo ela sobrevive no Hades”

5 Ainda sobre a alma e a vida após a morte para os Gregos ver Micea Eliade – História das Crenças e das

Idéias Religiosas Tomo I, Vol. 2 Cap. X Zeus e a religião grega pgs 77-95 “Para os gregos em geral, a

morte era uma pós–existência diminuída e humilhante nas trevas subterrâneas do Hades, povoado de sombras pálidas, desprovidas de força e de memória. (Aquiles, cujo fantasma Ulisses conseguiu evocar, disse que preferia ser, na terra, o escravo de um homem sem grandes recursos “a reinar sobre todos os que já morreram” (Odisséia, XI, 489-491)). Por outro lado, o bem realizado na terra não era recompensado, e o mal não sofria punição. Os únicos condenados às torturas eternas eram Íxion, Tântalo e Sísifo, porque tinham ofendido Zeus em pessoa.

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Assim sendo temos mais de uma concepção de psykhé na obra de Platão, em alguns momentos podemos vislumbrar um forte viés dualista, noutros a alma é una ou mesmo partida em três6. Em todos os casos, ela desempenha determinadas funções e é

este o foco de nosso interesse.

No Fédon 79c3-79c5, Platão nos indica uma das funções7 da psyché: “a alma

usa (ou utiliza) o corpo” e no momento que o faz “opera por meio dos sentidos (...) assim o corpo é um instrumento” neste caso, seguindo a leitura de Robinson (1995), a psykhé é

apresentada com uma função cognitiva e oscila sendo apresentada ora como unidade, ora como dualidade8, no entanto na República (435b9ss) surge a noção que será mais

popularizada, a ponto de ser tomada como a essência da teoria platônica da alma, embora só apareça em partes do texto e no Timeu, no caso da República ela surge num momento em que Platão está fazendo uma metáfora com as três classes da cidade ideal e postula uma alma tripartite9, dividida em to logistikón (parte da “razão” ou raciocinativa), to

epithymetikón (parte desiderativa) e to thymoeidés (parte irascível) embora opere

distinçõs, ao fim admite que em qualquer um dos casos a função da psykhé em relação ao corpo é definida como “gestão, controle, deliberação e coisas semelhantes” (República

6 Exemplos podem ser encontrados entre outros, para uma visão unitária da alma, República 612a4 (alma

como unidade em estado purificado), Cármides 156d ss.(alma como sujeito e o corpo como posse da alma) Alcebíades I, 130a-130c (alma como a pessoa inteira e alma como comandante do corpo) Protágoras 313a1-e3 (identidade entre alma e eu, idéia de que não possuo alma mas sou minha alma) para uma perspectiva dualista da alma, Górgias 493a3-b3 (alma dividida entre razão e impulso), Fédon 65d1-2 ss., República 411e6, 310e10-411a1 (dividida até então em parte “filosófica” e “iráscível”) alma tripartite, República IV 435b9 ss. Timeu 69d-72d e multipartite Fedro 264b1 entre outras passagens, seguindo indicações principalmente de Robinson (1995), Andrade (1994) e Doods (1951).

7 A função (érgon) de uma coisa é definida por Platão na República (353a10-11) como “aquilo que só ela

pode realizar e da melhor maneira”

8 Para um estudo mais detalhado da concepção da alma no Fédon ver: A Psicologia de Platão, T.M

Robinson (1995) Ed. Loyola, SP, pgs 59-73 e do mesmo autor “As origens da Alma, os gregos e o conceito

de alma de Homero a Aristóteles” Ed. Annablume 2010, SP. SP pgs 101 á 130

9 A respeito das disputas sobre a questão da tripartição ver: Burnet (1908), Early Greek Philosophy.

Cambridge, London 1908 pg. 296ss e Taylor, A.E A (1928) Commentary on Plato´s Timaeus. Oxford, 1928, defendendo que Platão apenas faz uso metafórico com fins didáticos de uma visão do senso comum sem defende-la a sério, Stocks, J.L. (1915) Plato and the tripartite soul. Mind XXIV (1915) 207-221, defendendo que a origem da tripartição se encontra no pitagorismo notadamente na doutrina chamada “das três vidas” e Joseph, H. W.B (1935) Essays in Ancient and Modern Philosophy. Oxford. London, 1935 postulando que não apenas Platão defendia seriamente a tripartição, revendo sua posição do Fédon, como lhe conferia uma análise ‘psicológica’ com feições próprias.

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353a10) embora a noção estritamente biológica de dar suporte a vida não tenha sido em nenhum momento afastada - ao contrário é reafirmada em 353e-410 - as funções de controle parecem sugerir, como no Fédon entre outros, que a psykhé é a “verdadeira

pessoa” que está no controle da situação, isso será fundamental na discussão final quando

da refutação da tese de Protágoras, por ora devemos estabelecer então dois pilares definicionais para continuarmos em nossa senda, primeiro, a psykhé seja una, bi ou tripartida10, desempenha até onde sabemos as funções de “gestão, controle, deliberação

e coisas semelhantes” segundo, que a psykhé é o centro cognitivo do homem, ou mesmo,

o verdadeiro homem. Isto posto quando tratarmos de psykhé (alma) à partir de agora nos interessará apenas sua dimensão cognitiva e seu alcance epistemológico.

BIBLIOGRAFIA:

ANDRADE, R.G. Platão, o cosmo, o homem e a cidade: um estudo sobre a alma. Petrópolis: Vozes, 1994.

BURNET, J. Early Greek Philosophy. Cambridge: A&C Black, 1908. 296p. DODDS, E.R. The greeks and the irrational. Berkeley: UCP, 1951.

ELIADE, M. Zeus e a religião grega. In: ______________. História das crenças e das idéias religiosas. 2. ed. Rio de janeiro: Zahar, 1983. cap.10, p. 77-95.

HOMERO. Ilíada. São Paulo: Nova Cultural, 2003.

KIRK, G. S.; RAVEN. J. E. Os filósofos pré-socráticos. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1990.

PLATÃO. Alcebíades. Belém: UFPA, 1974. (Coleção Amazônica - Série Farias Brito) __________. Crátilo. Lisboa: Instituto Piaget, 2001.

__________. Cármides. São Paulo: Edipro, 2010. __________. República. 2.ed. Belém: UFPA, 1998.

__________. Teeteto. 2.ed. Lisboa: Fundação Caloute Gulbenkian, 2008. TAYLOR, A.E. The man and his work. New York: Dover, 2001.

10 Vou me eximir de optar por alguma das alternativas em relação a natureza da alma em Platão,

argumentando apenas que a decisão por qualquer uma delas me levaria a substanciais digressões que não cabem no presente trabalho.

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STOCKS, J.L. Plato and the tripartite soul. Mind. XXIV, 1915, p. 207-221.

JOSEPH, H.W.B. Essays in Ancient and Modern Philosophy. Oxford: Clarendon Press, 1935.

ROBINSON, T.M. As origens da alma: Os gregos e o conceito de alma de Homero a Aristóteles. São Paulo: Annablume, 2010.

Referências

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