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ALONGAMENTO, CAMINHADA E FORTALECIMENTO DOS MÚSCULOS DA COXA: UM PROGRAMA DE ATIVIDADE FÍSICA PARA MULHERES COM OSTEOPOROSE

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Rev. bras. fisioter. Vol. 7, No. 3 (2003), 261-267 ©Associação Brasileira de Fisioterapia

ALONGAMENTO, CAMINHADA E FORTALECIMENTO DOS

MÚSCULOS DA COXA: UM PROGRAMA DE ATIVIDADE

FÍSICA PARA MULHERES COM OSTEOPOROSE

Navega, M. T.,

1

Aveiro, M. C.

1

e Oishi,

J.2

1Universidade Federal de São Carlos, Departamento de Fisioterapia 2Universidade Federal de São Carlos, Departamento de Estatística

Correspondência para: Marcelo Tavella Navega, Rua Rafael de Abreu Sampaio \'ida!, 2729, ap. 74, Vila Costa do Sol, São Carlos, SP, CEP 13566-220, e-mail: marcelonavega@yahoo.com.br

Recebido: 6/5/03 -Aceito: 13/8/03

RESUMO

Este trabalho teve por objetivo propor, aplicar e analisar os efeitos de um programa de atividade física no equilíbrio, estatura, força muscular, tolerância ao exercício e flexibilidade de mulheres com diagnóstico densitométrico de osteoporose. Foram selecionadas 17 mulheres voluntárias (67,3

±

3,68 anos), que foram submetidas a uma avaliação física. A cada um mês e meio, o grupo passou por reavaliação. O programa de atividade física foi orientado por fisioterapeuta, durante 3 meses, 3 vezes por semana, durante 60 minutos. Cada sessão foi constituída por alongamentos gerais e 20 minutos de caminhada e exercícios em cadeia cinética aberta para fortalecimento dos músculos extensores e flexores do joelho, utilizando-se de 50% a 75% das 10 repetições máximas (10-RM). Os dados foram analisados estatisticamente por meio dos testes não paramétricas ANOVA de Friedman e de Wilcoxon. As variáveis referentes à tolerância ao esforço físico, equilíbrio, flexão anterior do tronco e torque dos músculos extensores e flexores do joelho apresentaram melhora significativa (p :$ 0,05). A estatura das voluntárias não apresentou aumento significativo. Desta forma, os resultados obtidos neste trabalho permitem concluir que o programa de atividade física empregado foi eficaz para aumentar a tolerância ao esforço físico, o equilíbrio, a flexibilidade e o torque dos músculos extensores e flexores do joelho, sugerindo ser um treinamento eficaz e seguro para mulheres com osteoporose.

Palavras-chave: osteoporose, exercícios físicos, fortalecimento muscular, fisioterapia.

ABSTRACT

The purpose of this study was to propose, apply and analyze the effects of a physical exerci se program on the equilibrium, height, muscle strength, exercise tolerance and flexibility in women with a densitometric diagnosis of osteoporosis. Subjects: 17 female volunteers (age 67.3 ± 3.68) were submitted to a physical evaluation. The group was re-evaluated every month anda half. The 3-month physical activity program, orientated by a physiotherapist, consisted of three 60-minute sessions ·per week. Each session included stretching exercises, 20 minutes of walking and open kinetic chain exercises to strengthen the knee extension and flex-ion muscles, using 50% to 75% of the 10-repetitflex-ion maximum (10-RM) for each subject. The data were statistically analyzed by Wilcoxon and Friedman's ANOVA non-parametric tests. The variables referring to exercise tolerance, equilibrium, anterior trunk flexion, and knee extension and flexion muscles torque, showed significant improvement (p :$ 0.05). The height of the volunteers showed no significant increase .The results obtained in this study allowed for the conclusion that the physical activity program was efficient in improving the exercise tolerance, equilibrium, flexibility and knee extension and flexion muscles torque, appar-ently being an effective and safe training program for women with osteoporosis.

Key words: osteoporosis, physical exercises, muscle strengthen, physical therapy.

INTRODUÇÃO

O estudo do processo de envelhecimento e de seus efeitos vêm se tornando cada vez mais importante, despertando

interesse cada vez maior. Com o avanço da idade, tanto para homens quanto para mulheres, ocorre o declínio da capacidade aeróbica, em decorrência das limitações no sistema cardio-pulmonar, e diminuição da massa muscular. 1

(2)

A perda de massa muscular relacionada ao processo de envelhecimento é conhecida como sarcopenia e está associada a uma diminuição do metabolismo basal, da força muscular e a níveis restritos de a ti vidade.1 A perda mus-cular é reflexo da redução no número de fibras musmus-culares e da diminuição do tamanho individual das fibras musculares, principalmente das fibras de contração rápidas tipo IJ.2

O envelhecimento também afeta o sistema ósseo. A partir da 4~ década de vida, em ambos os sexos, o processo de reabsorção óssea começa a preponderar sobre o processo de formação do osso, levando à diminuição fisiológica da massa óssea. Quando esse processo torna-se mais intenso, pode resultar no aparecimento de osteoporose, caracterizada por baixa massa óssea e deterioração da microarquitetura, aumentando a fragilidade óssea. 3

A osteoporose tem sido recentemente reconhecida como um dos maiores problemas de saúde pública.4 A fratura óssea é a principal conseqüência da osteoporose. A fraqueza muscular aumenta o risco de queda, tendo por conseqüência a maior possibilidade de fraturas, que podem comprometer ainda mais a fragilidade óssea.5

A atividade física pode trazer grandes benefícios para pessoas osteoporóticas, como o ganho de massa muscular, que pode promover aumento da massa óssea (ou reduzir sua perda), melhor equilíbrio, que diminui o risco de quedas e fraturas decorrentes da osteoporose, e maior tolerância ao esforço.6 Desta forma, a realização de exercícios físicos específicos possibilita a manutenção da independência física para realização das atividades da vida diária e melhor qualidade de vida dessa população.

Os fisioterapeutas têm papel muito importante no tratamento de pacientes com osteoporose.3 Porém, a falta de protocolos bem definidos, determinando a intensidade e duração de exercícios específicos, prejudica a reprodução dos tratamentos pesquisados.

O objetivo deste estudo foi propor, aplicar e investigar os efeitos de um programa de atividade física no equilíbrio, estatura, força muscular, tolerância ao exercício e flexibilidade de mulheres com diagnóstico densitométrico de osteoporose.

METODOLOGIA

· Este estudo foi aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). As candidatas foram informadas sobre as características deste estudo e aceitaram participar volun-tariamente, conforme determina a resolução 196/96 do CNS.

Foram selecionadas 17 mulheres (67 ,3

±

3,68 anos), com diagnóstico densitométrico de osteoporose na coluna e/ou fêmur, que participaram voluntariamente deste estudo. Seriam excluídas aquelas voluntárias que apresentassem algum comprometimento físico que as impossibilitasse de

realizar pelo menos 75% das sessões de atividade física. Entretanto, nenhuma das voluntárias se enquadrou no critério de exclusão.

Para o desenvolvimento deste trabalho, foram utilizados os seguintes equipamentos: esfigmomanômetro e estetoscópio, cronômetro digital, balança antropométrica, caneleiras de 0,5 a 6,0 kg, colchonetes, bastões, uma maca e dinamômetro isocinético computadorizado modelo Biodex Multi-Joint System 2 da Biodex Medicai Systems.

Procedimento Experimental

Todas as voluntárias foram submetidas previamente a avaliação física, teste de equilíbrio, avaliação muscular isométrica e teste de caminhada de 6 minutos (avaliação 1).

Posteriormente, após um mês e meio, as voluntárias foram reavaliadas (avaliação 2), assim como após os três meses de atividade física (avaliação 3).

Para obter o valor dos pesos a serem trabalhados com as mulheres durante os exercícios de fortalecimento dos músculos da coxa, realizaram-se, durante o período de atividade física, testes de dez repetições máximas (10-RM).7

Avaliação Física

Por intermédio da avaliação física foi estabelecido o primeiro contato com a voluntária e foram coletados dados pessoais e informações sobre suas queixas, doenças associadas e presença de fratura e se estavam sendo submetidas a algum tratamento para osteoporose. Foram registradas também a massa corporal, estatura e freqüência cardíaca (FC) e avaliada a flexibilidade do tronco por meio da flexão anterior do tronco (FAT), mensurada pela distância do dedo médio ao chão.8

Teste de Equilíbrio

O teste de equilíbrio foi realizado seguindo uma ficha-roteiro desenvolvida por Caromano.9

O teste constou da sustentação do corpo sobre uma perna, com os membros superiores ao longo do corpo, em seguida abduzidos a 90° e depois com o membro superior contralateral à perna de apoio realizando movimentos circulares. Na seqüência foi requisitado a cada voluntária: apoiar sobre os attelhos e sobre os calcâneos, ultrapassar um obstáculo, sentar e levantar-se de uma cadeira. Com essa avaliação, chegamos a um índice de desempenho em testes de equilíbrio: índice de equilíbrio (IEq) . Esse índice varia de 11 (melhor equilíbrio) a 55 (pior equilíbrio).

Avaliação Muscular Isométrica

A avaliação isométrica constou da medida da média máxima de torque dos músculos quadríceps e isquiotibiais, com o joelho em 60° de flexão. As medidas foram feitas no membro inferior direito (membro dominante), já que o efeito do treinamento pode ser detectado considerando-se apenas uma perna.4

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Vol. 7 No. 3, 2003 Osteoporose e Atividade Física 263

Os valores da média máxima de torque foram coletados no modo isométrico concêntrico em extensão e, posterior-mente, em flexão do joelho para a perna dominante. As voluntárias realizaram, para cada sentido de movimento, 3 contrações isométricas voluntárias máximas (CIVM) de 5 segundos de duração.10 O melhor desempenho das 3 contrações foi utilizado para a análise.

Para segurança na realização do teste, foram aferidas a pressão arterial e a freqüência cardíaca anteriormente ao teste e imediatamente após cada contração, sendo que a contração seguinte foi realizada após três minutos de descanso para que esses parâmetros voltassem aos valores de repouso e a fadiga não comprometesse a eficiência do teste.

Teste de Caminhada de Seis Minutos (TC6')

O teste de caminhada, utilizado para verificar a tolerância ao exercício, foi realizado em uma pista plana, com 50 metros de comprimento. As voluntárias foram instruídas a caminhar, o mais rapidamente possível, por todo o percurso em um tempo de 6 minutos. Ao final dos 6 minutos foi realizada a mensuração da distância percorrida.

Teste de Força de Dez Repetições Máximas (10-RM)

Este teste avalia a carga máxima aplicada como resistência (peso) em que uma pessoa é capaz de realizar dez movimentos completos, com pouca ação de outros grupos musculares que não sejam os responsáveis primários pelo movimento avaliado.

Os testes de 1 0-RM para os músculos extensores e flexores do joelho foram realizados com o auxílio de caneleiras, utilizando-se o método progressivo: iniciando com um peso que fosse possível levantar facilmente e aumentando gradativamente até que a voluntária não conseguisse, pela incapacidade de gerar um torque suficiente para vencer a resistência, executar os dez movimentos completos.7 Desta

forma, o valor considerado de 10-RM foi o peso máximo com o qual a voluntária conseguisse realizar 10 movimentos completos. Os seguintes procedimentos foram utilizados para aplicação do teste de 10-RM: aquecimento de 20 minutos com caminhada; início do teste com um peso que poderia ser levantado confortavelmente; e intervalo de 3 minutos entre um peso e outro.

Na maioria dos testes, o valor de 10-RM foi obtido entre a segunda e quarta tentativa de cada voluntária. O aquecimento prévio foi realizado com o objetivo oferecer maior segurança na realização do esforço muscular.

Programa de Atividade Física

O programa de atividade física foi realizado 3 vezes por semana, com sessões de 1 hora de duração, durante 3 meses consecutivos, sob orientação de fisioterapeutas. A freqüência cardíaca (FC) foi medida antes do início dos

exercícios e a cada 20 minutos de atividade, com o objetivo de controlar a intensidade de exercícios a que as mulheres estavam sendo submetidas, para que a FC não ultrapassasse 75% da Freqüência Cardíaca Máxima (FCmáx) de acordo com a idade.

Cada sessão do programa de atividade física foi composta de 10 minutos de alongamentos gerais, 20 minutos de caminhada, 20 minutos de exercícios para fortalecimento muscular e, no final, mais 10 minutos de alongamentos.

Os exercícios de alongamento foram realizados de maneira suave e no limite de cada voluntária. Os músculos envolvidos ·foram: músculos da região cervical, trapézios, paravertebrais, peitorais, deltóides, bíceps, tríceps, flexores e extensores do punho, quadríceps, isquiotibiais e tríceps sural. O alongamento ajuda no preparo muscular para o exercício e na manutenção da ADM, além de auxiliar na analgesia de pacientes com dores miofaciais que geralmente acompanham o quadro de osteoporose.6 Cada alongamento

foi realizado durante 30 segundos.11

As caminhadas foram realizadas com o objetivo de aumentar a tolerância física e promover aquecimento aeróbio para que fossem desenvolvidos com maior segurança os exercícios para ganho de força muscular. Além disso, a caminhada serviu para trabalhar a proptiocepção e o equilíbrio, visto que o terreno na qual foi desenvolvida é irregular.

O fortalecimento muscular foi realizado em cadeia cinética aberta com auxílio de caneleiras de 0,5 a 6,0 kg. Os exercícios foram de extensão e flexão da articulação do joelho na amplitude de a

oo

a 90°, considerando

oo

a extensão total dessa articulação.

Para exercitar os músculos quadríceps, as voluntárias ficaram sentadas, em uma maca, com 90° de flexão da articulação do quadril. Já para exercitar os músculos isquiotibiais, as voluntárias ficaram em posição ereta, apoiando-se em barras verticais. Cada movimento era realizado em 8 segundos: 3 segundos para a fase concêntrica, 2 segundos de contração isométrica no final da amplitude e 3 segundos para a fase excéntrica.

Inicialmente, durante as duas primeiras semanas (peliodo de adaptação), cada voluntária pôde realizar as séries de exercícios sem nenhum peso, ou utilizando caneleiras de 0,5 ou 1 ,O kg. Após o período de adaptação, foi determinado o peso a ser utilizado por cada voluntária, por meio do teste dé força de dez repetições máximas (10-RM).

Nas quatro semanas seguintes, cada voluntária realizou os exercícios com peso variando entre 50% e 55% da sua 10-RM. Após esse período, uma nova avaliação foi realizada, obtendo novo valor de 10-RM. Nas quatro semanas subseqüentes, o peso trabalhado conespondia de 60% a 65% da 10-RM. Para as últimas quatro semanas de atividade física, avaliou-se novamente a 10-RM de cada voluntária, e o peso imposto foi de 70% a 75% da 10-RM.

(4)

Em cada exercício, foi exigido para cada membro inferior 3 séries de 10 repetições. Entre cada série foi dado um intervalo de 2 minutos.

Ao final de cada sessão era realizado alongamento dos músculos trabalhados durante os exercícios de fortalecimento muscular.

Análise Estatística dos Dados

Para comparar as características observadas durante as avaliações foram utilizadas as técnicas não paramétricas ANO VA de Friedman e de Wilcoxon. O nível de significância utilizado para as conclusões das análises estatísticas foi de 5% (p $ 0,05).

RESULTADOS

Os resultados obtidos nas avaliações estão apresentados a seguir em forma de tabelas. Serão apresentados os resultados relativos à avaliação física (estatura e flexão anterior do tronco) e aos testes de equilíbrio, de caminhada e de força muscular.

Avaliação Física

Na Tabela 1 estão os resultados da estatura e flexão anterior do tronco (FAT), obtidos nas avaliações 1, 2 e 3. De acordo com a Tabela 1, o índice que avalia a flexibilidade (FAT) apresentou melhora significativa, enquanto a estatura das voluntárias não apresentou alteração.

Teste de Equilíbrio, Força Muscular e Teste de Caminhada de Seis Minutos

Na Tabela 2 são apresentados os resultados das médias, desvios-padrão do grupo em relação ao índice de equilíbrio (IEq), média máxima do torque do músculo quadríceps (TMQ), média máxima do torque do músculo isquiotibiais (TMI) e teste de caminhada de 6 minutos (TC6'), obtidos nas 3 avaliações.

De acordo com a Tabela 2, o equilíbrio apresentou, em relação à avaliação 1, melhora significativa na avaliação 3, enquanto as outras variáveis analisadas apresentaram aumento significativo entre cada avaliação, a partir da avaliação 2.

Tabela 1. Médias e desvios-padrão do grupo em relação à estatura e à flexão anterior do tronco (FAT).

Estatura (m) FAT (em) Avaliação 1 154,65 ± 7,4 11,09 ± 6,9 Avaliação 2 154,76 ± 7,3 7,59 ± 6,0* Avaliação 3 155,17 ± 7,1 5,91 ± 6,3**

m =metros; em= centímetros. Os valores da estatura e FAT estão expressos em média± desvio-padrão.

* significativo p::; 0,05, diferente da avaliação 1. •• significativo p::; 0,05, diferente das avaliações I e 2.

Tabela 2. Médias e desvios-padrão do grupo em relação ao IEq, TMQ, TMI e TC6'.

Avaliação 1 Avaliação 2 Avaliação 3

IEq 22,94 ± 7,2 22,44 ±7,2 17,27 ± 5,4*

TMQ (Nm) 76,71 ± 23,12 87,35 ± 18,86* 105,59 ± 23,81 **

TMI (Nm) 37,7 ±12,85 47,0 ±10,47* 51,24 ±9,67**

TC6' (m) 531,76 ± 69,45 581,71± 61,68* 607,05± 68,93**

lEq =índice de equilíbrio; TMQ =média máxima do torque muscular do quadríceps; TMI =média máxima do torque muscular do isquiotibiais; TC6'= teste de caminhada de 6 minutos. Os valores estão expressos em média± desvio-padrão. *significativo p::; 0,05, diferente da avaliação 1. **significativo p::; 0,05, diferente das avaliações I e 2.

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Vol. 7 No. 3, 2003 Osteoporose e Atividade Física 265

DISCUSSÕES

Os resultados serão discutidos em tópicos, na seguinte ordem: estatura, flexibilidade, força muscular, equilíbrio e teste de caminhada.

Estatura

Após a realização do programa de exercícios, foi observado que não houve diferença significativa entre os valores de estatura encontrados na avaliação 1 e na avaliação 3. Esses resultados estão de acordo com os encontrados por Rennó, 12 no estudo envolvendo mulheres com osteoporose na coluna, submetidas a um programa de atividade física composto de caminhada, reeducação postura! e treinamento muscular respiratório. Nesse estudo foi observado que após 8 semanas de atividade física não houve aumento significativo da altura das voluntárias.

Esses resultados não estão de acordo com os encontrado por Driusso,6 no estudo envolvendo mulheres com osteoporose, submetidas a um treinamento físico constituído de exercícios de alongamento e caminhada. Nesse estudo foi observado que, ao final do programa de exercícios, houve aumento significa,tivo na estatura das voluntárias, sugerindo melhoria da postura em decorrência da realização do programa de treinamento.

Provavelmente, a diferença nos resultados seja decorrente da variação no tempo de realização do treinamento físico nos trabalhos. No estudo feito por Driusso,6 as voluntárias foram submetidas a um programa de atividade física durante 6 meses consecutivos, enquanto no estudo feito por Rennó12 a atividade física foi realizada durante 24 sessões e no presente estudo o programa de exercícios teve duração de 3 meses. Com isso, pode-se concluir que o tempo de realização do protocolo de exercícios do presente estudo não foi suficiente para provocar alterações significativas nessa variável.

Flexibilidade

O programa de atividade física proposto foi eficaz na melhoria da flexibilidade, visto que as voluntárias se saíram significativamente melhor no teste FAT. Essa melhoria da flexibilidade ocorreu possivelmente pela realização dos exercícios de alongamento, principalmente os que enfocavam os músculos posteriores dos membros inferiores e do tronco. Esses resultados estão de acordo com o estudo de Mitchell et al.,4 em que, após 3 meses de atividade física, as mulheres com osteoporose apresentaram, entre outras coisas, melhor flexibilidade. Resultado similar foi encontrado por Rauchbach, 13 que investigou durante 3 meses os efeitos de um treinamento de exercícios gerais associados à caminhada em uma população de idosos.

No estudo realizado por Driusso,6 as mulheres com osteoporose apresentaram em média diminuição de 9 em na FAT após 6 meses de atividade física.

Esses resultados reforçam a necessidade de realização de exercícios de alongamento, pois o indivíduo idoso tem grande predisposição de apresentar encurtamento muscular e diminuição da ADM de diversas articulações.

Força Muscular

Exercícios apropriados podem alterar, diminuir ou até reverter parcialmente algumas das mudanças fisiológicas relacionadas com a idade que ocorrem no músculo-esquelético, incluindo sarcopenia, redução da massa muscular e diminuição na produção de força.14

Os músculos quadríceps e isquiotibiais apresentaram aumento significativo na força, entre cada avaliação. Após os 3 meses de atividade física, as voluntárias apresentaram em média aumento da força muscular de 37% para o quadríceps e de 51 o/o para o isquiotibiais.

Os resultados do presente estudo condizem com os obtidos por Mitchell et al.,4 que observaram aumento da força e da massa muscular em mulheres pós-menopausa com diagnóstico de osteoporose, após treinamento físico.

No estudo realizado por Chien et al., 10 com mulheres pós-menopausa, que realizaram exercícios aeróbicos com intensidade de 70%-85% do vo2máx e exercícios de step por 10 minutos, foi observado aumento de 10% na força muscular dos extensores de joelho, após 24 semanas de exercício físico. No presente estudo, utilizando o mesmo método de avaliação muscular, obteve-se aumento médio de 37% na força dos músculos extensores do joelho, sugerindo que, dentro de um programa de atividade física, os exercícios específicos para fortalecimento muscular s1io mais efetivos que outras atividades, para gerar maior força.

Esse aumento da força muscular se deve principalmente ao treinamento de força empregado. As adaptações que ocorrem no músculo-esquelético, induzidas pelo treinamento, dependem da intensidade, duração, freqüência e do tipo de exercício empregado.14

Para mulheres com osteoporose, o treinamento proposto neste estudo, com porcentagens das 10-RM variando de 50% a 75%, mostrou-se seguro e eficaz. Vários trabalhos vêem mostrando a associação da força muscular com maior densidade mineral óssea (DMO) local, enfatizando a necessidade de manter os músculos fortes para prevenção e/ou tratamento da redução da DMO.

Equilíbrio

No indivíduo idoso, as mudanças na propriocepção e redução da força muscular contribuem para aumentar o risco de quedas. A inatividade, comum nessa população, predispõe

(6)

o indivíduo à dependência física, levando à incapacidade de realizar AVDs.

Para os indivíduos com osteoporose, a manutenção de um bom equilíbrio é fundamental para prevenção de quedas e fraturas.15

A avaliação do equilíbrio mostrou que houve melhora significativa entre cada avaliação. A queda no índice de equilíbrio (IEq), indicando melhora, foi observado em 88% das voluntárias deste estudo, demonstrando que a prática de alongamentos gerais, caminhada e fmtalecimento muscular é efetiva para desenvolver estratégias de equilíbrio.

Os resultados do presente estudo concordam com os obtidos por Caromano,9 que utilizou a mesma avaliação e observou melhora do equilíbrio em 60% dos idosos que realizaram caminhadas ou exercícios gerais.

Beissner et al.16 encontraram correlação entre força muscular e amplitude articular dos membros inferiores e o desempenho de idosos em atividades diárias que exigiam agilidade e equilíbrio. Means et al. 17 demonstraram que um treinamento de exercícios gerais associado a caminhadas produz melhoras no desempenho em testes de obstáculos. No presente estudo, a melhora do equilíbrio ocorreu provavelmente como conseqüência da melhora da propriocepção e do fmtalecimento dos músculos quadríceps e isquiotibiais. O bom funcionamento desses músculos permite que oconam reajustes constantes do posicionamento articular, estabilizando o corpo dentro de sua base de suporte e reduzindo o risco de quedas de indivíduos idosos.18

Teste de Caminhada de Seis Minutos (TC6')

A tolerância ao exercício aumentou significativamente, como pode ser evidenciado por meio do aumento da distância percorrida no teste de caminhada de 6 minutos. Essa melhora provavelmente está relacionada à realização de exercícios físicos gerais associados aos exercícios de fortalecimento dos músculos quadríceps e isquiotibiais. A atividade de caminhada, juntamente com o fortalecimento muscular, pode ter levado a uma adaptação ao esforço dos músculos dos membros inferiores, contribuindo para aumento da resistência à fadiga e determinando maior tolerância ao exercício.

Resultado semelhante foi encontrado por Rennó, 12 com mulheres com diagnóstico de osteoporose na coluna submetidas a um programa de Treinamento Muscular Respiratório (TMR) por 8 semanas. Foi observado aumento ·da tolerância ao exercício nesses pacientes.

No estudo realizado por Caromano9 com indivíduos idosos, foi observado aumento médio de 500 metros no teste de esforço de caminhada rápida de 12 minutos nos participantes que realizaram exercícios físicos durante 4 meses. Segundo esse autor, o aumento relaciona-se à melhora cardiocirculatória, ao aumento da força muscular dos membros inferiores e à melhora do equilíbrio.

CONCLUSÕES

Os resultados obtidos neste estudo permitem concluir que o programa de atividade física proposto foi adequado para as mulheres com osteoporose, sugerindo ser um treinamento eficaz e seguro à medida que os parâmetros avaliados apresentaram modificações a partir de 1,5 mês após o início do treinamento.

De maneira geral, este trabalho atingiu seu objetivo de propor e avaliar os efeitos de um programa de atividade física constituído de exercícios de fácil realização, baixo custo, boa aceitação e que resultou em melhora de variáveis que proporcionam melhor qualidade de vida às voluntárias.

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