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Academic year: 2021

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR PROCURADOR-CHEFE DA PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO DISTRITO FEDERAL,

DR. MARCUS MARCELUS GONZAGA GOULART.

JOSÉ CARLOS ALELUIA COSTA, brasileiro, casado, Deputado

Federal pelo Partido Democratas, com endereço profissional no Anexo IV da Câmara dos Deputados, Gabinete 854, Brasília/DF, CEP 70.160-900, vem, ante Vossa Excelência, com o respeito e o acatamento devidos, com fulcro na legislação de regência e em especial nos artigos 5°, inciso XXXIV, alínea “a”1 e art. 1292 da

Constituição Federal de 1988 c/c o artigo 27 do Código de Processo Penal, pelos fatos e fundamentos oferecer:

R E P R E S E N T A Ç Ã O

para apuração da prática, em tese, de infrações penais pelo presidente do

Partido da Causa Operária – PCO, Sr. RUI COSTA PIMENTA (doravante

denominado Representado), bem como de outros agentes, públicos ou não, envolvidos na prática das condutas aqui denunciadas, o que faz com arrimo nas razões de fato e de direito a seguir apresentadas.

1 “Art. 5º. (...) XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de

petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;”

2 Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na

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1 SÍNTESE DOS FATOS

1.1 Conforme amplamente noticiado pela imprensa nacional, o Sr. Luiz

Inácio Lula Da Silva, ex-presidente da República, é alvo de investigações no âmbito da denominada “Operação Lava-Jato”, que apura crimes de formação de organização criminosa, corrupção, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro por meio de desvio de recursos em contratos da Petrobrás S/A com diversas empreiteiras.

1.2 O juiz federal Sergio Moro, titular da 13ª Vara Federal Criminal de

Curitiba/PR, marcou para o dia 3 de maio de 20173, naquela capital, o interrogatório

de Lula no processo em que é acusado de ocultar ser o real proprietário de um tríplex no Guarujá, litoral de São Paulo.

1.3 Ocorre que, em vídeo publicado no site YouTube4, em 11 de março de

2017, no canal CausaOperária TV, o Requerido, ao tercer elocubrações sobre uma possível decretação da prisão de Lula pelo juiz Sérgio Moro, declarou que “isso daí não pode ser permitido pelo movimento operário, sindical, popular e tudo mais”. Para tanto, afirmou que a sua palavra de ordem é “organizar caravanas de todo o país, organizar um ato monstro em Curitiba, e as pessoas devem cercar o Lula, ele precisa ter cinquenta, sessenta, cem mil guarda-costas, e ninguém pode chegar nem perto dele. A palavra de ordem tem que ser: não vai prender”. Concluindo, ele sugere que o “1º de maio deveria ser em Curitiba” para que as centrais sindicias aliadas organizem “um gigantesco acampamento ali perto do

3 http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/03/1863437-lula-sera-interrogado-pelo-juiz-sergio-moro-em-maio.shtml,

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prédio da Justiça do Sergio Moro”, e “a hora que o Lula for descer no aeroporto milhares de pessoas lá, nada de prender, não podemo(sic) baixar a cabeça diante de um vigarista aí, que visivelmente trabalha para potências estrangeiras, que é um verdadeiro tribunal de exceção que se criou no Brasil, prender o principal dirigente popular do país”.

1.4 Percebe-se, portanto, que as declarações do Requerido apontam para

uma clara tentativa de intimidação da sociedade e das autoridades constituídas, revelando-se indiscutível recado de que o mesmo e os seus seguidores não pretendem se submeter aos ditames da lei, atentando contra o Estado Democrático de Direito, o Poder Judiciário e a Ordem Pública.

1.5 Importante ressaltar que as graves declarações do Requerido também

foram divulgadas no seu perfil do Twitter e no site “Diário Online Casa Operária”, vinculado à divulgação institucional e política do PCO, o que revela o objetivo de alcançar mais adesões à sua insuflagem em favor da desordem, do caos social e, por que não, da violência.

2 DO DIREITO

2.1 A partir das declarações acima, impossível não concluir que a conduta do Presidente do Partido da Causa Operária constitui grave atentado contra a paz pública, incitando, estimulando e instigando publicamente a prática de infrações

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penais, quais sejam, crimes de resistência (Código Penal, art. 329), desobediência (Código Penal, art. 330) e favorecimento pessoal (Código Penal, art. 348), conforme se demonstrará no decorrer da presente representação.

2.2 De saída, observe-se que o art. 27 do Código de Processo Penal prevê

a iniciativa, por qualquer do povo, de provocar a ação do Ministério Público, nos casos em que seja cabível a ação penal pública, fornecendo-lhe, de forma escrita, informações sobre o fato e a autoria, indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção, o que justamente busca a presente representação.

Por sua vez, o Código Penal Brasileiro, em seu Título IX, que dispõe sobre os Crimes Contra a Paz Pública, tipifica no seu art. 286 o delito de incitação ao crime, cominando pena de três a seis meses ou multa, verbis:

“Art. 286. Incitar, publicamente, a prática de crime: Pena - detenção, de 3 (três) a 6 (seis) meses, ou multa”

2.3 A publicidade é a característica marcante do delito, pois implica que sua

prática ocorra na presença de várias pessoas ou no emprego de meio que seja efetivamente capaz de levar o fato a um número indeterminado de pessoas, tais como rádio, televisão, jornais ou internet, o que, em tese, se configura na conduta apontada

como praticada pelo Representado.

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2.4 O dolo da conduta delituosa consiste na vontade consciente de incitar, publicamente, a prática de crime (fato determinado), sabendo que se dirige a número indeterminado de pessoas. A ação independe de resultado, sendo suficiente para caracterizar o delito de incitação ao crime a ação descrita no tipo, pois trata-se de crime de perigo abstrato.

2.5 Aliás, vindo o instigado a praticar o crime, o instigador poderá (se

comprovado o nexo causal) responder também por ele, em concurso material.

2.6 De acordo com o ilustre jurista Heleno Cláudio Fragoso, “...a tutela penal

exerce-se com relação à paz pública, pois a instigação à prática de qualquer crime traz consigo uma ofensa ao sentimento de segurança na ordem jurídica e na tutela do direito, independentemente do fato a que se refere a instigação venha a ocorrer ou

não”.(Lições de Direito Penal-Rio de Janeiro, Forense, volume II, 5ª edição, pág. 274).

2.7 O Representado, ao convocar seus seguidores e militantes de

movimentos de esquerda para um “movimento monstro em Curitiba”, a fim de

servirem de “guarda-costas” para “ninguém chegar nem perto” do ex-Presidente Lula incita condutas delituosas, sobretudo quando afirma que a palavra de ordem para o “movimento operário, sindical, popular” é “nada de prender, não podemo(sic) baixar a cabeça diante de um vigarista aí, que visivelmente trabalha para potências estrangeiras”. Ele deixa claro, portanto, que, para fazer valer sua vontade e aquela do grupo político-ideológico que representa, pretende se utilizar de todos os meios, inclusive aqueles que atentam contra ação do poder estatal e, consequentemente, ferem o Estado Democrático de Direito.

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2.8 A ação de um grupo com tais características e intenções, na forma

verbalizada e incentivada pelo Representado, sem prejuízo de outros delitos que de sua atuação possam ser decorrentes, também se enquadra no crime tipificado no art.

288-A do Código Penal, que dispõe sobre a constituição de milícia privada, in verbis:

“Constituição de milícia privada 

Art. 288-A.  Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste Código:  Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos”.

2.9 Assim, dados os indícios da prática pelo Representado das infrações

penais supracitadas, e sem prejuízo de outros que venham a ser identificados em sua conduta, a ação do Ministério Público Federal é medida que se impõe, de forma a permitir a apuração dos fatos em toda sua extensão.

3 DA CONCLUSÃO

Diante do exposto, cabível é a presente representação, a fim de exortar esse d. representante do Ministério Público Federal a:

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a) instaurar o competente inquérito para apuração de conduta

caracterizada nos artigos 286 e 288-A do Código Penal, praticadas pelo Representado, para subsidiar o ajuizamento futuro de ação penal;

b) com amparo pelo que determina o artigo 257 do Código de

Processo Penal, a receber e distribuir a presente notitia criminis, para que sejam observados os trâmites de propositura da devida denúncia com o propósito de instauração da ação penal.

Em tempo, requer o Representante seja franqueada a possibilidade de acompanhamento, diretamente ou por meio da sua assessoria parlamentar, da tramitação dos presentes pedidos.

Termos em que,

Pede DEFERIMENTO.

Brasília/DF, de março de 2017.

JOSÉ CARLOS ALELUIA COSTA

DEPUTADO FEDERAL DEMOCRATAS/BA

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