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Notas de aula - Ton Marar

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Academic year: 2021

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Texto

(1)

Coordenadas polares no plano, cˆ

onicas e o

estudo da equa¸c˜

ao geral do segundo grau em duas vari´

aveis

As coordenadas dos pontos P = (x, y) de uma circunferˆencia de raio r e centro na origem O do sistema de coordenadas cartesianas S = {O, x, y} verificam x = r cos(θ) e y = r sen(θ), sendo θ o ˆangulo entre o vetor −→OP e o eixo de coordenadas Ox. Variando-se o raio r ∈ R+ podemos preencher todo o plano. Assim, cada ponto do

plano ´e um ponto de alguma circunferˆencia de centro em O e uma nova forma de descrever algebricamente os pontos do plano se apresenta.

x y P O P P O

Sistema de coordenadas polares no plano

Dado um ponto O e uma flecha com origem em O, a cada ponto P de um plano contendo a flecha ficam associados dois n´umeros ρ e θ, assim obtidos: ρ = k−→OP k e θ ´e o ˆangulo entre a flecha e o vetor−→OP , medido no sentido anti-hor´ario. O ponto O ´e chamado p´olo e a flecha fixada ´e chamada eixo polar. O conjunto {p´olo, eixo polar} ´e chamado sistema de coordenadas polares no plano. Os n´umeros ρ e θ s˜ao chamados raio vetor e argumento, respectivamente. O par (ρ, θ) ´e denominado coordenadas polares do ponto P.

Escrevemos P = (ρ, θ), embora algumas redundˆancias ocorram, pois diversos pares de coordenadas polares ficam associados a um mesmo ponto.

Observa¸c˜oes:

1) Variando o argumento θ no intervalo [0, 2π) e o raio vetor ρ ∈ R+, fica associado

a cada ponto do plano um ´unico par ordenado (ρ, θ), exceto para o p´olo que tem coordenadas polares (0, θ), qualquer que seja θ.

2) Alguns adotam que tanto θ como ρ podem assumir qualquer valor real, por´em ´e necess´ario interpreta¸c˜ao apropriada.

Qualquer valor pode ser interpretado como argumento de um ponto P do plano desde que se reduza ou aumente o seu valor por m´ultiplos de 2π, de modo a obter 0 ≤ θ < 2π. Exemplos: (ρ,9π 4 ) = (ρ, π 4); (ρ, − π 3) = (ρ, 5π 3 ); (ρ, −π) = (ρ, π).

Qualquer valor pode ser interpretado como raio vetor de um ponto P do plano, por´em se este valor for negativo, troca-se o sinal e acrescenta-se ou reduz-se o argumento de π. Exemplos: (−1,π 4) = (1, 5π 4 ); (−2, − π 3) = (2, 2π 3 ); (−3, π 3) = (3, 4π 3 ).

3) Nas primeiras experiˆencias com os sistemas de coordenadas cartesianas, considera-se o plano reticulado por pares de retas perpendiculares, umas paralelas ao eixo dos x′

s (y = · · · − 2, −1, 0, 1, 2, . . . ) e as outras paralelas ao eixo dos y′

s (x = · · · − 2, −1, 0, 1, 2, . . . ), formando uma malha de modo a facilitar a localiza¸c˜ao dos

(2)

pontos no plano. Analogamente, no sistema de coordenadas polares usa-se a malha constituida de c´ırculos concˆentricos (ρ = 1, 2, . . . ), com centro no p´olo e segmentos radiais partindo do p´olo (θ = π

6, π 4, π 3, π 2, . . . ) 1

Relacionamento entre coordenadas cartesianas e polares no plano

Sobrepondo-se um sistema de coordenadas cartesianas S = {O, x, y} ao sistema de coordenadas polares S′

= {O, eixopolar}, de modo que o semi-eixo positivo dos x′

s coincida com o eixo polar, obt´em-se as seguintes transforma¸c˜oes entre as coordenadas polares e cartesianas de um mesmo ponto P :

O P θ x y ρ  x = ρ cos(θ) y = ρ sen(θ)  ρ2 = x2 + y2 tg (θ) = yx, x 6= 0 Esses sistemas fornecem as transforma¸c˜oes das coordenadas do sistema S′

para S e do sistema S para S′ , respectivamente. Os pontos de coordenadas (ρ,π 2) e (ρ, 3π

2 ) tˆem coordenadas cartesianas com abscissa

x = 0.

Fun¸c˜oes em coordenadas polares

O

θ

ρ

=

f( )

Express˜oes da forma ρ = f (θ) s˜ao denominadas fun¸c˜oes em coordenadas polares. O tra¸cado de seu gr´afico pode ser feito de maneira ”primitiva”, como no caso de coordenadas cartesianas y = f (x). Em outras palavras, ap´os localizar alguns pontos (ρ, θ) que verificam a igualdade ρ = f (θ) o gr´afico ´e obtido ”interpolando-se”os pontos localizados no sistema de coordenadas.

1π 2, π 3, π 4, . . . π 6; e o π 5?

(3)

Express˜oes alg´ebricas envolvendo as coordenadas ρ e θ, mesmo que n˜ao se possa explicitar uma dessas coordenadas, ser˜ao denominadas equa¸c˜oes de curvas em coor-denadas polares.

Algumas vezes, transformando a express˜ao alg´ebrica de coordenadas polares para cartesianas, ou vice-versa, pode ser ´util no tra¸cado das curvas.

Exemplos

Nos exemplos 1 e 2 abaixo, a transforma¸c˜ao para coordenadas cartesianas facilita o tra¸cado.

1) ρ = 3 sen(θ).

Multiplicando-se por ρ ambos os lados da igualdade obtemos ρ2

= 3ρsen(θ). A identifica¸c˜ao da curva em coordenadas cartesianas, x2

+ y2

= 3y ´e mais f´acil. De fato, completando-se quadrados, podemos escrever x2

+ (y −3 2)

2

− 9

4 = 0. Portanto,

a curva ´e uma circunferˆencia de centro no ponto de coordenadas cartesianas (0,3 2)

e raio 3 2.

3/2 3 3/2 3

2) ρ cos(θ) = 3 ´e a reta, em coordenadas cartesianas, x = 3.

Nos trˆes exemplos abaixo, passar para coordenadas cartesianas n˜ao facilita o tra¸cado. 3) ρ = θ ´e a espiral de Arquimedes (fig.1(a)).

4) ρ = 1 − sen(θ) ´e a cardi´oide (fig.1(b)).

5) ρ = sen(2θ) ´e a ros´acea de quatro p´etalas (fig.1(c)).

(a) (b) (c)

Figura 1.

Note que ρ = −sen(θ) ´e a circunferˆencia dada em coordenadas cartesianas pela equa¸c˜ao x2

+ (y + 1 2)

2

= 1

4. Enquanto ρ = 1 − sen(θ) ´e a cardi´oide. Portanto, os

gr´aficos em coordenadas polares n˜ao seguem as regras de transla¸c˜ao de gr´aficos do caso cartesiano.

Exerc´ıcios Tra¸car ρ = cos(2θ), ρ = sen(3θ), ρ = 1 + cos(2θ), ρ = 1 + cos(4θ). Se k ∈ N ´e par, ρ = sen(kθ) ´e a ros´acea de 2k p´etalas. Se k ´e impar, ρ = sen(kθ) ´e a ros´acea de k p´etalas. O mesmo vale para ρ = cos(kθ). De fato, as ros´aceas ρ = sen(kθ) e ρ = cos(kθ) diferem apenas por uma rota¸c˜ao.

(4)

O exemplo a seguir mostra que a transfoma¸c˜ao de coordenadas cartesianas para polares pode facilitar o tra¸cado da curva

A lemniscata.2

´

E o lugar geom´etrico dos pontos P de um plano π cujo produto das distˆancias a dois pontos fixados, F1 ∈ π e F2 ∈ π, ´e constante e igual a (d(F1, F2)/2)2.

⋆ Equa¸c˜ao cartesiana

Para obtermos uma equa¸c˜ao simples da lemniscata em coordenadas cartesianas, fixamos um sistema de coordenadas cartesianas {O, x, y} adequado. Neste caso, tomando-se o eixo 0x contendo o segmento F1F2 e o eixo 0y passando pelo ponto

m´edio de F1F2, obtemos, F1 = (−a, 0), F2 = (a, 0), e assim d(F1, F2) = 2a.

Seja P = (x, y) um ponto da lemniscata. Exprimindo em coordenadas a express˜ao que define os pontos da lemniscata, d(P, F1)d(P, F2) = (d(F1, F2)/2)2, obtemos a

equa¸c˜ao cartesiana

p((x + a)2+ y2)p((x − a)2+ y2) = a2

.

Por meio de algumas opera¸c˜oes simplificaremos essa equa¸c˜ao.

Inicialmente, para eliminarmos os radicais, elevamos ao quadrado ambos os mem-bros, obtendo ((x + a)2 + y2 )((x − a)2 + y2 ) = a4 . Simplificando, chega-se `a express˜ao

(x2 + y2 )2 − 2a2 (x2 − y2 ) = 0.

O tra¸cado dos pontos (x, y) que verificam essa equa¸c˜ao n˜ao ´e nada f´acil de se obter. ⋆ Equa¸c˜ao polar

Fixando o sistema de coordenadas polares com p´olo na origem O e eixo polar coin-cidindo com o semi-eixo positivo dos x′

s, temos x = ρ cos(θ) e y = ρ sen(θ). Substituindo na equa¸c˜ao cartesiana da lemniscata, obtemos:

(ρ2 )2 − 2a2 (ρ2 cos2 (θ) − ρ2 sin2 θ)) = 0.

Simplificando, obtemos a equa¸c˜ao polar da lemniscata ρ2

− 2a2

cos(2θ) = 0.

Agora sim, ´e mais f´acil tra¸car a curva. Localizando alguns dos pontos (ρ, θ) que verificam a equa¸c˜ao polar e ”interpolando”obt´em-se o tra¸cado.

1 F2

F

.

.

F1

.

F2

.

ρ

As curvas definidas como o lugar geom´etrico dos pontos P de um plano π cujo produto das distˆancias a dois pontos fixados, F1 ∈ π e F2 ∈ π, ´e constante s˜ao

chamadas ovais de Cassini. A lemniscata ´e um caso particular dessas ovais.

2

Do dicion´ario Aur´elio

lemniscata [Do lat. lemniscata, ornada de fitas; a sua forma, um 8, lembra um la¸co de fitas.] Substantivo feminino. 1.Geom. Lugar geom´etrico dos pontos de um plano cujas distˆancias a dois pontos fixos desse plano s˜ao constantes.

O dicion´ario est´a errado. Quem poderia imaginar - um dicion´ario errado. O erro j´a foi comuni-cado aos editores que insistem em n˜ao corrigir nas novas edi¸c˜oes.

(5)

Ovais de Cassini tˆem a aparˆencia de certas fatias da superf´ıcie de um t´oro (donut).

Curvas obtidas como fatias de um cone s˜ao definidas de modo an´alogo `a lemniscata.

Cˆonicas 1) Elipse3

´

E o lugar geom´etrico dos pontos P de um plano π cuja soma das distˆancias a dois pontos fixados, F1 ∈ π e F2 ∈ π, ´e uma constante. Essa constante, que indicaremos

por 2a, tem que ser maior que a distˆancia d(F1, F2) entre os pontos F1 e F2. Em

outras palavras, d(P, F1) + d(P, F2) = 2a.

⋆ Equa¸c˜ao cartesiana da elipse

Para obtermos uma equa¸c˜ao simples em coordenadas cartesianas para os pontos da elipse, fixamos um sistema de coordenadas cartesianas em π, S = {O, x, y} no qual F1 = (−c, 0), F2 = (c, 0) e P = (x, y). Em outras palavras, o eixo Ox cont´em os

3

Do dicion´ario Aur´elio (neste caso o dicion´ario est´a certo!)

elipse [Do gr. ´elleipsis, omiss˜ao, pelo lat. ellipse.] Substantivo feminino. 1.E. Ling. Omiss˜ao deliberada de palavra(s) que se subentende(m), com o intuito de assegurar a economia da express˜ao. 3.Geom. Lugar geom´etrico dos pontos de um plano cujas distˆancias a dois pontos fixos desse plano tˆem soma constante; interse¸c˜ao de um cone circular reto com um plano que faz com o eixo do cone um ˆangulo maior que o do v´ertice.

(6)

pontos F1e F2e o eixo Oy passa pelo ponto m´edio do segmento F1F2de comprimento

2c. Seja 2a, com a > c uma constante positiva.

Assim, uma equa¸c˜ao cartesiana da elipse ´e obtida exprimindo d(P, F1) + d(P, F2) =

2a em coordenadas:

p(x + c)2+ y2+p(x − c)2+ y2 = 2a.

Isto ´e,

p(x + c)2+ y2 = −p(x − c)2+ y2+ 2a.

Elevando-se ao quadrado ambos os lados, obtemos: (x + c)2 + y2 = 4a2− 4ap(x − c)2+ y2+ (x − c)2 + y2 . Ou seja, (x + c)2 + y2 − 4a2 − (x − c)2 − y2 = −4ap(x − c)2+ y2.

Elevando-se ao quadrado ambos os lados, obtemos: ((x + c)2 + y2 − 4a2 − (x − c)2 − y2 )2 = 16a2 ((x − c)2 + y2 ). Simplificando, (4cx − 4a2 )2 = 16a2 ((x − c)2 + y2 ). Isto ´e, (a2 − c2 )x2 + a2 y2 = a2 (a2 − c2 ). Como a > c, o n´umero a2 − c2

´e positivo e portanto pode ser considerado como o quadrado de algum n´umero, digamos b. Assim, pondo b2

= a2 − c2 , obtemos x2 a2 + y2 b2 = 1.

O sistema de coordenadas foi escolhido de modo a fornecer uma equa¸c˜ao bem sim-plificada da curva. Esta equa¸c˜ao ´e denominada equa¸c˜ao reduzida da elipse.

.

.

-a a b -b F1 F2 c -c eixo maior eixo menor centro

• Os pontos F1 e F2 s˜ao denominados focos da elipse.

• A origem O, ponto m´edio do segmento focal F1F2 ´e chamado centro.

• Os pontos V1 = (a, 0), V2 = (−a, 0), V3 = (0, b) e V4 = (0, −b) s˜ao chamados

v´ertices.

• O segmento V1V2, que cont´em os focos, ´e chamado eixo maior.

• O segmento V3V4 ´e chamado eixo menor.

• Os segmentos OV1 e OV3 s˜ao chamados semi-eixo maior e semi-eixo menor,

respectivamente.

Exemplo 1: A elipse com focos F1 e F2 cujas coordenadas no sistema S = {O, x, y}

s˜ao F1 = (−2, 0) e F2 = (2, 0) e medida do semi-eixo maior igual a 3 tem equa¸c˜ao

5x2

+ 9y2

(7)

De fato, temos c = 2, a = 3 e portanto b2

= a2

− c2

= 5. Assim, a equa¸c˜ao da elipse ´e: x2 9 + y2 5 = 1. Ou seja, 5x2 + 9y2 − 45 = 0.

Exemplo 2: A elipse com focos F1 e F2 cujas coordenadas no sistema S = {O, x, y}

s˜ao F1 = (1, 1)S e F2 = (3, 1)S e medida do semi-eixo maior igual a 2 tem equa¸c˜ao

3x2 + 4y2 − 12x − 8y + 4 = 0.

.

.

F1 F2 x x‘ y‘ y O‘

.

x x‘ y‘ y O‘ P h k O Figura 2.

De fato, neste exemplo a = 2, c = 1 e portanto b2

= a2 − c2 = 3. Assim, no sistema de coordenadas S′ = {O′ , x′ , y′ }, sendo O′

= (2, 1)S o ponto m´edio do segmento

focal e os eixos O′

x′

e O′

y′

paralelos aos eixos Ox e Oy respectivamente, a elipse tem equa¸c˜ao reduzida

x′2

4 + y′2

3 = 1.

Sobrepondo os dois sistemas de coordenadas, como na figura 2, nota-se que as coor-denadas (x, y) de um ponto P no sistema {0, x, y} se relacionam com as coorcoor-denadas (x′

, y′

) do mesmo ponto P no sistema {0′

, x′ , y′ } da seguinte forma: x′ = x − 2 e y′ = y − 1.

Substituindo na equa¸c˜ao reduzida, obtemos: (x − 2)2 4 + (y − 1)2 3 = 1. Ou seja, 3(x − 2)2 + 4(y − 1)2

= 12, que ´e o mesmo que 3x2

+ 4y2

− 12x − 8y + 4 = 0. Observa¸c˜ao: No exemplo acima, a equa¸c˜ao da elipse no sistema de coordenadas S′

´e 3x′2

+ 4y′2

− 12 = 0 enquanto, a mesma elipse, no sistema S, tem equa¸c˜ao 3x2

+ 4y2

− 12x − 8y + 4 = 0. Note que os coeficientes dos termos do segundo grau das duas equa¸c˜oes s˜ao idˆenticos enquanto os coeficientes dos termos do primeiro grau e termos constantes s˜ao diferentes.

A transforma¸c˜ao do sistema de coordenadas S para o sistema S′

, e vice-versa, ´e chamada transla¸c˜ao do sistema de coordenadas. Se O′

= (h, k)S, vide figura 2,

ent˜ao as transla¸c˜oes do sistema S = {O, x, y} para o sistema S′

= {O′

, x′

, y′

} e vice-versa, s˜ao dadas pelas transforma¸c˜oes:

 x′ = x − h y′ = y − k  x = x′ + h y = y′ + k

(8)

Quase sempre, por meio de transla¸c˜ao adequada os coeficientes dos termos lineares de equa¸c˜oes do segundo grau em duas vari´aveis podem ser eliminados, reduzindo a forma da equa¸c˜ao. Isso ser´a estudado no pr´oximo cap´ıtulo.

Exemplo 3: A elipse com focos F1 e F2 cujas coordenadas no sistema S = {O, x, y}

s˜ao F1 = (−4, −3)S e F2 = (4, 3)S e medida do semi-eixo maior igual a 6 tem equa¸c˜ao

20x2 − 24xy + 27y2 − 396 = 0.

.

.

F1 F2 x x‘ y‘ y O 4 -4 -3 3

.

x x‘ y‘ y O P Figura 3.

De fato, consideremos o sistema de coordenadas cartesianas S′

= {O, x′

, y′

} de tal modo que o eixo de coordenadas Ox′

contenha os focos F1e F2. Assim, F1 = (−5, 0)S′

e F2 = (5, 0)S′. Neste sistema a equa¸c˜ao da elipse possui a forma reduzida (note que

c = 5, a = 6 e portanto b2 = a2 − c2 = 11): x′2 36 + y′2 11 = 1.

Sobrepondo os dois sistemas de coordenadas, como na figura 3, nota-se que as coor-denadas (x, y) de um ponto P no sistema {0, x, y} se relacionam com as coorcoor-denadas (x′

, y′

) do mesmo ponto P no sistema {0, x′

, y′ } da seguinte forma: x = 4 5x ′ − 3 5y ′ e y = 3 5x ′ + 4 5y ′ . Ou de outra forma: x′ = 4 5x + 3 5y e y ′ = −3 5x + 4 5y.

Substituindo na equa¸c˜ao reduzida, vem que: 11(4 5x + 3 5y) 2 + 36(−3 5x + 4 5y) 2 = 396. Simplificando obtemos a equa¸c˜ao da elipe: 20x2

− 24xy + 27y2

− 396 = 0.

Observa¸c˜ao: No exemplo acima, a equa¸c˜ao da elipse no sistema de coordenadas S′

´e 11x′2

+ 36y′2

− 396 = 0 enquanto, a mesma elipse, no sistema S, tem equa¸c˜ao 20x2

− 24xy + 27y2

− 396 = 0. Note que os coeficientes dos termos do segundo grau das duas equa¸c˜oes s˜ao diferentes enquanto os coeficientes dos termos do primeiro grau e termos constantes s˜ao idˆenticos.

A transforma¸c˜ao do sistema de coordenadas S para o sistema S′

, e vice-versa, ´e chamada rota¸c˜ao do sistema de coordenadas. Se θ ´e o ˆangulo de rota¸c˜ao ent˜ao as transforma c˜oes do sistema S = {O, x, y} para o sistema S′

= {O, x′

, y′

} e vice-versa, s˜ao dadas pelas rela¸c˜oes:

 x′ = x cos(θ) + y sen(θ) y′ = −x sen(θ) + y cos(θ)  x = x′ cos(θ) − y′ sen(θ) y = x′ sen(θ) + y′ cos(θ)

(9)

Por meio de rota¸c˜ao adequada o coeficiente do termo misto xy da equa¸c˜ao do segundo grau em duas vari´aveis pode ser eliminado, reduzindo a forma da equa¸c˜ao. Isso ser´a estudado no pr´oximo cap´ıtulo.

⋆ Equa¸c˜ao polar da elipse

Para obtermos uma equa¸c˜ao polar simplificada da elipse, fixamos o sistema de coor-denadas polares S′

= {F2, −Ox}, ou seja, p´olo em F2 e eixo polar coincidindo como

eixo dos x′ s no sentido oposto4 .

.

F2 θ θ

.

c cos(θ) =

{

d+c d

Com essa escolha, a rela¸c˜ao entre as coordenadas cartesianas e polares ´e dada por: x = c − ρ cos(θ) e y = −ρ sen(θ), 0 ≤ θ < 2π. Substituindo na equa¸c˜ao (a2 − c2 )x2 + a2 y2 = a2 (a2 − c2 ), obtemos: (a2 − c2 )(c2 − 2cρ cos(θ) + ρ2 cos2 (θ)) + a2 ρ2 sen2 (θ) = a4 − a2 c2 . Expandindo, a2 c2 − 2a2 cρ cos(θ) + a2 ρ2 cos2 (θ) − c4 + 2c3 ρ cos(θ) − c2 ρ2 cos2 (θ) + a2 ρ2 sen2 (θ) = a4 − a2 c2 . Simplificando, −2a2 cρ cos(θ) + a2 ρ2 (cos2 (θ) + sen2 (θ)) + 2c3 ρ cos(θ) − c2 ρ2 cos2 (θ) = (a2 − c2 )2 . Ou seja, cρ cos(θ)(−2a2 + 2c2 − cρ cos(θ)) + a2 ρ2 = (a2 − c2 )2 . Portanto, a2 ρ2 = (a2 − c2 )2 + 2(a2 − c2 )cρ cos(θ) + (cρ cos(θ))2 . Isto ´e, a2 ρ2 = ((a2 − c2 ) + cρ cos(θ))2 .

Extraindo a raiz quadrada de ambos os membros 5

, devemos ter, aρ = ((a2 − c2 ) + cρ cos(θ)). Assim, ρ = a 2 − c2 a − c cos(θ) = b2 a − c cos(θ), 0 ≤ θ < 2π. Pondo e = c/a, a equa¸c˜ao polar da elipse torna-se:

ρ = a − ec

1 − e cos(θ), 0 ≤ θ < 2π.

4

esta escolha, pouco natural, ´e importante para uma certa unifica¸c˜ao deste exemplo com os dois exemplos seguintes

5Para qualquer valor to argumento, (a2−c2)+cρ cos(θ) > 0. De fato, a > c e quando cos(θ) < 0,

isto ´e, π/2 < θ ≤ 3π/2, ρ cos(θ) varia entre 0 e ρcos(π) = (a − c)(−1). Portanto, o valor m´ınimo de (a2− c2) + cρ cos(θ) ´e a2− c2+ c((a − c)(−1)) = a2− ac > 0.

(10)

Note que quando θ = 0, ρ = a + c e quando θ = π, ρ = a − c

O n´umero e = c/a ´e chamado excentricidade da elipse. Note que 0 < e < 1.

Fixado o n´umero a, quanto menor for a excentricidade (desvio ou afastamento do centro), menor ser´a o valor de c e portanto os focos da elipse estar˜ao mais pr´oximos do centro da elipse. excentricidade pequena grande

. .

.

.

2) Hip´erbole6 ´

E o lugar geom´etrico dos pontos P de um plano π cuja diferen¸ca das distˆancias a dois pontos fixados, F1 ∈ π e F2 ∈ π, ´e uma constante. Essa constante, indicamos

por 2a, ´e menor que a distˆancia d(F1, F2) entre os pontos F1e F2. Em outras palavras,

|d(P, F1) − d(P, F2)| = 2a.

⋆ Equa¸c˜ao cartesiana

Para obtermos uma equa¸c˜ao simples em coordenadas cartesianas para os pontos da elipse, fixamos um sistema de coordenadas cartesianas em π, S = {O, x, y} no qual F1 = (−c, 0), F2 = (c, 0) e P = (x, y). Em outras palavras, o eixo Ox cont´em

os pontos F1 e F2 e o eixo Oy passa pelo ponto m´edio do segmento F1F2.

Para obtermos uma equa¸c˜ao em coordenadas cartesianas dos pontos da hip´erbole, fixamos um sistema de coordenadas cartesianas em π, S = {O, x, y} no qual F1 =

(−c, 0), F2 = (c, 0) e P = (x, y). Seja 2a uma constante positiva, com a < c. Assim,

a equa¸c˜ao cartesiana da hip´erbole ´e obtida da express˜ao |d(P, F1) − d(P, F2)| = 2a.

Vamos assumir quep(x + c)2+ y2−p(x − c)2+ y2 > 0. A an´alise do caso contr´ario

´e an´aloga.

6

Do dicion´ario Aur´elio

hip´erbole [Do gr. hyperbol´e, pelo lat. hyperbole.] Substantivo feminino. 1.E. Ling. Figura que engrandece ou diminui exageradamente a verdade das coisas; exagera¸c˜ao, auxese. 2.Geom. Lugar geom´etrico dos pontos de um plano cujas distˆancias a dois pontos fixos desse plano tˆem diferen¸ca constante; interse¸c˜ao de um cone circular reto com um plano que faz com o eixo do cone um ˆangulo menor que o do v´ertice. Com uma escolha adequada das coordenadas cartesianas x e y, sua equa¸c˜ao pode ser simplificada a (x2/a2) − (y2/b2) = 1, onde a e b s˜ao constantes.

(11)

Assim, P = (x, y) ´e um ponto da hip´erbole se, somente se, p(x + c)2+ y2p(x − c)2+ y2 = 2a.

Ou seja,

p(x + c)2+ y2 =p(x − c)2+ y2+ 2a.

Elevando-se ambos os membros ao quadrado, (x + c)2 + y2 = 4a2+ 4ap(x − c)2+ y2+ (x − c)2 + y2 . Isto ´e, (x + c)2 + y2 − 4a2 − (x − c)2 − y2 = 4ap(x − c)2+ y2.

Novamente elevando-se ao quadrado, ((x + c)2 + y2 − 4a2 − (x − c)2 − y2 )2 = 16a2 ((x − c)2 + y2 ). Simplificando, (4cx − 4a2 )2 = 16a2 ((x − c)2 + y2 ). Ou seja, (c2 − a2 )x2 − a2 y2 = a2 (c2 − a2 ). Como a < c, o n´umero c2 − a2

´e positivo e portanto pode ser considerado como o quadrado de algum n´umero, digamos b. Assim, pondo b2

= c2 − a2 , obtemos x2 a2 − y2 b2 = 1.

Note que o sistema de coordenadas foi escolhido de modo a fornecer uma equa¸c˜ao bem simplificada da curva. Esta equa¸c˜ao ´e denominada equa¸c˜ao reduzida da hip´erbole.

a -a

.

.

F1 F2 c -c assíntotas x y • As retas y = b ax e y = − b

ax s˜ao chamadas ass´ıntotas da hip´erbole.

• Os pontos V1= (−a, 0) e V2 = (a, 0) s˜ao chamados v´ertices da hip´erbole.

• Os pontos F1 e F2 s˜ao denominados focos da hip´erbole.

• A origem O, ponto m´edio do segmento focal F1F2 ´e chamado centro.

• O segmento V1V2 ´e chamado eixo transverso.

• O segmento V3V4, onde V3 = (0, −b) e V4 = (0, b) ´e chamado eixo conjugado.

Exemplo: Vamos obter a equa¸c˜ao da hip´erbole cujas retas ass´ıntotas s˜ao y = x − 1 e y = −x + 5 e eixo transverso igual a 2.

Temos que a = 1. As retas ass´ıntotas cruzam no ponto O′

de coordenadas (3, 2). No sistema de coordenadas S′

= {O′

, x′

, y′

} as equa¸c˜oes das ass´ıntotas s˜ao y′

= ±x′

. Assim, b/a = 1 e portanto b = 1. Logo, no sistema S′

a hip´erbole tem equa¸c˜ao x′

2 − y′2= 1. Note que o sistema S

(12)

.

.

assíntotas x y 3

.

2 x‘ y‘ o ponto O′ = (h, k) = (3, 2). Assim, x′ = x − 3 e y′ = y − 2. Portanto, a equa¸c˜ao da hip´erbole ´e x2 − y2 − 6x − 4y + 12 = 0. ⋆ Equa¸c˜ao polar

Para obtermos uma equa¸c˜ao polar simplificada da hip´erbole, consideramos o sistema de coordenadas polares S′

= {F2, −Ox}, ou seja, polo em F2 e eixo polar coincidindo

como eixo dos x′

s no sentido oposto, exatamente como fizemos no exemplo anterior. De fato vamos obter a equa¸c˜ao polar de apenas um dos ramos da hip´erbole. Neste caso, o argumento θ deve variar no setor definido pelas ass´ıntotas. Em outras palavras, φ − π < θ < π − φ, sendo φ tal que tg(φ) = b

a; ou seja, φ ´e a inclina¸c˜ao da

reta ass´ıntota 7 . F2 ramos da hipérbole θ θ x c assíntotas

Aqui tamb´em a escolha do sistema polar S′

fornece as seguintes rela¸c˜oes: x = c − ρ cos(θ) e y = −ρ sen(θ). Substituindo na equa¸c˜ao (c2 − a2 )x2 − a2 y2 = a2 (c2 − a2 ), obtemos: (c2 − a2 )(c2 − 2cρ cos(θ) + ρ2 cos2 (θ)) − a2 ρ2 sen2 (θ) = a2 c2 − a4 . Expandindo, c4 −2c3 ρ cos(θ)+c2 ρ2 cos2 (θ)−a2 c2 +2a2 cρ cos(θ)−a2 ρ2 cos2 (θ))−a2 ρ2 sen2 (θ) = a2 c2 − a4 . Ou seja, (c2 − a2 )2 − 2(c2 − a2 )cρ cos(θ) + c2 ρ2 cos2 (θ) − a2 ρ2 = 0. Portanto, a2 ρ2 = ((c2 − a2 ) − cρ cos(θ))2 .

7admitindo valores negativos para ρ e variando θ no intervalo (π − φ, π + φ) obtemos o tra¸cado do outro ramo da hip´erbole

(13)

Extraindo a raiz quadrada de ambos os lados, e sabendo que (c2 −a2 )−cρ cos(θ) > 0, obtemos: aρ = (c2 − a2 ) − cρ cos(θ)). Ou seja, ρ = c 2 − a2 a + c cos(θ) = b2 a + c cos(θ), φ − π < θ < π − φ. 8

Pondo e = c/a, obtemos:

ρ = ec − a

1 + e cos(θ), φ − π < θ < π − φ.

O n´umero e = c/a ´e chamado excentricidade da hip´erbole. Note que e > 1. Fixado 0 n´umero a, quanto maior for a excentricidade (desvio ou afastamento do centro), maior ser´a o valor de c e portanto os focos da hip´erbole estar˜ao mais afastados do centro da hip´erbole. excentricidade pequena grande 3) Par´abola9 ´

E o lugar geom´etrico dos pontos P de um plano π equidistantes a um ponto fixado F ∈ π e uma reta fixada r ⊂ π, F /∈ r. Em outras palavras, d(P, F ) = d(P, r).

r

8

No exemplo anterior obtivemos para a elipse a equa¸c˜ao polar : ρ = b2

ac cos(θ), 0 ≤ θ < 2π.

Mudando a varia¸c˜ao do argumento de 0 ≤ θ < 2π para −π ≤ θ < π, a equa¸c˜ao polar da elipse torna-se: ρ = b2

a+c cos(θ), −π ≤ θ < π.

9

Do dicion´ario Aur´elio

par´abola[Do lat. parabola ¡ gr. parabol´e.] Substantivo feminino. 1.Narra¸c˜ao aleg´orica na qual o conjunto de elementos evoca, por compara¸c˜ao, outras realidades de ordem superior. 2.Geom. Lugar geomtrico plano dos pontos equidistantes de um ponto fixo e de uma reta fixa de um plano.

(14)

⋆ Equa¸c˜ao cartesiana

Para obtermos uma equa¸c˜ao em coordenadas cartesianas, bem simples, dos pontos da par´abola, fixamos um sistema de coordenadas cartesianas em π, S = {O, x, y} no qual F = (c, 0), r : x = −c e P = (x, y).

Assim, a equa¸c˜ao cartesiana da par´abola ´e obtida da express˜ao d(P, F ) = d(P, r): p(x − c)2+ y2= x + c. Isto ´e, (x − c)2

+ y2

= (x + c)2

. Simplificando, obtemos y2

− 4cx = 0 que ´e uma equa¸c˜ao reduzida, em coordenadas cartesianas, da par´abola.

.

F r

-c c

.

F

• A reta r ´e chamada diretriz da par´abola. • O ponto F ´e chamado foco.

• O ponto V = (0, 0) ´e chamado v´ertice.

• A distˆancia do foco ao v´ertice ´e chamada parˆametro da par´abola. • O eixo (dos x′

s) que cont´em o foco e ´e perpendicular `a reta diretriz ´e chamado eixo da par´abola ou eixo de simetria.

Exemplo: Considere a par´abola gr´afico da fun¸c˜ao y = ax2

+ bx + c. Vamos obter as coordenadas do v´ertice V e foco F. Como a 6= 0, podemos escrever y = a(x2

+b ax+

c a).

Completando o quadrado, obtemos y = a((x + b 2a) 2 − b2 4a2+ c a). Ou seja, y + ( b2 4a− c) = a(x + b 2a) 2 . Pondo y′ = y + (b2 4a− c) e x ′ = x + b 2a a equa¸c˜ao fica y ′ = ax′2, portanto

na forma reduzida. Assim, V = (− b 2a, −

b2−4ac

4a ) ´e o v´ertice da par´abola. Logo, no

sistema de coordenadas S′

= {V, x′

, y′

}, onde os eixos V x′

e V y′

s˜ao paralelos aos eixos Ox e Oy respectivamente, o foco F tem coordenadas F = (0, 1

4a)S′ e portanto,

no sistema {O, x, y}, F = (− b 2a, 1−b2+4ac 4a ).

.

F V x‘ y‘ x y ⋆ Equa¸c˜ao polar

Para obtermos uma equa¸c˜ao polar simplificada da par´abola, fixamos o sistema de coordenadas polares S′

= {F, −Ox}, ou seja, polo em F e eixo polar coincidindo como eixo dos x′

s no sentido oposto.

Escolhido este sistema polar temos, x = c − ρ cos(θ) e y = −ρ sen(θ), −π < θ < π. Substituindo na equa¸c˜ao cartesiana y2

(15)

ρ2 sen2 (θ) − 4c(c − ρ cos(θ)) = 0. Isto ´e, ρ2 − ρ2 cos2 (θ) − 4c2 + 4cρ cos(θ)) = 0. Ou seja, ρ2 = (ρ cos(θ) − 2c)2 .

Extraindo a raiz quadrada de ambos os lados, e notando que ρ cos(θ) − 2c < 0, obtemos:

ρ = −ρ cos(θ) + 2c, com −π < θ < π. Portanto,

ρ = 2c

1 + cos(θ), −π < θ < π, ´e uma equa¸c˜ao polar da par´abola.

Propriedades unificadoras das cˆonicas

Sob certos pontos de vista, apresentamos trˆes deles abaixo, as cˆonicas elipse, par´abola e hip´erbole podem ser entendidas como casos particulares de um mesmo exemplo. 1) Pontos no infinito

As curvas elipse, hip´erbole e par´abola, tˆem equa¸c˜oes polares t˜ao semelhantes que sugere uma certa unifica¸c˜ao. Para ver isso ´e necess´ario adicionarmos aos pontos do plano euclidiano π os chamados pontos no infinito.

a a b b c c 1 1 1 reta projetiva plano projetivo

Um ponto no infinito ´e a dire¸c˜ao de uma reta. Uma reta juntamente com o seu ponto no infinito ´e chamada reta projetiva. Retas paralelas tˆem o mesmo ponto no infinito. O plano euclidiano R2

juntamente com todos os seus pontos no infinito constitui o chamado plano projetivo P2

.

No plano projetivo as trˆes curvas, elipse, par´abola e hip´erbole, s˜ao curvas fechadas. A hip´erbole tem dois pontos no infinito, a par´abola um e a elipse nenhum ponto no infinito 10

.

2) Propriedades ´opticas

Supondo que as curvas elipse, par´abola e hip´erbole s˜ao refletoras, ent˜ao um raio de luz que emana de um dos focos reflete por um caminho bem definido (Figura 5). No caso da elipse ele reflete e se dirigi ao outro foco. No caso da par´abola ele reflete paralelamente ao eixo de simetria da par´abola. Finalmente, no caso da hip´erbole a

10

No estudo da equa¸c˜ao geral do segundo grau em duas vari´aveis Ax2+ Bxy + Cy2+ Dx + Ey +

F = 0 verifica-se uma analogia interessante entre esta equa¸c˜ao e a equa¸c˜ao geral do segundo grau em uma vari´avel ax2+ bx + c = 0. De fato, o sinal do n´umero ∆ = B2− 4AC discrimina as trˆes

cˆonicas; isto ´e, o fato do conjunto dos pontos (x, y) tais que Ax2+ Bxy + Cy2+ Dx + Ey + F = 0

ter dois pontos no infinito, um ponto no infinito ou nenhum ponto no infinito corresponde aos valores de ∆ positivo, nulo ou negativo, respectivamente

(16)

a

a

b b

Figura 4. Elipse, hip´erbole e par´abola: curvas fechadas em P2.

reflex˜ao se d´a na dire¸c˜ao da reta determinada pelo ponto onde o raio de luz toca um ramo da hip´erbole e pelo foco do outro ramo.

.

.

F1 F2 F

.

1

.

F2

.

F

Figura 5.

Vamos demonstrar essa propriedade no caso da par´abola x2

− 4cy = 0. A reta tangente `a par´abola y = 1

4cx 2

no ponto P = (x0, y0) tem inclina¸c˜ao 1 2cx0 e

portanto equa¸c˜ao y − y0 = 1

2cx0(x − x0); isto ´e, x0x − 2cy − 1 2x

2

0 = 0. Portanto,

essa reta tangente cruza o eixo dos y′

s no ponto A = (0, −1 4cx

2

0). Sendo F = (0, c)

e sabendo-se que os pontos P da par´abola s˜ao equidistantes `a diretiz (neste caso, y = −c) e ao foco, temos d(P, F ) = y0+ c =

1 4cx

2

0+ c. Logo, d(P, F ) = d(A, F ). Em

outras palavras, o triˆangulo AP F ´e is´osceles. Logo, os ˆangulos da base, nos v´ertices A e P s˜ao iguais.

.

F

P A

Portanto s˜ao iguais os ˆangulos de incidˆencia e reflex˜ao do raio F P que reflete, em rela¸c˜ao `a reta tangente, paralelamente ao eixo de simetria da par´abola (neste caso, eixo dos y′

s.) 3) Se¸c˜oes cˆonicas

As curvas elipse, par´abola e hip´erbole s˜ao obtidas como interse¸c˜ao de um cone circular reto com um plano. De fato, na figura 6 nota-se que as curvas tˆem muita semelhan¸ca com a par´abola, elipse e hip´erbole. Cada caso depende do ˆangulo que

(17)

parábola

elipses hipérboles

Figura 6.

o plano faz com o eixo do cone e tamb´em da posi¸c˜ao do plano. Por exemplo, se o plano for paralelo a (e n˜ao cont´em) uma das retas geratrizes do cone obt´em-se uma curva semelhante `a par´abola. De fato a curva ´e uma par´abola. Uma pequena mudan¸ca neste plano, de modo que ele deixa de ser paralelo `a qualquer uma das geratrizes, e a curva interse¸c˜ao se torna uma hip´erbole (se o plano cortar as duas folhas do cone) ou uma elipse (se o plano s´o corta uma folha do cone).

Demonstraremos essa afirma¸c˜ao para o caso da elipse. Esferas de Dandelin ´e o nome da constru¸c˜ao em homenagem a Germinal Dandelin (1794-1847).

Antes por´em, vamos mostrar que a interse¸c˜ao de um cilindro circular reto por um plano π obl´ıquo ao eixo do cilindro ´e uma elipse (figura 7(a)).

F F1 2 P A B (a)

(b)

Figura 7.

Introduzimos na parte superior do cilindro uma esfera de raio igual ao raio do cilindro at´e tocar o plano π no ponto F1. Fazemos o mesmo na parte inferior e obtemos

o ponto F2 onde a esfera introduzida tangencia o plano. Essas duas esferas tˆem

em comum com o cilindro duas circunferˆencias contidas em planos paralelos. Seja P um ponto qualquer da curva interse¸c˜ao do cilindro com o plano π. Considere o segmento AB da geratriz do cilindro passando por P. Como os segmentos P A e P F1 s˜ao tangentes `a esfera superior ent˜ao eles tˆem o mesmo comprimento, em

outas palavras, d(P, F1) = d(P, A). Analogamente, os segmentos P B e P F2 tˆem o

(18)

´e constante, segue-se que d(P, F1) + d(P, F2) ´e constante. Portanto os pontos P da

interse¸c˜ao do cilindro com o plano π constituem de fato uma elipse de focos F1 e F2.

Passemos agora `a constru¸c˜ao de Dandelin no caso da elipse como se¸c˜ao de um cone circular reto.

Considere a interse¸c˜ao do cone por um plano π de modo a obter uma curva que se assemelha `a elipse (figura 7(b)). O plano corta apenas uma das folhas do cone. Vamos demonstrar que existem dois pontos D ∈ π e E ∈ π tais que qualquer ponto B da curva interse¸c˜ao verifica d(B, D) + d(B, E) ´e uma constante, isto ´e, a soma das distˆancias de B aos pontos D ∈ π e E ∈ π ´e uma constante. Teremos portanto que os pontos B constituem uma elipse cujos focos s˜ao os pontos D e E.

De fato, o plano divide a folha do cone em duas partes, uma limitada e a outra n˜ao. Em cada uma dessas partes introduzimos uma esfera que tangencia o plano e toca o cone ao longo de uma circunferˆencia. Essas duas circunferˆencias est˜ao contidas em planos paralelos. A esfera de raio menor tangencia o plano num ponto digamos E e a de raio maior no ponto D. A geratriz do cone que parte do v´ertice V e passa pelo ponto B cruza a circunferˆencia da esfera menor no ponto A e a maior no ponto C. Como os segmentos BA e BE s˜ao ambos tangentes `a esfera menor ent˜ao eles tˆem o mesmo comprimento. O mesmo acontece com os segmentos BC e BD.

Portanto, qualquer que seja o ponto B na curva obtida da interse¸c˜ao do cone com o plano π, a soma das distˆancias de B aos pontos de tangˆencia das esferas com o plano, D e E, ´e constante e igual ao comprimento do segmento AC, que ´e constante, qualquer que seja o ponto B, pois as circunferˆencias est˜ao em planos paralelos. Logo, o lugar gem´etrico dos pontos da curva interse¸c˜ao ´e de fato uma elipse, com focos D e E.

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