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A C Ó R D Ã O. ACORDAM os Desembargadores da Vigésima Quinta Câmara Cível do Consumidor deste Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro por,

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO VIGÉSIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL DO CONSUMIDOR APELAÇÃO CÍVEL: 0099916-19.2011.8.19.0001

APELANTE: CELINA MARIA BLANCO MENINEA 1ºAPELADO: BANCO BMG S/A

2ºAPELADO: BANCO BGN S.A

3ºAPELADO: BANCO PANAMERICANO S.A 4ºAPELADO: BANCO FIBRA S.A

5ºAPELADO: BANCO DO BRASIL S/A

6ºAPELADO: SABEMI PREVIDÊNCIA PRIVADA 7ºAPELADO: BANCO ORIGINAL

8ºAPELADO: BV FINANCEIRA CRÉDITO E FINANCIAMENTO S.A RELATORA: Des.ª ANDRÉA FORTUNA

EMENTA: ORDINÁRIO. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO DE TUTELA

ANTECIPADA. DIREITO DO CONSUMIDOR.

CONTRATO BANCÁRIO. EMPRÉSTIMOS

CONSIGNADOS EM FOLHA DE PAGAMENTO. AUTORA, PENSIONISTA DE SERVIDOR PÚBLICO, QUE VISA LIMITAR OS DESCONTOS DOS EMPRÉSTIMOS CONSIGNADOS EM SUA FOLHA DE PAGAMENTO AO PATAMAR DE 30%. LEGITIMIDADE PASSIVA DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS , VEZ

QUE A FONTE PAGADORA APENAS

OPERACIONALIZA OS DESCONTOS NA FOLHA DE PAGAMENTO, NÃO TENDO LEGITIMIDADE PASSIVA

PARA RESPONDER SOBRE CONTRATO QUE

ESTABELECE DESCONTOS ALÉM DO LIMITE LEGAL. INTELIGÊNCIA DAS SÚMULAS Nºs. 200, 205 e 295 DESTE TRIBUNAL. O FATO DE A APELANTE SER PENSIONISTA DE SERVIDOR PÚBLICO NÃO ALTERA O LIMITE ESTABELECIDO NA LEI Nº. 10.820/03, QUE PREVÊ O PERCENTUAL DE 30% (TRINTA POR CENTO) PARA OS DESCONTOS, VEZ QUE NORMA

POSTERIOR E ESPECÍFICA AO DECRETO

ESTADUAL Nº. 25.547/99, E QUE ESTÁ

RELACIONADA A CONTRATO DE MÚTUO

BANCÁRIO. Provimento do Recurso.

A C Ó R D Ã O

VISTOS, relatados e discutidos estes autos do processo n.º 0099916-19.2011.8.19.0001 originário da 17ª Vara Cível da Comarca da Capital, no qual figuram como Apelante Celina Maria Blanco Meninea e 1ºApelado Banco BMG S/A, 2º Apelado Banco BGN S.A, 3º Apelado Banco Panamericano S.A, 4º Apelado Banco Fibra S.A, 5º Apelado Banco do Brasil S/A, 6ºApelado Sabemi Previdência Privada ,7º Apelado Banco Original e 8ºApelado BV Financeira Crédito e Financiamento S.A..

ACORDAM os Desembargadores da Vigésima Quinta Câmara Cível do Consumidor deste Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro por,

ANDREA FORTUNA TEIXEIRA:000015385

Assinado em 12/02/2015 19:44:49

(2)

UNANIMIDADE, em CONHECER O RECURSO para dar provimento ao Recurso de Apelação, nos termos do voto da Relatora.

R E L A T Ó R I O

Trata-se de ação de obrigação de fazer com pedido de antecipação de tutela proposta por Celina Maria Blanco Meninea em face 1ºApelado Banco BMG S/A, 2º Apelado Banco BGN S.A, 3º Apelado Banco Panamericano S.A, 4º Apelado Banco Fibra S.A, 5º Apelado Banco do Brasil S/A, 6ºApelado Sabemi Previdência Privada,7º Apelado Banco Original e 8ºApelado BV Financeira Crédito e Financiamento S.A., na qual alega a parte Autora que existem diversos empréstimos cujas prestações estão sendo descontadas em sua folha de pagamento acima da margem consignável.

Ressalte-se que a mesma é pensionista do INSS de servidor público e recebe os seus proventos no valor de R$ 19.451,00 (dezenove mil, quatrocentos e cinquenta e um reais) na conta salário no Banco do Brasil.

Ocorre que no contracheque a Autora recebe líquido o valor de R$ 7.785,82 (sete mil, setecentos e oitenta e cinco reais e oitenta e dois centavos) e, em consequência, não está conseguindo cumprir com as suas obrigações.

Em contestação (fls.92/97), o 5º Apelado, ora Banco do Brasil, alegou que os descontos foram autorizados pela Apelante, agindo o banco réu em exercício regular do direito, não lhe competindo assim qualquer tipo de responsabilidade.

Em contestação (fls.101/111), o 1º Apelado, ora Banco BMG, alegou que a parte autora tenta se livrar de suas obrigações e que os empréstimos contratados tiveram plena anuência da mesma.

Em contestação (fls.116/134), o 6º Apelado, ora Sabemi Previdência Privada, alegou que o empréstimo efetuado foi dentro da margem consignável.

Em contestação (fls.163/171), o 8º Apelado, ora BV Financeira, alegou que os empréstimos foram feitos dentro da legalidade, conforme o contrato firmado.

Em contestação (fls.183/206), o 7º Apelado, ora Banco Original, alegou a inexistência de provas.

Em contestação (fls.252/260), o 4º Apelado, ora Banco Fibra, alegou que os fatos alegados pela parte autora não devem prosperar, tendo em vista que o contrato de empréstimo firmado entre as partes é legal.

Em contestação (fls.273/279), o 2º Apelado, ora Banco BGN, alegou inexistência de qualquer irregularidade em seu procedimento.

Fls.46- A parte autora desistiu do feito em relação ao 6º Apelado, ora Sabemi Previdência Privada.

Faço do relatório da sentença de fls. 495/500 parte integrante do presente voto. Pelo M.M. Dr. Juiz de Direito da 17ª Vara Cível da Comarca da Capital foi proferida a sentença julgando improcedente o pedido da parte autora, condenando-a nas custas e em honorários que foram fixados em R$500,00 em relação a cada réu.

(3)

Interpôs a Apelante Recurso de Apelação (fls.514/529), no qual alegou que a sentença proferida pelo juízo a quo merece ser reformada, tendo em vista que os valores somados a título de empréstimos atingiram 60 % dos proventos da autora.

Apresentaram os Apelados suas contrarrazões do Apelo (fls.525/539),(fls.541/546), (547/555),(557/595), (fls.596/606), (fls.608/613) ,(618/624), (fls.628/633) e (fls.634/698), alegando que efetuaram os descontos dentro do exercício regular do direito, sob o fundamento de ausência de provas, prestigiando o alegado na r.sentença proferida pelo juízo a quo.

V O T O

Encontram-se presentes os requisitos necessários para o conhecimento do Recurso de Apelação.

A relação jurídica estabelecida entre as partes é de consumo, inserindo-se a Autora no conceito de consumidor, previsto no artigo 2º, da Lei nº 8.078/90, e os Réus no conceito de fornecedor de serviços, nos termos do artigo 3º, § 2º, da Lei nº 8.078/90. Dessa forma, sujeitam-se as partes às normas do Código de Defesa do Consumidor.

No caso concreto, as partes celebraram contratos de empréstimo com descontos consignados em folha de pagamento.

O M.M. Juiz Sentenciante, reconheceu a ilegitimidade passiva dos Réus, ora Apelados, ao fundamento de que as instituições financeiras não têm legitimidade passiva, mas tão somente a fonte pagadora.

Cuida-se de decisum contrário ao entendimento deste Tribunal, porquanto embora a fonte pagadora seja quem operacionalize a redução dos descontos mensais para o limite de 30% (trinta por cento), não é a legitimada passiva para responder pelos descontos contratualmente fixados acima do máximo legal.

Nesse sentido, é o entendimento pacífico desta 25ª Câmara Cível do Consumidor: “APELAÇÃO CÍVEL. RELAÇÃO DE CONSUMO. EMPRÉSTIMOS CONSIGNADOS. SENTENÇA DE EXTINÇÃO DO FEITO, EM RAZÃO DE RECONHECIMENTO DE ILEGITIMIDADE PASSIVA DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. REFORMA. LEGITIMIDADE PASSIVA DO BANCO RÉU E ILEGITIMIDADE DA FONTE PAGADORA, MERA INTERMEDIÁRIA, QUE SE LIMITA A OPERACIONALIZAR O ATENDIMENTO DOS PEDIDOS DE CONSIGNAÇÃO EM FOLHA DE PAGAMENTO. PLEITO DE LIMITAÇÃO DOS DESCONTOS A 30% DOS VENCIMENTOS DO DEVEDOR, QUE MERECE SER ACOLHIDO, NOS TERMOS DO ENTENDIMENTO JÁ PACIFICADO PELA SÚMULA 200 DESTE TRIBUNAL. PEDIDO DE DEVOLUÇÃO DOS VALORES JÁ DESCONTDOS A MAIOR, QUE NÃO MERECE ACOLHIDA, NOS TERMOS DA ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL JÁ SUMULADA POR ESTA CORTE NO VERBETE Nº. 205. PRECEDENTES DESTA CORTE. SENTENÇA QUE SE REFORMA, PARA JULGAR PARCIALMENTE PROCEDENTE A PRETENSÃO EXORDIAL, NO QUE TANGE À LIMITAÇÃO DOS DESCONTOS NA FOLHA DE PAGAMENTO DO AUTOR AO PERCENTUAL DE 30% DOS SEUS VENCIMENTOS. MANIFESTA PROCEDÊNCIA DA PRETENSÃO RECURSAL QUANTO A ESTE PONTO. RECONHECIMENTO DA SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA, DIANTE DO NÃO ACOLHIMENTO DO PLEITO DE DEVOLUÇÃO DOS VALORES JÁ DESCONTADOS A MAIOR. INCIDÊNCIA DO DISPOSTO NO ENUNCIADO 65 DO AVISO TJRJ Nº. 100/2011. APLICAÇÃO DO DISPOSTO NO ART. 557, §1º-A, DO CPC. RECURSO A QUE SE DÁ PARCIAL PROVIMENTO. APELAÇÃO CÍVEL Nº. 0388663-24.2012.8.19.0001 – DES. AUGUSTO ALVES MOREIRA JÚNIOR – 25ª CÂMARA CÍVEL DO CONSUMIDOR – Julg.: 28/09/2014).”

Assim, forçoso reconhecer que os Apelados são partes manifestamente legítimas a figuar no polo passivo da presente demanda.

(4)

Quanto ao mais, cumpre ressaltar que, o artigo 14 também do CDC, atribui responsabilidade objetiva ao fornecedor de serviços, o qual responde pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos, independentemente da existência de culpa, por ser objetiva sua responsabilidade, bastando ao consumidor comprovar o ato praticado, o dano sofrido e o nexo de causalidade.

Por esta razão, os fornecedores de serviços respondem independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados ao consumidor por defeitos relativos à prestação de serviços, a teor do disposto no artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor, não podendo buscar meios inócuos de eximir-se da responsabilidade e não se admitindo, ainda, que o consumidor suporte os prejuízos causados por ineficiência dos Apelados, principalmente no tocante à transparência, nem que arque com o ônus de um serviço que não lhe fora adequadamente prestado.

Sendo assim, o fato de a Apelante ser pensionista de servidor ou militar não altera o limite estabelecido, haja vista que o § 5º do artigo 6º, a Lei nº. 10.820/03, que prevê a limitação de 30% (trinta por cento) para as deduções, é posterior e específica ao Decreto Estadual nº. 25.547/99, estando relacionada a contrato de mútuo bancário.

Contudo, a Apelante ajuizou a ação com o objetivo de provar que o desconto realizado em folha de pagamento não corresponde a margem de 30% (trinta por cento) do desconto permitido, mas sim 60% (sessenta por cento) dos seus proventos.

Ora, constituindo o salário verba alimentar, deve ele ser preservado a fim de possibilitar a sobrevivência do devedor, garantindo-se eficácia ao postulado da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III da CF), sob a vertente de garantia de um mínimo existencial.

Isso porque se por um lado é certo que o consumidor não pode se furtar ao pagamento de suas obrigações, pelas quais responde todo o seu patrimônio (art. 591 do CPC), por outro, como ressaltado, não se pode desprezar sua necessidade de sobrevivência, por mais grave possa parecer sua irresponsabilidade financeira.

Diante disso, impositiva a abstenção, não de todos os descontos, mas daqueles que de forma genérica extravasam o limite de 30% (trinta por cento) de seus ganhos, descontados apenas as obrigações tributárias (contribuição previdenciária e imposto de renda), in verbis:

“Agravo interno. Decisão da relatora que negou seguimento ao recurso interposto pelo agravante. Empréstimo consignado. Decisão que defere a antecipação dos efeitos da tutela para limitar o desconto em folha de pagamento ao percentual de 30% da remuneração da devedora. Alegação do limite de 70% pois se trata de militar (medida provisória 2215-10/1). Lei 10.820/2003 é posterior e específica. Ademais, sendo relação de consumo, deve prevalecer a disposição mais favorável ao consumidor. Multa aplicada que reflete a inércia da agravante em cumprir o comando judicial e não se mostra excessiva ou desproporcional. Desprovimento do Recurso. AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº. 001025-92.2013.8.19.0000 – DES. CLAUDIA TELLES DE MENEZES – 5ª CÂMARA CÍVEL – Julg.: 19/02/2013.”

Portanto o fato de a Apelante ser pensionista de servidor público não altera o limite estabelecido, haja vista que o § 5º do artigo 6º da Lei 10.820/03, que prevê a limitação de 30% (trinta por cento) para as deduções, é posterior e específica a Medida Provisória nº 2.215/10, estando relacionada a contrato de mútuo bancário.

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Assim, como visto, os ganhos da correntista se revestem de caráter alimentar e, diante de tal natureza, não podem ser submetidos à compensação ou à retenção integral pela instituição financeira, sob pena de violação, por via oblíqua, aos artigos 373, III, do CC e 649, IV do CPC, o princípio da dignidade humana e as Súmulas 200, 205 e 295 deste E. Tribunal de Justiça.

Sendo assim, forçoso reconhecer que merece reparo a R. Sentença ora guerreada.

Ante o exposto, voto no sentido de conhecer e dar provimento ao recurso interposto pela Autora, para determinar que os Réus, ora Apelados, limitem os descontos na folha de pagamento da Autora, Apelante, ao patamar de 30% do valor total dos rendimentos, considerando todos os empréstimos contratados, condenando os Apelados ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, no percentual de 20% sobre o valor da condenação.

Rio de Janeiro, 28 de janeiro de 2015.

ANDRÉA FORTUNA Desembargadora Relatora

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