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ARTIGO ORIGINAL CAUSAS DE ÓBITOS EM IDOSOS NA CIDADE DE FORTALEZA (CE)

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ARTIGO ORIGINAL

CAUSAS DE ÓBITOS EM IDOSOS NA CIDADE DE FORTALEZA (CE)

Vyna Maria Cruz Leitea

Claudia dos Reis Lisboaa

Francisco José Maia Pintob Resumo

No Brasil, o crescimento do percentual de idosos pôs em evidência a problemática relacionada à velhice, desde o ponto de vista médico até o socioeconômico, tornando o assunto relevante para o governo e a sociedade. Os idosos, antes, estavam muito mais expostos às doenças infecciosas e parasitárias; hoje, há uma grande prevalência de óbitos por doenças circulatórias e neoplasias. Com o objetivo de analisar a tendência das causas de mortalidade dos idosos na cidade de Fortaleza (CE), durante o período de 2001 a 2005, realizou-se um estudo descritivo, utilizando os óbitos coletados do DATASUS, adotando como referência a população brasileira. A maior ocorrência de causa de morte foi encontrada nas doenças do sistema circulatório, com 11.455 (27.78%) óbitos, do total de 41.220 ocorridos no período, seguida pelas neoplasias, com 6.561 (15.91%), e as doenças respiratórias (que dentre as três tem valores anuais menores, porém sempre crescente), num total de 4.878 (11.83%) no período. Esses dados apontam para uma crescente preocupação com medidas preventivas com essa faixa da população. Espera-se que os resultados deste estudo possam contribuir para a adoção de políticas públicas que visem à diminuição dos riscos relacionados aos óbitos entre idosos.

Palavras-chave: Idoso. Mortalidade. Cardiovascular. Neoplasias.

a Mestres em Saúde Pública pela Universidade Estadual do Ceará.

b Docente do Mestrado Acadêmico em Saúde Pública da Universidade Estadual do Ceará.

Endereço para correspondência: Rua Alberto Torres, 151, Messejana, Fortaleza, Ceará. CEP: 60 0864-530. vynamaria@hotmail.com

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CAUSES OF DEATH IN ELDERLY IN THE CITY OF FORTALEZA (CE) Abstract

In Brazil the growth rate of the percentage of elderly has highlighted the problems related to aging, from a medical and even social-economical perspectives, making it a relevant topic to the government and society. The elderly were previously much more exposed to infectious and parasitic diseases and today there is a high prevalence of deaths from circulatory diseases and cancer. Aiming at analyzing the trend of the causes of mortality of the elderly in the city of Fortaleza (CE), during the period from 2001 to 2005, a descriptive study was conducted, using the deaths collected from DATASUS, taking the Brazilian population as a reference. The highest occurrence of cause of death was found in diseases of the circulatory system with 11,455 (27.78%) of 41,220 total deaths occurred over the period, followed by cancer with 6,561 (15.91%) deaths and respiratory diseases (which has one of the three lowest annual values, but is always increasing), in a total of 4,878 (11.83%) deaths in the period. This data points to a growing concern with preventive measures in this section of the population. It is expected that the results of this study may contribute to the adoption of public policies aimed at reducing the risks related to deaths among the elderly.

Key words: Elderly. Mortality. Cardiovascular. Tumors.

CAUSAS DE MORTALIDAD EN MAYORES EN LA CIUDAD DE FORTALEZA (CE) Resumen

En Brasil, el crecimiento en el porcentaje de personas mayores ha puesto de relieve, desde el punto de vista médico hasta el socioeconómico, la problemática relacionada a la vejez, haciendo del mismo un asunto relevante para el gobierno y la sociedad. Los mayores, que antes estaban más expuestos a las enfermedades infecciosas y parasitarias, están hoy, sometidos a una alta prevalencia de muertes por enfermedades del aparato circulatorio y los tumores. Con el objetivo de analizar la tendencia de las causas de mortalidad de los mayores en la ciudad de Fortaleza (CE) durante el período de 2001 a 2005, se realizó un estudio descriptivo, utilizando los óbitos colectados en el DATASUS, adoptando como referencia la población brasileña. La causa más frecuente de muerte fue encontrada en las enfermedades del sistema circulatorio, con 11.455 (27,78%) óbitos, en un total de 41.220 registros en el período, seguida por el cáncer, con 6.561 (15,91%) y las enfermedades respiratorias (que entre las tres tiene valores anuales menores, pero cada vez en aumento) en un total de 4.878 (11,83%) en el período. Esos datos apuntan para una creciente preocupación con las medidas preventivas con esa franja de la población. Se espera que los resultados de este estudio puedan contribuir para la adopción de políticas públicas destinadas a la reducción de los riesgos de muerte entre los mayores. Palabras clave: Mayores. Mortalidad. Cardiovascular. Cáncer.

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INTRODUÇÃO

O processo de envelhecimento e suas conseqüências naturais sempre foram uma preocupação para todas as sociedades. Pode-se facilmente categorizar população idosa, segundo o próprio Estatuto do Idoso,1 como pertencente à faixa etária igual ou superior a 60 anos, mas,

ao analisarmos o envelhecimento como um somatório de alterações anatômicas, fisiológicas e emocionais que ocorrem paulatinamente ao longo da vida, fica impossível determinar o exato momento em que esse processo começa. Os diversos aspectos que o caracterizam apontam, cada vez mais, para a necessidade de propiciar à pessoa idosa atenção abrangente à saúde, preocupando-se não só com o controle das doenças, mas também com o bem-estar físico, psíquico e social e, consequentemente, com a melhoria na qualidade de vida.2

No Brasil, essa preocupação não é diferente. O crescimento do percentual de idosos pôs em evidência a problemática relacionada à velhice, desde o ponto de vista médico até o socioeconômico, tornando o assunto relevante para o governo e a sociedade. A população de idosos, hoje, representa 8,6% da população brasileira, segundo o IBGE.3 Esse aumento da

população idosa resultou em um grande impacto no setor saúde no Brasil, com uma participação desproporcional dos idosos na demanda por serviços de saúde.4

Fatores relacionados a uma melhoria das condições ambientais, culturais, sociais e de vida pessoal (alimentação, acesso aos cuidados de saúde, preventivos ou curativos) podem contribuir para o aumento na longevidade, mas o aumento do tempo de vida das pessoas traz como consequência maior prevalência de doenças crônicas ou associadas aos processos de envelhecimento celular como o câncer. No Brasil, no período de 1980 a 2000, as taxas de mortalidade por câncer em indivíduos idosos apresen taram incremento gradativo, fazendo desta enfermidade a segunda causa de morte nes se grupo populacional, no qual predominam, no sexo feminino, os óbitos por câncer de mama, pulmão e estômago.5

A alteração do perfil populacional também trouxe mudanças no perfil de saúde dos idosos, que antes morriam de doenças infecciosas e parasitárias e hoje, conforme as estatísticas, há uma grande prevalência de óbitos por doenças circulatórias (cardiovasculares, diabetes, hipertensão, acidente vascular encefálico). O aumento da idade acompanhado de fatores de risco, como sedentarismo, obesidade, hipertensão arterial, hipercolesterolemia, fatores genéticos, tabagismo, alcoolismo e maus hábitos alimentares, traz maior probabilidade de aparecimento dessas patologias nesta faixa etária.6

O curso de uma doença cardiovascular crônica vai de um histórico muitas vezes longo e assintomático, apresentando lesões celulares irreversíveis e evolução para graus variados de incapacidade e morte.6 As doenças cardiovasculares (DCV) provocam 12 milhões de mortes

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por ano em todo o mundo e, apesar dessa constatação, ainda são escassas as informações de base populacional, especialmente em países em desenvolvimento. Estima-se que seja responsável por mais de 40% de todas as mortes nos EUA, entre pessoas com menos de 65 anos. O Brasil, assim como os países desenvolvidos, também se curva aos altos índices de mortalidade e altos custos em saúde, sociais e previdenciários.6

Há uma grande preocupação com a prevalência de hipertensão arterial, que hoje afeta aproximadamente 50 milhões de pessoas no mundo. Com o atual quadro do envelhecimento populacional a tendência é, cada vez mais, aumentar, a não ser que sejam implantadas medidas preventivas mais amplas e abrangentes.7

Ao serem mencionados o crescimento constante da população idosa, a diversidade de doenças que surgem no decorrer dos anos e os fatores de risco correlacionados, torna-se também necessário identificar a tendência das taxas de mortalidade, para que se possa traçar um perfil dessa população e minimizar as incapacidades e complicações causadas por doenças que interferem diretamente no desempenho de suas atividades cotidianas. Verifica-se, cada vez mais, a necessidade urgente de elaborar políticas públicas mais eficazes e adequadas, relacionadas com medidas na saúde mais direcionadas, de baixo custo, de caráter preventivo e que atendam as demandas dessa faixa etária. Acredita-se que é possível a prevenção de doenças crônicas e suas sequelas, controlando suas causas e fatores de risco com o incremento dos programas de prevenção.

O objetivo deste estudo é descrever a tendência das taxas de mortalidade e as principais causas de óbitos dos idosos na Cidade de Fortaleza (CE), estado da região Nordeste do Brasil, durante o período de 2001 a 2005.

MATERIAL E MÉTODOS

Realizou-se um estudo descritivo de tendência da mortalidade dos idosos, tendo como objeto de interesse a Cidade de Fortaleza, estado do Ceará, onde é grande a procura pelo atendimento no SUS, por se tratar de uma macrorregião do estado que absorve uma grande demanda dos atendimentos dos municípios do interior do estado. Dessa forma, foram analisados os dados da mortalidade de idosos nos anos de referência, correspondente ao período de 2001 a 2005. A seleção da idade teve como referência as pessoas com 60 anos ou mais, por atender ao propósito de representar a população de idosos segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) e caracterizar a distribuição das causas de morte numa população específica.

Os dados referentes aos óbitos foram extraídos do DATASUS,8 mediante

consultas eletrônicas e coletados como base de dados na página eletrônica do Departamento

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de Informática do SUS, do Ministério da Saúde. Os dados de mortalidade foram obtidos do Sistema de Informação sobre Estatísticas Vitais e de Mortalidade, gerenciado pela Secretaria de Vigilância em Saúde, também do Ministério da Saúde. Para identificar a causa da morte foi utilizada a Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID – 10) que organiza as informações em agrupamentos pré-estruturados. Em todos os casos, foram selecionados os óbitos do Município por ocorrência no período de 2001 a 2005. Utilizou-se o programa Statistical Program of Social Science (SPSS), versão 16.0, para o processamento dos dados e posterior análise.

RESULTADOS

Registraram-se 41.220 óbitos de idosos em Fortaleza (CE) nos anos de 2001 a 2005, assim distribuídos: em 2001, ocorreram 7.047, o que representa 17,31% das mortes nesse ano; em 2002, foram 8.152 (19,77%); em 2003, registraram-se 8.689 (21,07%); no ano de 2004, contabilizaram-se 8.400 (20,37%); e, finalmente, em 2005, identificaram-se 8.932 (21,66%), conforme Tabela 1.

Tabela 1. Total de óbitos em idosos por ano de ocorrência – Fortaleza (CE) – 2001-2005

Ano Número de óbitos %

2001 7.047 17,31

2002 8.152 19,77

2003 8.689 21,07

2004 8.400 20,37

2005 8.932 21,66

As causas dos óbitos foram classificadas e distribuídas segundo a Classificação Internacional de Doenças – 10ª revisão (CID-10), tal como exposto na Tabela 2.

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Tabela 2. Causas de óbitos em idosos por ano de ocorrência – Fortaleza (CE) – 2001-2005

Causas de Óbitos 2001 2002 2003 2004 2005 Olho 0 1 0 0 0 Ouvido 0 0 2 1 0 Parto 0 0 0 0 0 Perinatal 0 0 0 1 0 Malformação 5 13 10 16 14 Doenças Pele 3 23 29 23 33 Osteomuscular 12 21 23 37 31 Mente 13 23 21 26 48 Sangue 25 34 21 27 18 Sist. Nervoso 91 81 68 93 100 Geniturinário 113 137 181 203 177 Externas 169 249 267 248 287 Infec/Parasitárias 220 275 260 304 335 Endócrinas 484 487 461 387 417 Sist. Digestivo 278 311 338 364 435 Sist. Respiratório 753 867 1011 1054 1193 Tumores 1220 1189 1336 1253 1563 Sist. Circulatório 2151 2279 2336 2293 2396 Sintomas/Sinais 1510 2162 2325 2070 1885 Total 7047 8152 8689 8400 8932

As principais causas de óbitos observadas, segundo a CID-10, foram as doenças do aparelho circulatório com 11.455 (27,79%), seguida pelas neoplasias com 6.561 (15,92%), e as doenças respiratórias num total de 4.878 (11,83%). Vale explicar que não se consideraram os valores dos chamados óbitos por outras causas (doença osteomuscular, doença de pele, sistema nervoso, causas externas, dentre outras), para uma análise comparativa, por corresponderem ao somatório de muitas causas de óbitos que, analisadas isoladamente, não teriam impacto sobre as outras. Aqueles decorrentes de outras causas totalizaram 18.326 (44,46%), como apresentado na Tabela 3.

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Tabela 3. Número de idosos por causa e ano do óbito – Fortaleza (CE) – 2001-2005

Causa Mortis Ano Total

2001 2002 2003 2004 2005

Sistema Respiratório Contagem 753 867 1011 1054 1193 4878

% Causa Mortis 15,44% 17,77% 20,73% 21,61% 24,46% 100,00% % Ano 10,69% 10,64% 11,64% 12,55% 13,36% 11,83% % Total 1,83% 2,10% 2,45% 2,56% 2,89% 11,83% Tumores Contagem 1220 1189 1336 1253 1563 6561 % Causa Mortis 18,59% 18,12% 20,36% 19,10% 23,82% 100,00% % Ano 17,31% 14,59% 15,38% 14,92% 17,50% 15,92% % Total 2,96% 2,88% 3,24% 3,04% 3,79% 15,92%

Sistema Circulatório Contagem 2151 2279 2336 2293 2396 11455

% Causa Mortis 18,78% 19,90% 20,39% 20,02% 20,92% 100,00%

% Ano 30,52% 27,96% 26,88% 27,30% 26,82% 27,79%

% Total 5,22% 5,53% 5,67% 5,56% 5,81% 27,79%

Outras Contagem 2923 3817 4006 3800 3780 18326

(<490 óbitos/ano) % Causa Mortis 15,95% 20,83% 21,86% 20,74% 20,63% 100,00%

% Ano 41,48% 46,82% 46,10% 45,24% 42,32% 44,46% % Total 7,09% 9,26% 9,72% 9,22% 9,17% 44,46% Total Contagem 7047 8152 8689 8400 8932 41220 % Causa Mortis 17,10% 19,78% 21,08% 20,38% 21,67% 100,00% % Ano 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00 % Total 17,10% 19,78% 21,08% 20,38% 21,67% 100,00%

No ano de 2001, o maior número de óbitos registrados foi por doenças circulatórias, com 2.151, representando 30,52% do total ocorrido nesse ano. O maior registro relacionado a essa doença aconteceu em 2005, quando se identificaram 2,396 óbitos (26.82%). Observa-se tendência crescente de óbitos provocados por essa doença a cada ano. Doenças do sistema circulatório só perdem em valores absolutos quando comparadas com as demais causas de óbitos (Tabela 3).

O Gráfico 1 possibilita verificar-se que as doenças do aparelho circulatório são expressivas no total dos óbitos e suas taxas tem crescimento constante, com pequeno declínio apenas entre os anos de 2003 e 2004, logo voltando a aumentar entre os anos de 2004 e 2005. Observa-se, dentre as três doenças em análise, que a despeito de as doenças respiratórias apresentarem valores anuais menores, elas se mostram em ritmo sempre crescente.

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Gráfico 1. Evolução das principais causas de óbitos nos idosos de Fortaleza (CE) – 2001-2005

Os óbitos por tumores apresentam um decréscimo no período de 2001 para 2002 e de 2003 para 2004. Entre os anos de 2004 e 2005, entretanto, houve crescimento considerável, tanto do número de óbitos por tumores quanto por doenças do aparelho respiratório. Os óbitos relacionados às neoplasias (tumores) tiveram seu registro mais expressivo no ano de 2005, quando aconteceram 1.563 óbitos (23,82% sobre as causas e 17,50% do total de óbitos no referido ano).

No ano de 2004, os óbitos por doenças respiratórias tiveram seu maior registro, com 1.054, correspondendo a 21,61% entre os óbitos por causa, e 12,55% do total de óbitos do ano. Percebe-se que, juntas, as duas maiores causas mortis (doenças do aparelho circulatório e por tumores) em idosos, em Fortaleza (CE), representam 43,69% das mortes em idosos nessa cidade, de acordo com a Tabela 3.

DISCUSSÃO

O estudo apresenta como principal causa de óbito entre os idosos de Fortaleza (CE), nos anos de 2001 a 2005, as doenças relacionadas ao sistema circulatório. Apenas no ano de 2003, houve um pequeno declínio do número de óbitos entre os idosos, mas, em todos os outros anos, os números foram crescentes, sendo importante questionar as causas desse crescimento.

Neste estudo não foi feita uma estratificação etária, pois há um aumento dos óbitos em idades mais avançadas, uma vez que, quanto maior a idade, maior a pré-disposição do indivíduo às doenças e eventos fatais. Espera-se que os eventos fatais entre os idosos em velhice avançada não sejam precedidos de longos períodos de doenças, incapacidade e sofrimento.

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Observa-se, na análise dos óbitos, a ocorrência de maior mortalidade por doenças do sistema circulatório, por tumores e sistema respiratório, corroborando as estatísticas nacionais de óbitos. As alterações do perfil populacional trazem mudanças também no perfil de saúde dos idosos que hoje fazem parte dos índices de prevalência de óbitos por doenças circulatórias.6

Na maioria dos países do mundo, a principal causa de morte por doenças do aparelho circulatório é a cardiopatia coronariana, seguida pelo acidente cerebrovascular, tanto para homens quanto para mulheres. Outras doenças cardiovasculares de prevalência importante em idosos são a hipertensão, a insuficiência cardíaca e a demência vascular.9

Segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH),10 vários estudos longitudinais

e transversais confirmaram que a hipertensão é um importante fator preditivo de mortalidade e morbidade cardiovascular entre os idosos. A pressão arterial elevada é comum nos idosos, chegando a aproximadamente 50% de incidência, com variações nas diversas regiões do mundo. Os fatores de risco para as doenças cardiovasculares são os mesmos, tanto para adultos quanto para idosos, porém a magnitude do risco relativo associado tende a ser menor, após os 65 anos. São considerados fatores de risco: a hipertensão, o colesterol elevado, o tabagismo, o sedentarismo, o abuso do álcool, a situação socioeconômica, o diabetes, a obesidade e a associação com outras doenças.11

O número de óbitos por tumores em 2005 atingiu seu maior índice. Conforme cita a literatura, é no contexto do envelhecimento pro gressivo da população e crescimento das doenças crônicas que o câncer tem-se revelado importante causa de morbi-mortalidade em indivíduos com 60 ou mais anos, nos diferentes países do mundo.5

Sabe-se que o desenvolvimento das neoplasias está diretamente ligado ao processo de envelhecimento celular, pois, com o passar do tempo, diferentes agressões externas vão gerando acúmulos de danos ao DNA das células, possibilitando o desenvolvimento das primeiras células geradoras dos tumores malignos. Com o avançar da idade, o fator de risco para o desenvolvimento de neoplasias malignas aumenta, o que vem sendo comprovado pelo aumento das taxas de incidência e mortalidade por câncer nas estatísticas nacionais. As duas maiores causas mortis em idosos, em Fortaleza (CE), que seriam as doenças do aparelho circulatório e por tumores, poderiam, em longo prazo, apresentar um declínio considerável, caso fossem realizados programas de prevenção das doenças cardiovasculares e diagnóstico precoce das neoplasias.

Observa-se a necessidade da implantação urgente de estratégias preventivas para as doenças cardiovasculares, em toda a população, e de modo especial no idoso, pois,

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nessa faixa etária, são maiores, segundo a SBH, os fatores de risco (FR), suas recorrências e consequências que levam à incapacidades e à morte.10

No Brasil, a análise de dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade tem mostrado a crescente importância das internações e óbitos por doenças respiratórias entre os idosos, mesmo considerando-se o envelhecimento da população.12

As doenças respiratórias aumentam com a idade e constituem-se também como uma das principais causas de procura por assistência médica, em serviço ambulatorial, hospitalar ou de emergência. Vários estudos epidemiológicos comprovam que a incidência de pneumonia entre os idosos é uma importante causa de morbidade e mortalidade. Assim, a melhor forma de combate são as medidas preventivas, que vão além da vacinação, da manutenção de boas condições nutricionais e do tratamento das doenças crônicas.

Assim, mesmo a idade constituindo-se fator agravante, ela não deve ser obstáculo para promover a saúde, prevenir e evitar as doenças, a incapacidade e a morte. Caso as doenças nos idosos fossem precocemente identificadas, tratadas e monitoradas poderia haver uma redução considerável da mortalidade, das incapacidades e, consequentemente, dos gastos públicos. Dentro desses pressupostos, a capacidade funcional passa a ser um novo paradigma de saúde para o envelhecimento, pois, por meio de sua manutenção, o idoso, mesmo apresentando doenças crônicas, pode, mediante um estilo de vida saudável, obter condições de manter sua independência e autonomia, trazendo a qualidade de vida para a sua realidade diária.

REFERÊNCIAS

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