FORTISSIMO Nº 19 — 2016
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E L T A S
PRESTO VELOCE 06/10 07/10Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais e Itaú Personnalité apresentam
Nossos concertos são possíveis graças à Lei Rouanet e aos nossos patrocinadores. PRESTO
VELOCE 06/10
3 F O T O: D ANIEL A P A OLIELL O
Da alegria incontida do jazz ao primitivismo contagiante do folclore mexicano, a noite de hoje será um estudo em contrastes. Com o retorno do maestro convidado Carlos Miguel Prieto, viajaremos no tempo e no espaço, descobrindo todo um mundo ritualístico e
misterioso da cultura pré-colombiana, ao mesmo tempo em que nos
transportaremos à ebulição de uma grande cidade norte-americana. Ampliando esse contraste cultural, receberemos a visita da vencedora do Concurso Internacional Rainha Elisabeth, da Bélgica, em sua edição 2015, a violinista coreana Ji Young Lim, que interpretará um dos mais célebres concertos para o instrumento: aquele de Brahms. Aqui também uma viagem: desde o lirismo imponente do primeiro movimento à nostalgia do segundo e à alegria cigana que tanto influenciou Brahms. Um ótimo concerto a todos.
FABIO MECHETTI
Diretor Artístico e Regente Titular
Caros amigos
e amigas,
5 4 F O T O: ALEXANDRE REZENDE
D
esde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sendo responsável pela implementação de um dos projetos mais bem-sucedidos no cenário musical brasileiro. Com seu trabalho, Mechetti posicionou a orquestra mineira nos cenários nacional e internacional e conquistou vários prêmios. Com ela, realizou turnês pelo Uruguai e Argentina e gravações para o selo Naxos. Natural de São Paulo, Fabio Mechetti serviu recentemente como Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia, tornando-se o primeiro regente brasileiro a ser titular de uma orquestra asiática. Depois de quatorze anos à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville, Estados Unidos, atualmente é seu Regente Titular Emérito. Foitambém Regente Titular da Sinfônica de Syracuse e da Sinfônica de Spokane. Desta última é, agora, Regente Emérito.
Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente. Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a
Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais
de verão nos Estados Unidos, entre eles os de Grant Park em Chicago e Chautauqua em Nova York.
Realizou diversos concertos no México, Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu as orquestras sinfônicas de Tóquio, Sapporo e Hiroshima. Regeu também a Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia, a Orquestra da Rádio e TV Espanhola em Madri, a Filarmônica de Auckland, Nova Zelândia, e a Orquestra
Sinfônica de Quebec, Canadá.
Vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, na Dinamarca, Mechetti dirige regularmente na Escandinávia, particularmente a Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a de Helsingborg, Suécia. Recentemente fez sua estreia na Finlândia, dirigindo a Filarmônica de Tampere, e na Itália, dirigindo a Orquestra Sinfônica de Roma. Em 2016 fará sua estreia com a Filarmônica de Odense, na Dinamarca.
No Brasil, foi convidado a dirigir a Sinfônica Brasileira, a Estadual de São Paulo, as orquestras de Porto Alegre e Brasília e as municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro. Trabalhou com artistas como Alicia de Larrocha, Thomas Hampson, Frederica von Stade, Arnaldo Cohen, Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil Shaham, Midori, Evelyn Glennie, Kathleen Battle, entre outros. Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos dirigindo a Ópera de Washington. No seu repertório destacam-se
produções de Tosca, Turandot, Carmem, Don Giovanni, Così fan tutte, La Bohème, Madame Butterfly, O barbeiro de Sevilha, La Traviata e Otello. Fabio Mechetti recebeu títulos de mestrado em Regência e em Composição pela prestigiosa Juilliard School de Nova York.
FABIO MECHETTI
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Leonard BERNSTEIN
On the town: three dance episodes
The Great Lover Lonely Town: Pas de Deux
Times Square: 1944
Johannes BRAHMS
Concerto para violino em Ré maior, op. 77
Allegro non troppo Adagio
Allegro giocoso, ma non troppo vivace
Silvestre REVUELTAS
La Noche de los Mayas
Noche de los Mayas Noche de Jaranas Noche de Yucatán Noche de Encantamiento
CARLOS MIGUEL PRIETO, regente convidado
JI YOUNG LIM, violino
PROGRAMA
INTERVALO
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9 Carlos Miguel Prieto é celebrado nos
Estados Unidos, Canadá, Europa e no seu país natal, o México, por sua regência dinâmica, interpretações apaixonadas e carismática presença de palco. Ele é diretor artístico da Orquestra Sinfônica Nacional do México e da Orquestra Sinfônica de Minería, na Cidade do México. Nos Estados Unidos, está em sua décima temporada como diretor artístico da Orquestra Filarmônica da Louisiana e com ela regeu artistas como Joshua Bell, Yo-Yo Ma e Pepe Romero. Em seu 25º aniversário, a orquestra comemora o retorno à sua sala de concertos reformada, o Orpheum. Entre os destaques da atual temporada estão estreias com as orquestras Nacional Real Escocesa, Sinfônica de Bournemouth, Filarmônica de Estrasburgo, Deutsche Radio Philharmonie e Sinfônica de San Diego. Prieto volta a se apresentar com as sinfônicas de Bilbao, de Vancouver e da Cidade do Kansas e realizará quatro estreias mundiais. Prieto é convidado frequente de
orquestras como as sinfônicas de Chicago, Cleveland, Seattle, Oregon, Toronto e Vancouver. Também já se apresentou com a NDR Radiophilharmonie, NDR Sinfonieorchester, Filarmônica de Auckland, Sinfônica Escocesa da BBC, Filarmônica Real de Liverpool, Orquestra Nacional de Lyon, Filarmônica de Calgary, Orquestra da Rádio e Televisão Espanhola, Orkestrea Sinfonikoa, orquestras de Valência e do Principado de Astúrias.
Esta é a sua segunda apresentação com a Filarmônica de Minas Gerais. Defensor ferrenho da educação musical, Prieto é diretor artístico da Orquestra Jovem das Américas, grupo reconhecido internacionalmente e composto por jovens músicos de vinte e cinco nacionalidades do hemisfério ocidental. O maestro já regeu mais de cinquenta estreias mundiais de obras de compositores mexicanos e americanos, sendo muitos desses trabalhos comissionados por ele. Prieto tem uma discografia extensa que abarca os selos Naxos, Sony, Cedille e Avantclassic. Gravou obras de Carlos Chavez, Bruch, Beethoven e Mendelssohn. Sua gravação de Korngold recebeu duas indicações ao Grammy. Com a Sinfônica de Minería, lançou um box de 12 DVDs com gravações ao vivo das sinfonias completas de Gustav Mahler. Violinista de talento, Carlos Miguel Prieto foi solista com a Orquestra Sinfônica Nacional do México e participou dos festivais de Aspen, Tanglewood, Interlochen, San Miguel Allende e Cervantino.
Como membro do Cuarteto Prieto, uma tradição familiar de quatro gerações, apresentou-se nas salas mais importantes do México, Estados Unidos e Europa. Formado nas universidades de Princeton e Harvard, Carlos Miguel Prieto estudou regência com Jorge Mester, Enrique Diemecke, Charles Bruck e Michael Jinbo.
F O T O: BENJ AMIN EAL O VE G A
CARLOS MIGUEL
PRIETO
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Ji Young Lim, uma jovem violinista coreana nascida em 1995, conquistou o primeiro prêmio no Concurso Rainha Elisabeth de 2015. Nesta noite, na Sala Minas Gerais, em sua estreia com a Filarmônica, ela interpretará a mesma obra que apresentou no Palais des Beaux-Arts, em Bruxelas, nas finais do Concurso Rainha Elisabeth. Lim começou a tocar violino quando tinha sete anos. Foi aceita no Instituto Nacional Coreano para Talentos nas Artes e, posteriormente, continuou seus estudos na Universidade Nacional das Artes, sob a orientação de Nam Yun Kim.
Seu talento brilhante e sua musicalidade prolífica têm sido conhecidos em muitas competições nacionais e internacionais. Lim venceu a Competição Internacional de Violino de Indianápolis, em 2014, e foi agraciada com o prêmio especial Mozart. Em 2013, conquistou o primeiro lugar na Competição Internacional da Eurásia, no Japão, e o Prêmio MIMC na Competição Internacional de Música de Montreal. Em 2012, venceu o Prêmio de Música Ishikawa, no Japão, e a Competição de Concerto das Grandes Montanhas, na Coreia. Em 2011, ficou em terceiro lugar na Competição Internacional de Violino Henri Marteau.
Ji Young Lim também já foi convidada de muitos festivais, como o Festival de Música Ishikawa e as séries de concertos no Centro de Artes de Seul. Além de apresentações em várias cidades da Coreia, a violinista realizou turnês no Japão, Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Suíça e outros países europeus. Lim também já se apresentou com os maestros violinistas Maxim Vengerov, Joel Smirnoff e Koichiro Harada, o que ajudou a desenvolver sua profunda musicalidade. Destaques desta temporada incluem recitais e concertos, entre os quais apresentações com a Orquestra Sinfônica de Carmel, em Indianápolis. Em sua agenda estão também
turnês pela Ásia, América do Norte, América do Sul e Europa.
Atualmente, Ji Young Lim estuda na Universidade Nacional de Artes da Coreia sob orientação de Nam Yun Kim. A partir de 2014, a artista se apresentou com um violino Giuseppe Guadagnini, de 1794, cedido pela Kumho Asiana Cultural Foundation. Após o resultado da Competição Rainha Elisabeth, em 2015, ela passou a se apresentar com um Huggins, de 1708, cedido pela Nippon Music Foundation.
F O T O: BONSOOK K OO
JI YOUNG LIM
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Estados Unidos, 1918 – 1990Leonard
BERNSTEIN
13 INSTRUMENTAÇÃOPiccolo, flauta, oboé, requinta, 3 clarinetes, clarone, saxofone alto, 2 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tímpanos, percussão, piano, cordas.
PARA OUVIR
CD Leonard Bernstein – On The Town; Fancy Free; On The Waterfront – New York Philharmonic – Sony Classical – 1992 (The Royal Edition)
PARA ASSISTIR
Orquestra Sinfônica da Galícia – Paul Goodwin, regente Acesse: fil.mg/bonthetown
PARA LER
Joan Peyser – Bernstein, uma biografia – Álvaro Cabral, tradução – Editora Campus – 1989 Chamado de “garoto-maravilha do mundo musical” pela revista Times,
Leonard Bernstein estreou aos 27 anos uma temporada exitosa em Nova York, mantendo seu musical On the town em cartaz, na Broadway, com lotações esgotadas. Àquele tempo, Bernstein, o mais novo herói musical, nervoso, apaixonado, veemente, ainda não se decidira pela composição ou a batuta, pela música erudita ou pelo jazz...
O balé Fancy Free e o musical On the town, que se seguiu, foram compostos e estreados no ano de 1944 e têm como personagens principais três marinheiros folgazões em Nova York. Estrutural e musicalmente, porém, são obras bem diferentes entre si. Para On the town, Bernstein recorreu a canções suas, outrora compostas, além de criar novos números em conjunto com o bailarino Jerome Robbins, um judeu-americano, tal qual Leonard, que coreografaria também outros musicais do compositor, como Peter Pan e West Side Story. Três famosos musicais de Bernstein que fazem parte da era de ouro do teatro musical norte-americano têm como pano de fundo a cidade de Nova York e o seu florescer entre as décadas de 1930 e 1950: Wonderful town retrata o glamour dos anos 1930, anteriores à Segunda Guerra Mundial; On the town se passa na década de 1940, em meio a um promissor sentimento de pós-guerra; e West Side Story ambienta um Romeu e Julieta moderno, revivido nas gangues da zona oeste de Manhattan durante a efervescente década de 1950. Em 1943, Bernstein conquistou fama repentina como regente de orquestra, ao substituir o lendário maestro Bruno Walter num concerto da Filarmônica de Nova York. No ano seguinte, o sucesso de On the town fez dele o primeiro compositor sinfônico a colaborar em um musical norte-americano. Bernstein percorrera o caminho inverso ao de
Gershwin, indo do erudito ao popular e utilizando sua sólida formação acadêmica para produzir obras acessíveis, contudo de alto nível. “On the town é um exemplo perfeito do que pode uma fusão bem-sucedida de artistas respeitáveis fornecer para o teatro”, escreveu o crítico do The New York Times à época; “(...) tomando um livro de Betty Comden e Adolph Green como base, Leonard Bernstein compôs todos os tipos de canções. Jerome Robbins, com base no balé Fancy Free, forneceu danças perfeitas e, finalmente, uma vez que outros participantes não possuíam experiência em musicais, o diretor George Abbott foi convidado a colocar a engrenagem em movimento.” Abbott, mesmo criticando os episódios sinfônicos de Bernstein como “aquelas drogas à Prokofiev”, não retirou um só compasso da partitura. Bernstein transformou as danças centrais de On the town num conjunto de três episódios para orquestra: The Great Lover, Lonely Town: Pas de Deux e Times Square: 1944. A versão foi estreada em 1946 tendo Bernstein à frente da Orquestra Sinfônica de San Francisco. Em 1949, a MGM transformou o musical em filme, estrelado por Gene Kelly e Frank Sinatra, porém só usou parte da música de Bernstein. On the town ficou em cartaz na Broadway por mais de um ano e teve nada menos que 483 apresentações.
MARCELO CORRÊA Pianista, Mestre em Piano pela Universidade Federal de Minas Gerais, professor na Universidade do Estado de Minas Gerais.
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15 Alemanha, 1833 – Áustria, 1897Johannes
BRAHMS
INSTRUMENTAÇÃO2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, tímpanos, cordas.
PARA OUVIR
CD Brahms – Concerto para violino e orquestra, op. 77 – Orquestra Filarmônica de Berlim – Herbert von Karajan, regente – Anne-Sophie Mutter, violino – Deutsche Grammophon, 00289 477 8415 – 2009
PARA ASSISTIR
Orquestra Nacional da Bélgica – Marin Alsop, regente – Ji Young Lim, violino – Concurso Internacional Rainha Elisabeth 2015 – Finalistas | Acesse: fil.mg/bviolino77
PARA LER
François-René Tranchefort – Guia da Música Sinfônica – Ed. Nova Fronteira – 1990 Os movimentos revolucionários de 1848 fizeram exilar-se em Hamburgo
(cidade natal de Brahms, onde ele ainda residia) inúmeros cidadãos húngaros. Dentre estes, o violinista Eduard Reményi, que logo se tornou amigo do jovem pianista e compositor, com quem formou um duo. Em 1853, uma série de recitais desse duo possibilitou a Brahms conhecer outros centros culturais e ter contato com personalidades importantes do meio musical. Nesse ano Brahms visitou Franz Liszt no castelo de Altenburgo e conheceu Robert e Clara Schumann, cujo contato e amizade foram decisivos para sua carreira e para o seu trabalho criador. No mesmo ano, ainda, conheceu em Hannover o já célebre violinista Joseph Joachim. Joachim cumpriu muitas vezes o papel de consultor de Brahms em assuntos ligados a aspectos técnicos do violino e da linguagem violinística. Brahms, sendo pianista, se preocupava com a viabilidade técnica
daquilo que compunha para um instrumento que não fosse o seu. Assim que terminou um primeiro esboço do concerto para violino, Brahms pediu a Joachim sua opinião sobre a parte do solista, ao que o violinista respondeu ser “violinisticamente muito original”, mas que esperava ver a peça inteira antes de emitir qualquer juízo mais consistente. O Concerto para violino, concebido no verão de 1878, no vilarejo austríaco de Pörtschach am Wörthersee, foi dedicado a Joachim. A estreia se deu um ano mais tarde, em Leipzig, tendo Brahms como regente e Joachim como solista.
Nessa récita, Joachim interpretou o concerto de Beethoven no início do programa e o concerto de Brahms ao final. Com isso não quis pôr à prova a maestria criativa de Brahms, mas, provavelmente, contrapor duas leituras muito distintas da linguagem violinística, apesar de as duas obras guardarem marcantes similaridades entre si, como o tratamento dado aos tímpanos e a tonalidade de Ré maior.
As primeiras críticas não foram favoráveis: o violinista e compositor polonês Henryk Wieniawski considerou o Concerto “intocável”, e o espanhol Pablo de Sarasate, por uma idiossincrasia pessoal relacionada à presença do oboé no adágio, recusou-se a tocá-lo. Hans von Bülow o considerou não uma obra para violino, mas “contra o violino”. E o violinista polonês Bronislaw Huberman (bem mais tarde) acresceu: trata-se de um concerto para violino e contra a orquestra. Tais críticas advinham do fato de que o Concerto para violino de Brahms não trata o solista como uma parte em especial destaque. A despeito das dificuldades técnicas, Brahms concebe o violino solista como parte integrante do ambiente sinfônico, em certa medida como consequência da seriedade com que sempre considerou a herança sinfônica de Beethoven. Assumindo a estrutura clássica do concerto, aos moldes vienenses, em três movimentos, não é exatamente pelo tratamento dado ao solista que o Concerto para violino de Brahms é importante, mas, antes, por revelar uma mentalidade contraditoriamente romântica: se Brahms tem uma alma dionisíaca, conserva uma mente apolínea, e sua inventividade melódica supera quaisquer tendências reacionárias que eventualmente lhe são imputadas.
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista, Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa, professor da Universidade do Estado de Minas Gerais e da Fundação de Educação Artística.
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17 México, 1899 – 1940Silvestre
REVUELTAS
17 INSTRUMENTAÇÃO2 piccolos, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 requintas, clarone, 2 fagotes, 4 trompas, 3 trompetes, 2 trombones, tuba, tímpanos, percussão, piano, cordas.
PARA ASSISTIR
Orquestra de Paris – Alondra de la Parra, regente | Acesse: fil.mg/rmayas La noche de los mayas – Chano Urueta,
direção – 1939 | Acesse: fil.mg/urueta
PARA LER
Roberto Kolb Neuhaus – La noche de los mayas: crónica de una performance de otredad exótica – Trans – nº 18 – 2014
Acesse: fil.mg/neuhaus Silvestre Revueltas Sánchez nasceu na cidade de Santiago Papasquiaro
em 31 de dezembro de 1899. “Desde muito cedo senti inclinação pela música e como resultado tornei-me músico profissional. Contribuíram para isso alguns de meus professores, com os quais afortunadamente não aprendi muito, devido sem dúvida ao mau hábito da independência”, disse ele. Na juventude, esse “homem tão nu, tão indefeso, tão ferido pelos céus e pelas pessoas”, nas palavras de Octávio Paz, tocou em orquestras de cinema mudo. Em seus seis últimos anos, escreveu música para oito filmes. Alguns desses manuscritos foram também concebidos para execução em salas de concerto
(Redes, Música para charlar, Itinerario), embora nunca publicados como tais. Outros serviram para a compilação póstuma de suítes orquestrais. Em La noche de los mayas, filme de Chano Urueta, um nativo apaixona-se pela filha do chefe da tribo, mas um homem branco a seduz e esse relacionamento ocasiona a seca. Ela é açoitada e condenada ao
sacrifício. O nativo mata o rival e traz o corpo à presença da condenada, que, no desenlace, suicida-se. A partir do filme editado, Revueltas concluiu trinta e seis sequências em 10 de agosto de 1939. A película estreou em 17 de setembro, e o Comitê Nacional de Cinema concedeu-lhe cinco prêmios, entre eles o de melhor música.
A partitura deu origem a duas suítes, uma compilada por Paul Hindemith e outra por José Yves Limantour, concluída em 1959 para alavancar a carreira desse regente na Europa. Esta será a edição ouvida nesta noite. Limantour, que a estreou no México à frente da Sinfônica de Guadalajara em 30 de janeiro de 1960, e na Europa com a Filarmônica de Berlim, em 7 de junho de 1963, a descreve assim: “O primeiro movimento estabelece a atmosfera de toda a composição e pode ser entendido como um vasto prelúdio.
O segundo, Noite de Jaranas, retrata um festival popular na forma de um scherzo. O terceiro, Noite de Yucatán, contém a música de amor do filme e representa o idílio entre a jovem maia e o engenheiro mexicano. O quarto, Noite de Encantamiento, prolonga o terceiro. Tem a forma de um tema com variações e um final que captura com extraordinária sensibilidade a atmosfera na qual mesmo hoje os velhos ritos mágicos são ainda praticados pelo que resta da cultura dos maias – uma cultura condenada ao desaparecimento sob as pressões da civilização moderna.” O termo jarana remete à música e dança de Yucatán, gênero que combina tradições locais e europeias na forma do rondó. Ela costuma apresentar-se em compasso binário composto, com appoggiatura descendente no segundo pulso do tempo forte e acento no segundo pulso do tempo fraco, em nota prolongada até o terceiro pulso, ou sincopada até a cabeça do tempo forte. A alusão estilística de Revueltas evoca o maia contemporâneo. Procedimento raro nele, o terceiro movimento cita a melodia pré-hispânica Koonex, koonex: “Vamo-nos, vamo-nos, jovens. Vai-se, vai-se escondendo o sol”. O exotismo nacionalista, sublinhado pelas intervenções de Limantour, decorre da função fílmica da música, à qual os regentes Gustavo Dudamel, EsaPekka-Salonen e Enrique Diemecke acrescentaram suas contribuições.
CARLOS PALOMBINI Musicólogo, professor da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais.
TRADIÇÃO E
PRESTÍGIO É
SER PARCEIRO
DA MÚSICA.
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23 Ilustrações: Mariana Simões
DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR
Fabio Mechetti
REGENTE ASSOCIADO Marcos ArakakiOrquestra
Filarmônica de
Minas Gerais
GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAISFernando Damata Pimentel
VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Antônio Andrade
SECRETÁRIO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAIS
Angelo Oswaldo de Araújo Santos
SECRETÁRIO DE ESTADO ADJUNTO DE CULTURA DE MINAS GERAIS
João Batista Miguel
FORTISSIMO outubro nº 19 / 2016 ISSN 2357-7258 EDITORA Merrina Godinho Delgado EDIÇÃO DE TEXTO Berenice Menegale BERNSTEIN Representante exclusivo:
Boosey & Hawkes
REVUELTAS
Editor original:
Peermusic
Representante exclusivo:
Barry Editorial
* principal ** principal associado *** principal assistente **** músico convidado
PRIMEIROS VIOLINOS
Anthony Flint – Spalla Rommel Fernandes – Spalla Associado Ara Harutyunyan – Spalla Assistente Ana Paula Schmidt Ana Zivkovic Arthur Vieira Terto Bojana Pantovic Dante Bertolino Hyu-Kyung Jung Joanna Bello Roberta Arruda Rodrigo Bustamante Rodrigo M. Braga Rodrigo de Oliveira SEGUNDOS VIOLINOS Frank Haemmer * Leonidas Cáceres *** Gideôni Loamir Jovana Trifunovic Luka Milanovic Martha de Moura Pacífico Matheus Braga Radmila Bocev Rodolfo Toffolo Tiago Ellwanger Valentina Gostilovitch VIOLAS
João Carlos Ferreira * Roberto Papi *** Flávia Motta Gerry Varona Gilberto Paganini Juan Díaz Katarzyna Druzd Luciano Gatelli Marcelo Nébias Nathan Medina VIOLONCELOS Philip Hansen * Felix Drake *** Camila Pacífico Camilla Ribeiro Eduardo Swerts Emilia Neves Lina Radovanovic Robson Fonseca William Neres CONTRABAIXOS Nilson Bellotto * Marcelo Cunha Marcos Lemes Pablo Guiñez Rossini Parucci Walace Mariano FLAUTAS Cássia Lima * Renata Xavier *** Alexandre Braga Elena Suchkova OBOÉS Alexandre Barros * Israel Muniz Moisés Pena CLARINETES
Marcus Julius Lander * Jonatas Bueno *** Ney Franco Alexandre Silva FAGOTES Catherine Carignan * Victor Morais *** Andrew Huntriss Francisco Silva SAXOFONE Robson Saquett **** TROMPAS
Alma Maria Liebrecht * Evgueni Gerassimov *** Gustavo Garcia Trindade José Francisco dos Santos Lucas Filho Fabio Ogata TROMPETES Marlon Humphreys * Érico Fonseca ** Daniel Leal *** Tássio Furtado TROMBONES
Mark John Mulley * Diego Ribeiro ** Wagner Mayer *** Renato Lisboa TUBA Eleilton Cruz * TÍMPANOS Patricio Hernández Pradenas * PERCUSSÃO Rafael Alberto * Daniel Lemos *** Sérgio Aluotto Werner Silveira TECLADOS Ayumi Shigeta * GERENTE Jussan Fernandes INSPETORA Karolina Lima ASSISTENTE ADMINISTRATIVA Débora Vieira ARQUIVISTA
Ana Lúcia Kobayashi
ASSISTENTES Claudio Starlino Jônatas Reis SUPERVISOR DE MONTAGEM Rodrigo Castro MONTADORES André Barbosa Hélio Sardinha Jeferson Silva Klênio Carvalho Risbleiz Aguiar
Instituto Cultural Filarmônica
(Oscip – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Lei 14.870 / Dez 2003)
Conselho
Administrativo
PRESIDENTE EMÉRITO
Jacques Schwartzman
PRESIDENTE
Roberto Mário Soares
CONSELHEIROS Angela Gutierrez Berenice Menegale Bruno Volpini Celina Szrvinsk Fernando de Almeida Ítalo Gaetani Marco Antônio Pepino Mauricio Freire Mauro Borges Octávio Elísio Paulo Brant Sérgio Pena
Diretoria
Executiva
DIRETOR PRESIDENTE Diomar Silveira DIRETOR ADMINISTRATIVO-FINANCEIRO Estêvão Fiuza DIRETORA DE COMUNICAÇÃO Jacqueline Guimarães Ferreira DIRETORA DE MARKETING E PROJETOS Zilka Caribé DIRETOR DE OPERAÇÕES Ivar Siewers DIRETOR DE PRODUÇÃO MUSICAL Kiko FerreiraEquipe Técnica
GERENTE DE COMUNICAÇÃOMerrina Godinho Delgado
GERENTE DE PRODUÇÃO MUSICAL Claudia da Silva Guimarães ASSESSORA DE PROGRAMAÇÃO MUSICAL Gabriela Souza PRODUTORES
Luis Otávio Rezende Narren Felipe ANALISTAS DE COMUNICAÇÃO Marciana Toledo (Publicidade) Mariana Garcia (Multimídia) Renata Gibson Renata Romeiro (Design gráfico) ANALISTA DE MARKETING DE RELACIONAMENTO Mônica Moreira ANALISTAS DE MARKETING E PROJETOS Itamara Kelly Mariana Theodorica ASSISTENTE DE MARKETING DE RELACIONAMENTO Eularino Pereira ASSISTENTE DE PRODUÇÃO Rildo Lopez
Equipe
Administrativa
GERENTE ADMINISTRATIVO-FINANCEIRAAna Lúcia Carvalho
GERENTE DE RECURSOS HUMANOS
Quézia Macedo Silva
ANALISTAS ADMINISTRATIVOS
João Paulo de Oliveira Paulo Baraldi ANALISTA CONTÁBIL Graziela Coelho SECRETÁRIA EXECUTIVA Flaviana Mendes ASSISTENTE ADMINISTRATIVA Cristiane Reis ASSISTENTE DE RECURSOS HUMANOS Vivian Figueiredo RECEPCIONISTA
Lizonete Prates Siqueira
AUXILIAR ADMINISTRATIVO Pedro Almeida AUXILIARES DE SERVIÇOS GERAIS Ailda Conceição Rose Mary de Castro
MENSAGEIROS Bruno Rodrigues Douglas Conrado MENOR APRENDIZ Mirian Cibelle
Sala Minas
Gerais
GERENTE DE INFRAESTRUTURA Renato Bretas GERENTE DE OPERAÇÕES Jorge Correia TÉCNICO DE ÁUDIO E ILUMINAÇÃO Mauro Rodrigues TÉCNICO DE ILUMINAÇÃO E ÁUDIO Rafael Franca ASSISTENTE OPERACIONAL Rodrigo Brandão25
PARA APRECIAR UM CONCERTO
CONCERTOS COMENTADOS
Agora você pode assistir a palestras sobre temas dos concertos das séries Allegro, Vivace, Presto e Veloce. Elas acontecem na Sala de Recepções, à esquerda do
foyer principal, das 19h30 às 20h, para
as primeiras 65 pessoas a chegar.
CUMPRIMENTOS
Após o concerto, caso queira
cumprimentar os músicos e convidados, dirija-se à Sala de Recepções.
ESTACIONAMENTO
Para seu conforto e segurança, a
Sala Minas Gerais possui estacionamento, e seu ingresso dá direito ao preço especial de R$ 15 para o período do concerto.
PONTUALIDADE
Uma vez iniciado um concerto, qualquer movimentação perturba a execução da obra. Seja pontual e respeite o fechamento das portas após o terceiro sinal. Se tiver que trocar de lugar ou sair antes do final da apresentação, aguarde o término de uma peça.
APARELHOS CELULARES
Confira e não se esqueça, por favor, de desligar o seu celular ou qualquer outro aparelho sonoro.
FOTOS E GRAVAÇÕES EM ÁUDIO E VÍDEO
Não são permitidas durante os concertos.
APLAUSOS
Aplauda apenas no final das obras. Veja no programa o número de movimentos de cada uma e fique de olho na atitude e gestos do regente.
CONVERSA
A experiência do concerto inclui o encontro com outras pessoas. Aproveite essa troca antes da apresentação e no seu intervalo, mas nunca converse ou faça comentários durante a execução das obras. Lembre-se de que o silêncio é o espaço da música.
CRIANÇAS
Caso esteja acompanhado por criança, escolha assentos próximos aos corredores. Assim, você consegue sair rapidamente se ela se sentir desconfortável.
COMIDAS E BEBIDAS
Seu consumo não é permitido no interior da sala de concertos.
TOSSE
Perturba a concentração dos músicos e da plateia. Tente controlá-la com a ajuda de um lenço ou pastilha.
0 PROGRAMA DE CONCERTOS
O Fortissimo é uma publicação indexada aos sistemas nacionais e internacionais de catalogação. Elaborado com a participação de especialistas, ele oferece uma
oportunidade a mais para se conhecer música. Desfrute da leitura e estudo. Mas, caso não precise dele após o concerto, por favor, devolva-o nas caixas receptoras para que possamos reaproveitá-lo. O Fortissimo também está disponível no formato digital em nosso site
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CONCERTOS
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concertos/agenda-de-concertos. 1º / out, 18h
Mozart — Música incidental
6 e 7 / out, 20h30
Bernstein, Brahms, Revueltas
16 / out, 11h
Formas livres — Adams, Rimsky-Korsakov, Liszt, Ravel, Rossini, Bizet
20 e 21 / out, 20h30
Turina, Albéniz, Schubert
24 e 25 / out
Rimsky-Korsakov, Liszt, Rossini, Bizet
29 / out, 18h Mozart — Na corte FORA DE SÉRIE FORA DE SÉRIE DIDÁTICOS PRESTO VELOCE
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