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MENSURAÇÃO DO CUSTO FINANCEIRO DA ESTOCAGEM DE AVIAMENTOS: ESTUDO DE CASO EM PEQUENA FÁBRICA DE CONFECÇÕES

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1 MENSURAÇÃO DO CUSTO FINANCEIRO DA ESTOCAGEM DE AVIAMENTOS:

ESTUDO DE CASO EM PEQUENA FÁBRICA DE CONFECÇÕES Débora Gomes

Administradora/UNISUL

E-mail: debora_de2@hotmail.com

Nelize Aparecida de Souza

Administradora/UNISUL

E-mail: nelize_aparecidaa@hotmail.com

Evanilde Gollo Cordazzo

Contadora, Mestranda no PPGCCA/UNOCHAPECÓ E-mail: evanilde@unochapeco.edu.br

Rodney Wernke

Doutor em Engenharia de Produção/UFSC, Professor no Curso de Administração/UNISUL E-mail: rodney.wernke@unisul.br

RESUMO

O artigo teve como objetivo mensurar os custos financeiros de possíveis inadequações nos níveis de estocagem em uma pequena fábrica de confecções. Para essa finalidade foi utilizada metodologia do tipo descritiva, com abordagem qualitativa e o formato de estudo de caso. Foram selecionadas as 14 matérias-primas mais relevantes, segundo o administrador da empresa, para as quais foram obtidos os dados imprescindíveis ao cálculo (quantidade física estocada e consumida por mês, bem como o custo unitário de compra). Além disso, foi considerado o número médio de dias úteis trabalhados por mês e a taxa de juros a ser considerada como “custo de oportunidade”. Quanto aos resultados obtidos através do estudo, convém salientar que foi possível determinar que havia produtos com prazos médios de estocagem muito extensos e bem superiores aos prazos de reposição dos fornecedores; que o custo financeiro da estocagem representou 3,41% do total estocado e que o valor do estoque excedente equivalia a 46,17% do valor total armazenado. Além disso, constatou-se que o grupo de aviamentos que merece maior atenção dos gestores é o “Linha Algodão”, visto que este participa com 38,48% do custo financeiro de estocagem mensurado e 40,23% do estoque excedente total da empresa. Esse resultado diverge da prioridade que seria dada pela análise com base na Curva ABC, que levaria em conta o valor total armazenado e priorizaria o grupo “Linha Poliéster”.

Palavras-chave: Estoque. Gestão financeira. Estudo de Caso. Área temática: Contabilidade para usuários internos.

1 INTRODUÇÃO

As inversões de recursos em estoques podem ser bastante representativas em termos do ativo total das empresas. Nesse sentido, Assaf Neto e Lima (2009) citam que os valores

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aplicados em estoques podem ter participação significativa, chegando a representar uma média de 9%dos valores dos ativos das companhias brasileiras de capital aberto. Em razão dessa importância econômica, é salutar que os administradores tenham a gestão de estoques como uma de suas prioridades. Sobre isso, Wecinski (2017) defende que a gestão dos itens armazenados pode proporcionar benefícios relacionados a informações como o prazo médio de estocagem, o custo financeiro da manutenção dos estoques, o nível do estoque excedente etc.

Entre as ferramentas que podem auxiliar os gerentes a administrar melhor os níveis mantidos em estoques estão a Curva ABC (SLACK et al., 2009), o Lote Econômico (PINTO; RIBEIRO, 2016) e a mensuração do custo financeiros da estocagem (Wernke 2014). No caso desta pesquisa, optou-se por esta última abordagem porque considerou-se que esta proporciona informações financeiras mais relevantes para o contexto da empresa pesquisada.

Portanto, neste estudo se pretendeu responder a seguinte questão: como avaliar os efeitos financeiros dos níveis de estoques de insumos mantidos por uma fábrica de confecções? Para tal finalidade foi estabelecido o objetivo mensurar os impactos financeiros de possíveis inadequações dos níveis de estocagem da indústria pesquisada.

2 REVISÃO DA LITERATURA

Para Wernke (2010), na maioria das empresas o valor aplicado no estoque de mercadorias é um dos mais relevantes em termos dos ativos totais da companhia. E, por demandarem grande parte do capital de giro do empreendimento, os gestores devem avaliar com atenção a pertinência do montante destinado a esses bens.

Ballou (2006) assevera que o controle de estoques é parte vital do composto logístico, pois estes podem absorver de 25 a 40% dos custos totais, representando uma porção substancial do capital da empresa. Destarte, é importante a correta compreensão do seu papel na logística e de como devem ser gerenciados. Também salienta que os estoques servem para uma série de finalidades, pois melhoram o nível de serviço, incentivam economias na produção, permitem economias de escala nas compras e no transporte, agem como proteção contra aumentos de preços, protegem a empresa de incertezas na demanda e no tempo de ressuprimento e servem como segurança contra contingências.

Nessa direção, um dos objetivos da gestão de estoques é identificar a quantidade de consumo de certo produto por um determinado período de tempo, pois “a manutenção da competitividade depende diretamente de como os materiais são geridos, os quais devem possuir níveis compatíveis com suas demandas” (COSTA, 2002, p. 17).

Iudícibus et al. (2010) citam que os estoques estão intimamente ligados às principais áreas de operação das companhias e envolvem problemas de administração, controle, contabilização e avaliação. No caso de companhias industriais e comerciais, os estoques representam um dos ativos mais importantes do capital circulante e da posição financeira, de forma que sua correta determinação no início e no fim do período contábil é essencial para uma apuração adequada do lucro líquido do exercício. Referidos autores aduzem que os estoques são bens tangíveis ou intangíveis adquiridos ou produzidos pela empresa com o objetivo de venda ou utilização própria no curso normal de suas atividades.

Para Silva et al. (2010) as empresas que adotam estratégias administrativas que maximizem a gestão de seus estoques controlam com maior efetividade os custos de compras e de armazenagem. Com isso, podem adquirir apenas a quantidade necessária às suas operações de vendas, reduzindo custos de estocagem e minimizando custos relativos a perdas em

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decorrência de fatores diversos (como prazo de validade, deterioração de produtos devido ao armazenamento inadequado ou ainda em decorrência da entrada no mercado de produtos com melhor aceitação).

Por outro lado, a gestão eficaz de estoques alavanca a competitividade na produção de bens e serviços, podendo trazer melhorias de processos, minimização de desperdícios e auxiliar na tomada de decisão acerca da manutenção ou expansão do negócio, otimizando resultados. Essa gestão passa pela fabricação, movimentação, armazenagem e distribuição destes bens e abrange toda a logística das organizações (GOMES DE SÁ; SOUZA; COSTA, 2017).

Os estoques são itens (mercadorias) que a organização mantém para vender ou insumos, matérias-primas ou componentes destinados à fabricação de um produto no processo de produção interno ou externo, podendo variar a quantidade conforme o tipo de produto ou seu modelo (ALVAREZ; QUEIROZ, 2003). A função do controle de estoques “é definida como um fluxo de informações que permite comparar o resultado real de determinada atividade com seu resultado planejado” (FRANCISCHINI; GURGEL, 2013, p. 147).

Borinelli e Pimentel (2010) citam que a palavra estoque abrange as contas referentes às mercadorias destinadas à venda ou materiais destinados à produção, consumo ou venda. Os estoques devem ser registrados pelo menor valor entre o custo de aquisição ou fabricação e o valor de realização (preço de venda estimado), ou seja, as empresas devem ajustar o valor de estoque ao preço de mercado quando esses forem inferiores ao valor de custo.

Gonçalves (2010) defende que a administração de estoques tem por objetivo encontrar um equilíbrio entre os diversos pontos de vista das gerências quanto à manutenção do suprimento regular dos materiais e aos níveis de estoques. Examinando os estoques na ponta de consumo, sua existência será justificada pela demanda do produto, ou seja, para não perder vendas ou clientes. Do lado da produção, é necessária a existência de estoques de insumos, de matérias-primas e de componentes destinados à fabricação de um produto, sendo justificável a existência de um estoque (por menor que seja) para suprir situações imprevisíveis.

Existem muitos motivos para o uso de estoques dentro de uma organização, sendo que Fenili (2015) elenca os seguintes:

a) Estoques podem proteger as organizações de eventuais oscilações de mercado: uma vez adquirida, a mercadoria torna-se independente de flutuações do mercado;

b) Estoques podem ser uma oportunidade de investimento: isso ocorre quando, em determinado período, a taxa de aumento do valor financeiro do estoque for maior do que a taxa de aplicação em outros ativos que podem ser obtidos no mercado;

c) Estoques podem proteger de atrasos: os atrasos podem ser originários de diversas fontes, desde um problema no transporte das mercadorias, uma negociação mais prolongada com fornecedores ou mesmo uma influência do clima.

d) Grandes estoques podem implicar economia de escala: a aquisição de itens de material em maiores quantidades usualmente implica a prática de preços unitários menos significativos, se comparado com compras de menores vultos.

2.1 Ferramentas para gestão de estoques

Os conceitos e modelos de gestão de estoque não se limitam apenas a melhorar as operações comerciais no setor da indústria transformadora. Eles também podem ser desenvolvidos e aplicados na indústria de serviços, concentrando-se na cadeia de fornecimento baseada em serviços (GOPALAKRISHNAN, 2015).

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Contudo, a manutenção e a gestão de estoques requerem espaço físico adequado, mão de obra para manuseio e gerenciamento, bem como máquinas, equipamentos e softwares específicos que podem representar dispêndio de valores expressivos. Em virtude disso, algumas ferramentas foram criadas para oferecer auxílio aos gestores e possibilitar que as entidades se organizem e trabalhem melhor seus estoques de suprimentos (CHIAVENATO, 2005).

Para serem gerenciados adequadamente os estoques devem ser monitorados por controles internos instituídos pela administração companhia. A respeito disso, Lunkes (2010) salienta a importância de se manter controles internos adequados para prevenir atividades fraudulentas e, principalmente, para promover operações efetivas e mais eficientes.

Quanto aos controles internos específicos para a área de estoques, Soares (1999) afirma que o inventário é o procedimento administrativo mais utilizado pelas empresas. Através da apuração dos saldos físicos de estoques, periodicamente são confrontadas ou conciliadas posições indicadas nos registros da contabilidade e de controle de material com os estoques efetivamente existentes em determinada data.

Entre os procedimentos ou técnicas utilizados para gerenciar estoques estão a “Curva ABC”, o “Lote Econômico”, o giro do estoque e a mensuração do custo financeiro da estocagem.

A Curva ABC é baseada nas teorias econômicas do italiano Vilfredo Paretto e consiste num método de classificação de informações a fim de se separar os itens de maior importância ou impacto, os quais são normalmente em menor número. A partir disso, os mesmos são tratados com prioridade por apresentarem maior demanda valorizada (TUBINO, 2000). De acordo com Dias (1995), a Curva ABC é um importante instrumento para o administrador porque permite identificar aqueles itens que justificam atenção e tratamento adequados quanto à sua administração.

Carvalho (2002) menciona que a Curva ABC é um método de classificação de informações para que sejam segregados os produtos de maior importância ou impacto, os quais normalmente são em menor número. Mesmo que possam variar de negócio para negócio, visto que são apenas um parâmetro de referência, essa separação leva em conta as seguintes categorias:

1) Classe A: de maior importância, valor ou quantidade, correspondendo a 20% do total (podem ser itens do estoque com uma demanda de 65% num dado período);

2) Classe B: com importância, quantidade ou valor intermediário, correspondendo a 30% do total (podem ser itens do estoque com uma demanda de 25% num dado período); 3) Classe C: de menor importância, valor ou quantidade, correspondendo a 50% do total

(podem ser itens do estoque com uma demanda de 10% num dado período).

Na avaliação dos resultados da Curva ABC, percebe-se o giro dos itens no estoque, o nível da lucratividade e o grau de representação no faturamento da organização. Portanto, os recursos financeiros investidos na aquisição do estoque poderão ser definidos pela análise e aplicação correta dos dados fornecidos com a curva ABC (PINTO, 2002). Nesse rumo, a classificação ABC pode ser considerada um método de diferenciação dos estoques segundo sua maior ou menor abrangência em relação a determinado fator e consiste em separar os itens por classes de acordo com sua importância relativa (TUBINO, 2000).

Por outro prisma, uma das ferramentas utilizadas na gestão da estocagem é a mensuração do giro de estoques, que Martins e Laugeni (2005) descrevem como a principal

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possibilidade de calcular quantas vezes, em determinado período, o estoque se renovou. Quanto maior for o giro de estoque, maior tenderá a ser o volume de vendas e a margem de lucratividade. A partir desse raciocínio, é benéfico para a organização renovar seu estoque em períodos cada vez menores. Para se medir o giro de estoque, quando se tem um controle físico das mercadorias, pode ser aplicada a fórmula: GE = [ (Estoque inicial + Compras – Estoque final) / Estoque médio ], conforme os autores mencionados. Além disso, a manutenção de inventário físico devidamente mensurado é importante não somente para a área contábil/fiscal da organização, mas também para os sistemas computadorizados da manufatura, que somente apresentarão cálculos corretos da quantidade necessária de materiais se os níveis de estoques estiverem corretamente registrados.

Acompanhar a relação entre giro de estoque e produto é importante porque um número alto para este item representa que o produto é importante e que o capital não está “empatado”. Um aumento no giro de estoque com o tempo representa o acréscimo de importância do item para o sistema de gestão e este poderá mudar de classe. Porém, o contrário também é verdadeiro (BRITO, 2010).

Outra ferramenta também bastante utilizada na área de estoques é o Lote Econômico (LEC), que para Assaf Neto (2005, p. 555) “é a quantidade ideal de material a ser adquirida em cada operação de reposição de estoque, onde o custo total de aquisição, bem como os respectivos custos de estocagem é mínimo para o período considerado”. Nos modelos de Lote Econômico uma ordem é disparada sempre que o nível de estoque chega ao Ponto de Ressuprimento. É necessário acompanhar continuamente as quantidades em estoque e, portanto, este modelo exige mais recursos e esforços para sua gestão. Por essa razão são mais indicados para aqueles itens mais caros ou com alto custo de falta (CORRÊA; DIAS, 1998).

Para a construção do LEC é necessário o conhecimento dos produtos que estão com os maiores custos totais e isto pode ser disponibilizado pela curva ABC (PINTO; RIBEIRO, 2016). Corrêa, Gianesi e Caon (2001) argumentam que essa técnica preceitua o estabelecimento de um valor de compra de mercadorias que seja mais vantajoso para a empresa compradora, levando em consideração volume, prazo, custo, despesas de transporte, despesas de armazenagem, despesas de manutenção de estoque etc. Após a análise dos custos de armazenagem e pedido pode-se definir a quantidade mais econômica de compra para um determinado serviço, mercadoria ou matéria-prima.

Para apurá-lo, leva-se em conta apenas o aspecto quantitativo, observado pelos custos decorrentes dos estoques. Tenta-se, a partir dessa abordagem, encontrar o melhor equilíbrio entre as vantagens de manter estoque, tendo como base o comportamento de alguns custos sobre os estoques (SLACK et al., 2009; HARRIS, 1990). Enquanto alguns custos aumentam com o estoque médio, outros diminuem com o volume médio de estoque e outros não sofrem variação em função desse volume, o que leva a crer que exista um ponto tal que iguale esses dois primeiros custos, indicando a quantidade ótima a ser pedida.

2.2 Gestão financeira de estoques

O administrador de materiais precisa estar atento aos custos gerados pelos estoques que ele gerencia, pois em alguns casos a empresa pode ser ameaçada pelos custos que ficam maiores que os dos concorrentes. Quando isto acontece, o administrador deve usar todos os recursos necessários para a redução dos mesmos (FRANCISCHINI; GURGEL, 2013).

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A necessidade de ter uma certa quantidade de estoque disponível na organização pode acarretar alguns custos, que Martins e Alt (2002) classificam em três categorias:

1) Custos diretamente proporcionais: são aqueles que aumentam proporcionalmente com o aumento do estoque;

2) Custos inversamente proporcionais: são os custos que diminuem com o aumento dos estoques, ou seja, quanto menor o estoque maior é o custo;

3) Custos independentes: são os custos fixos, aqueles custos que não dependem da quantidade de estoque que a empresa possui.

Assef (1999) defende que a política de estocagem deve começar pela definição de um indicador para o monitoramento dos dias médios de estoque de cada insumo/produto. Os dias médios de estoque podem ser calculados através da equação: Dias de estoque = [ (Estoque médio em unidades/Venda média mensal em unidades) x 30 dias ]. Ao conhecer e monitorar o indicador de prazo de estocagem dos insumos, o gestor da área pode analisar a conveniência do nível de estoque atual considerando as diversas variáveis envolvidas no processo de aquisição e armazenamento de materiais.

Para realizar a gestão financeira do estoque pode ser utilizada a metodologia recomendada por Wernke (2014), onde os passos a observar são os seguintes:

a) Coletar os dados necessários: quantidade física estocada ao final do período, quantidade vendida/consumida no período, custo de compra unitário (em R$) e taxa de juros a ser considerada como custo de oportunidade do capital aplicado em estoques (que pode ser a taxa de captação que a organização paga para obter recursos junto a terceiros ou, se a organização for uma aplicadora de recursos, a taxa da remuneração que seria obtida numa aplicação financeira de baixo risco para valor semelhante àquele estocado). b) Calcular os valores estocados: apurar os valores monetários referentes ao valor total

armazenado (quantidade física multiplicada pelo custo unitário de compra) e ao valor do estoque excedente (quantidade estocada menos o consumo físico do período, multiplicado pelo custo unitário de compra);

c) Apurar o custo financeiro do estoque total: inicialmente calcula-se o valor (em R$) estocado ao final do prazo de estocagem (em dias) de cada produto armazenado, por meio da equação do Valor Futuro (VF). Para essa finalidade é utilizada uma taxa de juros ao mês como “custo de oportunidade” do capital empregado em estoques. Em seguida, desse valor futuro se desconta o valor estocado para determinar o “custo financeiro do estoque”.

d) Cálculo do custo financeiro do estoque excedente: os mesmos procedimentos do passo anterior, mas com base nos valores do estoque considerado excedente.

Então, a partir dos valores apurados podem ser confeccionados relatórios que propiciam condições de otimizar o gerenciamento do estoque de insumos ou de mercadorias, de vez que facultam identificar aspectos importantes, do ponto de vista financeiro, para a adequada gestão do almoxarifado. Além disso, os citados relatórios são adaptáveis ao contexto de qualquer tipo (ou porte) de organização e são de fácil compreensão (WERNKE, 2014).

3 METODOLOGIA

É possível caracterizar este estudo pelos ângulos dos objetivos, da abordagem e dos procedimentos empregados. Quanto aos seus objetivos é classificável como descritiva, pois

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envolve descrição, registro, análise e interpretação do fenômeno e, em sua maioria, se utiliza da comparação e contraste (SALOMON, 1999). Conforme Gil (2008), esse tipo de estudo possui como foco a descrição das características de uma população, de um fenômeno ou de uma experiência.

A respeito da forma de abordagem do problema pode ser considerada como qualitativa, pois neste contexto se concebem análises mais profundas em relação ao fenômeno que está sendo estudado visando destacar características que não são passíveis de se observar através de um estudo quantitativo (RAUPP; BEUREN, 2010).

Acerca dos procedimentos adotados classifica-se como estudo de caso, pois essa modalidade de pesquisa faz uma análise profunda e exaustiva, de um ou de poucos objetos, de modo a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado em desenhos caracterizados pela flexibilidade, simplicidade de procedimentos e ênfase na abordagem qualitativa integral dos eventos (RAUEN, 2015). No caso em tela, a escolha da empresa em consideração a facilidade de acesso aos dados proporcionada pelo gestor da firma pesquisada. Portanto, trata-se de um estudo de caso onde as conclusões circunscrevem-se a essa realidade empresarial, sem permitir extrapolações para outros contextos.

No que tange à coleta de dados, nos estudos de caso é possível a combinação de métodos como entrevistas, busca de documentos em arquivos, questionários, relatórios verbais e observações, sendo que as evidências podem ser qualitativas e quantitativas (MARQUES; CAMACHO; ALCANTARA, 2015). A respeito disso, Yin (2010) sugeriu diversas fontes para a coleta de dados em estudos de caso, citando exemplos como documentos e registros, entrevistas, observação direta e participante, evidências físicas etc.

No âmbito deste estudo a coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas com os funcionários envolvidos na compra e armazenamento dos insumos abrangidos, além de exame documental dos controles internos mantidos pela empresa acerca da movimentação de estoques. Como havia mais de 300 itens listados em estoque no setor de aviamentos da indústria em lume, a escolha dos produtos a serem abrangidos nesta pesquisa deveu-se à indicação do gestor da empresa, que informou aqueles que seriam mais relevantes nos quatro grupos de insumos armazenados. Com isso, chegou-se ao número de 14 matérias-primas para as quais foram obtidos os dados respectivos para os cálculos necessários à metodologia escolhida para fundamentar este estudo.

Convém salientar, ainda, que não se tratou de consultoria empresarial, visto que essa pesquisa fundamentou trabalho de conclusão de curso de um dos coautores. Portanto, a abrangência da totalidade dos itens armazenados, além de demandar tempo adicional, complicaria a elaboração do relato acerca do estudo de caso, dada a limitação de espaço no texto para este evento.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Nesta seção são evidenciados os principais aspectos do estudo de caso realizado, detalhando-se os passos percorridos para obter os resultados que são comentados posteriormente.

4.1 Coleta de dados

Quanto ao procedimento de levantar os dados para aplicar a metodologia de gestão de estoques escolhida, à época do estudo os controles internos do setor de aviamentos eram

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informatizados, o que possibilitou importar os três dados necessários para aplicar a metodologia, ou seja:

a) Saldo atual em unidades físicas de cada material (utilizou-se como base o saldo de estoque no dia 30/04/2017);

b) Consumo médio mensal em unidades físicas dos produtos abrangidos, onde utilizou-se a média de consumo registrado nos meses de janeiro a março de 2017.

c) Valor monetário (R$) do custo de compra unitário de cada aviamento armazenado. Nesse sentido, na Tabela 1 são apresentados os dados coletados para os 14 principais produtos do estoque mantido pela indústria pesquisada.

Tabela 1 - Dados coligidos

Grupo

Descrição da Unidade Estoque Atual Quantidade Custo unit. de

matéria-prima do item (metros) Consumida/mês Compra (R$)

Poliester L.POLIESTER 25 2500M FILLOTEX metros 294.452,77 208.047,23 0,003452 Poliester L.POLIESTER 36 5000M FILLOTEX metros 357.133,77 187.866,23 0,002154 Poliester L.POLIESTER 50 5000M FILLOTEX metros 310.199,25 259.800,75 0,001612 Algodão L.100% ALGODÃO 20 2500M FILLOTEX metros 157.681,40 29.818,60 0,003964 Algodão L.100% ALGODÃO 30 5000M FILLOTEX metros 70.112,75 29.887,25 0,002924 Algodão L.100% ALGODÃO 50 5000M FILLOTEX metros 334.897,22 165.102,78 0,002036 L.50 L.50 1002 5000M SANT BRASIL metros 295.446,62 254.553,38 0,001380 L.50 L.50 PRETA 5000M SAINT BRASIL metros 141.629,98 58.370,02 0,001260 L.50 L.50 BRANCA 5000M SAINT BRASIL metros 139.339,24 60.660,76 0,001260 L.50 L.50 1001 5000M SAINT BRASIL metros 316.814,15 43.185,85 0,000283 Text. F.TEXT 500G BRANCA SAINT BRASIL metros 231.067,90 38.932,10 0,000307 Text. F.TEXT 500G PRETO SAINT BRASIL metros 449.907,40 180.092,60 0,000350 Text. F.TEXT 500G 1002 SAINT BRASIL metros 542.297,20 57.702,80 0,000350 Text. F.TEXT 500G 1001 SAINT BRASIL metros 113.120,00 86.880,00 0,001380 Fonte: Elaborada pelos autores.

Ainda, para realizar o estudo pretendido foi necessário também obter informações com os gestores da empresa relacionadas com:

1) Número de dias de expediente mensal: em média, a instituição trabalhava 21 dias por mês, conforme mencionado pelo gerente entrevistado;

2) Taxa de juros a considerar como “custo de oportunidade”: a taxa de juros informada foi de 1,86% ao mês, em razão de ser a taxa de captação média que a empresa costumava pagar para obter recursos junto a terceiros (juros bancários).

Então, a partir da base de dados e informações disponíveis, passou-se à mensuração dos indicadores relacionados com a gestão financeira dos estoques, conforme deslindado nas próximas seções.

4.2 Prazo médio de estoques

Inicialmente foram apurados os prazos médios de estocagem dos itens armazenados, conforme descrito na Tabela 2.

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9 Tabela 2 - Prazo Médio de Estocagem (em dias)

Descrição da

Estoque Atual Quantidade Dia Médio de (metros) Consumida/mês Estocagem

matéria-prima (A) (B) C = (A/B) x Dias úteis

L.POLIESTER 25 2500M FILLOTEX 294.452,77 208.047,23 29,72 L.POLIESTER 36 5000M FILLOTEX 357.133,77 187.866,23 39,92 L.POLIESTER 50 5000M FILLOTEX 310.199,25 259.800,75 25,07 L.100% ALGODÃO 20 2500M FILLOTEX 157.681,40 29.818,60 111,05 L.100% ALGODÃO 30 5000M FILLOTEX 70.112,75 29.887,25 49,26 L.100% ALGODÃO 50 5000M FILLOTEX 334.897,22 165.102,78 42,60 L.50 1002 5000M SANT BRASIL 295.446,62 254.553,38 24,37

L.50 PRETA 5000M SAINT BRASIL 141.629,98 58.370,02 50,95

L.50 BRANCA 5000M SAINT BRASIL 139.339,24 60.660,76 48,24

L.50 1001 5000M SAINT BRASIL 316.814,15 43.185,85 154,06

F.TEXT 500G BRANCA SAINT BRASIL 231.067,90 38.932,10 124,64

F.TEXT 500G PRETO SAINT BRASIL 449.907,40 180.092,60 52,46

F.TEXT 500G 1002 SAINT BRASIL 542.297,20 57.702,80 197,36

F.TEXT 500G 1001 SAINT BRASIL 113.120,00 86.880,00 27,34

Fonte: Elaborada pelos autores.

Para determinar o prazo médio de estocagem foi dividido o estoque atual em unidades físicas de cada insumo (coluna “A”) pela respectiva quantidade média consumida nos últimos meses precedentes ao mês utilizado como base (Abril/2017), conforme expresso na coluna “B”. Em seguida, multiplicou-se o resultado da divisão pelo número de dias úteis do mês (21 dias, no caso da fábrica pesquisada). O resultado dessa equação forneceu o prazo médio de estocagem (PME), em dias, dos itens abrangidos como consta da coluna “C” da Tabela 2.

O conhecimento do “Prazo Médio de Estocagem” (PME) de cada item armazenado possibilita ao gestor uma comparação deste com o prazo de entrega dos fornecedores. No caso do produto “F.TEXT 500G 1002 SAINT BRASIL” (penúltimo produto listado na Tabela 2), a empresa mantinha nível de estoque equivalente a 197,36 dias de consumo. Esse prazo é considerado inadequado porque, segundo o gestor do almoxarifado, o fornecedor entrega esse item no prazo máximo de 15 dias depois de efetuado o pedido. Portanto, não haveria necessidade de manter grande volume físico desse produto, o que implica prazo médio de estocagem tão elevado. Desse modo, poderiam ser mantidas em estoque apenas algumas peças em número pouco superior ao consumo mensal como “estoque de segurança”.

4.3 Custo financeiro do total armazenado

Depois de conhecidos os prazos médios, a avaliação dos estoques pode ser aprimorada com a identificação do “custo financeiro” que a empresa suporta com os períodos de estocagem excessivos, como demonstrado nos passos delineados a seguir.

Com esse propósito, inicialmente é necessário determinar o valor total (em R$) mantido em estoque pela organização em tela, conforme descrito na Tabela 3.

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10 Tabela 3 - Valor Total Estocado

Descrição da

Estoque Atual Custo unit. de Valor Total (metros) Compra (R$) Estocado (R$)

matéria-prima (A) (D) E = A x D L.POLIESTER 25 2500M FILLOTEX 294.452,77 0,003452 1.016,45 L.POLIESTER 36 5000M FILLOTEX 357.133,77 0,002154 769,27 L.POLIESTER 50 5000M FILLOTEX 310.199,25 0,001612 500,04 L.100% ALGODÃO 20 2500M FILLOTEX 157.681,40 0,003964 625,05 L.100% ALGODÃO 30 5000M FILLOTEX 70.112,75 0,002924 205,01 L.100% ALGODÃO 50 5000M FILLOTEX 334.897,22 0,002036 681,85 L.50 1002 5000M SANT BRASIL 295.446,62 0,001380 407,72

L.50 PRETA 5000M SAINT BRASIL 141.629,98 0,001260 178,45

L.50 BRANCA 5000M SAINT BRASIL 139.339,24 0,001260 175,57

L.50 1001 5000M SAINT BRASIL 316.814,15 0,000283 89,76

F.TEXT 500G BRANCA SAINT BRASIL 231.067,90 0,000307 70,86

F.TEXT 500G PRETO SAINT BRASIL 449.907,40 0,000350 157,47

F.TEXT 500G 1002 SAINT BRASIL 542.297,20 0,000350 189,80

F.TEXT 500G 1001 SAINT BRASIL 113.120,00 0,001380 156,11

Totais 3.754.099,65 - 5.223,41

Fonte: Elaborada pelos autores.

Considerando-se apenas os 14 itens escolhidos para efetuar o estudo, o valor total que a empresa possuía em estoque desses produtos era de R$ 5.223,41. Para chegar a esse montante bastou multiplicar a quantidade armazenada pelo respectivo custo de compra unitário (em R$). A partir dos dados disponíveis foi possível apurar o custo financeiro do estoque mantido pela indústria pesquisada, conforme exemplificado na Tabela 4.

Tabela 4 - Custo Financeiro do Estoque

Taxa de juros considerada como custo de oportunidade: 1,86% ao mês

Descrição da

Valor Total Dia Médio de Estoque a Custo Estocado (R$) Estocagem Valor Futuro (R$) Financ. do matéria-prima E = A x D C = (A/B) x Dias úteis VF = VP(1+i)^n Estoque (R$)

L.POLIESTER 25 2500M FILLOTEX 1.016,45 29,72 1.035,18 18,73 L.POLIESTER 36 5000M FILLOTEX 769,27 39,92 788,36 19,10 L.POLIESTER 50 5000M FILLOTEX 500,04 25,07 507,80 7,76 L.100% ALGODÃO 20 2500M FILLOTEX 625,05 111,05 669,18 44,13 L.100% ALGODÃO 30 5000M FILLOTEX 205,01 49,26 211,31 6,30 L.100% ALGODÃO 50 5000M FILLOTEX 681,85 42,60 699,93 18,08 L.50 1002 5000M SANT BRASIL 407,72 24,37 413,87 6,15

L.50 PRETA 5000M SAINT BRASIL 178,45 50,95 184,13 5,67

L.50 BRANCA 5000M SAINT BRASIL 175,57 48,24 180,85 5,28

L.50 1001 5000M SAINT BRASIL 89,76 154,06 98,67 8,91

(11)

11

F.TEXT 500G PRETO SAINT BRASIL 157,47 52,46 162,63 5,16

F.TEXT 500G 1002 SAINT BRASIL 189,80 197,36 214,27 24,46

F.TEXT 500G 1001 SAINT BRASIL 156,11 27,34 158,75 2,64

Totais 5.223,41 - 5.401,42 178,01

Fonte: Elaborada pelos autores.

Para encontrar o custo financeiro dos itens estocados (em R$) foi utilizada a equação do Valor Futuro (VF). Nesse caso foi necessário considerar: (i) o valor monetário dos estoques de aviamentos armazenados, (ii) o prazo de estocagem (em dias) e (iii) a taxa de juros de 1,86% ao mês como “custo de oportunidade”. Com isso, encontrou-se o “Valor Futuro” de cada item estocado (na penúltima coluna da Tabela 4) e, em seguida, o “Custo Financeiro do Estoque” (na última coluna da Tabela 4) pela dedução dos valores estocados (segunda coluna da Tabela 4) do “valor futuro dos estoques”.

Por exemplo: no caso do produto “L. POLIESTER 25 2500M FILLOTEX” havia estoque de R$ 1.016,45, cujo prazo de permanência em estoque apurado foi de 29,72 dias. Considerando o custo de captação de recursos de 1,86% ao mês, no fim do prazo de estocagem o valor futuro desse item deveria ser de R$ 1.035,18. Como essa “valorização” não ocorre, significa que a empresa teve “Custo Financeiro do Estoque” no valor de R$ 18,73 (R$ 1.035,18 - R$ 1.016,45). Ao aplicar o mesmo procedimento de cálculo nos demais produtos em estoque chegou-se ao valor total de R$ 178,01 como custo financeiro da estocagem da empresa pesquisada, o que representa 3,41% do total armazenado (R$ 178,01 / R$ 5.223,41) dessa gama de aviamentos.

4.4 Estoque excedente (unidades e valor monetário)

O estoque excedente refere-se ao volume estocado que é superior ao consumo previsto para determinado período (WERNKE, 2014). Assim, com o propósito de apurar o valor do estoque excedente foram utilizados os procedimentos descritos na sequência.

Primeiramente foi diminuído do volume de estoque atual (em unidades) de cada um dos produtos em questão a quantidade média consumida mensalmente, como exemplificada nas colunas “A”, “B” e “F” da Tabela 5.

Tabela 5 - Estoque Excedente (quantidade estocada superior ao consumo mensal)

Descrição da

Estoque Atual Consumo Estoque Custo unit. de Valor do Est. (metros) mensal (metros) Exced. (metros) Compra (R$) Excedente (R$)

matéria-prima (A) (B) (F = A-B) (D) (G = F x D)

L.POLIESTER 25 2500M FILLOTEX 294.452,77 208.047,23 86.405,54 0,003452 298,27 L.POLIESTER 36 5000M FILLOTEX 357.133,77 187.866,23 169.267,54 0,002154 364,60 L.POLIESTER 50 5000M FILLOTEX 310.199,25 259.800,75 50.398,50 0,001612 81,24 L.100% ALGODÃO 20 2500M FILLOTEX 157.681,40 29.818,60 127.862,80 0,003964 506,85 L.100% ALGODÃO 30 5000M FILLOTEX 70.112,75 29.887,25 40.225,50 0,002924 117,62 L.100% ALGODÃO 50 5000M FILLOTEX 334.897,22 165.102,78 169.794,44 0,002036 345,70 L.50 1002 5000M SANT BRASIL 295.446,62 254.553,38 40.893,24 0,001380 56,43 L.50 PRETA 5000M SAINT BRASIL 141.629,98 58.370,02 83.259,96 0,001260 104,91 L.50 BRANCA 5000M SAINT BRASIL 139.339,24 60.660,76 78.678,48 0,001260 99,13 L.50 1001 5000M SAINT BRASIL 316.814,15 43.185,85 273.628,30 0,000283 77,53 F.TEXT 500G BRANCA SAINT BRASIL 231.067,90 38.932,10 192.135,80 0,000307 58,92

(12)

12 F.TEXT 500G PRETO SAINT BRASIL 449.907,40 180.092,60 269.814,80 0,000350 94,44 F.TEXT 500G 1002 SAINT BRASIL 542.297,20 57.702,80 484.594,40 0,000350 169,61 F.TEXT 500G 1001 SAINT BRASIL 113.120,00 86.880,00 26.240,00 0,001380 36,21

Totais 3.754.099,65 1.660.900,35 2.093.199,30 - 2.411,46

Fonte: Elaborada pelos autores.

Em seguida foi multiplicada a quantidade excedente pelo respectivo custo de compra unitário (em R$) para determinar o valor monetário do estoque excedente (na coluna G da Tabela 5).

Ao analisar a Tabela 5 se constata que o produto que apresentou maior valor estocado excedente (em R$) foi o produto “L.100% ALGODÃO 20 2500M FILLOTEX”, visto que esse produto teve consumo médio mensal de 29.818,60 metros e seu estoque no período era de 157.681,40 metros. Com isso, o valor excedente desse material em estoque era de 127.862,80 metros e equivalia a R$ 506,85.

Ainda, do grupo de produtos avaliados a empresa mantinha no período estudado um total de 2.093.199,30 metros de estoque excedente, o que representa cerca de R$ 2.411,46 em estoque que excede ao consumo médio mensal. Esta constatação permite deduzir que a gerência da empresa deveria alterar sua política de estocagem, reduzindo os volumes armazenados e utilizando os recursos financeiros relacionados de forma mais adequada.

Após o levantamento do valor monetário dos estoques excedentes calculou-se também o valor do custo financeiro respectivo, como apresentado na Tabela 6.

Tabela 6 - Custo financeiro do estoque excedente

Descrição da

Valor do Est. Dia Médio de Estoque Exced. Custo Financ. Excedente (R$) Estocagem a Vlr. Futuro do Est. Exced. matéria-prima (G = F x D) C = (A/B) x Dias úteis VF = VP(1+i)^n (em R$)

L.POLIESTER 25 2500M FILLOTEX 298,27 29,72 303,77 5,50 L.POLIESTER 36 5000M FILLOTEX 364,60 39,92 373,65 9,05 L.POLIESTER 50 5000M FILLOTEX 81,24 25,07 82,50 1,26 L.100% ALGODÃO 20 2500M FILLOTEX 506,85 111,05 542,63 35,78 L.100% ALGODÃO 30 5000M FILLOTEX 117,62 49,26 121,23 3,61 L.100% ALGODÃO 50 5000M FILLOTEX 345,70 42,60 354,87 9,17 L.50 1002 5000M SANT BRASIL 56,43 24,37 57,28 0,85

L.50 PRETA 5000M SAINT BRASIL 104,91 50,95 108,24 3,34

L.50 BRANCA 5000M SAINT BRASIL 99,13 48,24 102,12 2,98

L.50 1001 5000M SAINT BRASIL 77,53 154,06 85,22 7,70

F.TEXT 500G BRANCA SAINT BRASIL 58,92 124,64 63,61 4,69

F.TEXT 500G PRETO SAINT BRASIL 94,44 52,46 97,53 3,09

F.TEXT 500G 1002 SAINT BRASIL 169,61 197,36 191,47 21,86

F.TEXT 500G 1001 SAINT BRASIL 36,21 27,34 36,82 0,61

Totais 2.411,46 - 2.520,96 109,49

Fonte: Elaborada pelos autores.

Com fulcro no evidenciado na Tabela 6 é possível concluir que a empresa arcava com custo financeiro dos estoques excedentes da ordem de R$ 109,49 nesse conjunto de aviamentos

(13)

13

abrangidos. Nesse sentido, com base no valor total estocado de R$ 5.223,41 (vide Tabela 3) pode-se considerar que o valor do custo financeiro do estoque excedente equivalia a 2,09% do total armazenado (R$ 109,49 / R$ 5.223,41 x 100).

4.5 Análise dos resultados

Na sequência da análise passou-se à avaliação do desempenho dos produtos armazenados consolidados por grupos, como apresentado em detalhes na Tabela 7.

Tabela 7 - Resumo por grupos de produtos

Grupos

Estoque total Custo Financeiro do Estoque Estoque Excedente (% do total) (em R$) (% do total) (em R$) (% do total)

Linha Poliéster 43,76% 45,59 25,61% 744,12 30,86%

Linha Algodão 28,94% 68,50 38,48% 970,17 40,23%

Linha 50 16,30% 26,02 14,61% 338,00 14,02%

Fio Têxtil 10,99% 37,91 21,29% 359,18 14,89%

Totais 100,00% 178,01 100,00% 2.411,46 100,00%

Fonte: elaborada pelos autores

A realidade expressa acima permite analisar o comportamento dos grupos de aviamentos por três ângulos: estoque total, custo financeiro do estoque e estoque excedente.

No caso da participação dos grupos de insumos no estoque total, o de maior participação foi o grupo “Linha Poliéster” com 43,76%. Na segunda posição foi o grupo “Linha Algodão” (28,94%), sendo seguido pelo grupo “Linha 50” (16,30%) e pelo grupo “Fio Têxtil” (10,99%). Em relação ao custo financeiro do estoque, o grupo que se destaca por maior participação é a “Linha Algodão”, com R$ 68,50 (o que é equivalente a 38,48% do custo financeiro total). O segundo lugar ficou com o grupo “Linha Poliéster”, com 25,61% do percentual total (R$ 45,59); o grupo “Fio Têxtil” participou com 21,29% do total (R$ 37,91) e o último lugar ficou com o grupo “Linha 50”, que respondeu por 14,61% ou R$ 26,02.

No que tange ao estoque excedente, a ordem de importância assemelha-se ao custo financeiro de estoque comentado no parágrafo anterior. Ou seja, a maior participação no montante excedente de estoque é do grupo “Linha Algodão”, com 40,23%, enquanto que o último lugar ficou com o grupo “Linha 50” (com participação de 14,02% do total de estoque excedente).

A respeito do contexto descrito se pode concluir que há divergências na prioridade a ser dada na gestão dos grupos se considerados os três critérios mencionados. Portanto, convém salientar que pelo critério mais usual (valor estocado), o grupo “Linha Poliéster” teria a prioridade, pois representa 43,8% dos recursos aplicados em estoques. Contudo, o grupo “Linha Algodão” se destaca quando avaliados os conjuntos de insumos tanto no critério de “custo financeiro do estoque” (com 38,5% do total) e no critério de “estoque excedente” (com 40,2% do total). Em razão disso, a gerência da fábrica pesquisada deveria centrar suas atenções inicialmente nos itens da “Linha Algodão”, visto serem estes os mais problemáticos nesses dois parâmetros de avaliação da pertinência dos volumes mantidos em estoque.

Contudo, é cabível considerar que os desempenhos inadequados identificados no âmbito dos estoques da empresa em estudo, especialmente quanto aos custos financeiros apurados, se devem principalmente pelo fato de não existir um controle específico para evidenciar essa informação no software de gestão utilizado na entidade. Destarte, a não existência de relatórios

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de desempenhos apropriados para fazer tal mensuração dificulta a ação dos gestores porque estes ficam impossibilitados de visualizar tal realidade. Em razão disso, recomendou-se que as tabelas expostas nesse artigo fossem aproveitadas como modelos para elaboração de relatórios periódicos no sistema de controle interno da fábrica de confecções pesquisada.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo visou responder questão de estudo relacionada aos efeitos financeiros dos níveis de estoques de aviamentos em uma fábrica de confecções. Sendo assim, o objetivo geral foi mensurar os impactos financeiros de possíveis inadequações dos níveis de estocagem da mesma. Nessa direção, entende-se que a pergunta de pesquisa foi convenientemente respondida e o objetivo geral atendido, tendo em vista que as tabelas apresentadas nas seções precedentes evidenciaram informes importantes relacionados com os prazos médios de estocagem, com o custo financeiro do estoque e com o estoque excedente dos produtos armazenados, bem como dos grupos de matérias-primas, entre outras informações financeiramente relevantes.

Em que pese a pequena quantidade de itens abrangida no estudo, a partir dos resultados citados restaram evidenciadas situações que merecem a atenção dos gestores da entidade pesquisada, ou seja:

a) Há produtos com prazo de estocagem elevados (vide Tabela 2), que podem superar largamente o prazo de reposição dos mesmos pelos fornecedores respectivos;

b) O valor do custo financeiro apurado (R$ 178,01) representa 3,41% do total estocado (R$ 5.223,41). Mesmo sendo valor monetário pequeno, dado o baixo número de itens abrangidos, o percentual citado pode ser considerado preocupante especialmente se tal análise envolver todo o almoxarifado desta empresa;

c) O volume monetário que pode ser considerado como estoque excedente chega a R$ 2.411,46 e equivale a 46,17% do valor armazenado dos itens pesquisados;

d) O custo financeiro da parcela de estoque excedente ficou em torno de R$ 109,49 e corresponde a 61,51% do custo financeiro total;

e) O grupo de insumos que merece maior atenção dos gestores é da “Linha Algodão”, pois participa com 38,48% do custo financeiro do estoque e 40,23% do estoque excedente total. Este resultado diverge do que seria considerado se fosse utilizada a análise com base na Curva ABC, visto o grupo “Linha Poliéster” teria a maior representatividade (43,76%) nesse caso.

No que concerne às limitações da pesquisa, inicialmente cabe salientar que tratou-se de estudo de caso, o que restringe às conclusões a esse contexto. Da mesma forma, o reduzido número de matérias-primas abrangidas pode ser considerado uma limitação, pois foram escolhidos somente os 14 itens mais importantes do estoque mantido pela empresa, segundo a opinião do gestor/proprietário.

Além disso, foi utilizada a taxa de juros de 1,86% tendo em vista que esta representava a taxa de captação que a indústria pesquisada arcava para captar recursos. Assim, mesmo que outras metodologias mais aprimoradas possam ser utilizadas para tal finalidade, optou-se por essa taxa tendo em vista a facilidade de utilização futura, visto que esta informação poderá ser facilmente obtida quando for refeito ou ampliado o estudo nesta firma.

Como sugestão para trabalhos futuros sugere-se a ampliação do número de produtos para o total do mix armazenado e a utilização de outro procedimento para determinar a taxa de

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juros a empregar nos cálculos do custo financeiro (como o Custo Médio Ponderado de Capital, por exemplo). Além disso, caberia testar essa metodologia em outros contextos fabris, comerciais etc., visando comparar os resultados.

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