IEE/USP; PIPGE/USP; PRH-ANP/04; GEPEA-USP
BRASIL
Identificación del trabajo: Valoração Ambiental e Econômica de Recursos
Energéticos Tradicionais
Lugar y fecha de elaboración del documento : São Paulo – Brasil, 27 de
setembro de 2004
VALORAÇÃO AMBIENTAL E ECONÔMICA DE RECURSOS ENERGÉTICOS
TRADICIONAIS
Autores:
MIGUEL EDGAR MORALES UDAETA (PROFESSOR E PESQUISADOR VISITANTE:
GEPEA-USP; IEE/USP; PIPGE/USP; PRH-ANP/O4)
JULIO HENRIQUE BOARATI (MSC EM ENGENHARIA, PESQUISDOR GEPEA-USP)
LUIZ CLÁUDIO RIBEIRO GALVÃO (PROFESSOR TITULA GEPEA-USP)
GERALDO FRANCISCO BURANI (DIRETOR IEE/USP)
Empresa o entidad:
IEE/USP: INSTITUTO DE ELÉTROTÉCNICA E ENERGIA DA UNIVERSIDADE DE SÃO
PAULO
PIPGE/USP: PROGRAMA INTERUNIDADES DE PÓSGRADUAÇÃO EM ENERGIA DA
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
PRH-ANP/04: PROGRA DE RECURSOS HUMANOS DA AGÊNCIA NACIONAL DE
PETROLEO 04
GEPEA – USP: GRUPO DE ENERGIA DO DEPARTAMENTO DE ENERGIA E
AUTOMAÇÃO ELÉTRICAS DA ESCOLA POLITÉCNICA DA
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO;
DATOS DE LA EMPRESA
Dirección: Av. Prof. Luciano Gualberto,
travessa 3, 158;
São Paulo - SP – Brasil
Código Postal: 05508-900
Teléfono: +5511-30915279
Fax: +5511-30323595
E-Mail: Udaeta@pea.usp.br
PALABRAS-CLAVE:
Avaliação dos Custos Completos;
Eletricidade; Gas Natural; Geração
Elétrica; PIR; Desenvolvimento
Sustentável
RESUMO:
A Energia Elétrica é um elemento essencial às
atividades da sociedade atual. A
disponibilização da mesma está associada a
uma onerosa infra-estrutura de produção e
transporte necessárias para utilização da
eletricidade pelos consumidores finais nos
mais variados níveis de tensão. A sociedade
demanda volumes crescentes de eletricidade
ao mesmo tempo que questiona os impactos
negativos causados, em especial pelas usinas
geradoras. Este Artigo tem por objetivo
descrever uma metodologia que avalie os
impactos causados por hidrelétricas e
termelétricas com gás natural permitindo
ações que minimizem os impactos das usinas
citadas com relação aos aspectos
técnico-economicos, ambientais, sociais e políticos
que representam a visão de setores da
sociedade de forma ampla. A avaliação é feita
através da abordagem dos Custos Completos
com vistas a reunir parâmetros que permitam
traduzir os custos incidentes sobre os
aspectos citados de forma qualitativa para
alcance da solução de menor custo. Os
resultados a serem mostrados são coerentes
com a proposta de um modelo de avaliação
para hidrelétricas e termelétricas com gás
natural, traduzindo as ações que podem ser
tomadas com o objetivo de uma solução de
mínimo custo (quantitativo e qualitativo) para
sociedade como um todo na procura pelo
desenvolvimento sustentável.
1. INTRODUÇÃO
A geração de eletricidade é uma necessidade
da sociedade contemporânea sendo um
elemento indispensável ao desenvolvimento. A
mesma pode ser obtida por variados
processos, como força hidráulica (rios),
termelétricas (combustíveis fósseis, nucleares
e biomassa), solar, eólica (ventos), geotérmica
(calor do centro da terra: vulcões) entre outras.
Neste artigo estaremos focando duas formas
de geração de eletricidade: hidrelétricas e
termelétricas com gás natural. Estes dois
processos de geração são amplamente
empregados, sendo que no Brasil cerca de
93% da capacidade de geração instalada
(MME 2002) é de origem hidrelétrica.
O processo de construção e operação de
usinas acarreta pesados impactos ao meio
ambiente e às populações (meio social) que
habitam próximas às mesmas. Estes impactos
são caracterizados por inundações de
florestas, áreas agrícolas e povoadas ou
através do consumo de água e emissão de
poluentes. Por este motivo, as usinas
geradoras são empreendimentos que sofrem
movimentos contrários à sua viabilização
devido aos impactos inerentemente causados.
Partindo do pressuposto de que a sociedade
necessita da energia elétrica e que haverão
necessariamente impactos acarretados pelas
usinas, é coerente buscar uma forma de
considerar impactos e benefícios através de
uma análise que considere diversos pontos.
Este trabalho mostrar uma forma de efetuar
um processo de análise onde são
considerados elementos distintos e de grande
importância para se chegar a uma solução
para o problema do aumento da oferta de
energia com menor ônus para a sociedade
como um todo. Sendo que, para essa análise
é introduzida uma abordagem dos Custos
Completos no sentido de reunir parâmetros
que permitam traduzir os custos incidentes
sobre os aspectos citados de forma
quantitativa e qualitativa para achar a solução
de menor custo. Este tipo de análise torna-se
cada vez mais importante no contexto de
nossa sociedade ciente de suas necessidades
sem menosprezar os impactos causados e
pode ser verificada em Udaeta (1997) e
Carvalho (2000), além de outras metodologias
e ferramentas hoje existentes pelo mundo
afora (maiormente orientados ao ciclo de
vida).Cabendo apenas ressaltar que no caso
deste trabalho o intuito é o planejamento
energético.
2. CONCEITOS UTILIZADOS
A análise tradicional de viabilidade centrais
hidrelétricas e termelétricas com gás natural
leva em conta aspectos como retorno do
capital investido e solução de questões
técnicas para ser atingida a capacidade de
geração pretendida pelo empreendedor. Estes
dois pontos são importantes para a
viabilização das usinas, pois as mesmas
existem para atender a demanda da sociedade
por energia elétrica, vital para muitas
atividades. Entretanto o fator
técnico-econômico não é o único elemento que deve
ser considerado ao analisarmos a viabilidade
de instalação de usinas geradoras. A análise
proposta leva em conta diferentes aspectos
envolvidos nesse processo de viabilização
considerando as abordagens citadas abaixo.
2.1 Planejamento Integrado de Recursos
A necessidade de considerar diferentes
aspectos dentro de um processo de análise é
obtido através da abordagem do Planejamento
Integrado de Recursos –PIR (Udaeta 1997). A
análise tradicional de viabilização de centrais
geradoras considera apenas aspectos técnicos
e econômicos o que não permite o alcance
dos objetivos de um empreendedor, pois o
mesmo pode estar partindo de uma forma
incompleta de análise de viabilidade. O PIR
por sua vez considera diferentes elementos de
análise que permitem uma avaliação completa
do problema e também busca alternativas para
a solução de questões conflitantes como
menor impacto ambiental e baixo custo de
implementação das centrais geradoras.
2.2 Desenvolvimento Sustentável
O desenvolvimento é buscado pelo homem
constantemente sendo procedente avaliar até
que ponto essa busca justifica os problemas
que podem ser causados.Existe uma relação
entre ações do presente e as conseqüências
no futuro sendo bastante esclarecedora a
frase que pode definir o Desenvolvimento
Sustentável: “desenvolvimento que satisfaz as
necessidades das gerações presentes sem
afetar a capacidade de gerações futuras de
também satisfazerem suas próprias
necessidades”. A necessidade das gerações
atuais e futuras deve ser considerada de uma
forma ampla através do uso criterioso dos
recursos disponíveis (naturais, financeiros,
etc).
2.3 Custos Completos
A utilização do conceito de Desenvolvimento
Sustentável busca a utilização racional dos
recursos disponíveis e o Planejamento
Integrado de Recursos a consideração de
diferentes aspectos em um processo de
análise. Os Custos Completos complementam
a análise pois consideram estes diferentes
aspectos com a mesma importância. Isto
significa que questões técnicas, econômicas,
ambientais, sociais e políticas terão a mesma
importância dentro do processo de análise.
3. FATORES A SEREM CONSIDERADOS
Com a definição dos elementos conceituais a
serem empregados na análise, passa a ser
necessária a definição dos aspectos
considerados. A análise tradicional considera
apenas elementos técnicos e econômicos para
a viabilização de usinas hidrelétricas e
termelétricas com gás natural, que são
considerados insuficientes atualmente. Por
este motivo serão considerados quatro fatores
que permitirão uma análise ampla das
questões que envolvem a viabilização das
usinas citadas que serão denominados
Fatores Técnico-Econômico, Ambiental, Social
e Político.
3.1 Fator Técnico-Econômico
O Fator Técnico-Econômico é caracterizado
como a visão do agente Empreendedor
responsável pela efetiva viabilização das
usinas geradoras. O mesmo é chamado a
responder a demanda da sociedade por
eletricidade e desempenha esse papel com a
execução de todos os passos necessários à
disponibilização da energia elétrica comprando
equipamentos, contratando serviços e
buscando formas de financiamento. O
Empreendedor busca retorno de seu capital
investido através da venda da energia a ser
produzida pela usina que deve operar durante
um prazo pré-determinado. O preço de venda
deve ser competitivo para que o
empreendedor possa encontrar compradores
dispostos a adquirir blocos de energia de sua
usina durante um longo período de tempo e a
preços inferiores ao de outros fornecedores. O
empreendedor deve manter sob controle seus
custos já que o preço de venda da energia já
está definido antes mesmo da usina começar
a ser construída, pois para obter
financiamentos, o mesmo deve comprovar o
fechamento de contratos de venda de sua
energia. A diminuição dos riscos do
empreendedor depende da correta previsão
dos custos incorridos na viabilização e
operação da usina geradora.
3.2 Fator Ambiental
Este Fator é caracterizado pelos Órgãos
oficiais e entidades de proteção ao meio
ambiente. A geração de energia elétrica é uma
atividade que necessariamente produz
impactos ambientais no local de instalação e
até a nível global (efeito Estufa). Para que a
viabilização das usinas geradoras seja
possível é necessário o atendimento da
legislação ambiental vigente, havendo também
forte influência de entidades de preservação
do meio ambiente que fazem oposição aos
empreendimentos. A oposição à construção de
usinas que causam impactos ambientais
severos é necessária para que se evitem os
danos ocorridos no passado quando não havia
a devida conscientização dos problemas
ambientais por parte do poder público e
sociedade organizada. Neste Fator não há
preocupação com os gastos que o
empreendedor deva assumir para implementar
as medidas de redução dos impactos
ambientais causados pelas usinas, o que pode
inviabilizar economicamente a construção das
mesmas.
3.3 Fator Social
Este Fator é caracterizado pelo contingente
populacional que é afetado diretamente pela
construção de usinas hidrelétricas ou
termelétricas com gás natural. Os mesmos são
geralmente pequenos proprietários rurais,
populações ribeirinhas e até povos indígenas e
quilombolas que sofrem os impactos negativos
da inserção da usina no local onde vivem.
Impactos como a formação de reservatórios e
a emissão de poluentes causam
deslocamentos populacionais e deterioram a
qualidade de vida dessas populações que se
opõem radicalmente às novas usinas. O
impacto no meio social é inevitável, pois não
existem regiões completamente inabitadas.
Neste Fator também não há a preocupação
com o aumento de custos das usinas que deve
ser assumido pelo empreendedor, com
medidas que reduzam o impacto negativo a
ser causado. As populações afetadas têm o
amplo direito de participação no processo de
implementação das usinas através de
audiências públicas e têm usado isso para
opinar ou até mesmo barrar os Projetos de
geração.
3.4 Fator Político
Este Fator é caracterizado pelas decisões da
classe política e órgãos ligados ao Poder
Público com grande importância no processo
de viabilização de usinas geradoras. Ao
contrário dos outros fatores que se focam em
apenas um objetivo, o fator político atende aos
interesses de vários setores da sociedade,
como forma de manter a estabilidade da
estrutura social. Por este motivo, as decisões
políticas estarão atentas às necessidades das
populações atingidas, impactos no meio
ambiente, mas também não poderão
sobrecarregar o empreendedor pois corre-se o
risco da falta de energia elétrica que
representa um custo político muito alto, a
exemplo do racionamento de energia elétrica
ocorrido no Brasil no ano de 2.001. O Fator
político é importante pois as decisões tomadas
podem estar baseadas em critérios não
objetivos (interesses) o que dificulta a
implementação das usinas hidrelétricas ou
termelétricas com gás natural.
4. CARACTERIZAÇÃO DAS USINAS
A criação de um modelo de análise que avalie
as vantagens e desvantagens das usinas
hidrelétricas e termelétricas com gás natural
deve buscar a caracterização dessas usinas
de forma abrangente. O modelo de análise
(Boarati 2003) necessita da descrição de
Elementos de Análise que são pontos
descritivos dos Fatores Técnico-Econômico,
Ambiental, Social e Político que permitem a
busca de soluções para a viabilização de
centrais geradoras tratadas neste artigo.
4.1 Hidrelétricas
As hidrelétricas são obras de infra-estrutura
que produzem energia elétrica através da
força de uma queda d’água. As mesmas foram
escolhidas como principal fonte de eletricidade
no Brasil o que possui vasta rede hidrográfica
com uma estimativa total de 260.096 MW
(MME 2002) de aproveitamentos hídricos. As
hidrelétricas representam uma opção
energética de baixo custo quando
comparamos com outros tipos de usinas como
as termelétricas (qualquer combustível). O
baixo custo da geração hidrelétrica é um
grande atrativo, porém há muitas
desvantagens neste tipo de usina devido aos
impactos ambientais e sociais, o que deve ser
levado em conta no momento em que se
planeja a expansão da capacidade de
geração. Procuramos mostrar abaixo várias
características que ressaltam as vantagens e
desvantagens das hidrelétricas no processo de
viabilização dessas usinas.
a) Fator Técnico-Econômico de Hidrelétricas
Mostraremos abaixo os Elementos de Análise
do Fator Técnico-Econômico das hidrelétricas
que procuram mostrar quais as variantes que
devem ser consideradas pelo empreendedor
no momento de planejar a construção de
hidrelétricas. Os elementos serão mais adiante
considerados como custos qualitativos o que
permite avaliar o Fator de forma global. Os
elementos de análise serão divididos em
custos inerentes que são necessários para a
viabilização técnica das usinas e os custos
não inerentes que resultam das demandas
sociais, ambientais e políticas, aumentando os
custos do empreendedor mas que não seriam
tecnicamente necessárias (por exemplo: uma
eclusa não gera energia). Onde os custos
inerentes são: Custo Unitário de Geração da
Hidrelétrica; Tempo de construção da
hidrelétrica; Área ocupada pelo reservatório;
Suprimento do “Combustível”; Característica
do PPA da hidrelétrica; Financiamento da
Hidrelétrica; Comercialização da energia
produzida pela Hidrelétrica; Distância da
hidrelétrica ao ponto de conexão no sistema
de transmissão; Taxa Interna de Retorno:
Rentabilidade da usina; Potencial hidrelétrico
remanescente.
Sendo que os custos não inerentes dentro do
fator técnico-econômico vêm a ser: Famílias
deslocadas com a formação do reservatório;
Recuperação da mata ciliar ao redor do
reservatório; Investimento em estrutura para a
piracema; Construção de eclusas para
navegação; Modificação do tamanho do
reservatório; Irrigação de plantações com o
uso da água dos reservatórios; Obras
adicionais solicitadas.
b) Fator Ambiental de Hidrelétricas
As hidrelétricas causam impactos negativos no
meio ambiente, o que pode ser mostrado pelos
Elementos de Análise abaixo. A inserção
dessas usinas também pode proporcionar
vantagens ao meio ambiente e por este motivo
foi efetuada a separação entre pontos com
aspectos positivos e negativos o que pode
facilitar a viabilização das hidrelétricas perante
o meio ambiente que inevitavelmente sofre
grandes impactos com a construção de
hidrelétricas. Onde os aspectos positivos são:
Controle de cheias e secas; Recuperação da
mata ciliar ao redor do reservatório;
Investimento em estrutura para a piracema;
Modificação do tamanho do reservatório
E os aspectos negativos considerados são:
Alteração da qualidade da água; Natureza do
combustível: renovável ou não; Características
da área alagada; Impacto do sistema de
transmissão de energia.
c) Fator Social de Hidrelétricas
As hidrelétricas causam profundas mudanças
na vida das populações que habitam a área de
influência das usinas. A formação do
reservatório obriga muitas famílias a se
deslocarem para outras regiões onde nem
sempre é possível a reprodução do modo de
vida anterior. Abaixo mostramos quais são os
pontos que devem ser levados em conta para
avaliação dos impactos sociais, também sendo
considerados os aspectos positivos e
negativos da inserção das usinas. Sendo que
os aspectos positivos são: Controle de secas e
enchentes; Lazer e Turismo; Geração de
empregos; Desenvolvimento da infra-estrutura
local; Pagamento de Royalties para a União,
Estados e Municípios; Irrigação das
plantações com o uso da água dos
reservatórios; Construção de eclusas para
navegação.
Os aspectos negativos em consideração são
listados a seguir: Famílias deslocadas com a
formação do reservatório; Povos indígenas e
quilombolas; Efeitos do desequilíbrio ambiental
no meio social; Influência na atividade
econômica local: Pesca; Influência na
atividade econômica local: Agricultura; Área
ocupada pela usina hidrelétrica
d) Fator Político de Hidrelétricas
As decisões políticas são fundamentais para a
viabilização de usinas hidrelétricas e sua
caracterização através de Elementos de
Análise é complexa pois pode envolver pontos
subjetivos. As questões políticas ocorrem
devido a interesses diversos e procuramos
mostrar com os pontos abaixo de que forma a
viabilidade da usina pode ser afetada:
Programas oficiais de incentivo à expansão da
oferta de energia elétrica; Tempo de resposta
à uma crise de abastecimento energético;
Know-How da forma de geração;
Licenciamento ambiental da hidrelétrica;
Oposição da sociedade organizada; Risco
cambial: danos causados por turbulências
internacionais; Influência em áreas indígenas e
quilombolas; Disponibilidade estratégica do
energético; Pressão da opinião pública
internacional; Obras adicionais solicitadas.
4.2 Termelétricas com Gás Natural
As termelétricas com Gás Natural são usinas
que produzem eletricidade a partir da queima
do combustível citado. O advento do gasoduto
Brasil-Bolívia e o aumento da produção
nacional de gás natural têm impulsionado a
utilização dessas usinas que permitem
significativa redução do risco hidrológico das
hidrelétricas. A seguir apresentaremos os
Elementos de Análise das termelétricas que
em muitos caso são similares ao das
Hidrelétricas.
a) Fator Técnico-Econômico de termelétricas
com GN
Serão mostrados os Elementos de Análise que
permitem ao empreendedor avaliar as
vantagens e os riscos dessa nova opção de
geração de energia. Também são
considerados os custos inerentes e não
inerentes pois há oposição à construção
dessas usinas o que fatalmente acarreta os
custos não inerentes. Sendo que os custos
inerentes são: Custo unitário de geração da
termelétrica com GN; Tempo de construção da
termelétrica com GN; Área ocupada pela
termelétrica com GN; Suprimento de
combustível; Característica do PPA da
termelétrica com GN; Financiamento da
termelétrica com GN; Comercialização da
energia produzida pela termelétrica com GN;
Distância da termelétrica ao ponto de conexão
no sistema de transmissão; Taxa interna de
retorno: rentabilidade da usina; Potencial de
geração termelétrica com GN
E os custos não inerentes considerados para o
fator técnico –econômico da termelétricas com
GN são: Poluição atmosférica da termelétrica
com GN; Uso controlado da água para o ciclo
térmico; Redução da potência original da
usina; Obras adicionais solicitadas;
b) Fator Ambiental de termelétricas com GN
As termelétricas com GN causam menos
impactos no local onde são instaladas,
havendo maior preservação do meio ambiente.
A seguir temos os Elementos de Análise que
procuram mostras as características principais
das termelétricas com GN. Os aspectos
positivos são: Uso controlado da água para o
ciclo térmico; Redução da potência original da
termelétrica com GN; Área ocupada pela usina
termelétrica com GN.
E os Aspectos negativos vêm listados abaixo:
Poluição atmosférica da termelétrica com GN;
Natureza do combustível: renovável ou não;
Impacto do sistema de transmissão; Impacto
dos gasodutos.
c) Fator Social de termelétricas com GN
• Geração de empregos
• Uso controlado da água para o ciclo
térmico
• Localização da termelétrica com GN
• Poluição atmosférica da termelétrica com
GN
• Poluição sonora da termelétrica com GN
• Área ocupada pela usina termelétrica com
GN
d) Fator Político para termelétricas com GN
• Programas oficiais de incentivo à
expansão da oferta de energia elétrica
• Tempo de resposta à uma crise de
• Know How da forma de geração
• Licenciamento ambiental da termelétrica
com GN
• Oposição da sociedade organizada
• Risco cambial: danos causados por
turbulências internacionais
• Disponibilidade estratégica do combustível
• Pressão da opinião pública internacional
• Características dos contratos para
fornecimento do GN
• Obras
adicionais
solicitadas
5. METODOLOGIA DE ANÁLISE
O modelo de análise mostrado neste artigo
tem por objetivo transformar características e
escolhas relativas às usinas em custos
qualitativos que traduzam o nível dos impactos
técnico-economicos, ambientais, sociais e
políticos permitindo uma avaliação através dos
Custos Completos. O modelo é baseado em
três pontos:
• Elemento de Análise (já citado)
• Alternativas de cada Elemento de Análise
• Peso de cada Elemento de Análise
5.1 Alternativas dos Elementos de Análise
Os elementos de análise descritos acima têm
a função de mostrar as características das
usinas a serem analisadas. Consideramos que
existem alternativas boas, ruins e
intermediárias. A partir desse entendimento,
cada Elemento de Análise permitirá 4 escolhas
(ou menos) dentro de cada Fator considerado.
Cada escolha resulta em um valor numérico
que varia discretamente de 25% a 100%
conforme listado abaixo:
• Melhor Alternativa = 100%
• Alternativa Satisfatória = 75%
• Alternativa Regular = 50%
• Alternativa Insatisfatória = 25%
5.2 Peso de cada Elemento de Análise
Os Fatores considerados no modelo de
avaliação são formados por um número
variável de Elementos de Análise sendo que
cada um deles não terá necessariamente a
mesma importância perante a avaliação do
Fator como um todo, ou seja, consideramos
que há elementos de análise mais importantes
do que outros e por isso serão diferenciados a
partir da aplicação de um peso. Será
considerado um peso padrão A e dois
inferiores descritos como B e C. Tomando
como referencia A, B é considerado 2/3 de A
e; C é 1/3 de A
5.3 Apresentação do custo qualitativo
Quando os Fatores considerados são
descritos por elementos de análise com as
alternativas escolhidas e pesos definidos já
podemos obter resultados numéricos. A
abordagem utilizada é dos Custos Completos
e por este motivo os fatores
técnico-econômico, ambiental, social e político devem
ter a mesma importância perante a avaliação
total da hidrelétrica ou termelétrica com gás
natural. Foi definida a valoração máxima igual
a 100 para cada Fator considerado sendo
utilizadas as fórmulas (Boarati 2003) que
decorrem da definição, como definidas nas
equações (1, 2, 3, 4 e 5). É importante
ressaltar que o aumento da valoração significa
baixo custo qualitativo e vice-versa.
Valoração Usina = ∑ Valoração Elemento de
Análise (1)
Valoração Elemento de Análise = (N/K) x
Alternativa (2)
Alternativa = 25, 50, 75 ou 100% (3)
N = Peso do Elemento de Análise (A=300,
B=200 e C=100) (4)
K = 3X +2Y+Z (X = n
ode opções A, Y = n
ode
opções B e Z = n
ode opções C) (5)
5.4 Exemplo Numérico
Para melhor entendimento das fórmulas
citadas iremos mostrar os passos para
obtenção da valoração de um Elemento de
Análise do Fator Social de Hidrelétrica
pequena com os seguintes parâmetros
(Boarati 2003):
• Elemento de Análise: as Famílias
deslocadas com a formação dos
reservatórios;
• Alternativa escolhida: satisfatória por tanto
100%;
• N tem o peso A (cujo valor é 300);
• tendo 5 para X, 7 para Y, e 1 para Z, K
resultará em 30, eq. (5)
Logo, aplicando a eq. (2) temos o valor do
elemento de análise sendo 10,0
5.5 Avaliação do exemplo de Valoração
O Elemento de Análise descrito acima está
contido dentro de um Fator Social e a
consideração dos dados de entrada que
resultaram na valoração igual a 10,0 (dez)
podem ser justificados para melhor
entendimento do modelo de análise. O Fator
considerado apresenta 13 Elementos de
Análise com a distribuição de seus pesos que
resulta no valor K mostrado. O Elemento de
Análise possuí peso A pois este ponto é
fundamental para a viabilização de usinas
hidrelétricas que deslocam pessoas com a
formação dos reservatórios. A alternativa
escolhida (100%) mostra que usinas
hidrelétricas de pequeno porte provocam o
deslocamento de pequeno número de famílias
pois acarretam a formação de reservatórios
pequenos (< 3 km²) o que reduz o impacto no
meio social.
6. APLICAÇÃO DA METODOLOGIA
Iremos agora mostrar a aplicação do modelo
de análise para usinas hidrelétricas e
termelétricas de quatro faixas de potência
procurando mostrar as diferenças de custos
qualitativos entre as mesmas e outras
interpretações. As faixas de potência
consideradas estão descritas na tabela 1.
Tabela 1. Potências Consideradas
Escala
Potência instalada
P=MW
Pequenas
< 30
Médias
30 < P < 100
Grandes
100 < P < 1.000
P. Elevadas
P > 1.000
6.1 Hidrelétricas
A aplicação do modelo de análise para
hidrelétricas de quatro faixas de potência
resultam na tabela 2 e figura 1, mostrando o
aumento dos custos qualitativos, pois ocorre
diminuição dos valores numéricos. Este
comportamento é explicado pelo aumento dos
riscos ao empreendedor, impactos ambientais
e sociais e dificuldades políticas.
Tabela 2. Ponderação Global para
Hidrelétricas
Pequenas
322,71
Médias
306,82
Grandes
273,70
P. Elevadas
238,33
Custos Completos - Hidrelétricas
Custos Completos - Hidrelétricas
0,00 50,00 100,00 150,00 200,00 250,00 300,00 350,00 400,00
Pequenas Médias Grandes P. Elevadas
Escala de Potência Val o ração T o ta l Hidrelétricas
Figura 1. ACC para Hidrelétricas
A figura 2 mostra os custos qualitativos em
relação aos fatores considerados onde é
possível verificar o ponto de vista de cada
agente e como exemplo podemos citar o
empreendedor (Fator técnico-econômico) que
pode verificar as diferenças das valorações
das quatro escalas de potência. Finalmente
temos a distribuição das opções escolhidas a
partir dos elementos de análise na Figura 3
que mostra resultados interessantes.
Figura 2. Custos Qualitativos das
Hidrelétricas
Figura 3. Distribuição de Opções
Escolhidas para Hidrelétricas
Verificamos que as pequenas usinas
concentram as opções classificadas como
“melhor” e as usinas de potência elevada
possuem opções extremas, ou seja, a maioria
das escolhas é classificada como “melhor” ou
“insatisfatória” pois há muitas vantagens
(ganhos de escala) e desvantagens (impactos)
que ocorrem simultaneamente.
6.2 Termelétricas com GN
A análise das termelétricas com gás natural a
partir da tabela 3 e figura 4 também mostra o
aumento crescente dos custos qualitativos,
também mostrando os impactos do aumento
da potência instalada. Com relação aos fatores
considerados na figura 5 podemos notar que
não há o mesmo comportamento de
valoração decrescente para o fator ambiental,
o que significa que o aumento de potência
pode trazer benefícios. A análise das opções
escolhidas a partir dos elementos de análise
na Figura 6 mostra um comportamento similar
ao das hidrelétricas para usinas pequenas,
porém as usinas de potência elevada possuem
menor número de escolhas classificadas como
“insatisfatória” que passam a ficar mais
concentradas na opção “regular”, o que não
denota o mesmo comportamento das
hidrelétricas.
Análise de Hidrelétricas - Fator Considerado
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 80,00 90,00 100,00
Técnico-Econômico Ambiental Social Político
Fator Considerado Val o ração Pequenas Médias Grandes Elevadas
Pequenas
325,55
Médias
287,10
Grandes
267,54
P. Elevadas
259,73
Custos Completos - Termelétricas
Análise de Termelétricas com GN - Fator Considerado
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 80,00 90,00 100,00
Técnico-Econômico Ambiental Social Político
Fator Considerado V a lo ração Pequenas Médias Grandes Pot. Elevadas
Hidrelétricas - Distribuição das Opções
0 5 10 15 20 25 30
Pequenas Médias Grandes Elevadas
Escala de Potência Oc o rr ê n c ia s Melhor Satisfatória Regular Insatisfatória
Custos Completos - Termelétricas com GN
0,00 50,00 100,00 150,00 200,00 250,00 300,00 350,00 400,00
Pequenas Médias Grandes P. Elevadas
Escala de Geração V a lo ração T o ta l Termelétricas com GN
Tabela 3. Ponderação Global para
Termelétricas
Figura 4. Visão dos Custos Completos para
Termelétricas
Figura 5. Custos Qualitativos das
Termelétricas
Figura 6. Distribuição de Opções
Escolhidas para Termelétricas
7. CONCLUSÃO
A aplicação do modelo de análise para
hidrelétricas e termelétricas com gás natural
mostrou-se satisfatório pois revela a diferença
entre empreendimentos de diferentes escalas
de geração devido às características de cada
usina. A obtenção da redução dos custos
qualitativos dos empreendimentos de geração
deve ser obtida através de mecanismos que
reduzam os impactos a serem causados, sem
nunca esquecer que há um preço (financeiro)
a ser pago pela diminuição dos impactos
causados, ocasionando o aumento do preço
da energia disponibilizada à sociedade, mas
permitindo o atendimento das necessidades
da geração presente e futura.
Termelétricas - Distribuição das Opções
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Pequenas Médias Grandes Pot. Elevadas
Escala de Potência Oc o rr ê n c ia s Melhor Satisfatória Regular Insatisfatória