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Poder Judiciário
• Tribunal de Justiça da Paraíba
Gabinete Des. JORGE RIBEIRO NÓBREGA
ACÓRDÃO
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.° 888.200.2005.019.401-41001 —
Oriundo da
7a
Vara da Fazenda Pública da Comarca da Capital
RELATOR
:Des. JORGE RIBEIRO NÓBREGA
EMBARGANTE
:Banco ABN AMRO Real S/A
ADVOGADA
:Vanessa Cristina de M. Ribeiro
EMBARGADO
:Município de João Pessoa
ADVOGADO
:Paulo Wanderley Câmara
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO COM EFEITOS
INFRINGENTES —
Rediscussão da matéria já
enfrentada no julgado — Via eleita inadequada
-Inadmissibilidade — Rejeição.
Os embargos de declaração têm por finalidade o
esclarecimento de ponto omisso, obscuro ou
contraditório no julgado, e não , se prestam para
rediscussão de matéria já enfrentada na decisão.
Vistos,
relatados e discutidos os autos acima referenciados.
Acordam,
em Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado da
Paraíba, na conformidade do voto do relator e da súmula de julgamento de fl.
112, por votação unânime,
REJEITAR OS EMBARGOS.RELATÓRIO
Tratam-se de Embargos Declaratórios opostos pelo
Banco ABN AMROS/A que
entendeu haver omissão no julgamento do acórdão embargado, uma vez que o
decisum
não teria se manifestado acerca do art. 173, parágrafo primeiro, inciso
Il,daCF.
Aduz, em síntese, que a hipótese de substituição tributária prevista para o caso
em comento não é aquela descrita no inciso II, do artigo 39, do CTM, e sim, a
prevista no inciso VIII do mesmo dispositivo, tendo em vista as sociedades de
economia mista serem consideradas, conforme a Constituição Federal,
empresas privadas, e como tal estaria enquadrada nas hipóteses de
responsabilidade tributária, por substituiçã?, das ihstituições financeiras.
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Ademais, objetiva, ainda, à satisfação do fundamental requisito do prequestionamento explícito, exigido pelos Tribunais Superiores para apreciação dos recursos a eles destinados. Pugna, ao final, pelo acolhimento dos presentes embargos, para suprir a omissão apontada com a conseqüente modificação do julgado.
Instado a se manifestar, o embargado apresentou impugnação de fls. 102/106, requerendo a manutenção da decisão embargada.
É o relatório, sucinto.
VOTO: O Exmo. Des. JORGE RIBEIRO NÓBREGA (relator)
A insurgência do embargante não prospera.
O Acórdão vergastado encontra-se suficientemente fundamentado, inexistindo qualquer omissão, obscuridade ou contradição a ser sanada. O que o embargante pretende na verdade, é o reexame da matéria já decidida por esta Câmara.
Pelo que se infere da petição, pretende o recorrente a revisão da decisão proferida, para se adequar ao entendimento apontado nas suas razões, que não foram adotadas no acórdão vergastado, não podendo os presentes embargos adquirirem caráter meramente revisional, donde se conclui que são incabíveis ante à inexistência da omissão suscitada.
Infere-se da petição dos embargos, o seguinte:
"(...) O v. Acórdão ora embargado reformou a respeitável sentença prolatada pelo
douto Juízo a (pio, entendendo que o banco embargante está obrigado ao recolhimento do imposto em cobrança na condição de substituto tributário até a privatização do PARA1BAN, ou seja, até 08/11/2001.
Contudo, em que pese a previsão contida no inciso 11 do art. 39 do Código Tributário Municipal de João Pessoa, acerca da obrigação tributária na condição de substituto das sociedades de economia mista, este Colendo Tribunal não se pronunciou acerca do dispositivo constitucional que diz:
;1 I Constituição Federal
"Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta
Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse •
coletivo, conforme definidos em lei. 4
§ 1°. A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre:
(.-.)
1) // - a sujeição ao regime prídico próprio das empresas
privadas, inclusive quanto aos direitos g,o rigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários;"
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3 Ou seja, a Constituição Federal determina que as sociedades de economia mista
devem obrigatoriamente sujeitarem-se ao regime próprio das empresa privadas. Em assim sendo, a hipótese de substituição tributária prevista para o caso em comento não é aquela descrita no inciso II do art. 39 do CTM, mas sim, a prevista no inciso VIII do mesmo dispositivo, que trata especificamente da obrigação tributária como substituto das instituições financeiras:
Lei Complementar n° 02/91
Código, Tributário do Município de João Pessoa/PB "Art. 39. São responsáveis pelo pagamento do imposto, qualificados corno substitutos tributários:
(...)
VIII — as instituições financeiras, em relação ao pagamento dos serviços de guarda, vigilância, conservação e limpeza, transporte de valores e fornecimento de mão-de-obra". Em suma, o embargante não pretende afastar a questão atinente a responsabilidade tributária advinda da sucessão, mas sim demonstrar que o serviço que lhe foi prestado e que deu origem ao ISS em cobrança, não se encontra relacionado dentre as atividades descritas no inciso VIII do artigo 39 do CTM, razão pela qual a execução movida pela Fazenda aqui embargada não pode lhe ser apontada, também por força do artigo 128 do CTN.
O fato da privatização do PARAIBAN ter ocorrido em novembro de 2001, não
afasta a incidência do inciso VIII do artigo 39 do CTM ao caso em comento, mesmo 1,1 com relação aos fatos geradores anteriores a esta data, considerando que mesmo
quando constituído como sociedade de economia mista, o regime jurídico de
regência era o das empresas privadas por força da Constituição Federal." 4
No entanto, a decisão atacada não pode ser considerada omissa, pois não há qualquer lacuna entre a premissa argumentada e a conclusão do julgado, senão vejamos:
"Passo a analisar se o inciso II do art. 39 é aplicável ao caso em exame.
Entendo ser justa a cobrança do ISS, com base no inciso II do art. 39, eis que, à
época da autuação, o Banco PARAIBAN era uma sociedade de economia mista. 5
Conforme se extrai do site oficial do Banco Central
(littp://www.bcb.gov.br/lid/gedes/receitasPrivatizaçãoReal.ASP?id=recpriv), em 08 de novembro de 2001 o Banco PARAII3AN foi adquirido pelo Apelado.
Vislumbra-se nos autos que a cobrança do 1SS é feita no período de março de 1998 a fevereiro de 2002, portanto, a maior parte da dívida é cobrada antes da privatização do Banco PARAIBAN.
Por determinação do Código Tributário do Município de João Pessoa, compete às sociedades de economia mista a responsabilidade pelo crédito tributário cujos fatos geradores foram serviços que lhes foram prestados.
Com efeito. Quando a empresa de economia mista figura como tomadora de serviços, será sua a obrigação de recolher o ISS, cRnforme determina a Lei
Complementar n° 02/91. .p.1.
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4 No entanto, ante o fato de o art. 39, 11, do Código Tributário do Município de João Pessoa não ser aplicável às empresas privadas, urge afastar a cobrança do ISS em relação aos fatos ocorridos após a venda do PARA1BAN.
O rol elencado pelo inciso 11 é taxativo, estando excluídas as empresas privadas como substitutos tributários.
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Dessa forma, deve ser excluída da dívida fiscal os tributos posteriores a novembro de 2000, urna vez que, passando à iniciativa privada, o Banco PARAIBAN deixou de figurar no rol do art. 39, II, do Código Tributário Municipal.
(•••)
Por fim, cumpre enfatizar que, ao contrário do que afirma o Apelante, o débito tributário não está embasado no inciso VIII do art. 39, visto que o auto de infração e a CDA mencionam apenas o inciso II do aludido artigo.
Ora, a Execução Fiscal se deve resumir ao fundamento legal para a cobrança do tributo que está contido na CDA e no Auto de Infração."
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t• Acrescente-se ainda, que os embargos de declaração não são serviveis para adequar a sentença ou o acórdão ao entendimento do embargante, conforme já decidiu o Superior Tribunal de Justiça, em aresto a seguir colacionado:
"Os embargos prestam-se a esclarecer, se existentes, dúvidas, omissões ou contradições no julgado. Não para que se adeqüe a decisão ao entendimento do embargante."
(STJ, 1" T., EDelagREsp 10270-DF, rel. Min. Pedro Acioli, j. 28.8.1991. MU 23.9.1991, p. 13.067)
- Sobre o tema, o processualista Theotônio Negrão, in Código de Processo e
Legislação processual em vigor, 32 a edição, à pág. 605, traz o seguinte julgado:
"É entendimento as sente de nossa jurisprudência que o órgão judicial, para expressar a sua convicção, não precisa aduzir comentários sobre todos os argunzentos levantados pelas partes. Sua fundamentação pode ser sucinta, pronunciando-se acerca do motivo, que, por si só, achou suficiente para a composição do litígio. (571 — 1" Turma, AI 169.073 — SP — AgRg, rei. Min. José Delgado, 4.6.98, negaram provimento, v. u., RIU 17.8.98, p44).
"O Juiz não está obrigado a responder todas as alegações das partes, quando já tenha encontrado motivo suficiente para fundar a decisão, nem se obriga a ater-se aos fundamentos indicados por
ti elas e tampouco a responder um a unz todos os seus
• argumentos(RJTJESP 115/207)".
Por sua vez, Nelson Nery Júnior, em Código de Processo Civil Comentado, 3a Edição, 1997, p. 784, transcreve o seguinte julgado:
:Não se admite EDcl para reexame de ponto sobre o qual já houve pronunciamento no acórdão embargado (STJ, 3" Seç., Edc1MS
301.803-DF, rel. Mill. Adhemar Maciel, v. u., rj. 2.12.1993, DJU 21.2.1994, p.2090)"
Outrossim, não se pode voltar, em sede de embrgos de declaração, a questões já julgadas e óbices já superados, exceto, para sananomissão, contradição ou dúvida no julgado, o que não é o caso dos autos.
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Com estas considerações, REJEITO OS EMBARGOS.
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É o meu voto. a
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Presidiu o julgamento, com voto, o Exmo. Des. Luiz Silvio Ramalho Júnior. Dele participando, além de mim, Relator, o Exmo. Des. José Di Lorenzo Serpa, convocado para compor o quorum. Presente a sessão, o Exmo. Dr. José
Raimundo de Lima, Procurador de Justiça. 1
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Sala de Sessões da Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado da *i
, Paraíba, em 27 de fevereiro de 2007. `, g P ! t — ""-n .
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