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IDENTIDADE PEDAGÓGICA PARA O ENSINO RELIGIOSO NA ESCOLA CATÓLICA NO BRASIL

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Academic year: 2021

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IDENTIDADE PEDAGÓGICA PARA O ENSINO RELIGIOSO NA ESCOLA CATÓLICA NO BRASIL

A compreensão para a Educação Católica no Brasil é confirmado no artigo 20 de Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional de 1996 que afirma as Escolas Confessionais são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas que atendem a orientação confessional e ideologia específicas. Quanto às atividades como o ensino religioso não existe nenhuma normatização por parte do governo de como este deve ser desenvolvido

Sendo que a presença da Igreja no campo da Educação no contexto brasileiro assumiu contornos que os distintos momentos conjunturais de nossa história lhe imprimiram. Os momentos de dificuldades superados, os modelos de seu perfil jurídico adaptados às transformações de regime, das formas de governo e das constituições e as crises. Porém, a trajetória da Igreja no campo da educação no Brasil não foi sempre isenta de tensões e conflitos sociais, assim como suas opções caracterizam por contradições, sobretudo quando assumiu explicitamente em favor da educação das elites, na realidade na implantação das escolas católicas no cenário brasileiro no final do século XIX e nas primeiras décadas do século XX a intenção era a educação da elite brasileira visando influenciar a gestão do país.

Neste contexto a discussão efetiva sobre o Ensino Religioso na Escola Católica vem ocorrendo sistematicamente no âmbito das Congregações Religiosas, na Conferência Episcopal dos Bispos do Brasil, assim como na Associação de Educação Católica Brasileira visando estabelecer parâmetros para orientar o trabalho nas escolas de educação básica. Especialmente por que o Ensino Religioso é explicitado como distinto da catequese, pois esta é ministrada em uma comunidade que vive a fé, num espaço mais vasto e por um período mais longo do que o escolar. Enquanto o ensino religioso ocorre no limite da escola frente ao pluralismo de crenças dos alunos, das famílias e mesmos dos professores (IES, 1992, 42/DC, 73/CR, 125), distingue que na escola católica o docente deverá ser escolhido com atenção e cuidado para ter responsabilidade no que é transmitido (DC 74).

Efetivamente o Ensino Religioso é uma disciplina (DC, 73) e a Igreja afirma que deve estar integrado nos programas escolares (EC, 50/DECAT, 171/EIS, 42), de modo explícito, sistemático (EC, 50), com qualidade e rigor que requerem as demais disciplinas (LE, 59/DC, 73), com a peculiar característica de dialogar com a cultura e

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relacionar-se com as outras formas de saber (DC 73). Assim como reconhece o pluralismo da sociedade moderna (GE, 7), assim como a liberdade religiosa e o direito das famílias definirem seus princípios morais e religiosos (GE, 7/CR, 124).

A partir destes pressupostos quatro editoras que atendem a escolas católicas no Brasil produziram entre 2015 a 2017 coleções com a perspectiva da pluralidade religiosa, foram Editora Bom Jesus (Franciscanos) com a Coleção Redescobrindo Universo Religioso, Editora Salesiana (Padres Salesianos) com a Coleção Ensino Religioso; Editora FTD (Irmãos Maristas) com a Coleção Ensino Religioso e a Editora Piá (Grupo Positivo, atende a diferentes Congregações) Coleção Ensino Religioso, sendo que os livros em sua composição os livros exprimem pela forma como são arranjados os conteúdos, exercícios e, além disso, o modo como são organizados os dispositivos técnicos da sua materialidade. Portanto, objeto que desperta interesse por ser mercadoria produzida para o comércio e lucro, e ainda abrange um conjunto de relações de conhecimento, autoridade e poder que asseguram, por meio do capital social ou cultural, uma posição de prestígio no âmbito dessas relações. Sendo que a materialidade dos livros deve ser entendida não somente como suporte, pois: manuscritos ou impressos, os livros são objetos cujas formas comandam se não a imposição de um sentido ao texto que carregam ao menos os usos de que devem ser investidos e as apropriações às quais são suscetíveis. (1998, p.8)

Esta proposta possui os seguintes pressupostos inicialmente que o Ensino Religioso é um componente curricular que é ministrado de forma orgânica e sistemática na escola, portanto como componente curricular Ensino Religioso propicia o domínio da linguagem simbólica, favorece a compreensão do fenômeno social religioso. Contribui para que o estudante enfrente situações permite a convivência e o respeito na diversidade a partir da construção de argumentos, visando a elaboração de propostas para o diálogo, em um espaço de construção coletiva de conhecimento, que é a escola, na articulação de conteúdos de ensino e aprendizagem, com vivências e indagações do professor e dos alunos frente à realidade em que vivem.

Sendo que a Ciência de Referência é a Ciência da religião que permite o estudo das manifestações religiosas a partir das expressões e fundamentos das tradições religiosas, esta investiga sistematicamente as religiões em todas as suas manifestações, com compromisso de compreender e não de promover o proselitismo. Sob a perspectiva de que a religião é um conhecimento social complexo, relacionado entre as formas que os indivíduos comunicam-se e se orientam por estas manifestações, e que transmitida

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entre estes e suas comunidades, interferem na organização social e nas escolhas individuais e coletivas de temas cotidianos, inclusive pelos externos à crença.

Compreendendo que a seleção de conteúdos e estratégias ocorre a partir da compreensão de que o Ensino Religioso favorece a formação para o respeito à diversidade, pois segundo Nelson Mandela os indivíduos não nascem odiando as pessoas em decorrência de suas opções ou de sua origem, elas precisam ser ensinadas para excluir, portanto o contrário também é possível: aprender o respeito ao diverso. Sob esta ótica a escolha dos conteúdos e estratégias de ensino é definida. Compreendendo que cada tradição religiosa possuiu conteúdos específicos para os seus adeptos, que acreditam ser legítimos, e, em decorrência disso surgem formas de pensar, de agir, de cultuar e de conduzir e decidir sobre suas vidas de maneiras diferentes. Nesse processo relacional entre as religiões que compõem a tessitura social, evidenciar o conhecimento a respeito das diferenças entre histórias e mitos de fundação, cosmologias e teologias, doutrinas e práticas atendem a proposta de conhecer para compreender e compreender para respeitar.

Propondo-se que o processo de ensino e aprendizagem será articulado a partir do desenvolvimento afetivo, cognitivo, psicossocial, físico, estético, moral-religioso, compreendendo que o ser humano é um ser em desenvolvimento e sua relação com os diferentes tipos de conhecimento tem inferência dos diferentes estágios de maturação: físico, cognitivo, emocional, social e religioso, estabelece-se como referência para fundamentos pedagógicos Jean Piaget e James Fowler, e as teorias de desenvolvimento humano e religioso, para orientar a seleção de conteúdos e estratégias. Para tal é proposto que a ludicidade permeia as relações de aprendizagens nos mais diferentes campos, e em especial no afetivo, promovendo amadurecimento pessoal, nas esferas biopsicossociais e espirituais, contribuindo para a ampliação de suas potencialidades, inclusive afetivas, além de promover o empoderamento em sua trajetória pessoal e comunitária, Visa a compreensão dos conceitos religiosos a partir das tradições religiosas, as informações são articuladas considerando o estágio e os aspectos do desenvolvimento do sujeito, considerando o informativo e a possibilidade de diálogo com interação e permeada com oportunidades de ludicidade.

Visando que o componente curricular favorece a relação entre educando-conhecimento-educador, que para tal assume que o educador é um profissional mediador do processo, disponível para o diálogo com a capacidade de articular os conhecimentos a partir do convívio dos educandos, com relação aos saberes a respeito

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do fenômeno religioso, sua percepção, análise e informação do que é revela e a forma como aparecem em relação às manifestações religiosas. Desta forma o educando é a pessoa-sujeito que constrói saberes a partir das manifestações da realidade e da alteridade, sendo a sala de aula o local onde é possível a expressão de sua individualidade.

Sendo que o Ensino Religioso utiliza-se da avaliação didático-pedagógica como elemento integrador entre a aprendizagem do educando e a atuação do educador na construção do conhecimento. Os instrumentos para acompanhar a aprendizagem comum do processo de ensino, desde que correspondam à forma de fazer do Ensino Religioso: informação, observação, reflexão e elaboração pessoal a respeito à diversidade cultural-religiosa, sendo vedadas quaisquer formas de proselitismo, e juízos de valor.

A partir destes pressupostos os pesquisadores do Instituto de Pesquisa e Formação Educação e Religião em parceira com a Editora Positivo organizaram em 2016 a Coleção para estudantes entre seis a dez anos, ou seja, do primeiro ao quinto ano do Ensino Fundamental de Ensino Religioso, assim como um livro para a Pastoral Escolar e outro para as famílias destes estudantes. Por que a estrutura da proposta para o Ensino religioso que objeto de estudo da disciplina é o fenômeno religioso, que em sala de aula deve apresentar estudos sistemáticos e empíricos a respeito das religiões, extraindo delas toda a produção cultural-religiosa humana, o processo pedagógico é interdisciplinar é o estudo das religiões é não normativo para evitar juízo de valor pessoal, hierarquização entre religiões e/ou opiniões de “verdades” religiosas, para tal a ciência de referência é a Ciência da Religião, esta é a disciplina acadêmica de perspectiva empírica que investiga sistematicamente religiões em todas as suas manifestações. Um elemento chave é o compromisso de seus representantes com o ideal da neutralidade frente aos objetos de estudo, também chamado de agnosticismo metodológico. Não se questiona a "verdade" ou a "qualidade" de uma religião. Do ponto de vista metodológico, religiões são "sistemas de sentido formalmente idênticos", ainda que se expressasse com uma riqueza de diversidade. É especificamente este princípio metateórica que distingue a ciência da religião da teologia, e a aproxima de outras ciências humanas e sociais, como a antropologia, a história e a sociologia, sendo que os conteúdos foram organizados a partir de quatro eixos: cosmovisão: visão de mundo das tradições religiosas e interfere nas vivencias sociais dos indivíduos; ethos: remete aplicabilidade, ou seja, às atitudes dos indivíduos a partir da visão de mundo; expressões: materialização da concepção de mundo por meio dos ritos, organização

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social da comunidade; linguagem: forma como cada religião expressa suas crenças; a fé de cada um; corpo e linguagem expressando suas crenças.

Neste processo é proposto aos estudantes a compreensão dos conceitos referentes à cosmovisão das tradições religiosas e suas formas de expressão, tais como a questão do rito e os símbolos, textos orais e escritos, regras da comunidade, visão de pós-vida, concepção de Deus e outros aspectos teológicos. A partir de tradições religiosas com maior representatividade no Brasil definidas a partir do CENSO demográfico de 2010, os grupos definidos foram: Católicos, Evangélicos, Judeus, Islâmicos, Umbandistas, Candomblecistas, Espíritas, Indígenas e Budistas, Os conceitos são apresentados a partir de elementos definitórios e representando a sua materialidade a partir dos grupos indicados pelos autores. Paralelamente foi organizado um programa de pastoral para compreensão e vivência da proposta católica, desta a disciplina é ofertada para todos os estudantes como um espaço da leitura religiosa na sociedade, para os estudantes e famílias para a experiência católica.

Portanto, trabalhar com a diversidade nas escolas é indispensável, para assegurar a igualdade sem aniquilar as diferenças. E num país, como o nosso, marcado por contrastes e desigualdades de recursos, direitos e de oportunidades de aprendizagem, de informação, de voz ativa, a educação de qualidade para todos torna-se fundamental, visando o acesso por todos na sociedade, aos direitos inerentes as necessidades básicas.

Referências

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