MAPEAMENTO GEOAMBIENTAL COMO SUBSÍDIO À GESTÃO DE FUTURA RPPN (RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL) EM ITAARA/RS
Tanice Cristina Kormann – taniceck@yahoo.com.br Luis Eduardo de Souza Robaina – lesrobaina@yahoo.com.br
Eliane Maria Foleto – efoleto@smail.ufsm.br
RESUMO
A realização de uma análise integrada dos atributos ambientais da paisagem é de extrema importância à conservação dos recursos naturais, especialmente em áreas destinadas a proteção ambiental. Neste sentido surge a proposta de aplicação da metodologia de mapeamento geoambiental desenvolvida no Laboratório de Geologia Ambiental (LAGEOLAM/UFSM) por Trentin e Robaina (2005), como ferramenta para subsidiar a gestão de uma área de 24 ha, localizada no município de Itaara, região central do estado do Rio Grande do Sul. Como resultado tem-se a identificação das potencialidades e fragilidades da área estudada a partir dos principais elementos controladores do meio físico. Estas informações visam subsidiar a criação e gestão de uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) neste espaço, contribuindo desta maneira, para que seja atingido o objetivo principal de proteção dos atributos ambientais da área.
Palavras chave: análise integrada, mapeamento geoambiental, Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN).
ABSTRACT
The implementation of an integrated analysis of the environmental attributes of the landscape is very important to the conservation of natural resources, especially in areas for environmental protection. Accordingly the proposal is application of the methodology of mapping geoambiental developed in the Laboratory of Environmental Geology (LAGEOLAM / UFSM) by Robaina and Trentin (2005), as a tool to support the management of an area of 24 ha, located in Itaara, central region of the state of Rio Grande do Sul The result has been to identify the strengths and weaknesses of the study area from the key drivers of the physical environment. This information intended to support the creation and management of a Natural Heritage Private Reserve (RPPN) in this area, contributing in this way, to be achieved the main objective of protecting the environmental attributes of the area.
Keywords: integrated analysis, mapping geoambiental, Private Reserve of Natural Heritage (RPPN).
INTRODUÇÃO
O estabelecimento de Unidades de Conservação visando a proteção de espaços de significativo valor ambiental é um dos principais instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente (BRASIL, 1981). Para que seja cumprido o papel de conservação dos atributos ambientais desses espaços, faz-se necessária a obtenção de informações caracterizando a área, visando subsidiar o processo de criação e gerenciamento das Unidades de Conservação.
Desta forma, propõe-se a aplicação da metodologia de mapeamento geoambiental como ferramenta para subsidiar a implantação de uma Unidade de Conservação enquadrada na categoria de Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN (BRASIL, 2000). O desenvolvimento deste estudo visa fornecer instrumentos para realizar uma análise das potencialidades e fragilidades ambientais deste espaço.
Localizada no município de Itaara, região central do estado do Rio Grande do Sul, a propriedade onde se desenvolveu o estudo possui uma área de 24 ha pertencentes à Fundação Mo’ã1. A área vem sendo objeto de uma proposta de criação de Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN através da articulação com o poder público municipal.
Figura 01: Localização da área de estudo.
MATERIAL E MÉTODOS
A realização da proposta seguiu a metodologia de mapeamento geoambiental desenvolvida no Laboratório de Geologia Ambiental (LAGEOLAM/UFSM) por Trentin e Robaina (2005). A caracterização da paisagem através da identificação de áreas homogêneas se desenvolveu através de uma seqüência de atividades organizadas em etapas, segundo a seguinte estrutura:
1 “Fundação Mo’ã: Estudos e pesquisas para a proteção e o desenvolvimento ambiental” é uma entidade sem fins
lucrativos com sede de Santa Maria – RS. Vem atuando a uma década na região central do estado desenvolvendo atividades de conscientização ambiental em parceria com professores e alunos do Curso de Geografia da Universidade Federal de Santa Maria.
1ª etapa – pesquisa bibliográfica e resgate de material cartográfico em escala 1: 25.000 (Carta Camobi – NO Folha SH. 22-V-C-IV/2-NO MI – 2965/2NO e Camobi – SO Folha SH. 22-V-C-IV/2-SO MI – 2965/2SO elaboradas pela Diretoria do Serviço Geográfico do Exército) visando fornecer uma caracterização prévia da área;
2ª etapa - Levantamento de informações a campo, possibilitando a atualização e complementação das informações cartográficas;
3ª etapa - Cruzamento dos dados em meio digital através do Software Spring 4.3.3 e montagem final no Corel Draw 12, possibilitando uma análise integrada dos parâmetros avaliados.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A área de estudo se insere na porção limite da formação Serra Geral, constituída por uma seqüência de rochas basálticas, intercaladas por arenitos de textura grosseira. A intensa dissecação fluvial dessa estrutura geológica é responsável pelo aprofundamento dos vales, que respondem pela elevada amplitude altimétrica da região (MARTINS, 2004). Com base nas cartas topográficas foram construídos mapas referentes à hidrografia, hipsometria, declividade e orientação de vertentes, os quais revelaram uma condição de elevada amplitude altimétrica e acentuada declividade, estando a propriedade inserida entre as cotas de 150 a 350 metros de altitude.
Desta forma, constatou-se que a propriedade apresenta cerca de 25% de sua área total inserida na categoria de declividade superior a 47%. Este fator combinado à predominância de vertentes com orientação no sentido Sul, indicam que a maior parte da propriedade apresenta restrições de uso, fato que reforça a necessidade do estabelecimento de medidas que assegurem a conservação deste espaço.
A área de análise está inserida da Bacia Hidrográfica do Manuel Alves. A drenagem constituinte é formada por dois ramos principais que formam um entroncamento na porção centro-sul da área. A dinâmica fluvial é caracterizada por canais de grande energia formando processos de enxurradas em períodos chuvosos. A perda de energia de transporte da drenagem resulta em uma dinâmica de formação de ilhotas por deposição de blocos e matacões no leito do canal, caracterizando canais entrelaçados, típicos de zonas montanhosas, com planície, formada a partir de depósitos coluvionares sob constante retrabalhamento pela complexa rede de canais de menor porte que são constantemente desativados/reativados de acordo com o período chuvoso.
Em direção à montante, a drenagem encontra-se mais encaixada em relação às vertentes, indicando um aumento da energia de transporte, que por vezes expõe a rocha, indicando que a propriedade se situa em uma porção central de derrame vulcânico, o que revela condições de elevada resistência da rocha. Estes aspectos podem ser observados na Figura 02:
Figura 02: Ilustração mostrando feições da drenagem observadas em trabalho de campo realizado no dia 09/05/2009.
CONCLUSÕES
O cruzamento das informações dos atributos físicos do terreno através da metodologia de mapeamento geoambiental possibilitou identificar características geomorfológicas indicadoras de restrições de uso da propriedade. A partir das informações levantadas com este trabalho, podemos dar suporte técnico justificando à importância da iniciativa de criação da Reserva Particular do Patrimônio Natural e orientando no estabelecimento do Plano de Manejo da área.
Portanto, este trabalho pode ser percebido como instrumento inicial para o planejamento ambiental deste espaço, subsidiando estratégias que maximizem as potencialidades e reduzam as fragilidades naturais da paisagem, contribuindo assim, para que seja cumprido o objetivo principal de proteção dos atributos ambientais da área.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Lei Federal nº 6.938 de 31 de agosto de 1981. “Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências”. Presidência da República – Casa Civil, Brasília, DF, 31 ago. 1981. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6938.htm>. Acesso em: 26 jan. 2008.
_________. Lei Federal nº 9.985 de 18 de julho de 2000. “Regulamenta o art. 225, §1º, inciso I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências”. Presidência da República – Casa Civil, Brasília, DF, 18 jul. 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Leis/L9985.htm>. Acesso em: 19 mar. 2008.
MARTINS, Viviane Chaves. Uso da terra no município de Itaara – RS: com imagens do satélite CBERS – 2. 2004. 54 f. Trabalho de Graduação B (Curso de Geografia Bacharelado) - Universidade Federal de Santa Maria, 2004.
PADILHA, Damaris Gonçalves. Geoprocessamento aplicado na elaboração de mapas temáticos para o plano de desenvolvimento ambiental municipal de Itaara – RS. Relatório de Estágio. Blumenau/Santa Maria: Universidade Regional de Blumenau/Universidade Federal de Santa Maria, 2006. CD-ROM.
TRENTIN, R. e ROBAINA, L. E. S. Metodologia para mapeamento Geoambiental no Oeste do Rio Grande do Sul. In: XI Congresso Brasileiro de geografia Física Aplicada, 2005, São Paulo. Anais...São Paulo, 2005. P.3606-3615.
