y II Encuentro Panamericano de Valuación Rural
Eng. Frederico Correia Lima Coelho
Avaliação em desapropriação
Uma visão brasileira
O que é
Desapropriação?
“A desapropriação ou expropriação é a transferência compulsória da propriedade do particular ao Poder Público e/ou Concessionária,
mediante o pagamento justo e prévio de indenização em dinheiro. Tal ato decorre da supremacia do interesse público e é, portanto, a
maior forma de expressão de poder do público sobre o particular”
• PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. Curso de
Direito Administrativo. 25. Ed., São Paulo: Atlas, 2012
Na Atualidade
Análise dos Imóveis Planta Geral e DUP Cadastro IndividualLaudos
•
O processo de desapropriação:
– Inicia com a análise dos
perímetros dos imóveis a serem desapropriados;
– Elaboração de uma planta geral de declaração de interesse social, que instrui o decreto de utilidade pública.
– Posteriormente esta planta é utilizada como referência para elaboração do cadastro
individualizado de cada imóvel afetado pelo empreendimento. – Elaboração dos laudos de
Desapropriação Administrativa –
Conceito
• Funciona como uma venda normal entre o ente expropriante e o
expropriado.
• Empresas terceirizadas pesquisam o mercado e elaboram o laudo de
avaliação administrativo, geralmente antes das especulações imobiliárias decorrentes do melhoramento público. • O Poder Público tem uma pequena
margem de negociação para ofertar ao expropriante.
Desapropriação Administrativa –
Conceito
• Uma vez aceito o valor ofertado, o poder público adquire o imóvel e realiza o procedimento de venda e compra “normal”, ou seja, com
escritura de compra e venda, registro em cartório competente e pagamento (indenização).
• A imissão na posse é acordada com o expropriado.
• Também conhecida como Desapropriação amigável.
Desapropriação Judicial – Conceito
• Inicia com a negativa do acordo proposto pelo ente expropriante ao expropriado. • Casos excepcionais também geram
demanda judicial (falta de documentação, posse, propriedade de menor impúbere, etc).
• Nomeação de Perito Judicial para proceder a Avaliação Prévia, cumprindo o disposto no Art. 5.º Inciso XXIV da Constituição Federal.
Desapropriação Judicial – Conceito
• Parte dos Peritos não incluem no Laudo de Avaliação Prévia todos os pontos de análise do imóvel
(desvalorização das áreas
remanescentes, realocação de maquinário, seccionamento do imóvel, etc)
• Utilização do Poder Judiciário para proceder com a Compra/Venda do imóvel de utilidade pública.
Desapropriação Administrativa –
Procedimento
Dossiê
Desapropriação
Reunião de
Oferta
Acordo?
Sim
Desapropriação
Administrativa
Processo de
Venda
Escritura /
Registro CRI /
Indenização
Projeto (Melhoramento Público) Planta Geral e Individual DUP Cadastro do Imóvel Avaliação AdministrativaDesapropriação Judicial –
Procedimento
Dossiê
Desapropriação Reunião de Oferta Acordo? Não
Ente expropriante aciona Poder Judiciário Perito – Avaliação Prévia Partes se Manifestam Depósito e Levantamento de 80% pelo Expropriado Imissão na Posse Perito – Avaliação
Definitiva manifestam Partes se
Esclarecimentos do Perito e Definição do Valor do bem Escritura / Registro CRI / Indenização do Restante
A variável tempo (RISCO)
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 VA LOR TEMPOSituação sem alteração Situação com obra
Importância do Cadastro
Socioeconômico
• Impactos do Cadastro Sócio Econômico nas desapropriações nas áreas
invadidas e particulares;
• Abertura da negociação, quando da emissão do laudo administrativo. Permissão de contraoferta;
• Análise do impacto das desapropriações parciais (área remanescente,
Procedimento de Desapropriação
com Cadastro Socioeconômico
• Procedimentos diferentes dasdesapropriações habituais. • Primeiramente é realizado o
cadastro socioeconômico, depois as vistorias para avaliar os bens que serão atingidos.
• Reunião de negociação com o proprietário, com base nas informações prestadas no cadastro socioeconômico. • Resultado: Sucesso nas
desapropriações administrativas. Socioeco nômico Avaliação Negocia ção Acordo
Impactos na Área Remanescente
• Seccionamento da área; • Desvalorização; • Novo aproveitamento; • Inviabilidade de urbanização de glebas;• Faixas “non aedificandi”;
• Alteração da frente principal; • Não atingem o módulo fiscal
mínimo de parcelamento do solo, inviabilizando o cultivo agrícola.
ABNT NBR 14653-1 Procedimentos
Gerais
Nas desapropriações convém que as avaliações
apresentem como resultados os valores que
possam ser adotados para a justa indenização,
tais como o valor de mercado, o valor
econômico, o custo de reedição, o custo de
reprodução entre outros.
ABNT NBR 14653-1 Procedimentos
Gerais
15VALOR DE MERCADO
CUSTO DE REPRODUÇÃO
CUSTO DE REEDIÇÃO
VALOR ECONÔMICO
ABNT NBR 14653-1 Procedimentos
Gerais
Devem ser apreciadas circunstâncias especiais,
quando cabíveis, tais como alterações de
vocação, forma, uso, acessibilidade, ocupação e
aproveitamento.
Acessibilidade / Uso
ABNT NBR 14653-1
Critérios
(desapropriação
parcial
)
Área impactada
Antes x Depois
•
Supondo que tenhamos um terreno com área de 1.200 m² e que a
parte atingida é de 400 m², teríamos uma área remanescente de 800
m².
•
Se fossemos avaliar somente a área impactada teríamos um valor
resultante de R$ 120,00/m² ou R$ 48.000,00.
•
No entanto se fossemos avaliar utilizando a ferramenta do “antes x
depois” teríamos o seguinte:
Valor do terreno (antes) = 1.200 m² x R$ 85,00/m² = R$ 102.000,00. Valor do terreno (depois) = 800,00 m² x R$ 88,00/m² = R$ 70.400,00. Antes – Depois = R$ 102.000,00 – R$ 70.400,00 = R$ 31.600,00.
Exemplo
(continuação)
0 50 100 150 200 250 200 300 400 500 600 700 800 900 1.000 1.100 1.200 1.300 1.400 1.500ABNT NBR 14653-1 Procedimentos
Gerais
12.2.3 Extinção da atividade
O fundo de comércio corresponde à
capitalização presente da renda líquida ao longo
da vida útil do negócio, acrescidas as despesas
necessárias para o seu fechamento e deduzido o
valor residual dos bens. Convém que a renda
líquida seja estimada com base no desempenho
histórico do negócio.
ABNT NBR 14653-1 Procedimentos
Gerais
24 -2 0 2 4 6 8 10 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Realocação da atividade
Gastos de realocação
O fundo de comércio compreende, entre outros,
os gastos necessários para:
remoção dos bens;
aquisição de novos pontos comerciais;
remodelação e adaptação do novo local para a
atividade;
Realocação da atividade (cont.)
•
desmontagem, transporte e instalação dos
equipamentos no novo local;
•
desativação do local original;
•
eventuais performances de contratos
comprometidos (multas, custos de transtorno e
outros);
•
manutenção das atividades durante a realocação
dos bens (aluguéis de espaços adicionais,
terceirização de processos e outros).
Lucro cessante
Para o cálculo do lucro cessante, considera-se o
período total necessário ao desmonte da
atividade, readaptação no novo local e retorno à
condição anterior.
Lucro cessante
Convém que a projeção da renda líquida
observe o desempenho do período anterior à
data da interrupção da atividade. O lucro
cessante corresponde à capitalização presente
da renda líquida do negócio no período
necessário à recomposição da atividade no novo
local.
Limitações
• Os dispositivos como: – viadutos,
– pontes ou
– passagens inferiores,
• Restringem o uso de uma faixa lindeira, face à topografia ou mesmo por limitações legais e depreciam a área remanescente, podendo, no entanto, a área ser utilizada como capacidade de aproveitamento construtivo em relação ao zoneamento da região, mas não podendo receber construções. • Neste aspecto, o Engenheiro de Avaliações deve prever os impactos
Áreas Encravadas
•
Para as áreas remanescentes
encravadas, o Engenheiro de
Avaliações pode incluir 02
(dois) cenários de indenização:
1. Custos para execução do acesso de forma separada, para que o poder expropriante o execute;
2. Cálculo da área encravada para inclusão na desapropriação desta referida área.
Análise da Atividade Econômica
• Nos casos em que no imóvel
possua uma atividade econômica, devemos incluir tanto nas
avaliações administrativas como nas avaliações prévias judiciais o prejuízo causado pela paralização temporária ou definitiva desta atividade econômica, desde que a imóvel e a atividade econômica seja do mesmo proprietário.
• No caso da atividade econômica ser explorada por inquilinos, estes
devem propor uma ação apartada que deverá ser apensa à Ação de Desapropriação.
Prolongamento de via
• O prolongamento da via existente dividiu o terreno existente em 3 partes (a desapropriada e duas remanescentes);
• Uma das faixas remanescentes apresenta-se estreita, posicionada entre uma ETE e a nova pista que terá elevação média de 3,5 m na divisa, implicando na
impossibilidade de aproveitamento decorrente do afastamento mínimo e necessidade de adequação do acesso. Denominação Área (m²) A desapropriar 4.228,20 Remanescente 1 2.378,50 Remanescente 2 7.735,28 Área total 14.341,98 UPA Avaliando ETE
Prolongamento de via
•
O expropriante indica a existência do remanescente mas
não analisa o impacto sobre este;
•
O laudo pericial aborda a questão do remanescente,
indica que o Remanescente é inaproveitável e calcula o
valor em separado.
Prolongamento de via
Remanescente A desapropriar
Conclusão
• O Avaliador ao atuar nas Avaliações Prévias deve prever todos os danos causados ao expropriado no intuito de indicar todos os pontos relevantes no laudo prévio de maneira
completa, para não causar prejuízos ao expropriado caso a parcela
restante, discutida no laudo definitivo, venha a ser paga em decisão final, que pode demorar anos em função dos recursos previstos na legislação.
• Deve contemplar todos os cenários
possíveis para que o MM. Juiz possa ter os subsídios necessários para buscar o equilíbrio entre os benefícios e
interesses sociais com as melhorias públicas e a “justa” indenização, como prevê a Constituição Brasileira.