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Quantum indenizatório a título de danos morais

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Academic year: 2021

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APELAÇÃO CÍVEL. TRANSPORTE AÉREO. EXTRAVIO DE BAGAGEM.

Reconhecida a obrigação da ré de reparar os prejuízos materiais causados ao autor com a aquisição das passagens aéreas.

Quantum

indenizatório a título de danos morais majorado.

Erro material corrigido. APELAÇÃO PROVIDA.

APELAÇÃO CÍVEL DÉCIMA PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL

Nº 70075809046 (Nº CNJ: 0345019-53.2017.8.21.7000)

COMARCA DE PORTO ALEGRE

RAFAEL LITVIN APELANTE

SOCIETE AIR FRANCE APELADO

(2)

Vistos, relatados e discutidos os autos.

Acordam os Desembargadores integrantes da Décima Primeira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em dar provimento à apelação.

Custas na forma da lei.

Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes Senhores DES. GUINTHER SPODE (PRESIDENTE) E DES. PEDRO LUIZ POZZA.

Porto Alegre, 31 de janeiro de 2018.

DES. ANTÔNIO MARIA RODRIGUES DE FREITAS ISERHARD, Relator.

R E L A T Ó R I O

DES. ANTÔNIO MARIA RODRIGUES DE FREITAS ISERHARD (RELATOR)

RAFAEL LITVIN apela da sentença que julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados na ação indenizatória proposta contra

(3)

Em suas razões recursais, pede a correção de erro material. Requer a condenação da ré à devolução do valor despendido na aquisição das passagens aéreas, pois a viagem tinha como única finalidade a prática de voo em parapente; como as bagagens lhe foram entregues no final do período de sua estadia, inviabilizando a prática do esporte, pretende o autor ser ressarcido das despesas suportadas com a aquisição das passagens; afirma que não se está diante de uma viagem turística convencional, em que o viajante, privado de sua bagagem, não deixa de aproveitá-la; explica que, no seu caso, não pôde aproveitar a viagem. Invoca a aplicação da teoria do “desvio produtivo do consumidor”, pelo tempo desperdiçado. Busca a majoração da verba indenizatória fixada a título de danos morais. Pede o redimensionamento da sucumbência.

Efetuado o preparo, e apresentadas contrarrazões, os autos vieram conclusos para julgamento.

É o relatório.

V O T O S

(4)

Cuida-se de apreciar recurso de apelação interposto pelo autor contra a sentença que julgou parcialmente procedente a ação.

O autor relatou, na inicial, que é praticante de voo em parapente e que no segundo semestre de 2015 foi convidado a participar de um evento na Europa, onde faria voos a partir dos Alpes Suíços e de Chamonix-Mont Blanc, na França. O autor adquiriu passagens aéreas da ré para o dia 11/9, com retorno em 20/9. Ao embarcar, o autor despachou dois volumes de bagagens, um com suas roupas e objetos pessoais e outro com seu parapente e todos os acessórios de voo. Para sua surpresa, desgosto, frustração e infelicidade, nenhuma de suas bagagens chegou ao destino final (Genebra). As malas somente lhe foram entregues quando já estava retornando ao Brasil: uma em 17/9, no fim do dia, e outra em 18/9, também ao entardecer. Em suma, o autor afirma que fez uma viagem que teve por única finalidade a prática do voo em parapente e, em razão da falha na prestação dos serviços por parte da ré, não pôde participar de nenhuma das atividades programadas. Buscou, assim, ser indenizado pelos danos morais suportados. Também requereu ser indenizado pelos danos materiais suportados com a aquisição de roupas e de passagens aéreas.

(5)

A sentença reconheceu o ilícito praticado pela ré; neste ponto, não houve insurgência pela parte interessada.

Assim, passo ao exame dos pedidos deduzidos no recurso.

Erro material.

Acolho, neste ponto, a irresignação, pois no relatório da sentença (fl. 90) constou, por equívoco, que o autor levava consigo instrumentos de trabalho, quando o que ele levava eram equipamentos para a prática do parapente.

Danos materiais.

O autor pretende ser ressarcido das despesas suportadas com a aquisição das passagens.

Em regra, se o serviço de transporte é prestado, ainda que de forma falha, os prejuízos causados com o atraso na chegada da bagagem (gerando o desperdício de tempo invocado) situam-se na esfera dos danos extrapatrimoniais.

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Todavia, neste caso particular, entendo que o valor despendido na aquisição das passagens deve ser restituído ao demandante, pois, conforme narrado na inicial, a viagem do autor teve por única finalidade a prática do voo em parapente, e, em razão da falha na prestação do serviço por parte da ré, ele não pôde participar de nenhuma das atividades programadas. Assim, sofreu prejuízo material com a aquisição de passagens, que somente ocorreu com a finalidade da prática do esporte, a qual, repito, restou frustrada.

O valor do dispêndio com as passagens (R$3.213,00) não foi impugnado; a ré somente se insurgiu contra a pretensão pelo fato de o autor ter realizado o voo contratado (fl. 59).

Assim, é devida ao demandante a quantia de R$3.213,00, acrescido de correção monetária pelo IGP-M desde o ajuizamento (já que não há informação sobre a data do desembolso) e de juros moratórios de 1% ao mês desde a citação.

Danos morais.

Quantum.

(7)

O apelante busca a majoração do

quantum para, no mínimo,

R$10.000,00.

Sobre a quantificação do dano moral, expõe Carlos Roberto Gonçalves que tem prevalecido (...) o entendimento de que a reparação pecuniária do dano moral tem duplo caráter: compensatório para a vítima e punitivo para o ofensor. Ao mesmo tempo que serve de lenitivo, de consolo, de uma espécie de compensação para atenuação do sofrimento havido, atua como sanção ao lesante, como fator de desestímulo, a fim de que não volte a praticar atos lesivos à personalidade de outrem.1

Posto isso, acrescento que a indenização deve se basear em critérios de significância, razoabilidade e proporcionalidade, pois necessária não somente para punir o ofensor, mas, especialmente, para que ocorra a efetiva reparação da lesão causada à vítima, levando-se em conta a dor e o sofrimento psicológico por ela experimentados.

Destaco, ainda, que, na fixação do quantum, não se pode permitir o enriquecimento do lesado às custas do lesante com o arbitramento de indenizações excessivas, assim como não pode haver fixação em valor ínfimo que

1 Comentários ao Código Civil: direito das obrigações, volume 11 (arts. 927 a 965) – São Paulo: Saraiva, 2003, p. 358.

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sequer compense o dano experimentado pela vítima. Necessário, ainda, que o valor seja suficiente para coibir a repetição da conduta ofensiva. Nessa análise é imprescindível se levar em conta, ainda, as condições econômicas da vítima (pessoa física) e do agressor (companhia aérea), bem como a repercussão do dano e o grau de culpa das partes para a ocorrência do evento danoso.

Portanto, diante das circunstâncias fáticas que nortearam o caso concreto, bem como os parâmetros adotados pela doutrina e jurisprudência, proponho a majoração da indenização para R$10.000,00, valor mais adequado aos parâmetros já adotados pelo TJRS no julgamento de casos análogos, como o abaixo ementado:

APELAÇÃO

CÍVEL.

TRANSPORTE

AÉREO.

INTERNACIONAL. REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS.

1- As evidências fáticas declinadas nos autos revelam

o revés moral experimentado pelo autor, atleta de

natação, que enfrentou situação desalentadora e

embaraçosa, em face do extravio dos seus

equipamentos no contexto, justamente, de viagem

com vistas a sua participação em campeonato

mundial daquele desporto. 2- Uma vez reconhecida

a ocorrência de abalo extrapatrimonial, a fixação do

"quantum" indenizatório atenta para o princípio da

(9)

(art. 5º, X) e com igual previsão no Código de

Defesa do Consumidor (art. 6º, VI), cujos termos não

podem restar em qualquer medida limitados pelo

teor da Convenção de Varsóvia. Apelo desprovido.

(Apelação Cível Nº 70051385698, Décima Segunda

Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:

Umberto

Guaspari

Sudbrack,

Julgado

em

28/02/2013) Indenização mantida em R$10.000,00

Sucumbência.

A ré arcará com os ônus sucumbências. Os honorários advocatícios vão fixados em 20% do valor total e atualizado da condenação.

Ante o exposto, o voto é pelo provimento da apelação, para corrigir erro material, reconhecer os danos materiais em maior extensão e majorar o quantum indenizatório devido ao autor a título de danos morais.

DES. PEDRO LUIZ POZZA - De acordo com o(a) Relator(a).

(10)

DES. GUINTHER SPODE - Presidente - Apelação Cível nº 70075809046, Comarca de Porto Alegre: "À UNANIMIDADE, DERAM PROVIMENTO À APELAÇÃO."

Referências

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