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A crise econômica sob a ótica do jovem empreendedor

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Academic year: 2021

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A crise econômica sob a ótica do

jovem empreendedor

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Otimismo e autoconfiança são marcas do jovem empreendedor no Brasil. Percepção da crise é menor quando empresários olham para o próprio negócio

A pesquisa “A crise econômica sob a ótica do jovem empreendedor”, conduzida pelo SPC Brasil e Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas, analisa as percepções acerca do cenário econômico, bem como as expectativas para o futuro, na visão dos jovens empreendedores. Foram entrevistados residentes de todas as regiões brasileiras, com idade entre 18 e 34 anos, de ambos os sexos, e que possuem um negócio próprio - independente de ser, ou não, formalizado. De início, o estudo indica que o ano de 2015 trouxe queda no faturamento, diminuição de vendas e inviabilizou a realização de alguns projetos. No entanto, a maior parte dos entrevistados permanece confiante em relação ao desempenho da empresa em 2016.

A deterioração da conjuntura econômica no Brasil não passou despercebida pelos jovens empreendedores. Questionados sobre o desempenho de seu negócio em março de 2016, na comparação com o mesmo período do ano anterior, seis em cada dez

respondentes (62,2%) acreditam que as condições gerais pioraram (ou pioraram muito).

Outros 19,7% afirmam que a situação permanece a mesma, enquanto 16,0% dizem que

melhorou.

Nesse ínterim, o que parecia ser uma crise fiscal e de credibilidade evoluiu para uma aguda recessão. De acordo com o IBGE, em 2015 o Produto Interno Bruto recuou 3,8% e a inflação medida pelo IPCA superou o teto da meta, acumulando alta de 10,7% ao final de dezembro. Concorreu para o esse cenário o impasse político que interditou o debate sobre o ajuste fiscal.

Mesmo percebida pela maioria dos jovens empresários, a deterioração do quadro econômico não atingiu os seus negócios com a mesma intensidade. Quando questionados sobre o desempenho da própria empresa, na comparação com o ano passado, cai para 36% o número dos que consideram ter havido piora das condições gerais, ao passo que 38,7% julgam não ter havido alterações e 21,7% afirmam ter observado melhoras.

A exemplo do que o ocorre com os jovens empreendedores, a avaliação dos micro e pequenos varejistas sobre o desempenho dos negócios é recorrentemente mais positiva do que a avaliação sobre o desempenho da economia, como mostra Indicador de Confiança dos Micro e Pequenos Empresários de Varejo e Serviços, também apurado pelo SPC Brasil. O mesmo se observa com os empresários industriais, cuja confiança é medida pela Confederação Nacional da Indústria.

Contudo, mesmo a postura marcadamente otimista não impede que os jovens empreendedores enfrentem obstáculos, sobretudo porque a crise impõe novas circunstâncias, dentre elas a retração no consumo. Nesse contexto, as principais

consequências e dificuldades encontradas em 2015 foram a queda no faturamento (37,7%)

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empresários que alegam não ter sentido os impactos da crise (25,0%) – sobretudo entre os

mais jovens (32,0%) e de baixa escolaridade (29,0%).

As dificuldades ocorridas em 2015 também fizeram com que alguns projetos planejados tivessem de ser adiados, sendo que os mais citados são o aumento nas vendas (26,2%), fazer uma reforma (17,1%) e comprar equipamentos (11,9%).

50% dos jovens empreendedores está confiante em relação à economia do país em 2016 No que depender dos jovens empreendedores, a economia brasileira não terá o ano complicado que a maioria dos analistas de mercado espera. Metade dos entrevistados (49,9%) afirma estar confiante, principalmente as mulheres (57,3%), enquanto 28% estão

pessimistas. Novamente, a expectativa positiva é ainda maior quando os empresários

imaginam qual será o desempenho do próprio negócio: 67,3% estão confiantes ou muito confiantes, e apenas 10,9% se dizem pessimistas. O mesmo se verifica quando investigamos as expectativas dos micro e pequenos varejistas: o otimismo com relação aos negócios está recorrentemente à frente do otimismo com a economia. Cabe aqui a ressalva de que, no caso do Indicador de Confiança dos MPEs, considera-se um horizonte temporal de seis meses.

O otimismo se reflete, em parte, na disposição para realizar investimentos: Três em cada dez empreendedores (35,6%) pretendem investir mais em 2016, na comparação com

o ano passado, enquanto 17,3% manterão o mesmo nível de recursos empregados e 14,7%

admitem investir menos. Vale ressaltar ainda o percentual expressivo daqueles que estão

indecisos: 23,6% ainda não sabem o quanto pretendem investir este ano.

Considerando os que realizarão investimentos, os mais mencionados são a compra

de equipamentos, maquinário e computadores (29,3%), mídia / propaganda (27,2%), ampliação de estoque (25,1%) e qualificação de mão de obra (25,0%). Para responder a

essas necessidades, o capital próprio será a principal fonte de recursos financeiros (73,4%, aumentando para 76,7% entre aqueles com baixa escolaridade), embora os respondentes também contem com o microcrédito (6,0%) e o financiamento (4,3%).

De maneira complementar, quatro em cada dez empresários ouvidos (42,5%) garantem que está difícil / muito difícil conseguir um empréstimo ou financiamento, e somente 13,6% vão em direção contrária, ao dizer que está fácil / muito fácil. A dificuldade relatada pela maioria relativa desses empreendedores explica a opção pelo recurso próprio, entre aqueles que pretendem investir. Da pesquisa não se pode depreender que essa dificuldade aumentou, mas sabe-se que a crise econômica restringiu a oferta de crédito de mercado por duas vias: aumento das taxas de juros e maior rigor na análise de crédito feita pelos bancos, já que o risco de inadimplência é maior.

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Maioria espera que em cinco anos o faturamento esteja maior

Não é apenas em relação a 2016 que a pesquisa identifica o otimismo dos jovens empreendedores. Quando eles são questionados sobre o futuro do negócio, a mesma abordagem positiva transparece de forma inequívoca: 78,3% dizem que em cinco anos o

faturamento da empresa irá crescer, especialmente entre aqueles na faixa etária de 18 a 24 anos (84,5%), enquanto 17,9% falam em estabilidade e apenas 3,8% imaginam uma possível queda. Sem a perspectiva de crescimento, esses jovens não teriam razões para continuar

com o negócio.

A razão para tanta confiança está, basicamente, no próprio desempenho: entre os que esperam aumentar o faturamento, 81,1% justificam a crença com base no empenho e

dedicação (aumentando para 87,7% entre aqueles com baixa escolaridade). 22,2%

garantem oferecer o melhor serviço / produto na minha região, e 21,5% argumentam que a

área de atuação da empresa está em expansão.

Para a economista chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, confiar em si mesmo é fundamental, mas não é o suficiente: “A pesquisa mostra um retrato interessante do jovem empresário, ao mostrar sua garra e crença no próprio potencial como motor do crescimento da empresa, mas isso não é o suficiente. É preciso preparar-se e estar sempre atento ao cenário econômico para evitar riscos para o negócio. Mesmo os empresários mais confiantes precisam ter a humildade de reconhecer que o conhecimento do mercado é imprescindível”. Por outro lado, os que não acreditam em crescimento nos próximos cinco anos mencionam a falta de recursos financeiros para investir (30,6%), as altas taxas de impostos

no Brasil (25,3%) e a burocracia para conseguir expandir ou ampliar os negócios (20,4%).

Mantendo a pergunta sobre as perspectivas para o faturamento, mas, desta vez, estendendo ainda mais o horizonte de análise para 10 anos, a pesquisa mostra que o clima positivo se mantém: 72,0% dos entrevistados acreditam que o faturamento vai crescer; 24,7% preferem falar em estabilidade, e somente 3,3% esperam ter queda.

A pesquisa indica ainda que mesmo a boa dose de autoconfiança demonstrada não impede que os jovens empreendedores temam pelo futuro da empresa. Nesse sentido, a maior preocupação é não poder honrar os compromissos financeiros e ficar endividado (22,3%), mas eles também temem não crescer como o esperado (19,8%) e ter que encerrar

as atividades (19,8%).

Finalmente, quando perguntados sobre os tipos de políticas públicas voltadas para o

empreendedorismo que poderiam auxiliar o jovem empresário em seus negócios, o estudo

revela que a carga tributária é a principal reivindicação dos jovens empreendedores: 43,8% citam as facilidades para o pagamento de impostos, enquanto 39,5% falam em cursos

gratuitos para novos empresários sobre gestão, finanças, planejamento, tecnologias etc. (aumentando para 49,15 entre aqueles na faixa etária de 18 a 24 anos) e 36,3% mencionam

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Apesar de o último ano ter sido ruim, e de os jovens empreendedores terem consciência disso, só uma minoria deixa as circunstâncias abalarem seu otimismo. Nas perspectivas que mantêm sobre a economia em 2016, há claro descolamento entre o que esses empresários esperam e aquilo que especialistas projetam – uma recessão superior a 3,5%. Aqui, é importante chamar a atenção para que uma avaliação errada do momento econômico não afete esses empresários. Com relação aos próprios negócios, as perspectivas são ainda melhores: 67% dizem estar confiantes. Se considerarmos que os jovens empreendedores abrem mão da alternativa mais óbvia de trabalharem como empregados, a confiança no próprio negócio e a perspectiva de crescer é o mínimo de que precisam para continuarem empreendendo. Mesmo estando consciente de que o país atravessa um dos momentos econômicos mais turbulentos em sua história recente, a maioria ainda acredita que possa se dar bem nos próximos anos – e que o sucesso depende, fundamentalmente, dele mesmo.

Conclusões

62,2% acreditam que as condições gerais da economia brasileira pioraram em 2016, na comparação com 2015. 19,7% afirmam que a situação permanece a mesma,

enquanto 16,0% dizem que melhorou.

Quando refletem sobre o próprio negócio, cai o nível de pessimismo: 36% garantem que as condições pioraram; 38,7% dizem que não houve alterações e 21,7% afirmam ter observado melhoras.

As principais consequências e dificuldades encontradas em 2015 foram a queda no

faturamento (37,7%) e a diminuição das vendas (29,7% ). 25,0% garantem que não sentiram os impactos da crise – sobretudo entre os mais jovens (32,0%) e de baixa escolaridade (29,0%).

Dentre os projetos não realizados em 2015, os mais citados são o aumento nas

vendas (26,2%), fazer uma reforma (17,1%) e comprar equipamentos (11,9%). Por

outro lado, 37,4% dizem que nenhum projeto deixou de ser realizado em 2015, aumentando para 46,7% entre aqueles na faixa etária de 18 a 24 anos.

Desempenho da economia brasileira em 2016: 49,9% afirmam estar confiantes,

enquanto 28% estão pessimistas. A expectativa positiva é ainda maior quando os empresários imaginam qual será a performance do próprio negócio: 67,3% estão

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35,6,% pretendem investir mais em 2016, na comparação com o ano passado, enquanto 17,3% manterão o mesmo nível de recursos empregados e 14,7% admitem investir menos. 23,6% ainda não sabem o quanto pretendem investir este ano.

Os investimentos mais citados são a compra de equipamentos, maquinário e

computadores (29,3%), mídia / propaganda (27,2%), ampliação de estoque (25,1%)

e qualificação de mão de obra (25,0%).

O capital próprio será a principal fonte de recursos financeiros para investir (73,4%). 42,5% garantem que está difícil / muito difícil conseguir um empréstimo ou

financiamento, e somente 13,6% dizem que está fácil / muito fácil.

O futuro do negócio: 78,3% dizem que em cinco anos o faturamento da empresa irá crescer, especialmente entre aqueles na faixa etária de 18 a 24 anos (84,5%). No

horizonte de análise para 10 anos, a pesquisa mostra que o clima positivo se mantém: 72,0% dos entrevistados acreditam que o faturamento vai crescer;

Confiança em si mesmo: 81,1% mencionam o empenho e dedicação (aumentando para 87,7% entre aqueles com baixa escolaridade) para justificar a crença no aumento do faturamento. Os que não acreditam em crescimento nos próximos cinco anos mencionam a falta de recursos financeiros para investir (30,6%), as altas taxas

de impostos no Brasil (25,3%) e a burocracia para conseguir expandir ou ampliar os negócios (20,4%).

As maiores preocupações com relação ao futuro são: não poder honrar os

compromissos financeiros e ficar endividado (22,3%), não crescer como o esperado

(19,8%) e ter que encerrar as atividades (19,8%).

Políticas públicas que poderiam ajudar o empresário jovem no desenvolvimento de seus negócios: 43,8% citam as facilidades para o pagamento de impostos, enquanto

39,5% falam em cursos gratuitos para novos empresários sobre gestão, finanças,

planejamento, tecnologias etc. e 36,3% mencionam a redução da carga tributária de novas empresas geridas por jovens.

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Metodologia

Público alvo: residentes em todas as regiões brasileiras, com idade entre 18 e 34 anos,

ambos os sexos e que possuem um negócio próprio, independente se formalizado ou não.

Método de coleta: pesquisa realizada de forma híbrida (coleta via telefone e pessoal),

pós-ponderada pelos estados do país e pela localização do empreendimento (capital x interior).

Tamanho amostral da Pesquisa: 788 casos, gerando margem de erro no geral de 3,5 p.p

para uma confiança a 95%.

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