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AVALIANDO A PERFORMANCE DAS EMPRESAS BRASILEIRAS ATRAVÉS DE ÍNDICE DE RESPONSABILIDADE SÓCIO-AMBIENTAL

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Fátima de Souza Freire

RAIMUNDO FREIRE FIILHO Resumo:

O objetivo principal do trabalho é propor um índice de responsabilidade sócio-ambiental (IRES) a partir do qual se possam analisar as ações e estratégias das empresas brasileiras. Informações sobre indicadores sociais internos, indicadores sociais externos, investimentos ao meio-ambiente, número de pessoas com mais de 45 anos e número de portadores de deficiência física são utilizados para a geração do IRES. O esquema dado ao IRES possibilitou a realização de um ranking entre os que geraram as melhores e as maiores ações sócio-ambientais. O presente trabalho tem ainda os seguintes objetivos: identificar quais são as principais ações sociais realizadas pelas empresas; verificar se existe correlação entre os resultados do IRES e os resultados operacionais (faturamento, por exemplo). Questionou-se saber se a alta incidência no IRES em determinadas empresas não necessariamente é conseqüência de seus resultados operacionais. As ações sociais das empresas independem do seu porte e de seu faturamento? A performance sócio-ambiental de 73 empresas foi analisada, tomando-se como base os resultados de variáveis extraídas dos balanços sociais, submetidos ao Ibase em 2001 a 2004. O modelo do Ibase foi utilizado porque apresenta informações econômico-financeiras, sociais e ambientais da empresas. Com base no IRES foi possível examinar a evolução das políticas sócio-ambiental das empresas.

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Avaliando a performance das empresas brasileiras através de índice

de responsabilidade sócio-ambiental

Resumo

O objetivo principal do trabalho é propor um índice de responsabilidade sócio-ambiental (IRES) a partir do qual se possam analisar as ações e estratégias das empresas brasileiras. Informações sobre indicadores sociais internos, indicadores sociais externos, investimentos ao meio-ambiente, número de pessoas com mais de 45 anos e número de portadores de deficiência física são utilizados para a geração do IRES. O esquema dado ao IRES possibilitou a realização de um ranking entre os que geraram as melhores e as maiores ações sócio-ambientais. O presente trabalho tem ainda os seguintes objetivos: identificar quais são as principais ações sociais realizadas pelas empresas; verificar se existe correlação entre os resultados do IRES e os resultados operacionais (faturamento, por exemplo). Questionou-se saber se a alta incidência no IRES em determinadas empresas não necessariamente é conseqüência de seus resultados operacionais. As ações sociais das empresas independem do seu porte e de seu faturamento? A performance sócio-ambiental de 73 empresas foi analisada, tomando-se como base os resultados de variáveis extraídas dos balanços sociais, submetidos ao Ibase em 2001 a 2004. O modelo do Ibase foi utilizado porque apresenta informações econômico-financeiras, sociais e ambientais da empresas. Com base no IRES foi possível examinar a evolução das políticas sócio-ambiental das empresas.

Palavras-Chave: Balanço social, Índice de responsabilidade sócio-ambiental,

Responsabilidade social

Área temática: Gestão de Custos Ambientais e Responsabilidade Social

1 Introdução

No final dos anos 90, a preocupação com resultados sociais intensificou-se no mundo empresarial e a imagem da empresa ficou ligada a princípios éticos e morais. Na esfera das Nações Unidas, uma iniciativa recebeu entusiasmo e atenção da comunidade internacional: o Global Compact que surgiu em 31 de janeiro de 1999 durante o Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, através do estabelecimento de um compromisso sócio-ambiental por algumas empresas líderes mundiais em prol de benefícios de toda população mundial.

Para isto, foram abertas discussões sobre a promoção de práticas empresariais consideradas positivas, desde que não fosse necessária à criação de uma estrutura fixa que acompanhasse as ações sociais realizadas pelas empresas. Em 26 de julho de 2000, foi assinado um documento de adesão com autoridades de várias instituições internacionais multilaterais, tais como a Unilever, BASF, ABB, CIOSL, Anistia Internacional, Daimler Chrysler, Dupont, Nike e UBS. Para que o pacto global fosse adiante, nenhuma empresa passaria a sofrer sanções e nem ficarem sujeitas a inspeções por parte das Nações Unidas. Atualmente, mais de 1000 empresas aderiram ao Global Compact (ALAN WILLIS, 2003).

No Brasil, em 1997, a discussão sobre o papel das empresas como agentes sociais cresceu principalmente com a campanha de Herbert de Souza, Betinho, em criar um modelo de balanço social. Desde então, surgiram diferentes modelos, destacando informações sobre os empregados, gastos com a comunidade e meio ambiente. O modelo do Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas) tem sido referência nacional como instrumento

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de evidenciação das ações sociais das empresas brasileiras. Isto ocorre porque no país não há uma legislação específica, em nível federal, que oriente as empresas brasileiras na publicação de balanços sociais, apesar de tramitar no Congresso Nacional, projeto de lei para a sua regulamentação. O Ibase estimula a participação das companhias na elaboração de balanço social através de um selo e do estabelecimento de um prêmio anual .

Observa-se que atualmente a ética social e a ambiental estão sendo consideradas como um negócio rentável. O correto tornou-se moeda de troca para empresas e um bom negócio para grandes bancos. Basta ver que em 2005, o Bradesco, Banco do Brasil, HSBC e Safra lançaram fundos de investimento em empresas que realizam boas práticas de governança corporativa, políticas de cuidado com o meio ambiente e responsabilidade social.

Esta nova modalidade de negócio surgiu principalmente em função do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), criado pela Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) ainda no ano de 2005, se assemelhar ao índice Dow Jones Sustentability da Bolsa de Nova York. O ISE foi elaborado pelas instituições Abrapp, Anbid, Apimec, Bovespa, Ethos, IFC, IBGC, Ministério do Meio Ambiente e Ibase (BOVESPA, 2006). Ele serve ao mercado como um instrumento de análise das ações de empresas comprometidas com a responsabilidade social, e que são promotora das boas práticas de governança corporativa no Brasil. No entanto, já em seu lançamento, algumas discussões foram sustentadas pelos seus criadores. O Ibase e o Ministério do Meio Ambiente preferiram ficar de fora do processo de escolha das empresas para obtenção do ISE, em razão de acharem que companhias produtoras de tabaco, armas e bebidas alcoólicas não deveriam integrar o Índice de Sustentabilidade Empresarial.

Embora o Brasil tenha se tornado o segundo país em desenvolvimento a lançar um índice (o primeiro foi a África do Sul em 2004), somente um pequeno número de empresas estão num ranking de sustentabilidade empresarial. Das 340 empresas listadas na Bolsa, apenas 28 participam do ranking. Isto ocorre porque o índice mede o retorno total de uma carteira teórica composta por aproximadamente 40 ações de empresas. Em sua metodologia, fica excluído todo tipo de empresa que não faça parte do seleto grupo atuante no mercado financeiro nacional.

Nesse sentindo, há necessidade de que um novo índice seja elaborado, permitindo que uma ampla quantidade de empresas possam também ser analisadas do ponto de vista sócio-ambiental, em função de estarem também comprometidas com a responsabilidade social, independentemente de ter ações negociadas em bolsas ou de seu porte econômico.

Neste trabalho, propõe-se a criação do índice de responsabilidade sócio-ambiental (IRES) a partir de balanços sociais de empresas brasileiras. Ele possibilita que sejam analisados os desempenhos das ações empresariais, podendo se tornar referência para a análise da responsabilidade sócio-ambiental e servir de instrumento de indução de boas práticas no mercado brasileiro. Utiliza-se o IRES para analisar 73 empresas que realizaram o balanço social, no modelo do Ibase, período de 2001 a 2004.

Antes, algumas questões interligadas surgem quanto à problemática da responsabilidade sócio-ambiental. Que empresas têm obtido os melhores resultados? Existe correlação entre a performance social e o resultado financeiro das empresas? Empresas que empregam pessoas com população acima de 45 anos e pessoas portadoras de deficiência física têm os melhores resultados financeiros ou os melhores índices de responsabilidade sócio-ambiental?

O trabalho está organizado da seguinte maneira: a primeira seção apresenta, os motivos para a criação de um índice de responsabilidade sócio-ambiental e explora as diferentes dimensões que, segundo alguns autores, estão de alguma maneira relacionadas a performance financeira da empresa. Destaca-se ainda a importância de se buscar o aprimoramento dos modelos de balanços sociais e novos parâmetros de indicadores no processo de avaliação de ações sociais empresariais. Na seção seguinte, abordam-se os

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procedimentos metodológicos utilizados no trabalho, para em seguida, apresentar os resultados obtidos com os indicadores.

2 Evidenciação das ações sócio-ambientais

2.1 Evidenciar as ações sócio-ambientais para gerar novas ações

O interesse das empresas na questão social surgiu com a idéia da filantropia (NETO e FROES, 2002). As práticas filantrópicas se caracterizavam pela caridade à sociedade, que eram normalmente realizadas por ações individuais dos sócios, baseando-se no assistencialismo.

Para corroborar com a afirmação dos autores, pesquisa realizada pelo IPEA em 2001, demonstra que a participação das empresas em ações sociais para a comunidade era de 67% na região Sudeste, 55% no Nordeste e 46% na região Sul. O IPEA constatou ainda que em 1999, seis mil empresas realizaram algum tipo de ação social voltadas para as comunidades (assistência social, alimentação, comunidade em geral e criança). Além disso, o que motivava as empresas a realizarem tais ações era essencialmente o humanitarismo. A maioria das empresas da amostra (80%) fazia doações diretamente para pessoas ou comunidades, enquanto 23% faziam doação de recursos para organizações. O IPEA ressaltou ainda que as empresas faziam tais ações porque melhorava, em primeiro lugar, a satisfação pessoal do dono ou dirigente da empresa (69% da amostra); em segundo, a relação da empresa com a comunidade (60% da amostra); em terceiro, a imagem da empresa (56% da amostra).

Hoje as empresas são encaradas como agentes sociais, pois são voltadas para a comunidade, dando ênfase à prática da solidariedade empresarial; desenvolvendo a comunidade a partir de ações sociais empresariais; além de serem grandes investidoras em atividades sociais.

Para alguns autores a responsabilidade social é uma ação que abrange a ética nos negócios e nas ações desenvolvidas na comunidade, além de possibilitar o bom convívio da empresa com os funcionários e uma cordial relação com acionistas, fornecedores e clientes (Ver SOARES, 2002 e NETO e FROES, 2000).

Para compreender as ações sociais realizadas pelas empresas, é necessário saber o que significa o termo responsabilidade social. ASHLEY e CARDOSO (2002) definem a responsabilidade social como sendo:

“compromisso que uma organização deve ter para com a sociedade, expresso por meio de atos e atitudes que a afetem positivamente, de modo amplo, ou a alguma comunidade, de modo específico, agindo proativamente e coerentemente no que tange a seu papel específico na sociedade e a sua prestação de contas para com ela. A organização, nesse sentido, assume obrigações de caráter moral, além das estabelecidas em lei, mesmo que não diretamente vinculadas a suas atividades, mas que possam contribuir para o desenvolvimento sustentável dos povos. Assim, numa visão expandida, responsabilidade social é toda e qualquer ação que possa contribuir para a melhoria da qualidade de vida da sociedade”.

Para tanto, tornou-se necessário à existência de um demonstrativo que evidenciasse as ações promovidas pelas empresas. Como será visto, a seguir, o balanço social é um demonstrativo que permite evidenciar as ações sócio-ambientais das empresas.

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2.1 O modelo do balanço social do IBASE

Conforme MALO et al. (1999) a idéia do BS tem sua origem em reflexões iniciadas nos anos 50, período que começa a empresa ser concebida como uma célula social. Com a importante crise social e política que se instalou por todo o mundo, na década de 60, movimentos hippies, consumistas, ecologistas e feministas reivindicaram profundas mudanças no interior da sociedade industrial que começava a se sufocar... foi a crise do compromisso fordista! (LAPOINTE: 1995). Pela primeira vez o desemprego e a inflação apareceram simultaneamente na história, e os economistas desamparados inventaram um novo termo para caracterizar esta nova realidade, a estagnação (GAZIER, 1991).

Se bem que originária dos Estados Unidos, a idéia do BS foi implementada na França em 1977 pela concretização do Relatório Sudreau (IGALENS, 1997), a concretização legal da preocupação amadurecida da sociedade francesa com o social. Entre outros países com experiências diversas de BS, destaca-se o Brasil (através da relação Anual de Inofrmações Sociais - RAIS em 1975), Holanda, Alemanha, Portugal, Bélgica e Estados Unidos. Desde o surgimento da União Européia (EU), uma de suas diretivas (a IV) sensibiliza todos os países membros para a importância das variáveis sociais ligadas ao trabalho.

De acordo com o Ibase, “o balanço social é um demonstrativo publicado anualmente pelas empresas reunindo um conjunto de informações sobre os projetos, benefícios e ações sociais dirigidas aos empregados, investidores, analistas de mercado, acionistas e à comunidade”. O balanço social foi criado para dar transparência às atividades das empresas. O modelo do Ibase contempla as seguintes informações:

1) Base de Cálculo (Receita Líquida, Resultado Operacional e Folha de Pagamento Bruta);

2) Indicadores sociais internos (gastos com alimentação, previdência privada, saúde, educação, cultura, capacitação e desenvolvimento profissional, creches ou auxílio-creche, participação nos lucros ou resultados e outros benefícios);

3) Indicadores sociais externos (Somatório dos investimentos na comunidade);

4) Indicadores ambientais (investimentos relacionados com a produção/operação da empresa, investimentos em programas/projetos externos e metas anuais);

5) Indicadores do corpo funcional (Número de funcionários; de demissões; de admissões; de empregados terceirizados; de estagiários; de empregados acima de 45 anos; de mulheres que trabalham na empresa; de negros que trabalham na empresa; porcentagem de cargos de chefia ocupados por mulheres e por negros e número de portadores de deficiência);

6) Informações relevantes quanto ao exercício da cidadania empresarial (relação entre a maior e menor remuneração, total de acidentes de trabalho, projetos sociais e ambientais realizados, padrões de segurança, liberdade sindical, relação com fornecedores, entre outros).

2.2 Limitações do modelo do Ibase

Embora o modelo apresente informações relevantes das ações empresariais, alguns pontos devem ser considerados num processo de comparação de dados apontados por Gonzalez (2006), tais como:

− no item, Indicadores Sociais Internos existe o subitem “educação” e “capacitação e desenvolvimento profissional”. Algumas empresas preenchem de forma incorreta estes dois itens, pois se confundem considerando gastos de um grupo em outro. Por

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tratarem de praticamente da mesma coisa (educação), este campo poderia ser consolidado em apenas um subitem ;

− no item 3, Indicadores Sociais Externos, no subitem “cultura” há informações sobre os valores oriundos de leis de incentivos à cultura. No Relatório Anual de algumas empresas consta uma nota explicativa a respeito desse assunto, mas no Balanço Social não consta nenhuma informação ou nota. Como são dois instrumentos diferentes e muitas vezes publicados separados, isto pode gerar uma compreensão errônea do analista que tiver acesso apenas ao Balanço Social. O Ibase recomenda que não sejam inseridos valores decorrentes de leis de incentivos;

− enquanto uma empresa do mesmo setor utiliza uma metodologia européia para medir as emissões atmosféricas, outra utiliza indicadores diferentes das européias. A falta de uma padronização impossibilita uma comparação de dados devido à utilização de metodologias diferentes;

− no subitem “número total de acidentes no trabalho”, uma empresa considera apenas os acidentes ocorridos dentro de sua sede e uma outra considera, além desses, também os de trajeto;

− no subitem “alimentação”, “previdência privada”, “saúde, segurança e medicina do trabalho” e “outros”, não são preenchidos corretamente no balanço social. Sem as tais informações não é possível avaliar as diferentes ações realizadas pelas empresas.

Em seu artigo intitulado “É recomendável uma padronização dos indicadores de responsabilidade corporativa e sustentabilidade?” Gonzalez aponta ainda que empresas estão preenchendo o formulário do Ibase de forma incorreta no item investimento em conscientização ambiental. Nesse caso, se for comparar o Índice de Investimento em Meio Ambiente Não-operacional (IMNO) em relação ao Operacional, a análise não seria justa, pois a base de dados não segue o mesmo princípio.

Por não terem os balanços sociais auditados, as informações apresentadas pelas empresas perdem seu valor. Gonzalez argumentou que, na edição do Prêmio Balanço Social do Ibase de 2004 e de 2005, poucas empresas tinham seus balanços sociais auditados. Cerca de 30% dos balanços sociais tinham alguma ressalva quanto aos procedimentos de auditoria, tornando-os importantes e validando a utilização de seus dados. Neste caso, empresas de auditoria deverão seguir não apenas os princípios de auditoria mas também as recomendações das entidades que formularam os modelos.

Gonzalez finaliza o seu artigo mostrando a importância da padronização de balanço social, para que haja uma maior credibilidade e consistência das informações sociais empresariais. Tal proposta já foi provocada por Malo, Freire, Belhadj e Santos (1999) quando propuseram um modelo de internacional que pudesse facilitar estudos comparativos entre empresas de países diferentes. O surgimento de leis e modelos isolados de balanços sociais em diferentes países prejudica sobremaneira a análise das estratégias sociais. Conforme Freire e Rebouças (in SILVA e FREIRE, 2001 a), França, Bélgica e Portugal criaram leis específicas, obrigando empresas a elaborarem e apresentarem balanços sociais, mas com modelos diferentes.

Embora o campo de aplicação, destino e objetivos do balanço social estejam bastante claros na França, Portugal e Bélgica, no Brasil, contudo, ele ainda não foi delimitado provocando debates quanto a sua obrigatoriedade (ver GRAJEW e CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2001). Como apontado por Freire (2000) existem questões e dúvidas no país sobre: (i) destino do balanço social (governo, entidades de classe, a comunidade e/ou a própria empresa); (ii) quem será responsável pela sua elaboração (contadores, economistas, administradores ou assistentes sociais); (iii) penalidades e utilização das informações.

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Freire destaca que quando o balanço social é utilizado como um instrumento de gestão para a verificação da performance social da empresa, a interferência da comunidade e do governo é nula. A decisão de tornarem públicas as informações do balanço social poderia ser facultativa a cada empresa. Dependendo do caso, o BS se tornaria um instrumento de marketing, e caberia ao público acreditar ou não nas informações “marketeiras” fornecidas pelas empresas, como já vem ocorrendo por várias empresas. Por outro lado, este documento pode servir como elemento de apoio às decisões do governo na liberação de recursos, benefícios fiscais, empréstimos, levantamento de dados estatísticos, como já ocorrem na França, Portugal e Bélgica (ver por exemplo, site do Banque National de Belgique, www.bnb.be, que apresenta os resultados consolidados dos balanços sociais). Tendo em vista a relevância destas informações, a obrigatoriedade do BS seria de grande importância. Em conseqüência, a exigência eventual de uma auditoria das informações contidas no balanço social teria que ser aventada, pois muitas vezes as empresas estão usando com recursos da comunidade.

Quando se analisa o caso específico da Europa, o balanço social na França é realizado pelo pessoal da área de recursos humanos, pois embora seja obrigatório para as empresas com mais de 299 empregados, não gera nenhuma sanção para as que deixarem de prepará-lo já que também não tem nenhum poder decisório para o governo francês. Mas quando se estuda o caso da Bélgica, o balanço social faz parte das demonstrações contábeis e deverá ser realizado anualmente por todas as empresas (com exceções para microempresas e/ou profissionais liberais), ficando sub-entendido que sejam contadores os responsáveis pela sua elaboração. No caso do Brasil, existe a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), que é uma forma bastante incipiente de balanço social criada em 1975. Sabe-se que quem o prepara pode ser qualquer pessoa da empresa. A RAIS tem caráter decisório, é obrigatória para todas as empresas e gera multas para as que deixarem de realizá-la anualmente. No entanto, a RAIS como balanço social é pouco utilizada pelos gestores, em função talvez da quantidade de dados desnecessários que possui para a empresa (mas importantes para o governo), e da quantidade de dados que não contempla, mas que seriam importantes para a empresa e a sociedade (talvez não importantes para o governo brasileiro).

Pode-se concluir que a obrigatoriedade ou não do balanço social e, principalmente, as informações que ele conterá, dependerá de quem será o usuário das informações que o mesmo venha a conter e o que se fará com elas.

Para Malo, Freire, Belhadj e Santos (1999) ,o surgimento de um balanço social internacional é necessário igualmente por razões estratégicas puramente financeiras. Ao encorajar todos os países a respeitar certas normas sociais internacionais ligadas ao mercado de trabalho, por exemplo, evita-se que as empresas habitualmente refratárias à imposição de obrigações legais decidam locomover suas operações para países com legislações sociais mais brandas. Seja dito em passagem que, sendo evidente a existência de uma grande diversidade de culturas nacionais, a fundamentação do balanço social interncaional deve ser feita de forma leve em consideração as diferentes especificidades nacionais no contexto do que viria a ser as normas sociais universais relativas ao trabalho e ao meio ambiente.

O Global Compact é exemplo da necessidade de um instrumento internacional de evidenciação de ações sócio-ambientais das empresas (ALAN WILLIS, 2003). Este instrumento é composto de nove princípios, baseados na Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU, nos Direitos Fundamentais no Trabalho da OIT e na Declaração do Rio. As empresas são aconselhadas a inserir em ambiente de funcionamento os seguintes princípios:

1. Princípio 1: apoiar e respeitar a proteção aos direitos humanos dentro de sua esfera de influência;

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2. Princípio 2: assegurar que suas próprias corporações não sejam cúmplices de abusos contra os direitos humanos;

3. Princípio 3: garantir a liberdade de associação e reconhecimento do direito de negociação coletiva;

4. Princípio 4: eliminar todas as formas de trabalho forçado e compulsório; 5. Princípio 5: eliminar efetivamente o trabalho infantil;

6. Princípio 6: eliminar a discriminação em relação ao emprego e ocupação; 7. Princípio 7: apoiar uma abordagem preventiva aos desafios ambientais;

8. Princípio 8: adotar iniciativas promotoras de maior responsabilidade ambiental; 9. Princípio 9: encorajar o desenvolvimento e difusão de tecnologias ambientais

limpas.

Para garantir o progresso do projeto foram estabelecidos três compromissos formais para todos os membros:

1. Os membros devem expressar um compromisso público e promover os princípios e objetivos do Global Compact;

2. Os membros devem publicar ao menos um exemplo concreto de suas "melhores práticas" na página web da ONU ao menos uma vez por ano;

3. Os membros devem procurar se associar a uma organização especializada da ONU para promover projetos em parceria.

A iniciativa visa promover as melhores práticas entre grupos societários divergentes, incentivando a globalização dos princípios em diversos países. Para isso, nos locais de trabalho deverão ser aplicados os noves princípios pelos funcionários da empresa e seus respectivos sindicatos.

Finalmente, conclui-se que a principal crítica aventada sob o Global Compact está relacionada à vinculação da imagem das multinacionais com o nome da ONU, sem que para isso haja garantia de que atuam de forma socialmente responsável. No entanto, admite-se que existe a necessidade de um modelo de balanço social ou instrumento de gestão padronizado que possa subsidiar a criação de indicadores de responsabilidade sócio-ambiental.

3 Aspectos metodológicos do índice de responsabilidade sócio-ambiental

Esta seção tem por objetivo descrever os procedimentos metodológicos da elaboração do índice de responsabilidade sócio-ambiental (IRES). A meta deste trabalho foi criar um índice de responsabilidade sócio-ambiental de empresas que obtiveram selo do Ibase de balanço social. Buscou-se trabalhar com estas empresas porque há uma certa homogeneidade nas informações contidas nos balanços, uma vez que não há no país uma legislação que padronize e oriente a elaboração de balanços sociais. Desde 1997 o modelo do Ibase é referência sendo o mais utilizado no país.

Das empresas que compõem a lista do Ibase, 73 empresas foram selecionadas para o estudo inicial. Elas vêm publicando seus balanços desde 2001, demonstrando conhecimento no preenchimento das informações do modelo e apresentando os dados na internet. As empresas são de diversos ramos de atividades: agricultura, água e esgoto, alimentos, bancos, comércio, construção civil, eletrônica, energia elétrica, materiais de construção, metalurgia, mineração, papel e celulose, química e petróleo, serviços especializados, serviços médicos, siderurgia, tecnologia da informação, telecomunicações, têxtil e veículos e peças. O período de abrangência do estudo foi de 2001 a 2004.

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Além de apresentar alguns aspectos metodológicos do IRES, a presente seção oferece um índice-padrão que permite apontar os melhores resultados das empresas, servindo como sinalizador na determinação da aplicação de gastos sociais à sociedade.

O IRES foi criado dentro do mesmo ferramental analítico para as empresas, e permitindo responder questões relativas às estratégias de ações sociais realizadas por elas. O modelo desenvolvido leva em consideração as principais variáveis sociais: indicadores sociais internos, indicadores sociais externos, investimentos em meio ambiente, nº de empregados com mais de 45 anos, nº de empregados portadores de deficiência física.

Na construção do índice, definiu-se um peso para cada indicador escolhido (Indicadores sociais internos, indicadores sociais externos, indicadores de investimentos em meio-ambiente, indicadores de pessoas com mais e 45 anos e portadores de deficiência física) num processo apurado de tratamento de dados, desenvolvido através de uma série de distribuições de freqüência, tendo sido, os mesmos, organizados por intervalos de classe.

Em seguida, foi realizada uma medida de equivalência a um determinado valor máximo (1,0), correspondente a uma divisão específica da distribuição em forma de décil, ou seja, a amostragem foi dividida em dez partes iguais a 10% dando limites homogêneos.

Isso ocorreu para aglomerar os dados extremos em um mesmo valor de pontuação, para não beneficiar empresas com desempenhos exagerados e não prejudicar aqueles com desempenhos muito inferiores. Assim, o índice foi composto pelo somatório dos valores dos indicadores que variou entre 0 a 1. A pontuação máxima que uma empresa poderá obter é 1.

A partir de seus valores calculados e encontrados foi feita uma média aritmética simples entre eles. Para efeito de análise comparada, para cada ano, estabeleceu três principais categorias de IRES (alto, médio e baixo) que foram calculados utilizando a média (0,5564), valor mínimo (0,1800), valor máximo (0,8800) e desvio-padrão (0,1373). Assim, o IRES oscilou entre 0,5564 e 0,8800. Eles foram utilizados para classificar as empresas em três níveis de responsabilidade sócio-ambiental a partir dos seguintes critérios: (1) IRES menor do que 0,4191 (média menos desvio padrão) – empresas com baixo desempenho; (2) IRES entre 0,4191 e 0,6937 (média menos desvio-padrão e média mais desvio-padrão) – empresas com

médio desempenho; (3) IRES maior do que 0,6937 (média mais desvio-padrão) – empresas

com alto desempenho sócio-ambiental. Depois de padronizados os níveis de IRES, 10 empresas obtiveram nota que os classificaram como baixo desempenho, 51 como médio desempenho e 12 como alto desempenho.

Como observado na figura 1, as empresas apresentaram um razoável coeficiente de correlação linear, entre os anos 2001 e 2004. O que demonstra que há uma correlação positiva no índice de responsabilidade sócio-ambiental entre os anos analisados, existindo um alto relacionamento entre as duas variáveis. Isto indica que aquelas empresas com índices elevados em um ano continuaram tendo altos IRES no outro ano, e aqueles com pequenos resultados num período permaneceram tendo IRES baixo no ano seguinte. A primeira questão a ser tratada no trabalho, foi saber se empresas com alto IRES num ano, apresentaram também bom desempenho no ano seguinte. Na tabela 1, estão apresentadas as empresas que participaram do índice e seu posicionamento no ranking, nos anos de 2001 a 2004. Dela pode-se concluir que enquanto a CEDAE obteve as primeiras posições, a Ultrapar aprepode-sentou o menor resultado no ranking, nos anos estudados.

A questão seguinte está relacionada a possível correlação entre o IRES e à performance financeiras das empresas. A correlação tem como objetivo demonstrar a força do relacionamento entre tais indicadores no período analisado. Segundo Stevenson (1981), quanto mais próximo de +1 ou -1 estiverem seus coeficientes representa que há um forte relacionamento entre os indicadores de desempenho em estudo. Na figura 2, encontra-se o resultado do estudo realizado com 73 empresas. O grau de correlação, considerando como variáveis IRES e Receita Líquida (RL), IRES e Folha de Pagamento Bruto (FPB), IRES e

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Resultado Operacional (RO), IRES e número de empregados foi baixo para os anos de 2003 e 2004. Conclui-se que as ações sociais das empresas independem de seu resultado operacional.

Figura 1 - Dispersão entre o IRES de 2001 e de 2004 das empresas Correlações 2003 RL RO FPB Emp IRES RL 1 0,8920 0,6637 0,5155 -0,0229 RO 0,8920 1 0,4924 0,3596 0,0639 FPB 0,6637 0,4924 1 0,8364 0,0018 Emp 0,5155 0,3596 0,8364 1 -0,1534 IRES -0,0229 0,0639 0,0018 -0,1534 1 Correlações 2004 RL RO FPB Emp IRES RL 1 0,9183 0,7205 0,4985 0,0762 RO 0,9183 1 0,6249 0,3730 0,1539 FPB 0,7205 0,6249 1 0,8060 0,0698 Emp 0,4985 0,3730 0,8060 1 -0,1853 IRES 0,0762 0,1539 0,0698 -0,1853 1 Correlações 2003 X 2004 RL RO FPB Emp IRES 0,9965 0,9897 0,9859 0,9954 0,8542

Figura 2 – Indicadores de correlação entre IRES e indicadores financeiros

Dispersão entre o IRES de 2001 e 2002

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 2001 20 0 2

Dispersão entre o IRES de 2002 e 2003

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 2002 20 03

Dispersão entre o IRES de 2003 e 2004

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 2003 20 04

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Tabela 1 –Ranking do IRES das empresas, 2001 a 2004

2001 2002 2003 2004

EMPRESA Ranking IRES Nível Ranking IRES Nível Ranking IRES Nível Ranking IRES Nível

Acesita 73º dnp Baixo 40º 0,54 Médio 62º 0,40 Baixo 66º 0,38 Baixo

Amazônia Celular 72º 0,24 Baixo 58º 0,42 Médio 57º 0,46 Médio 41º 0,54 Médio

Banco Bradesco 37º 0,56 Médio 44º 0,52 Médio 44º 0,54 Médio 45º 0,52 Médio

Banco do Brasil 37º 0,56 Médio 52º 0,48 Médio 52º 0,48 Médio 54º 0,48 Médio

Banco Itaú 3º 0,80 Alto 21º 0,66 Médio 32º 0,58 Médio 13º 0,68 Médio

Bandeirante Energia 46º 0,48 Médio 48º 0,50 Médio 41º 0,56 Médio 30º 0,58 Médio

Banrisul 17º 0,66 Médio 9º 0,72 Alto 20º 0,64 Médio 56º 0,46 Médio

Belcar Caminhões e Máquinas 65º 0,34 Baixo 65º 0,34 Baixo 71º 0,24 Baixo 64º 0,40 Baixo

Brasil Telecom 35º 0,58 Médio 27º 0,62 Médio 20º 0,64 Médio 50º 0,50 Médio

Caesb 26º 0,62 Médio 7º 0,74 Alto 3º 0,78 Alto 8º 0,72 Alto

Calçados Azaléia 37º 0,56 Médio 27º 0,62 Médio 32º 0,58 Médio 30º 0,58 Médio

Camargo Corrêa 12º 0,72 Alto 9º 0,72 Alto 7º 0,72 Alto 5º 0,76 Alto

Canguru Embalagens 6º 0,76 Alto 9º 0,72 Alto 11º 0,66 Médio 24º 0,60 Médio

CEB 10º 0,74 Alto 9º 0,72 Alto 11º 0,66 Médio 13º 0,68 Médio

CEDAE 1º 0,92 Alto 1º 0,88 Alto 1º 0,88 Alto 1º 0,88 Alto

CHESF 44º 0,52 Médio 31º 0,60 Médio 9º 0,70 Alto 24º 0,60 Médio

CIA Ind Cataguases 21º 0,64 Médio 69º 0,28 Baixo 41º 0,56 Médio 35º 0,56 Médio

Coelba 26º 0,62 Médio 15º 0,68 Médio 29º 0,60 Médio 3º 0,78 Alto

Coelce 6º 0,76 Alto 58º 0,42 Médio 5º 0,74 Alto 9º 0,70 Alto

Conpasul 41º 0,54 Médio 48º 0,50 Médio 52º 0,48 Médio 56º 0,46 Médio

Copel 2º 0,86 Alto 2º 0,86 Alto 1º 0,88 Alto 1º 0,88 Alto

Copesul 46º 0,48 Médio 15º 0,68 Médio 11º 0,66 Médio 35º 0,56 Médio

CSN 21º 0,64 Médio 44º 0,52 Médio 32º 0,58 Médio 30º 0,58 Médio

CST 46º 0,48 Médio 38º 0,56 Médio 47º 0,52 Médio 45º 0,52 Médio

CVDR 56º 0,42 Médio 63º 0,36 Baixo 65º 0,38 Baixo 69º 0,34 Baixo

De Nadai 31º 0,60 Médio 31º 0,60 Médio 52º 0,48 Médio 30º 0,58 Médio

ECT Nacional 10º 0,74 Alto 21º 0,66 Médio 29º 0,60 Médio 24º 0,60 Médio

Elektro 35º 0,58 Médio 3º 0,80 Alto 29º 0,60 Médio 24º 0,60 Médio

Eletrobras 69º 0,30 Baixo 65º 0,34 Baixo 70º 0,26 Baixo 61º 0,44 Médio

Eletronorte 56º 0,42 Médio 54º 0,44 Médio 65º 0,38 Baixo 64º 0,40 Baixo

Embraco 55º 0,44 Médio 21º 0,66 Médio 32º 0,58 Médio 24º 0,60 Médio

Embraer 46º 0,48 Médio 40º 0,54 Médio 47º 0,52 Médio 50º 0,50 Médio

Ferrari Agroindústria 64º 0,36 Baixo 69º 0,28 Baixo 67º 0,36 Baixo 62º 0,42 Médio

Furnas 46º 0,48 Médio 44º 0,52 Médio 24º 0,62 Médio 9º 0,70 Alto

Grupo Inepar 52º 0,46 Médio 27º 0,62 Médio 20º 0,64 Médio 41º 0,54 Médio

Grupo Pão de Açucar 68º 0,32 Baixo 67º 0,32 Baixo 69º 0,28 Baixo 71º 0,26 Baixo

Hospital de Clínicas de Poa 6º 0,76 Alto 4º 0,78 Alto 5º 0,74 Alto 9º 0,70 Alto

Imbralit 41º 0,54 Médio 54º 0,44 Médio 32º 0,58 Médio 30º 0,58 Médio

Itautec Philco 59º 0,40 Baixo 44º 0,52 Médio 47º 0,52 Médio 50º 0,50 Médio

Jari Celulose 17º 0,66 Médio 15º 0,68 Médio 9º 0,70 Alto 18º 0,64 Médio

Lab Sabin 52º 0,46 Médio 54º 0,44 Médio 62º 0,40 Baixo 41º 0,54 Médio

Light 65º 0,34 Baixo 73º 0,16 Baixo 20º 0,64 Médio 15º 0,66 Médio

Lupatech 17º 0,66 Médio 21º 0,66 Médio 11º 0,66 Médio 18º 0,64 Médio

Marcopolo 26º 0,62 Médio 31º 0,60 Médio 32º 0,58 Médio 35º 0,56 Médio

Metalúrgica Gerdau 31º 0,60 Médio 48º 0,50 Médio 52º 0,48 Médio 50º 0,50 Médio

Milênia Agro Ciências 70º 0,28 Baixo 61º 0,40 Médio 24º 0,62 Médio 54º 0,48 Médio

Mna - Metalúrgica Nova 26º 0,62 Médio 31º 0,60 Médio 41º 0,56 Médio 22º 0,62 Médio

Multibrás da Amazônia 12º 0,72 Alto 15º 0,68 Médio 44º 0,54 Médio 35º 0,56 Médio

Orsa Celulose, Papel e 17º 0,66 Médio 21º 0,66 Médio 57º 0,46 Médio 67º 0,36 Baixo

Paraíso Bioenergia 62º 0,38 Baixo 68º 0,30 Baixo 57º 0,46 Médio 45º 0,52 Médio

Perdigão 56º 0,42 Médio 62º 0,38 Baixo 68º 0,32 Baixo 56º 0,46 Médio

Petrobras 5º 0,78 Alto 14º 0,70 Médio 11º 0,66 Médio 3º 0,78 Alto

Randon 21º 0,64 Médio 27º 0,62 Médio 57º 0,46 Médio 56º 0,46 Médio

Sadia 59º 0,40 Baixo 63º 0,36 Baixo 62º 0,40 Baixo 70º 0,30 Baixo

Saint-Gobain 3º 0,80 Alto 4º 0,78 Alto 32º 0,58 Médio 41º 0,54 Médio

Samarco 52º 0,46 Médio 53º 0,46 Médio 47º 0,52 Médio 18º 0,64 Médio

Santander Banespa 37º 0,56 Médio 6º 0,76 Alto 3º 0,78 Alto 6º 0,74 Alto

Serasa 15º 0,68 Médio 21º 0,66 Médio 24º 0,62 Médio 15º 0,66 Médio

Sercomtel Celular 21º 0,64 Médio 38º 0,56 Médio 32º 0,58 Médio 45º 0,52 Médio

Sercomtel Telecomunicações 6º 0,76 Alto 7º 0,74 Alto 7º 0,72 Alto 6º 0,74 Alto

Suzano Papel e Celulose 41º 0,54 Médio 54º 0,44 Médio 11º 0,66 Médio 18º 0,64 Médio

Telemar 62º 0,38 Baixo 71º 0,26 Baixo 73º 0,20 Baixo 73º 0,18 Baixo

Telemig Celular 65º 0,34 Baixo 40º 0,54 Médio 44º 0,54 Médio 35º 0,56 Médio

Torre Empreend Rural e 46º 0,48 Médio 15º 0,68 Médio 11º 0,66 Médio 15º 0,66 Médio

Ultrapar 71º 0,26 Baixo 72º 0,22 Baixo 72º 0,22 Baixo 71º 0,26 Baixo

Unibanco 45º 0,50 Médio 48º 0,50 Médio 47º 0,52 Médio 56º 0,46 Médio

Usiminas 31º 0,60 Médio 31º 0,60 Médio 32º 0,58 Médio 22º 0,62 Médio

Usina Cerradinho 26º 0,62 Médio 40º 0,54 Médio 24º 0,62 Médio 35º 0,56 Médio

Usina Mandu 59º 0,40 Baixo 58º 0,42 Médio 61º 0,42 Médio 62º 0,42 Médio

Usina São Domingos 15º 0,68 Médio 15º 0,68 Médio 24º 0,62 Médio 9º 0,70 Alto

Usina São José da Estiva 31º 0,60 Médio 31º 0,60 Médio 52º 0,48 Médio 67º 0,36 Baixo

Usina São Martinho 21º 0,64 Médio 31º 0,60 Médio 11º 0,66 Médio 24º 0,60 Médio

(12)

Conclusões e Perspectivas

O presente trabalho propôs um indicador de gestão das práticas sócio-ambientais das empresas a partir de informações extraídas do modelo de balanço social do Ibase que é atualmente uma ferramenta de medida de desempenho sócio-ambiental das empresas brasileiras.

Tem-se demonstrado que a sociedade exige uma maior clareza de ações sócio-ambientais geradas pelas organizações. Para isto, estão surgindo novos modelos de relatórios e instrumentos que evidenciem tais ações. O indicador de sustentabilidade social criado recentemente pela BOVESPA leva em consideração informações de apenas 28 empresas que negociam seus papeis no mercado financeiro. Esta limitação deixa de fora uma grande quantidade de entidades que vêm gerando também, de forma responsável, ações sócio-ambientais para a sociedade.

No presente estudo, foi apresentado um indicador de responsabilidade sócio-ambiental, possibilitando a realização de um ranking entre o maior e menor resultado com um rol maior de empresas. Foi possível analisar que existe uma baixa correlação entre o IRES e o resultado operacional das empresas. Os dados do IRES permite concluir que aquelas empresas que apresentaram os melhores resultados num ano, permaneceram obtendo nos anos seguintes. Não há correlação entre o resultado do IRES com o resultado operacional das empresas.

Vale ressaltar que os resultados aqui apresentados são ainda preliminares, havendo a necessidade de expandir as variáveis do IRES em razão das limitações encontradas no modelo do Ibase que não aborda informações sugeridas por órgãos internacionais. No modelo de balanço social do IBASE não há detalhamento, por exemplo, de indicadores de meio-ambiente sugeridos pela ONU, no Global Compact.

Sugere-se que um estudo quanto à existência da performance econômica da empresa

versus performance social e nível de aceitação da imagem da empresa junto à sociedade seja

realizado com a utilização do IRES.

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