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ESTUDO DO COMPORTAMENTO DA CURVA DE RECUPERAÇÃO DA FREQÜÊNCIA CARDÍACA APÓS ESFORÇO SUBMÁXIMO RESUMO

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Academic year: 2021

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ARTIGO

ESTUDO DO COMPORTAMENTO DA CURVA DE

RECUPERAÇÃO DA FREQÜÊNCIA CARDÍACA APÓS ESFORÇO SUBMÁXIMO

Eduardo NadaZim ~ a n s ~

:

João Carlos Bouzas Marins

RESUMO

O objetivo deste estudo foi de verificar a existência de diferença significativa entre a frequência cardíaca de recuperação medida em diferentes intervalos de tempo após o esforço (respectivamente 6, 10, 15,20, 30 e 60 segundos) e a frequência cardíaca de esforço.

Foram avaliados 20 indivíduos voluntários na faixa etária entre 18 e 30 anos, sendo 15 do sexo masculino e 5 do sexo feminino, não-atletas, com e sem prática de exercícios físicos e não-fumantes. A coleta de dados foi realizada na Corpus Academia (Barbacena

-

MG) e no Laboratório de Performance Humana do Departamento de Educação Física

-

UFV (Viçosa

-

MG). A instrumentação utilizada foi constituída de um cicloergômetro marca Movimente 2000, para a realização do esforço, além do cardiotacômetro POLAR ACUREX, para mensuração da frequência cardíaca.

O protocolo desenvolvido inclui a mensuração da curva de recuperação da frequência cardíaca durplite um minuto, após a realização de um exercício em nível submáximo, caracterizando um tempo de 10 minutos em "steady state", em duas situações: (a) 60% e (b) 70%. Para o cálculo da frequência cardíaca

-

alvo levou-se em consideração a seguinte fórmula proposta por KARVONEN: FCT = %

.

(FCM

-

FCR)

+

FCR. Após os 10 minutos de "steady state" o avaliado era orientado a interromper completamente o exercício, iniciando um processo passivo de recuperação, sendo considerada a última FC registrada durante o esforço e, em seguida, registrados os valores da FC nos seguintes intervalos pós

-

esforço: 6, 10,

15,20,25,30,35,40,45, 50, 55 e 60 segundos.

O tratamento estatístico incluiu a análise de variância (Estatística - Levin, J.) entre a média de cada mensuração da FC e o tempo zero (última FC registrada ao término da atividade submáxima no cicloergômetro).

Os resultados apurados apontaram como não-significativa (p < 0,05) a diferença dos valores obtidos em 6 e 10 segundos, tanto para o esforço a 60 como a 70%, sendo considerada significativa a diferença dos valores obtidos da FC a partir dos 15 segundos de mensuração.

Coin os resultados obtidos neste estudo, é possível concluir que o registro ideal da FC pós-esforço deverá compreender um tempo de

*

Acadêmico do curso de graduação em Educação Física - UFV

*

*

Professor do Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Viçosa.

(2)

aproximadamente 6 ou 10 segundos. A coleta da FC utilizando tempos superiores a 10 segundos (geralmente é utilizado por parte dos preparadores físicos o registro durante 15 segundos) frequentemente poderá induzir a um erro de intemretacão da intensidade ~ r o ~ o s t a elo exercício. o aue Dor sua - 8 .

1

vez modific&á a ilanificação do treiiamênto d'e forma incorreta.

UNITERMOS: Treinamento desportivo, freqüência cardíaca, prescrição de exercícios

A frequência cardíaca (FC) representa um dos sinais vitais do organismo de fundamental importância na prescrição de exercícios, em que frequentemente se faz necessária a obtenção de seu registro durante a realização de um exame físico. O estudo do comportamento da FC durante a atividade física fornece ainda indicações importantes sobre a forma correta de prescrição de exercícios.

A mensuração da FC é bastante difundida no campo da Educação Física e Medicina Esportiva, visto que é considerada como um dos melhores parâmetros para avaliação do "stress" físico ao qual o praticante está sendo submetido. Frequentemente a mensuração da FC faz parte de baterias de testes físicos, como o protocolo de Astrand em cicloergometria submáximo, PWC 170, protocolo de banco de Harvard, entre outros, ou ainda como referencial para interrupção do teste ergométrico máximo, como o de Balke e Jones, cicloergométrico, e Bmce, de esteira. A .FC pode ser ainda monitorada no sentido de nortear a prescrição de exercícios através do cálculo da intensidade, além de estar diretamente relacionada com o débito cardíaco e o volume sistólico.

O controle da intensidade de treinamento pela FC tem sido utilizado não só durante o esforço (com uso de equipamentos especiais), mas também no período pós-esforço de 6, 10 ou 15 segundos da atividade. ROCHA (1976) afirma que a metodologia de I5 segundos é a mais utilizada, entretanto observa-se que diversos profissionais mensuram a freqüência cardíaca em tomadas de 20,30 e 60 segundos após o esforço.

Devido a grande importância da FC como parâmetro para controle de esforço físico, torna-se fundamental, para a prescrição de exercícios, que os avaliadores tenham conhecimento das técnicas corretas de sua mensuração e da validade e confiabilidade destas.

OBJETIVO

O objetivo deste estudo foi verificar a existência de diferença significativa entre a FC de recuperação medida em diferentes intervalos de tempo (respectivamente 6, 10, 15, 20, 30 e 60 segundos) e a FC registrada de esforço submáximo a 60% e 70% da frequência cardiaca máxima (FCM).

(3)

METODOLOGIA

O presente trabalho caracterizou-se por um estudo quase experimental, tipo transversal, para análise comparativa da FC pós-esforço medida em cicloergômetro. A amostra constitui-se de 20 indivíduos voluntários na faixa etária entre 18 e 30 anos, sendo 15 do sexo masculino e 5 do sexo feminino, não-atletas, com e sem prática de exercícios fisicos e não-fumantes.

A coleta de dados foi realizada na Corpus Academia, localizada na cidade de Barbacena

-

MG, e no Laboratório de Performance Humana (LAPEH), localizado no Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Viçosa, Viçosa

-

MG.

Foram utilizados cicloergômetros da marca Moviment 2000 para a atividade de esforço, além de cardiotacômetros da marca POLAR (ACCUREX) para mensuração e controle da FC, cronômetros da marca SPORTS TIMER para controle dos estágios, assim como para os protocolos de recuperação.

O protocolo de avaliação foi realizado em dois momentos: no primeiro o avaliado foi submetido a uma carga de trabalho de "steady state" 60% da FCM, sendo o segundo momento com uma carga a 70% da FCM, separados por um período de pelo menos uma semana.

Para cálculo do valor da intensidade de trabalho com base na FCM, optou-se por empregar a fórmula predita por KARVONEN, que leva em consideração a frequência cardíaca de reserva (FCR); sendo assim, utilizou- se a seguinte equação (WILMORE e COSTILL, 1994):

FCT = x

.

(FCM

-

FCRep)

+

FCRep em que

FCT = frequência cardíaca de treino; x = % do esforço desejado;

FCM = frequência cardiaca máxima prevista; FCRep = frequência cardiaca de repouso.

Para o cálculo da frequência cardíaca máxima para destreinados, foi empregada a fórmula preconizada por SHEFFIELD (1965):

FCM = 205

-

(0,42 x Idade)

Cada elemento da amostra foi orientado a comparecer ao local de realização de ambos os testes (de 60 e de 70% da FCM) com uma antecedência mínima de 15 minutos. O avaliador teve, como procedimento para estabilização da FC de repouso equilibrada, que induzir um período de repouso ao avaliado de pelo menos cinco minutos, através da realização de uma entrevista para coleta de informações gerais; ao final deste tempo processava-se a mensuração da, FC de repouso para o cálculo da FC de treino. Posteriormente, o avaliado era encaminhado ao ergômetro, porém sem realização de exercícios, por mais um período de cinco minutos.

Após o período de recuperação de 10 minutos, a metodologia consistiu na realização do exercício no cicloergômetro por um tempo de 5 minutos com uma carga submáxima para proceder-se ao ajuste da carga em watts e velocidade de rotação suficientes, a fim de elevar a FC ao ponto preestabelecido, a 60 ou 70% da FCM, além de atuar também como uma

(4)

forma de aquecimento. Atingido o ponto desejado, os avaliados foram submetidos a um período de "steady state" durante 10 minutos, com a carga já ajustada nos primeiros 5 minutos de exercício. Com o término da etapa de "steady state" (dez minutos), os avaliados eram orientados a interromper por completo o esforço, iniciando-se então a coleta da FC de recuperação nos intervalos referentes a 6, 10, 15,20,25, 30, 35, 40,45, 50, 55 e 60 segundos, sendo esta coleta realizada com os indivíduos ainda sentados no cicloergômetro. O mesmo procedimento foi empregado nas duas sessões de avaliação com 60 e 70% de esforço submáximo.

O tratamento estatistico empregado foi através do estudo da análise de variância (Estatística

-

LEVIN, J.) entre a média de cada mensuração da FC e o tempo zero (última FC registrada ao término da atividade submáxima no cicloergômetro).

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Os resultados apurados durante a mensuração da FC de recuperação com o primeiro tratamento estatístico 60% da FCM em "steady state" são apresentados na Figura 1 e no Quadro 1. Já os dados obtidos na realização do segundo tratamento estatístico (70% da FCM em "steady state") são apresentados na Figura 2 e no Quadro 2. Na Figura 3 estão ilustrados os dados de ambas as formas de tratamento, de maneira comparativa.

R . &

. Educ. Fís., Viçosa, 4

(2):

5 1-5G996 QUADRO 1 - Comparação dos valores da FC entre o ponto zero (final do

esforço a 60%) e os tempos de mensuração pós-esforço (média

*

desvio-padrão) Tempo de mensuração da FC Valor da FC (bpm) no tempo 0

-

60% Valores da FC (bpm) nos tempos de Diferença

(5)

T e m p o (r)

FLGURA 1

-

Curva de recuperação da FC após 60% da FCM de exercício erri "steady state"

Tampo ( S )

FIGURA 2

-

Curva de recuperação da FC após 70% da FCM de exercício

em "steady state"

(6)

FIGURA 3

-

Comparação entre a curva de recuperação da FC após 60 e 70% da FCM de exercício em "steady state"

Em uma análise mais criteriosa dos dados encontrados, logo depois da interrupção do exercício, observa-se que houve um período em que a FC se manteve muito próxima ao valor do ponto zero (interrupção do exercício), e, a partir deste ponto, ocorreu uma bradicardia acentuada ate um minuto após a realização do esforço. Esse fenômeno ocorreu de forma similar tanto no primeiro como no segundo tratamento.

Com base no tratamento estatístico desenvolvido pela análise de variância, foi possível constatar que não existe diferença significativa na mensuração pós-esforço com 6 e 10 segundos, ao ser comparada no momento zero. Entretanto, após 15 segundos e, para as demais mensurações, até 60 segundos, encontrou-se um p > 0,005.

Dessa forma, toma-se evidente que, para uma metodologia de mensuração mais fidedigna, será usado o registro da FC com um tempo máximo pós-esforço de até 10 segundos.

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

O comportamento da bradicardia pós-esforço encontrada nos dois experimentos está de acordo com as observações relatadas por ASTRAND e RODAHL (1 987), GUYTON (1 984) e BROOKS e FAHEY (1 984), os quais citam a diminuição da estimulação via simpática, propiciando assim menor liberação de catecolaminas, tendo em contrapartida uma maior participação vagal; este fenômeno é considerado estatisticamente preceptivo após 15 segundos da interrupção do exercício, como apresentado neste estudo.

A curva de recuperação na primeira situação-problema (60%), após um minuto, atingiu valores inferiores a 120 bpm, valor este considerado referencial como boa recuperação (PLATONOV, 1992). Já na segunda situação (70%), como o estímulo aplicado foi maior, impôs-se uma curva de 56 R. min. Educ. Fís., Viçosa, 4 (2): 51-58, 1996

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recuperação mais lenta, sendo registrados no primeiro minuto pós-esforço valores ligeiramente superiores a 120 bpm. A maior demora no tempo de recuperação, no segundo tratamento, vem de encontro com o indicado por FOX et al. (1991), os quais afirmam que: "... quanto maior a intensidade de trabalho maior será o tempo gasto para a recuperação".

Outro aspecto importante observado neste estudo relaciona-se com o comportamento geral da curva de recuperação, independentemente do intervalo de tempo, onde sempre são registrados valores superiores para o trabalho com intensidade de 70%, em comparação a 60% de intensidade (Figura 3).

Com base nos resultados apresentados neste trabalho, é possível concluir que há uma falha rotineira da utilização da FC como elemento controlador da intensidade, quando mensuradas a partir de 15 segundos, já que deste intervalo (15s) até o primeiro minuto se faz completamente errôneo o procedimento da FC.

O procedimento de mensuração da FC pós-esforço com um intervalo igual ou superior a 15 segundos poderá induzir o preparador fisico a um erro metodológico grave, visto que na realidade a FC registrada será já resultante de estimulação vagal e diminuição da estimulação simpática imposta pela interrupção do exercício; sendo assim, o resultado obtido irá refletir um dado subestimado. A primeira conclusão do preparador físico será de que o estímulo proposto não foi suficiente, aumentando a carga de trabalho, gerando assim uma sobrecarga e incrementando substancialmente o desgaste do atleta, visto que durante o exercício a FC estará acima da objetivada.

As curvas de FC de recuperação ocorreram de acordo com a literatura, no entanto não existe uma preocupação por parte dos preparadores físicos com o reflexo de bradicardia induzida por exercício físico, que por sua vez modifica o resultado da FC de treino.

Tanto no esforço de 60% como no de 70% a menor diferença na mensuração foi observada no intervalo de O a 6 segundos, indicando ser esta a mais apropriada; porém, o uso do intervalo de 10 segundos no procedimento de coleta da FC também poderá ser amplamente empregado.

Coin base nos resultados obtidos, sugere-se uma maior agilização na coleta da FC (principalmente na técnica manual), devendo o atleta ser orientado a executar a própria mensuração o mais rápido possível após a interrupção do exercício, pois, se o intervalo de tempo em questão para a coleta for amplo, poderá induzir um resultado mascarado.

A melhor forina de se evitar o erro de leitura da FC de esforço é através da leitura direta por equipamentos especiais (exemplo: sistema Polar), uma vez que permitem a leitura do ritmo de uma maneira quase que R. min. Educ. Fís., Viçosa, 4 (2): 51-58, 1996 57

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imediata. No entanto, se ocorrer a impossibilidade do uso do sistema de monitorização direta, recomenda-se a mensuração manual de 6 a 10 segundos, e para isso deverá haver, por parte do avaliador ou atleta, a necessidade de grande prática na mensuração da FC por esta técnica, pois a falha na percepção de um batimento na técnica de 6 segundos impõe um erro de dez batimentos, enquanto para a falha de um batimento na técnica de dez segundos o erro será de seis batimentos, uma margem de erro considerada bem significativa.

Com relação a realização de novas pesquisas sobre este tema, sugere-se executar o mesmo tipo de pesquisa em vários tipos de população: cardíacos, atletas de diversas modalidades, fumantes, idosos, entre outros. Existe também a possibilidade de análise da curva de recuperação em percentuais não utilizados nesta pesquisa, como 50, 80, 90 e 100%, além de uma forma de recuperação ativa, o que pode ou não alterar a curva de recuperação.

ASTRAND, P. e RODAHL, K. Tratado de fisiologia do exercício. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986.

BROOKS, J. e FAHEY, T. D. Exercise vhvsiolom: human bioenergetics :

and its applications. New York: Macmillan Publishing Company, 1984. FOX, E. L.; BOWERS, R. W. e FOSS, M. L. Bases fisiológicas da

educação fisica e dos desportos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,

I

1991.

GUYTON, A. C. Fisiologia Humana. Rio de Janeiro: Interamericana, 1984. r

?

PLATONOV, V. N. El entrenamiento devortivo

-

Teoría y metodologia. Barcelona: Paidotribo, 1992.

ROCHA, M. L.; MITUSAKI, M. e GUIMARÃES, N. F. Ciloergometria e sua metodologia. Jornal Brasileiro de Medicina, 1976.

SHEFFIELD, L. T.; HOLT, J. H. e REEVES, T. J.. Exercise graded by heart rate in electrocardiographic testing for angina pectoris. Circulation,

V. 32, p. 622

-

629. 1965.

-

WILMORE, J. H. e COSTILL, D. L. Phvsiolom of Sports and Exercise. Champaign: Human Kinetics, 1994.

Referências

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