PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA
ACÓRDÃO
Agravo Interno ng 200.2010.013606-4/001
Origem : 54 Vara Cível da Comarca da Capital
Relatora : Juiza de Direito Convocada Maria das Graças Morais Guedes Agravante : Generali do Brasil Companhia Nacional de Seguros
Advogado : Rostand Inácio dos Santos
Agravado : Christyanne Mônica Soares Silveira de Lima, representando seu filho
L. S. S. M.
Advogado : José Luis de Sales
I AGRAVO INTERNO. SEGUIMENTO NEGADO I A
APELAÇÃO. DECISÃO MONOCRÁTICA. INTELIGÊNCIA DO ART. 557, CAPO; DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. IRRESIGNAÇÃO. AÇÁO ORDINÁRIA DE COBRANÇA. DPVAT. PRECEDENTES. MANUTENÇÃO DO DECISáI. DESPROVIMENTO.
- Quando os argumentos recursais, no agravo interno, mostram-se insuficientes, é de rigor a manutenção dos termos do decisório monocrático do relator.
- É de se manter a decisão monocrática que, nos termos do art. 557, caput, do Código de Processo Civil, negou seguimento à apelação, manifestamente improcedente, mormente quando as razões recursais limitam-se a revolver a matéria já apreciada.
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Agravo Interno n"200.2010.013606-41001 o
VISTOS,
relatados e discutidos os presentes autos.ACORDA
a Quarta Câmara Cível do Tribunál de Justiça da Paraíba, por unanimidade, desprover o recurso.Trata-se de AGRAVO INTERNO, fls. 106/114, interposto por Generali do Brasil Companhia Nacional de Seguros contra decisão monocrática, fls. 97/104, que negou seguimento ao apelo.
Insatisfeito, o agravante requer a reconsideração do decisum vergastado, aduzindo, preliminarmente, sua ilegitimidade passiva e carência de ação por falta de interesse de agir, e, no mérito, sustenta !a
1 impossibilidade de pagamento em valor superior a R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais) e a verificação da existência de outros beneficiários em relação ao seguro DPVAT.
É o RELATÓRIO.
VOTO
De início, convém informar que o agravo interno é uma modalidade de insurgência cabível contra decisão monocrática interlocutória, terminativa ou definitiva proferida pelo relator.
fr
Na espécie, insurge-se o Generali do Brasil
Companhia Nacional de Seguros contra decisão monocrática que negou seguimento
ao apelo.
Entrementes, antes de mais nada, convém salientar que com o presente recurso procurou o recorrente, rediscutir os pontos já analisados ha decisão monocrática desta relatoria, fls. 248/254.
decisão:
Pois bem, vejamos o que ficou consignado na
No tocante a preliminar de Ilegitimidade passiva aci causam, entendo que não prospera.
É que, conforme leciona a doutrina, a legitimidade' da parte ré advém do fato de ser ela a pessoa indicada a suportar os efeitos provenientes da condenação. Arruda Alvim anota:
(...) a legitimidade do réu decorre do fato de ser ele á pessoa indicada, em sendo procedente a ação, a suportar os efeitos oriundos da sentença. (In. Curso
de Direito Processual Civil, Forense: Rio de janeiro,
2005, pág. 67).
Por sua vez, Humberto Theodoro Júnior:
(...) legitimados ao processo são os sujeitos da lide, isto é, os titulares dos interesses em conflito. A legitimação ativa caberá ao titular do interesse afirmado na pretensão, e a passiva ao titular do interesse que se opõe ou resiste à pretensão. (In.
Curso de Direito Processual Civil, 472 ediçao,
Forense: Rio de Janeiro, 2007, pág. 68).
Dessa maneira, dúvida não há de que a parte apelante é a pessoa contra quem pode ser oposta a pretensão indenizatória.
Com efeito, em se tratando de Seguro Obrigatório
(DPVAT), as Seguradoras, à inteligência do art. 7 2, da
Lei n2 6.1974/74, com as alterações introduzidas pela Lei n2 8.441/92, são solidariamente responsáveis pelo pagamento das indenizações, vejamos:
Art. 72• A indenização por pessoa vitimada por +, veiculo não identificado, com seguradora não identificada, seguro não realizado ou vencido, será paga nos mesmos valores, condições e prazos dos
demais casos por um consórcio constituído, obrigatoriamente, por todas as sociedades seguradoras que operem no seguro objeto desta lei. ;1 Sendo assim, ao beneficiário assiste o direito de acionar qualquer delas, tanto para o pagamento integral, quanto para a complementação de eventual valor recebido a menor.
Nesse sentido:
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO QUE NÃO LOGRA INFIRMAR OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. SEGURO OBRIGATÓRIO. DPVAT. ACIDENTE DE TRÂNSITO.
! LEGITIMIDADE PASSIVA. SEGURADORA. F
I AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO.
SÚMULA N. 211/STJ. MATÉRIA
1, CONSTITUCIONAL. IMPOSSIBILIDADE DE EXAME NA VIA DO RECURSO ESPECIAL. 1. Mantém-se na íntegra a decisão recorrida cujos fundamentos não foram infirmados. 2. Qualquer seguradora que opera no sistema pode ser acionada para pagar o valor da indenização correspondente aO seguro obrigatório, assegurado o direito de regresso. Precedentes... (STJ, 4.4 T. AgRg ri(2 870.091/RJ. Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJ 11/02/08, pág. 01). A existência de um Consórcio de Seguradoras do Convênio DPVAT legitima qualquer delas para responder pela respectiva cobertura. Ademais, movimentação administrativa perante outra pessOa jurídica do ramo não retira a legitimidade de qualquer das integrantes do referido Consórcio. Rejeito, assim, a preliminar ilegitimidade passiva ad causam.
A ré, em sua apelação, arguiu também a preliminar de carência de ação, por falta de interesse de agir, s b 1 o argumento de que o apelado não fez o prévio
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requerimento administrativo da indenização pretendida, não existindo, assim, lide, no sentido de pretensão resistida.
Como é cediço, após o advento da Constituição dai República de 1988, que adotou o princípio da inafastabilidade da apreciação do Poder Judiciário, consagrado no art. 5, XXXV, da Carta Magna,
o
esgotamento da via administrativa não é mais condição para ajuizamento de ação.O pleno acesso ao Judiciário é um direito fundamental previsto na Constituição Federal de 1988, não sendo cabível impor a alguém a obrigação de propor processo administrativo, ante a ausência de tal exigência em lei.
Nesse sentido, o extinto TAMG:
COBRANÇA. DPVAT. INTERESSE PROCESSUAL VIA ADMINISTRATIVA. DUT. APRESENTAÇÃO '. DESNECESSIDADE. INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA DEVIDA. A ausência de comunicação
Ir à seguradora, pela via administrativa, não afasta o direito da parte de recorrer ao Judiciário para o recebimento da indenização relativa ao seguro DPVAT. (...) (Apelação rig 0473.299-8, Rel. Juiz Irmal-Ferreira Campos, j. 03.12.04) .
O interesse de agir consiste na utilidade e na necessidade da atividade jurisdicional, para o atendimento da pretensão da parte autora.
Com efeito, este interesse será avaliado, segundo a necessidade que tem o autor de pleitear, corri fundamentos razoáveis e devidos, a tutela 1, jurisdicional invocada.
Sobre o tema, Luiz Rodrigues Wambier assevera: O interesse processual está presente sempre que a parte tenha a necessidade de exercer o direito de ação (e, conseqüentemente, instaurar o processo)
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para alcançar o resultado que pretende, relativamente à sua pretensão e, ainda mais, sempre que aquilo que se pede no processo (pedido) seja útil sob o aspecto prático. (In. Curso Avançado de
Processo Civil, 5 ed. São paulo: Revista dos
Tribunais, pág. 128).
Ademais, a Lei rig 6.194/74 preceitua que basta á prova do acidente e do dano dele decorrente, para liberação da cobertura securitária nela prevista. A exigência, portanto, do esgotamento da via administrativa, como pretende a ré, ora apelante, viola o principio da legalidade e do acesso à Justiça, não encontrando, pois, amparo legal.
Rejeito, por fim, a preliminar de carência de ação por falta de interesse de agir.
No mérito, necessário estabelecer o limite fixado na MP riQ 340/06, posteriormente convertida na Lei riQ 11.482, de 31 de maio de 2007, vez que anterior ao sinistro, ocorrido em 05 de março de 2009.
Com efeito, o presente caso comporta o pagamento nos moldes e percentuais previstos na decisão primeva, eis que a parte requerente, conforme se constata nos documentos, fls. 15/20, veio a falecer eml virtude de acidente de trânsito.
Destarte, constatando-se o sinistro e o liame coma morte de Antônio Martins de Lima Júnior, no dia 05 de março de 2009, fl. 17 e dispondo a lei que as indenizações serão pagas considerando o valor de até R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos) reais, resta evidente que o quantum fixado pela decisão recorrida se coaduna ao caso em comento.
Logo, estando a decisão atacada proferida jm consonância com a mais abalizada jurisprudência, é de se concluir pela manutenção 1, do julgado em sua integralidade.
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Por fim, apenas a título de esclarecimento, cumpre acrescentar que não é encargo do julgador manifestar-se sobre todos os fundamentos legais apontados pelo litigantes. Basta que a prestação jurisdicional se dê de forma motivada, a teor do art. 458, do Código de Processo Civil e art. 93, IX, da Constituição Federal, com a indicação, pelo Juiz, das bases legais que dão suporte a sua decisão e que entende serem aptas para solução da lide.
Assim, com base nas razões explicitada, mantenho todos os termos do decisório monocrático, fls. 97/104, máxime em decorrência do princípio do livre convencimento motivado utilizado em harmonia com a jurisprudência deste Egrégio Tribunal de Justiça, do Superior Tribunal de Justiça e da
doutrina especializada.
Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO AO AGRAVO INTERNO, para manter a decisão monocrática, de fls. 97/104, em todos Os seus termos.
É como VOTO.
Presidiu a Sessão, o Desembargador Frederico Martinho da Nóbrega Coutinho. Participaram do julgamento, a Juíza de Direito convocada Maria das Graças Morais Guedes, como Relatora, o DesembargadOr Romero Marcelo da Fonseca Oliveira e a Dra. Vanda Elizabeth Marinho (Juíza de Direito convocada para substituir o Desembargador João Alves da Silva).
Presente a Dra. Marilene de Lima Campos de Carvalho, representando o Ministério Público.
Sala das Sessões da Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, em 15 de maio de 2012 — data do julgamento.
-t Mariai das Graças Morais Guedes
Juiza de Direito Convocada