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X Encontro Nacional de Educação Matemática

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AS EQUAÇÕES DIOFANTINAS LINEARES NO ENSINO MÉDIO COMO

TEMA MOTIVADOR PARA O DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS.

Wagner M. Pommer

email: wmpommer@usp.br

Resumo:

Este artigo tece considerações sobre a relevância e as possíveis contribuições que o tema

Equações Diofantinas Lineares pode viabilizar no Ensino Médio, não em termos de uma

inclusão curricular, mas sim na possibilidade da re-utilização de tópicos fundamentais da

Matemática Discreta, os múltiplos e divisores, como ferramentas que evoluem e

potencializam a escrita algébrica como estratégia otimizadora, viabilizando ao aluno

aprimorar competências essenciais, conforme Machado (2002). Tais considerações foram

embasadas em uma seqüência didática, inspirada em Artigue (1996), aplicada a alunos do

Ensino Médio. As manifestações orais e escritas revelaram a possibilidade da articulação

competências & conhecimentos, num contexto de complementaridade entre a Aritmética

e a Álgebra, frente à necessidade da interatividade dos alunos no Ensino Médio.

Palavras-chave: Equação Diofantina Linear; Competências; Ensino Médio.

Introdução

Atualmente, as escolas brasileiras estão inseridas numa polêmica, em face de

algumas reformulações presentes na Matriz de Referência para o ENEM, Brasil (2009).

As mudanças propostas propiciam uma reflexão inicial e o rebuscar de alternativas que

viabilizem a construção de conhecimentos e o desenvolvimento de competências.

Machado (2002) pondera que no ensino básico um desafio primordial consiste em

promover a articulação entre conhecimento e competência, considerando-se que os

conteúdos são meios para se permitir o desenvolvimento de competências.

A articulação conteúdos&competências, num contexto de complementaridade, é

possibilitada pela elaboração de situações de ensino que incentivem a autonomia do aluno

em face do ‘aprender a aprender’, possibilitando a negociação de significados.

A viabilização de propostas de ensino que permitam a expressão e argumentação

do aluno em diferentes linguagens da Matemática (natural, numérica, algébrica, gráfica),

a análise e tomada de decisões que extrapolem a capacidade do âmbito original,

examinando e vislumbrando outros modos de encaminhamentos, abre caminhos para

explorar outros pontos de vista sobre um tema.

(2)

O Papel das Equações Diofantinas Lineares no Ensino Básico

Acreditamos que um dos modos de desenvolver competências e conhecimentos,

colocando o aluno num papel ativo, é através da inclusão de tópicos matemáticos que

propiciem a reutilização de temas do atual currículo do ciclo básico.

Considerando-se que as Equações Diofantinas Lineares consistem num tópico

introduzido no Ensino Superior, pode causar estranheza ao caro leitor a pretensão em

incluir tal assunto na problemática descrita. Não almejando acrescentar as Equações

Diofantinas Lineares como componente curricular, nossa proposta é a utilização deste

como tema motivador de situações de ensino propícias para o desenvolvimento de

múltiplas estratégias de resolução de problemas, que favoreça o ‘aprender a aprender’.

O tema das Equações Diofantinas Lineares permite articular, a partir da estratégia

da tentativa e erro, outras estratégias de enfoque aritmético, que possibilitam a evolução

para o uso da escrita algébrica, como condição otimizadora das condições dadas no

enunciado. Isto viabiliza o manejo de conceitos de forma integrada, no ensino básico,

estabelecendo uma natural transição entre a Aritmética e a Álgebra, conforme destacam

Maranhão; Machado; Coelho (2005).

Neste quadro, encaminhamos uma seqüência de atividades baseadas em

situações-problema e jogos, ambientas em contextos tematizados nas Equações Diofantinas

Lineares a duas incógnitas, do tipo ax + by = c, onde

a,

b,

c

Z

e com soluções inteiras.

A seguir, apresentamos a análise de alguns resultados de uma pesquisa, inspirada

na Engenharia Didática, descrita em Artigue (1996), que visou verificar se, como e em

que medida alunos do Ensino Médio podem desenvolver conhecimentos envolvendo

Equações Diofantinas Lineares. Esta proposta se insere na problemática de valorização da

Matemática Discreta, conforme Brolezzi (1996), considerando-se que esta vertente

apresenta questões interessantes e de simples compreensão, porém raramente abordadas

na Escola Básica, o que permite o desenvolvimento de diversas estratégias de resolução

de problemas, viabilizando competências essenciais ao aluno do ciclo básico, conforme

Machado (2002).

(3)

A Metodologia de Pesquisa

Nossa pesquisa aplicou e analisou uma seqüência didática a um grupo de dez

alunos do Ensino Médio, agrupados em pares, em uma escola pública de São Paulo, em

três sessões de sessenta minutos cada, no período diurno.

A utilização de jogos e situações-problema visou favorecer a devolução

1

, o

reconhecimento e a necessária ação independente para o encaminhamento das tentativas

de resolução para a busca de soluções inteiras. Estes recursos possibilitam contexto de

regulação e desafio, de modo a possibilitar a ação para a construção de conhecimentos e

o desenvolvimento de competências essenciais, conforme Machado (2002): capacidade

de argumentação e de tomar decisões ao desenvolver ferramentas (mobilizar estratégias

e conhecimentos anteriores para a busca mais eficiente de soluções), capacidade de

compreensão (nas habilidades de leitura e interpretação de texto) e de expressão

(habilidade de conjecturar), para a buscar de significado.

A oportuna proposta do ‘aprender a aprender’, aqui entendida como a

capacidade de desenvolver estratégias e habilidades possibilitadoras do aprender por si

mesmo, da exploração de novos conhecimentos, do monitoramento e reflexão do

próprio pensamento, permite uma atitude ativa na busca de respostas sugestivas e

oportunas, possibilita o trabalho individual e na interlocução com seus pares, pressupõe

o desenvolvimento de procedimentos e a utilização dos conhecimentos disponíveis e

necessários para se chegar a(s) solução(ões) dos jogos e problemas propostos.

As Atividades

As atividades objetivaram propiciar situações com variado número de soluções

inteiras e com nenhuma solução, que possibilitam provocar outras formas de estratégia

além da tentativa e erro, assim como no desenvolvimento da escrita algébrica como

facilitadora para a busca de soluções.

1

A devolução, de acordo com Brousseau (1996) significa o aceite do aluno em enfrentar o desafio intelectual de resolver as situações propostas, como se o problema fosse do aluno.

(4)

Na 1ª sessão, viabilizamos um jogo e duas situações-problema envolvendo

diferentes possibilidades: existência de variado número finito de soluções inteiras e

nenhuma solução, de modo que o aluno percebesse a insuficiência da tentativa e erro,

principalmente em problemas onde há inexistência de solução.

O jogo inicial transcorreu em quatro rodadas e foi disputado por dois grupos,

composto cada qual por duas duplas de alunos da mesma série. Cada grupo recebeu uma

folha contendo as regras do jogo, quatro cartas fechadas com os seguintes valores:

R$ 8,00, R$ 10,00, R$ 12,00 e R$ 14,00, correspondendo aos valores a seres gastos para

a compra de sorvetes. Existiam duas opções de sorvetes de casquinha: bola simples

(b.s.), a R$ 2,00 e bola dupla (b.d.), a R$ 4,00. Nos dois grupos, cada dupla registrou o

valor da carta e todas as possibilidades de compra de sorvetes de casquinha, sem as

revelar ao adversário. Os resultados obtidos estão disponíveis nas tabelas 1 e 2.

Tabela 1: Resultados da atividade 1 relativo ao grupo G1 (alunos da 3ª série do Ensino Médio) Grupo G1

Dupla D1 Dupla D2

Gasto (R$) Gasto (R$)

8,00 12,00 10,00 14,00

Soluções corretas 4 bolas simples 2 bola dupla 6 bola simples 3 bola dupla 5 bola simples 1 b.s. e 2 b.d. todas (4)

Tabela 2: Resultados da atividade 1 relativo ao grupo G2 (alunos da 1ª série do Ensino Médio)

Grupo G2 Dupla D3 Dupla U3

Gasto (R$) Gasto (R$)

Soluções 12,00 14,00 8,00 10,00

2 b.s. e 2 b.d. 3 b.s. e 2 b.d. 1 b.d. + 1 b.d. 1 b.s. e 2 b.d.

Os valores monetários

2

viabilizaram a mobilização na busca das soluções. De

modo geral, os alunos compreenderam o enunciado e o caráter discreto das soluções

inteiras ao encaminhar as soluções inteiras, assim como utilizaram o método da tentativa

e erro como estratégia preferencial, conforme havíamos previsto na análise a priori.

A seguir foi introduzida a situação ‘Quantos pacotes de café?’, cujo enunciado é

:

2

De acordo com Brousseau (1996), uma prerrogativa essencial na problematização se vincula as variáveis didáticas, que correspondem aos intervalos de valores numéricos que permite estimular nos alunos, de forma controlada, a necessidade de busca por novas estratégias para a resolução dos jogos ou problemas, a partir de uma estratégia de base, fomentando condições para surgir o conhecimento almejado.

(5)

Uma loja de conveniência trabalha com diversas marcas de café. Num determinado mês, um comprador desta loja adquiriu 2 tipos de café – tipo A (normal) e tipo B (descafeinado). Sabendo-se que ele gastou exatamente R$ 58,00, quais são as diversas maneiras que pode adquirir os pacotes do tipo A e/ou do tipo B? O preço do pacote da marca A é R$ 2,00 e do pacote da marca B, R$ 3,00 (POMMER, 2008, p.61).

Esta situação-problema propiciou um desafio maior ao exigir organização e

percepção na busca das nove soluções inteiras. Um dos grupos, partindo da tentativa e

erro, percebeu um padrão de formação, o que fomentou a rápida organização e resolução

após alguns cálculos, indicando evolução na estratégia.

Os outros grupos compreenderam a natureza discreta das variáveis, ao procurar

as soluções inteiras, porém encontraram somente algumas soluções, pelo fato de se

basearem exclusivamente no método da tentativa e erro.

Por último, apresentamos o enunciado da situação-problema, denominada ‘Qual

sua escolha: CD ou DVD?’:

Uma aluna, Bianca, fã de música, reserva num certo mês R$ 70,00 para a compra de CDs ou DVDs. Um CD custa R$ 12,00 e um DVD R$ 16,00. Quais são as possibilidades de compra destes dois bens gastando-se exatamente R$ 70,00 (POMMER, 2008, p.63).

A escolha dos valores numéricos das variáveis didáticas visava apresentar ao

aluno uma situação-problema com nenhuma solução, de modo a possibilitar a percepção

de um dos limites intrínsecos do método da tentativa e erro como estratégia de resolução.

Conforme previsto, os três grupos dispuseram de maior tempo na tentativa de busca das

soluções, questionando se havia ou não solução inteira devido à insistência na utilização

da tentativa e erro, porém não formularam nenhuma conjectura em relação à inexistência

de solução. Sintetizo as considerações em relação à 1ª sessão, conforme a tabela 3.

Tabela 3: Síntese das conclusões em relação a 1ª sessão.

1ª sessão D1 D2 D3 U3

G1 G2

Perceberam o caráter discreto das grandezas X X X X

Perceberam que havia mais de uma solução X X Em geral Em geral

utilizaram o método da tentativa e erro como estratégia preferencial X X X X

(6)

Com relação às atividades propostas na 2ª sessão, estas visaram oportunizar ao

aluno o desenvolvimento de outras estratégias que permitissem o abandono gradual da

tentativa e erro. Mantivemos a formação dos grupos conforme a 1ª sessão. Neste texto,

fazemos a exposição de alguns resultados mais relevantes dessas situações.

Inicialmente, apresentamos o enunciado do ‘Jogo dos Saques no Caixa Eletrônico’:

Usualmente, um caixa eletrônico de banco pode dispor de cédulas para atender eventuais solicitações de saques. Suponha que todos os caixas possuam suficientes cédulas para emissão. Um usuário deseja fazer um saque e decide utilizar um caixa eletrônico que emite somente cédulas de R$ 5,00 ou R$ 10,00. Consulta o seu saldo e verifica que possui em sua conta, no momento, R$ 61,00. Indeciso, resolve efetuar um saque, mas não deseja zerar o saldo. Aponte todos os possíveis saques que poderiam ser realizados pelo usuário. Explique seu raciocínio

(POMMER, 2008, p.83).

Este problema objetivava a observação dos múltiplos como estratégia mais

favorável à busca das soluções. A escolha dos valores das cédulas (R$ 5,00 e R$ 10,00),

representativos das variáveis didáticas, facilitariam a percepção dos múltiplos inteiros

positivos de R$ 5,00 até o valor de R$ 60,00.

Os dois grupos inicialmente utilizaram cálculos mentais e a estratégia da tentativa

e erro, porém rapidamente operacionalizaram e explicitaram os múltiplos como estratégia

preferencial e facilitadora, ao perceberam a relação dos possíveis saques e o fato de que

todos eles são divisíveis de 5, conforme relatado na tabela 4.

Tabela 4: Resultados obtidos em uma etapa do ‘Jogo dos Saques Eletrônicos’, pelos grupos G1 e G2.

Seqüência de valores de possíveis saques Justificativa

G1 (5, 20, 15, 20, 25, 30, 35, 40, 45, 50, 55, 60) Todos os números divisíveis por 5 até o 60.

G2 (5, 20, 15, 20, 25, 30, 35, 40, 45, 50, 55, 60) Todos os números divisíveis por 5

A seguir, abordamos o ‘Jogo dos Saques Eletrônicos’, idealizada para bloquear o

uso da estratégia da tentativa e erro, pela escolha, nas análises preliminares, de um valor

de saque apropriado (R$ 1060,00), conforme mostrado na tabela 5.

Os dois grupos não utilizaram cálculos e acertaram todas as respostas. Pode-se

observar, conforme a conforme a tabela 6 indica, que não houve a explicitação da relação

dos resultados obtidos com os múltiplos ou divisores.

(7)

Tabela 5: Situação apresentada no ‘Jogo Dos Saques No Caixa Eletrônico’.

Um terceiro cliente entra na agência com serviço de caixa eletrônico, indicado na tabela abaixo, e deseja fazer um saque de R$ 1060,00. Indique na 3ª coluna, escrevendo SIM ou NÂO, qual(is) o(s) caixa(s) eletrônico(s) do banco que permite(m) tal saque. Justifique (POMMER, 2008, p.86).

Caixa eletrônico Cédulas emitidas Saque de R$ 1060,00

Caixa 1 5 e 10

Caixa 2 10 e 20

Caixa 3 20 e 50

Caixa Especial 2 e 10

Tabela 6: Resultados obtidos na Variação do ‘Jogo Dos Saques No Caixa Eletrônico’.

Cédulas Grupo G1 Grupo G2

Caixa 1 5 e 10 Sim Sim

Caixa 2 10 e 20 Sim Sim

Caixa 3 20 e 50 Sim Sim

Caixa 4 2 e 10 Sim Sim

Justificativa - Sim, pois todos os números são pares. Todos os números são inteiros.

Concluímos que, na 2ª sessão, os alunos perceberam, em algumas ocasiões, os

múltiplos ou divisores como estratégia facilitadora para a busca das soluções inteiras nas

situações-problema apresentadas, mostrando indícios de evolução da estratégia de

resolução pelos alunos (ver tabela 7).

Tabela 7: Síntese das produções da 2ª sessão, pelos grupos G1 e G2.

2ª sessão

Grupo G1 Grupo G2

utilizaram as grandezas discretas X X

perceberam que havia mais de uma solução X X utilizaram o método da tentativa e erro como estratégia

preferencial

poucas vezes

Em geral houve evolução para qual estratégia? Múltiplos Múltiplos

Na 3ª sessão o objetivo era retomar problemas resolvidos nas sessões anteriores,

propiciando condições para que os alunos escrevessem a equação e a utilizasse como

ferramenta otimizadora na busca e organização das soluções inteiras.

Como os alunos desta pesquisa não utilizaram a escrita algébrica na 1ª e 2ª

sessões, realizamos uma institucionalização antecedendo o início da 3ª sessão. Utilizamos

como suporte as próprias produções da situação-problema ‘

Quantos pacotes de café

?’,

realizada na 1ª sessão, questionando-os quanto às características dos dados e das soluções,

organizando os resultados de modo a possibilitar elementos para a evolução da escrita

algébrica a partir da tentativa e erro e como esta ferramenta facilita a busca das soluções.

(8)

A institucionalização proveu os alunos de recursos para prosseguir nas atividades.

Conforme expresso na síntese apresentada na tabela 8, todos os grupos atingiram objetivo

nas situações-problema apresentadas na 3ª sessão, quanto à escrita algébrica e a utilização

desta para a obtenção das situações onde há mais de uma solução.

Tabela 8: Síntese dos resultados obtidos na 3ª sessão.

Grupo G1 Grupo G2

Atividade Soluções corretas Equação Soluções corretas Equação

‘Quantos pacotes

de café?’ 9 2x + 3y = 58 1

2x + 3y = 58 2.26+3.2=58

‘Saques no banco’ 4 5x + 20y= 65 4 5x + 20y= 65

‘CDs ou DVDs?’ Não há

possibilidades 12x + 16 y = 70 - 12x + 16 y = 70

A tabela 9, a seguir, descreve a conjectura de um dos grupos para se prever quando

uma equação diofantina linear tem solução.

Tabela 9: Critério formulado pelos grupos G1 e G2 no problema ‘CDs ou DVDs?’

Grupo Critério

G1

Procuramos verificar se os valores são divisíveis pelo valor estimado pelo professor. Se ele não for divisível, a equação não terá solução.

G2 -

Assim, quanto a formulação de um critério para se prever quando uma equação

diofantina tem ou não solução, somente um dos grupos revelou indícios de percepção de

relação entre os valores dados nos enunciados e o conceito de divisibilidade, porém não

houve verificação e aprofundamento desta conjectura.

Considerações Finais.

A seqüência didática permitiu aos alunos desta pesquisa a manifestação de

conhecimentos envolvendo as equações diofantinas lineares, ao interagirem

autonomamente com uma situação de ensino.

Os alunos perceberam o caráter discreto das grandezas envolvidas, descartando

os resultados de natureza contínua, assim como observaram a existência de diversas

possibilidades de aquisição na busca das quantidades de dois produtos.

(9)

Inicialmente, utilizaram a estratégia de tentativa e erro para as buscas das

soluções inteiras. Porém, alguns alunos manifestaram capacidade em desenvolver outras

estratégias como recurso para a resolução dos problemas, seja através do uso dos

múltiplos ou da escrita algébrica, como ferramenta para organizar e relacionar as

possíveis soluções inteiras.

Também, apresentaram, de modo indiciário, percepção em estabelecer alguma

conexão entre os dados fornecidos nos enunciados e a solução dos problemas,

manifestando relação com os múltiplos ou divisores de um número através de exemplos

particulares, porém não validaram tal resultado.

Destacamos que os alunos manifestaram inquietação nas situações onde não

encontraram solução, porém não formularam conjecturas que permitisse perceber algum

critério quando a situação não possui solução inteira. Isto provavelmente ocorreu

devido, principalmente, a insistência na utilização da estratégia da tentativa e erro.

Na pesquisa, foi grande o envolvimento e empenho dos alunos na busca das

soluções. A utilização de jogos e problemas favoreceu o desenvolvimento de

conhecimentos envolvendo as equações diofantinas lineares, pois estes recursos mediam

as possibilidades dos alunos e as exigências da tarefa, favorecendo a motivação e a

devolução das situações. Isto proporcionou condições para a interpretação dos

enunciados, a busca de soluções e estabelecimento de conjecturas, pela interação

independente do aluno na busca das soluções, ao entrar em contato com as situações

apresentadas.

Ainda, destaco a mínima interferência do pesquisador nas atividades propostas,

permitindo a interação do aluno com as situações-problema e jogos, favorecendo a

postura para o desenvolvimento de um ‘aprender a aprender’, viabilizado pela

possibilidade do aluno em utilizar o repertório das estratégias que ele dispunha –

tentativa e erro – que evoluiu para outras estratégias em virtude exclusivamente do

contato do aluno com as atividades apresentadas e através das trocas e discussões com

o(s) par(es), o que favoreceu o desenvolvimento de competências essenciais.

(10)

Diante de tais considerações, os alunos de Ensino Médio desta pesquisa

desenvolveram concomitantemente conhecimentos matemáticos e competências, ao se

deparar com uma seqüência didática inspirada na Engenharia Didática, que viabilizou a

ação independente para o desenvolvimento de várias estratégias.

Assim,

as

capacidades

desenvolvidas

se

manifestaram

através

da

operacionalização e verbalização dos múltiplos e divisores como ferramenta de

resolução dos problemas, assim como perceberam o uso da escrita algébrica como

condição otimizadora e organizadora na busca das soluções inteiras.

Por último, encerro este relato observando a fala de uma aluna, com relação a

este tipo de atividades como motivadoras para o ensino e aprendizagem: “Assim, dá

mais vontade de fazer”.

Referências Bibliográficas

ARTIGUE, M. Engenharia Didática. In: BRUN, J. Didática das Matemáticas. Lisboa:

Instituto Piaget, 1996. Cap 4, p. 193 -217.

BRASIL. Matriz de Referência para o ENEM. Brasília: Ministério da Educação, 2009.

BROUSSEAU, G. Fundamentos e Métodos da Didáctica da Matemática. In: BRUN,

Jean.

Didáctica das Matemáticas.

Tradução: Maria José Figueiredo. Lisboa: Instituto

Piaget, 1996. Cap 1, p. 35 -113.

BROLEZZI, A. C. A Tensão entre o Discreto e Contínuo na História da Matemática e

no Ensino da Matemática. Tese de doutorado. São Paulo, Faculdade de Educação da

USP, 1996.

MACHADO, N. J. Sobre a idéia de competência. In: Perrenoud, P. et al. Competências

para ensinar no século XXI. Porto Alegre: ArtMed, 2002.

MARANHÃO, M. C. S.A.; MACHADO, S. D. A.; COELHO, S. P. O que se entende

por Álgebra? Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2005.

POMMER, W. M. EQUAÇÕES DIOFANTINAS LINEARES: Um Desafio Motivador

para Alunos do Ensino Médio. 2008. 155f. Dissertação de Mestrado Acadêmico em

Educação Matemática, PUC/SP.

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