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Ante a ausência de recurso voluntário, os autos subiram a este Tribunal por força do reexame necessário.

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Academic year: 2021

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DESPACHO DO RELATOR

Reexame Necessário

Número do Processo :0019687-88.2011.8.22.0001 Processo de Origem : 0019687-88.2011.8.22.0001 Interessado (Parte Ativa): Donizete Alypio da Silva Advogado: Felipe Góes Gomes Aguiar(OAB/RO 4494)

Interessado (Parte Passiva): Instituto Nacional do Seguro Social - INSS Procurador Federal: Ricardo Santos Silva Leite(OAB/SE 1864)

Procurador Federal: Pedro Henrique Segadas Vianna Lopes Paulo(OAB/RJ 183640)

Procuradora Federal: Yara Pinho Omena(OAB/SP 316982)

Procurador Federal: Marcos Antônio Amorim Ferreira(OAB/RO 5417) Procuradora Federal: Patrícia Freire de Alencar Carvalho(OAB/PE 24628) Relator:Des. Walter Waltenberg Silva Junior

VISTOS

Trata-se de reexame necessário da sentença proferida pelo Juízo da 4ª Vara Cível da Comarca de Porto Velho na ação proposta por Donizete Alypio da Silva em desfavor do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, cuja pretensão é o restabelecimento do benefício de auxílio-doença por acidente de trabalho, o qual cessou em 08/09/2011, bem como a conversão do mesmo em aposentadoria por invalidez.

Donizete Alypio da Silva propôs ação ordinária em desfavor do Instituto Nacional do Seguro Social INSS, com vistas a obter o restabelecimento de benefício de auxílio-doença. Aduziu que está incapacitado para o exercício de suas atividades e requereu o restabelecimento do auxílio e a posterior conversão em aposentadoria por invalidez.

O juízo singular julgou parcialmente procedente o pedido inicial, para o fim de determinar a concessão do benefício convertendo de auxílio-doença para auxílio-acidente, além do pagamento retroativo desde a data em que o pagamento havia cessado (setembro/2011), por entender haver apenas a incapacidade parcial.

Ante a ausência de recurso voluntário, os autos subiram a este Tribunal por força do reexame necessário.

É o necessário relatório.

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O reexame necessário visa a análise da decisão proferida em 1º grau pela instância superior, a fim de verificar sua legalidade e adequação ao caso, nos termos do art. 475, I, do CPC.

A questão cinge-se à análise do direito do autor em auferir auxílio-acidentário, ante sua incapacidade laborativa.

Segundo perícia médica determinada pelo juiz (fls. 98-100), o interessado Donizete Alypio da Silva, apresenta Discopatia Degenerativa Lombar. O perito afirmou que a patologia que acomete o autor o impossibilita para exercer a atividade profissional praticada à época do acidente. Assim, concluiu que o grau de redução da capacidade laboral é parcial, porém, permanente.

Denota-se, então, que a incapacidade do interessado é permanente e parcial, razão pela qual descaberia a concessão de aposentadoria por invalidez, benefício que exige a incapacidade total e permanente conforme art. 42 da Lei 8.213/91.

Com base nesse quadro fático-probatório, o julgador a quo concedeu-lhe o auxílio-acidente.

Não há dúvidas de que o interessado teve redução de sua capacidade laboral, a qual decorreu de acidente de trabalho. Contudo, para verificação do benefício a ele devido, é imperiosa uma breve análise dos benefícios ligados à incapacidade.

O auxílio-doença é benefício previdenciário devido ao segurado que ficar incapacitado para o trabalho por mais de quinze dias, consoante previsão da Lei n. 8.213/91, que, em seu art. 59, caput, preconiza:

Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos.

Nota-se, então, que o auxílio-doença é aquele benefício devido ao segurado que ficar incapacitado para o trabalho em razão da superveniência de doença (auxílio-doença ordinário) ou em razão de acidente (auxílio-doença acidentário). Referido benefício terá o pagamento cessado em duas hipóteses: a) quando cessar a incapacidade; b) com a conversão do benefício em aposentadoria por invalidez o auxílio-acidente.

No caso dos autos, o autor recebeu auxílio-doença de novembro/2010 a setembro/2011, quando a autarquia requerida concluiu ter

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cessado a incapacidade. Entretanto, o interessado entende que ainda tem sequelas decorrentes do acidente, razão pela qual faria jus ao restabelecimento do benefício e a consequente conversão em aposentadoria por invalidez.

Contudo, verifica-se que o benefício devido não é o auxílio-doença acidentário e sim o auxílio-acidente, conforme se verificará pelo exposto a seguir.

Em relação ao auxílio-acidente, dispõe o artigo 86 da Lei n. 8.213/91, que:

O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem seqüelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.

Também o Decreto n. 3.048/99 conceitua o auxílio-acidente, in

verbis:

Art.104. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado empregado, exceto o doméstico, ao trabalhador avulso e ao segurado especial quando, após a consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultar seqüela definitiva, conforme as situações discriminadas no anexo III, que implique:

I - redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exerciam; II - redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exerciam e exija maior esforço para o desempenho da mesma atividade que exerciam à época do acidente; ou

III - impossibilidade de desempenho da atividade que exerciam à época do acidente, porém permita o desempenho de outra, após processo de reabilitação profissional, nos casos indicados pela perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social.

Vê-se que o auxílio-acidente é o benefício concedido ao segurado, como forma de indenização, após a consolidação das lesões decorrentes do acidente, ou seja, é devido quando o segurado tiver reduzida sua capacidade laborativa em razão das sequelas do acidente.

Dos dispositivos acima transcritos, verifica-se que o segurado acometido de incapacidade parcial e permanente tem direito ao recebimento do auxílio-acidente

Neste sentido é a jurisprudência deste Tribunal de Justiça:

INSS. Segurado. Acidente de trabalho. Perda do braço direito. Incapacidade parcial permanente. Auxilio-acidente. A comprovação

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por laudo pericial da incapacidade parcial permanente, decorrente de acidente de trabalho, não constitui pressuposto à aposentação, mas assegura ao trabalhador o benefício de auxílio-acidente previdenciário, a partir da juntada do laudo pericial aos autos. (Reexame necessário n. 02409461720098220005, Rel. Des. Eliseu Fernandes, J. 10/02/2011).

Também neste sentido é a jurisprudência do STJ:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE. CONCESSÃO. NEXO CAUSAL E INCAPACIDADE LABORATIVA.

COMPROVAÇÃO. MOLÉSTIA. IRREVERSIBILIDADE. DESNECESSIDADE. TERMO INICIAL. CITAÇÃO. RECURSOS REPETITIVOS. ENTENDIMENTOS CONSOLIDADOS. QUESTÕES NÃO DEBATIDAS. INOVAÇÃO DE TESE. IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO DESPROVIDO. I - No que tange a concessão de benefício acidentário quando comprovada a incapacidade parcial e permanente, embora a lesão seja passível de tratamento, a Terceira Seção desta Corte Superior, no julgamento do Recurso Especial Repetitivo 1.112.886/SP, decidiu que presentes o nexo causal e a incapacidade laborativa, o benefício acidentário deve ser concedido, já que o art. 86 da Lei 8.213/91 não condiciona a concessão do benefício à irreversibilidade da moléstia. II - A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp. 1.095.523/SP, representativo de controvérsia, pacificou o entendimento de que, não havendo concessão de auxílio-doença, bem como ausente o prévio requerimento administrativo para a concessão do auxílio-acidente, como no caso, o termo a quo para o recebimento desse benefício é a data da citação. III - Não é possível, em sede de agravo interno, analisar questões não debatidas pelo Tribunal de origem, nem suscitadas em recurso especial ou em contrarrazões, por caracterizar inovação de fundamentos. IV - Agravo interno desprovido. (AgRg no REsp 1201534/SP, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado em 23/11/2010, DJe 06/12/2010)

Desse modo, verifica-se que o autor, por encontrar-se incapacitado para exercer suas atividades laborais de forma parcial e permanente, tem direito ao auxílio-acidente, cuja renda mensal será de 50% (cinquenta por cento) do salário-de-benefício.

Em relação ao valor, já decidiu este Tribunal:

Previdenciário e processo civil. Vigilante. Perda parcial da audição. Redução da capacidade laborativa. Auxilio-acidente. Benefício devido. Súmula 44 do STJ. Juros. Fixação. A perda parcial da capacidade auditiva, que leva, por efetiva prova de laudo pericial, à redução da capacidade laborativa, enseja o pagamento do auxílio-acidente ao trabalhador, nos termos da lei 8.213/91, bem como da Súmula 44 do STJ, na ordem de 50% do benefício integral devido. Em ações

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previdenciárias que se busquem a concessão de benefício, estes são devidos a partir da citação, com acréscimos de juros de 1.0%. a.m. (Apelação n. 10010011376420078220002, Rel. Des. Rowilson Teixeira, J. 29/09/2009).

Ressalta-se que referido benefício será devido desde o dia em que cessou o auxílio-doença, como decidido pelo juízo singular.

Por fim, apenas para fins de registro, consigno que não desconheço a jurisprudência do STJ e deste Tribunal no sentido de que, em casos como o presente, dadas as condições socioeconômicas do segurado, apesar da incapacidade ser apenas parcial, poderia ser concedido o benefício de aposentadoria por invalidez.

No entanto, neste caso, não houve qualquer recurso por parte do requerente, tratando-se apenas de reexame necessário, em que é vedada a reforma in pejus para o ente público.

Ante o exposto, em reexame necessário mantenho a sentença, o que faço monocraticamente, com base no artigo 557, CPC, c/c art. 139, III e IV do RIT/RO.

Publique-se. Cumpra-se. Intime-se.

Porto Velho, 29 de janeiro de 2015.

Desembargador Walter Waltenberg Silva Junior Relator

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