Carlos Machado de Freitas
Mudanças Socioambientais Globais,
Clima e Desastres “Naturais”
Carlos Machado de Freitas (ENSP/FIOCRUZ)
Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres (CEPEDES) – Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)
AS MUDANÇAS SOCIOAMBIENTAIS EM
NOSSO PLANETA PODEM SER DIVIDAS EM
DUAS GRANDES MUDANÇAS SOCIAIS E
AMBIENTAIS
Carlos Machado de Freitas
AGRICULTURA (+ de 8.000 anos)
FIM DA ERA GLACIAL E DOMESTICAÇÃO DA NATUREZA
(entre 10.000 e 5.000 anos atrás e escala local)
PRIMEIRAS CIVILIZAÇÕES (entre 3
5.000 e 1.500 anos atrás e escala continental)
EXPANSÃO DAS CIDADES E EXPLORAÇÃO COLONIAL EUROPÉIA (1500 anos atrás até recentemente e escala intercontinental)
A SOCIEDADE INDUSTRIAL (200 anos)
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E SOCIEDADE INDUSTRIAL (dias atuais e escala global)
Expansão colonial Revolução Industrial Sociedade Industrial
Carlos Machado de Freitas
AGRICULTURA
1) o desflorestamento e a modificação de habitats naturais;
2) a ampliação e intensificação das atividades agrícolas e pecuárias;
3) a irrigação e posteriormente construção de represas, alterando os ciclos hidrológicos;
4) a construção de estradas ampliando e
intensificando a mobilidade e o acesso às diferentes áreas e regiões;
5) as atividades de extração e mineração de recursos naturais renováveis e não-renováveis;
SOCIEDADE
INDUSTRIALIntensificação de todas as outras +
6) o crescimento das cidades e a concentração populacional nos ambientes urbanos;
7) a produção de bens industriais e suas formas de apropriação de energia, matéria prima e produção de resíduos
Carlos Machado de Freitas Expansão colonial Revolução Industrial Sociedade Industrial
MUDANÇAS AMBIENTAIS INTENSIVAS
E EXTENSIVAS (MEA)
1)Nos nos últimos 60 anos, os humanos mudaram os ecossistemas mais rapidamente e extensivamente do que em qualquer outro período da história
2) Aproximadamente 60% dos serviços dos
ecossistemas estão sendo degradados ou utilizados de modo insustentável, com custos difíceis de
estimar, mas crescentes (ex: regulação do clima e das águas, doenças emergentes e reemergentes).
Carlos Machado de Freitas
ENSP/FIOCRUZ
MUDANÇAS SOCIAIS INTENSIVAS E
EXTENSIVAS (Berlinguer)
1) Relação proporcionalmente inversa entre a riqueza, instrução e poder com os riscos e danos
2) As ameaças são globais
3) As perdas de muitos resultam em benefícios para poucos
4) Os riscos e danos são produtos de processos sociais e como tais devem ser enfrentados
4 bilhões de pessoas 2 bilhões de pessoas
0,5 bilhão de pessoas
Pirâmide da distribuição da população mundial por faixas de renda per capita Econom ias com renda per capita ≥ 20.000 dólares por ano Econom ias com renda per capita ≥ 3.260 e < 20.000 dólares por ano Econom ias com renda per capita < 3.260 dólares por ano
Carlos Machado de Freitas
ENSP/FIOCRUZ
Contribuição proporcional para o aquecimento global – 1900-1999
Fonte: WB, 2011
Danos correntes (2008) e projetados (2100) para eventos extremos sem a ocorrência das mudanças climáticas
Ondas
de frio Seca Enchentes Ondas de calor Tempestades tropicais Ciclones
Nota: Danos sem mudanças climáticas foram projetados considerando o crescimento da renda e da população Da n os ( US $ b il h õe s)
Carlos Machado de Freitas
Efeitos sobre a saúde que já são extensivos mesmo sem mudanças climáticas podem ser intensificados e ampliados com as mesmas
Marco de Ação de Hyogo (EIRD)
DESASTRE: Combinação de ameaças (eventos de
origem natural ou tecnológica), condições de
vulnerabilidade (aumento da suscetibilidade social e
econômica ou exposição de uma comunidade) e
insuficiente capacidade ou medidas para reduzir as
conseqüências negativas e potenciais do risco,
excedendo a capacidade de uma comunidade,
município, estado ou país lidar com a situação com seus próprios recursos
Carlos Machado de Freitas Fonte: Adaptação de EIRD, 2009
FORÇAS MOTRIZES GLOBAIS Modelo de desenvolvimento econômico e urbano Mudanças climáticas Governança frágil e baixa capacidade endógena para Redução Risco de Desastres FORÇAS MOTRIZES SUBJACENTES Governança local frágil Precário planejamento urbano Degradação ambiental Comunidades rurais vulneráveis Precária Redução Risco de Desastres e proteção social RISCOS INTENSIVOS
Maior concentração de populações vulneráveis e bens econômicos
expostos à ameaças extremas
RISCOS EXTENSIVOS Dispersos geograficamente e exposição da população e bens econômicos à ameaças de baixa ou
moderada intensividade
RISCOS COTIDIANOS
Comunidades e moradias expostas à insegurança alimentar, doenças, criminalidade, acidentes, poluição e
ausência de saneamento e água adequada
POBREZA
Pobreza de recursos econômicos e políticos, exclusão e discriminação com precário acesso a educação e
oportunidades de acesso a bens
IMPACTOS DOS DESASTRES Maior mortalidade e perdas econômicas Danos as habitações, infraestrutura local e produção e acesso aos alimentos RESULTADOS DA POBREZA Impactos de curto e longo prazos sobre os rendimentos, consumo, bem-estar e equidade
Fonte: EIRD, 2011
Resgate
Recursos requeridos e potencial de impactos sobre a saúde
Recuperação Reconstrução
Tempo
3 à 7 dias
Semanas à meses
Carlos Machado de Freitas Desastres naturais registrados no mundo – 1900-2011
N úm er o d e d es as tr es nat ur ai s re g is tr ad os
Desastres naturais registrados no mundo, 1975-2011
N ú m er o d e d es as tr es n at u ra is r eg is tr ad o s
N ú m e ro d e ó b it o s h u m a n o s e m d e sa st re s Ano N úm e ro d e d e sa st re s re g is tr a d o s
Carlos Machado de Freitas Número de ocorrências de desastres relacionados a seca/fome por
país, 1974-2003
Desastres naturais no Brasil – estiagem e seca, 1991-2010
Carlos Machado de Freitas Número de ocorrências de desastres relacionados a enchentes por
país, 1974-2003
IMPACTOS SOBRE A SAÚDE DE SECAS E
ENCHENTES
•ENCHENTES - 102 milhões de pessoas a cada ano
•DESLIZAMENTOS - 336 mil pessoas por
deslizamentos de terra (enchentes + deslizamentos = 6 vezes mais óbitos)
•SECAS E ESTIAGENS - perda de 558 mil vidas e afetam 1,6 bilhões de pessoas no mundo desde 1980
•MULHERES E CRIANÇAS - 14 vezes mais chances de óbito em um desastre
Carlos Machado de Freitas
96%
4%
Pirâmide da distribuição da população exposta as enchentes e inundações no nível mundial por faixas de renda per capita
Econom ias com renda per capita ≥ 3.705 dólares por ano
Econom ias com renda per capita < 3.705 dólares por ano
95%
5%
Pirâmide da distribuição das mortes por enchentes e inundações no nível mundial por faixas de renda per capita
Econom ias com renda per capita ≥ 3.705 dólares por ano
Econom ias com renda per capita < 3.705 dólares por ano
Carlos Machado de Freitas
Desastres naturais no Brasil – inundação gradual, 1991-2010
Carlos Machado de Freitas
Desastres naturais no Brasil – inundação brusca, 1991-2010
União dos Palmares – Alagoas (junho de 2010, 50 óbitos e mais de 50 mil desabrigados)
Carlos Machado de Freitas Fonte: Defesa Civil RJ, 2012
Impactos humanos das secas e enchentes no Brasil, 1990-2010 População
Afetada População Exposta Número de doenças Número de óbitos
Seca +48 milhões +1,5 milhões +160 mil +1.500
Enchentes +38 milhões +4 milhões +300 mil +280
Fonte: Defesa Civil RJ, 2012
Impactos humanos de dois desastres relacionados as chuvas fortes no Brasil Desalojados e desabrigados óbitos Chuvas fortes em Santa Catarina, 2008 +180 mil 106 Chuvas fortes na Região Serrana – RJ, 2011 +31 mil 918
Carlos Machado de Freitas
Friburgo – Rio de Janeiro (janeiro de 2011, 426 óbitos e mais de 12 mil desabrigados)
Inundações/deslizamentos em Santa
Catarina, 2008
Leptospirose, Santa Catarina - 2008
35 0 5 10 15 20 0 50 100 150 200
2008/Abr 2008/Ago 2008/Dez 2009/Abr 2009/Ago 2009/Dez
D. Infecciosas
Fraturas
AVC
Leptospirose
Carlos Machado de Freitas Para a Redução do Impacto das Emergências e Desastres
em Saúde são previstas as seguintes ações:
1) o desenvolvimento de políticas, o planejamento e a realização de ações de prevenção, mitigação,
preparação, resposta e reabilitação para reduzir o impacto dos desastres sobre a saúde pública
2) um enfoque integral com relação aos danos e a origem de todas ou cada uma das emergências ou desastres possíveis na realidade do país
3) a participação de todo o sistema de saúde e a mais
ampla colaboração intersetorial e interinstitucional na redução do impacto de emergências ou desastres
Obrigado e boa tarde para todos
Carlos Machado de Freitas (ENSP/FIOCRUZ)
Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde -
FIOCRUZ
mail: carlosmf@ensp.fiocruz.br