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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

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DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Frank Alves Santos

ATITUDES E CONDUTAS PRÓ-AMBIENTAIS DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS DO CURSO EDUCAÇÃO FÍSICA DA UFVJM

Diamantina 2018-2

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DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Frank Alves Santos

ATITUDES E CONDUTAS PRÓ-AMBIENTAIS DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS DO CURSO EDUCAÇÃO FÍSICA DA UFVJM

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Educação Física, como parte dos requisitos exigidos para a conclusão do curso. Orientador (a): Prof. Dr. Leonardo Madeira

Pereira.

Diamantina 2018-2

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Agradeço primeiramente meus pais, Antônio e Afonsina (in memorian), por sempre me apoiar e me incentivar a seguir em frente, pois foi graças à educação que eles me deram que consegui romper as barreiras encontradas pelo caminho.

Aos meus irmãos pelo apoio, os conselhos e a boa energia transmitida para não desisti de lutar.

Ao meu sobrinho, pequeno ser iluminado, que me transmite paz afastando de mim todas as tristezas que tentaram me abalar nessa caminhada.

Aos meus camaradas de república e amigos de Diamantina que sempre me incentivaram e apoiaram na luta contínua durante minha formação.

Ao meu orientador Leonardo Madeira pelo empenho e dedicação, contribuindo para minha formação enquanto profissional, bem como o meu desenvolvimento pessoal.

A todos os professores do Departamento de Educação Física pela grande contribuição na minha formação.

Aos técnicos administrativos do curso pela atenção e educação quando necessitei de alguma ajuda deles.

Aos funcionários da limpeza pela educação e por zelar pela manutenção dos espaços do Departamento de Educação Física.

Enfim, a todos que contribuíram direta e/ou indiretamente para a conclusão desse trabalho.

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A necessidade iminente de vencer desafios colocados pela situação atual de degradação do planeta, a urgência de promover a sensibilização, bem como, de despertar a conscientização relativa à divisão de responsabilidades e o desenvolvimento de condutas pró-ambientais do ser humano são grandes problemas a serem resolvidos pela sociedade. A partir dessa premissa, com o intuito de diminuir essas barreiras, surgem às ações relativas à Educação Ambiental, que abrangem aspectos cognitivos e afetivos. O presente estudo tem natureza qualitativa e teve como objetivo analisar as atitudes e condutas pró-ambientais de estudantes universitários em relação às perspectivas de disseminação de valores sobre sensibilização ambiental. Foram utilizados para a coleta de dados os instrumentos: Escala de Intervenção sobre Sensibilização Ambiental (EISA) - para Condutores de Atividades de Aventura proposta por Figueiredo e Schwartz (2012) e a Escala de Ecocentrismo e Antropocentrismo (Escala T&B) proposta por Thompson e Barton (1994) e traduzida para o português por Pinheiro et al. (2005). Esses instrumentos foram aplicados a uma amostra conveniente, composta por 23 alunos da disciplina Práticas Corporais de Aventura e Lazer. Os dados obtidos foram organizados de forma numérica, de modo percentual e foram analisados descritivamente pela Técnica de Análise de Conteúdo. Os resultados indicam uma prevalência das atitudes ecocêntricas sobre as atitudes de apatia ambiental. Os alunos apresentaram estar conscientes do seu compromisso em relação à disseminação da Educação Ambiental e à sensibilização ambiental, utilizando diversas estratégias pedagógicas, como também apresentaram estratégias plausíveis de serem aplicadas. Em relação à categoria antropocentrismo alguns participantes da pesquisa demonstraram que possuem uma visão utilitarista da natureza, compatível com a concepção das atitudes antropocêntricas. Nesse sentido, torna-se necessário um estudo mais aprofundado para elucidar essa questão. Também torna-se necessário maior atenção na formação profissional, para ampliar a visão dos alunos, no que concerne as suas contribuições no despertar da consciência ambiental durante a realização das vivências.

Palavras-chave: Educação ao Ar Livre; Educação Ambiental; Condutas pró-ambientais.

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1 INTRODUÇÃO...7 1.1 Objetivos...8 1.1.1 Objetivo Geral...8 1.1.2 Objetivos Específicos...8 1.2 Justificativa...8 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...10

2.1 Fundamentos e Conceitos de Educação Ambiental...10

2.2 A Educação ao Ar Livre na construção de atitudes e condutas pró-ambientais...12

2.3 As Afan como meio educacional para desenvolvimento da sensibilização ambiental...14

3 MATERIAIS E MÉTODOS...16 3.1 Tipo de estudo...16 3.2 Amostra...16 3.3 Instrumentos...17 3.4 Procedimentos...18 3.5 Análise de dados...19 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO...20

4.1 Escala de Intervenção sobre Sensibilização Ambiental (EISA) - para Condutores de Atividades de Aventura...20

4.1.1 Conteúdos informativos de sensibilização...20

4.1.2 Estratégias pedagógicas...22

4.1.3 Automotivação para sensibilização...26

4.2 Escala de Ecocentrismo e Antropocentrismo...28

4.2.1 Ecocentrismo...28 4.2.2 Antropocentrismo...30 4.2.3 Apatia Ambiental...32 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...34 REFERÊNCIAS...37 APÊNDICE...40

Apêndice A- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido...40

Apêndice B- Escala de Intervenção sobre Sensibilização Ambiental (EISA) – para Condutores de Atividades de Aventura...42

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1 INTRODUÇÃO

A necessidade iminente de vencer desafios colocados pela situação atual de degradação do planeta, a urgência de promover a sensibilização, bem como, de despertar a conscientização relativa à divisão de responsabilidades e o desenvolvimento de condutas pró-ambientais do ser humano são grandes problemas a serem resolvidos pela sociedade. A partir dessa premissa, com o intuito de diminuir essas barreiras, surgem às ações relativas à Educação Ambiental, que abrangem aspectos cognitivos e afetivos.

Em relação às ações promovidas fundamentadas pela Educação Ambiental, a sensibilização se apresenta como a forma mais eficiente de despertar emoções e sensações vinculadas aos aspectos afetivo-perceptivos e sensoriais, ao passo que a conscientização está mais conectada aos aspectos racionais e cognitivos, ainda que esteja impregnada de aspectos particulares e de costumes do ser humano. Nesse sentido, as mesmas se completam, pois a sensibilização proporciona a internalização das atitudes e valores, favorecendo assim a conscientização que pode levar a prováveis mudanças de condutas.

Assim sendo, diversos campos de estudo abordam as questões relacionadas às possibilidades de disseminação de condutas, contribuindo com várias propostas de ações já realizadas.

No entanto, há poucas estratégias efetivas que estimulam a sensibilidade, no sentido de construir ações capazes de promover a sustentabilidade. A partir disto, há a necessidade de maior evidência dessas estratégias em todas as áreas da ciência, incluindo a área de estudo da motricidade humana.

Com a finalidade de modificar atitudes e condutas, há a necessidade de fomentar e desenvolver estratégias distintas que visam provocar impactos emocionais relevantes relativos à sensibilização e oferecer reflexões positivas, na ótica pró-ambiental. No entanto, parece ocorrer uma setorização desta responsabilidade, posto que essa abordagem fica limitada a alguns campos de estudo. A ecologia é um exemplo de área de estudo que habitualmente desenvolve a questão ambiental, fazendo-se necessárias abordagens transdisciplinares, no sentido de buscar todas as contribuições possíveis.

Dessa forma, as iniciativas que consolidam o contato humano com a natureza têm sido difundidas, na literatura especializada, como fatores de estímulos que podem provocar mudanças emocionais e atitudinais, visando o aspecto de colocar o ser humano de maneira reflexiva, frente a si próprio, ao outro e ao ambiente. Essa possibilidade se torna maior, principalmente quando o ser humano se encontra no ambiente reservado ao lazer, mais

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especialmente, com os estímulos das atividades de aventura na natureza, que se apresenta como uma forma atraente e de incentivo no desenvolvimento de aspectos imaginários, proporcionando o aproveitamento de vivências significativas.

A partir dessas premissas, o presente estudo procurou pesquisar estudantes universitários do curso de Educação Física, no sentido de analisar seus valores e atitudes para a promoção do comportamento pró-ambiental. O estudo também buscou analisar a perspectiva de disseminação desses valores pró-ambientais, realizada por esses estudantes, em possíveis atuações como condutores de atividades de atividades de aventura, bem como, as estratégias utilizadas nesse sentido.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

Analisar as atitudes e condutas pró-ambientais de estudantes universitários do curso de Educação Física da UFVJM.

1.1.2 Objetivos específicos

Identificar as atitudes e estratégias, no que se refere à construção de novas condutas e disseminação de valores sobre sensibilização ambiental de alunos do curso de Educação Física.

Descrever as atitudes e o comportamento ambiental dos alunos e suas relações com a consciência a respeito do compromisso e da disseminação do conhecimento sobre Educação Ambiental.

1.2 Justificativa

A justificativa para esse estudo é a necessidade do desenvolvimento de ações de várias naturezas, que tenham como objetivo colaborar no processo de sensibilização ambiental despertando e alterando de forma positiva valores e condutas relativas à conservação e proteção do meio ambiente. A temática relacionada ao comprometimento ambiental não é apenas privilégio de uma área de estudo, mas, se define como um tema de base interdisciplinar para vários níveis e modalidades do processo educativo.

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A partir disto, as emoções positivas e a automotivação na efetuação de estratégias, no sentido de auxiliar na disseminação da conduta pró-ambiental necessita do envolvimento dos educandos com o ambiente natural, privilegiado nas atividades de aventura na natureza. Isto se torna um desafio mais que premente, justificando o interesse e a motivação no desenvolvimento desta abordagem no campo de estudo da cultura corporal do movimento na Educação Física.

A assimilação do indivíduo das experiências significativas promovidas, em relação à sensibilização ambiental por meio da participação efetiva dos aspectos imaginários provenientes das vivências de atividades de aventura em ambiente natural, também não está devidamente explicada. Há dúvidas deixadas pela literatura especializada sobre a possibilidade de a empatia com o ambiente natural ser motivo diretamente ligado ao estímulo de anseios de conservação. Assim sendo, justifica-se o desenvolvimento do estudo, a fim de investigar e elucidar os conhecimentos acerca destas questões.

Outra justificativa incide na reflexão acerca da percepção do próprio profissional da educação física sobre a importância de enriquecer suas intervenções, expandindo e promovendo valores pró-ambientais. No âmbito acadêmico há poucos estudos que evidenciam e analisam esse argumento temático, consolidando o intuito de desenvolvimento do presente estudo.

Sendo assim, o estudo dessas e outras questões tornam-se relevantes no desenvolvimento de novas reflexões, no sentido de apresentar alternativas que visam aprofundar esse estudo e elucidar algumas indagações sobre os valores, atitudes e comportamentos que permeiam a disseminação da conduta pró-ambiental dos sujeitos da pesquisa.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Fundamentos e princípios da Educação Ambiental

De acordo com Dias (2010), a Educação Ambiental é um processo por meio do qual as pessoas aprendam como funciona o ambiente, como dependemos dele, como o afetamos e como promovemos sua sustentabilidade.

Dias (2010) traz a construção histórica das decisões mundiais sobre a temática educação ambiental introduzida no âmbito educacional. Segundo este documento em 1972 na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente em Estocolmo definiu-se pela primeira vez, a importância da atuação educativa nas questões ambientais originando o primeiro “Programa Internacional de Educação Ambiental”, firmado em 1975 pela Conferência de Belgrado. Em 1977 aconteceu a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental em Tbilisi que definiu os objetivos da Educação Ambiental e o ensino formal como um dos eixos principais para conseguir atingi-los. Definiu-se também a Educação Ambiental como relevante para dimensionar o conteúdo e a prática da educação como forma de resolução de problemas ambientais através da interdisciplinaridade e da participação consciente de cada indivíduo. Em 1987, na Conferência Internacional sobre Educação e Formação Ambiental, realizada em Moscou apontou-se a necessidade da introdução da Educação Ambiental nos sistemas educacionais de todos os países. No ano de 1992 na Conferência Rio/92 foi aprovada a “Agenda 21”, que reúne propostas de implantação dessas medidas ambientais na sociedade e estratégias para que essas ações sejam cumpridas de forma efetiva. Como forma de complementar essa agenda os países da América Latina e Caribe criaram a “Nossa Agenda” com as prioridades para esses países e a “Agenda Local” apresentada pelos governos locais. Durante a Conferência das Partes – COP 21 (2015), em Paris, no ano de 2015 foi adotado um compromisso internacional discutido entre 195 países com o objetivo de minimizar as consequências do aquecimento global. Esses documentos norteiam as ações educativas para governantes e educadores relativas à Educação Ambiental.

No Brasil a Educação Ambiental entrou em foco no âmbito educativo na década de 1970, mas foi durante a década de 1980 que houve uma intensificação através do envolvimento da população e a expansão da produção de trabalhos acadêmicos. Na década de 1980 a política tornou-se mais democrática propiciando a ampliação do desenvolvimento de ações relacionadas a este tema. Em 1984, pela primeira vez no Brasil reuniram-se os poucos

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pesquisadores e praticantes da Educação Ambiental no Primeiro Encontro Paulista de Educação Ambiental, realizado em Sorocaba/SP (FIGUEIREDO:SCHWARTZ, 2012).

Em 1987 a Comissão Mundial das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento fez um apontamento para a criação de um documento que estabelecesse os princípios fundamentais de orientação para o desenvolvimento sustentável. Este documento chama-se Carta da Terra que possui 16 princípios éticos fundamentais visando a construção de uma sociedade global justa, sustentável e pacífica. No entanto, somente em 2000 a Carta da Terra foi lançada no Palácio da Paz, em Haia, na Holanda. Adiante serão destacados os princípios que fazem maior relação com a proposta das atividades de aventura, como uma estratégia para trabalhar o processo de Educação Ambiental (CARTA DA TERRA, 2000):

 Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade.

 Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e amor.

 Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas, sustentáveis e pacíficas.

 Assegurar a generosidade e a beleza da Terra para as atuais e às futuras gerações.  Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção ambiental e,

quando o conhecimento for limitado, assumir uma postura de precaução.

 Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover o intercâmbio aberto e aplicação ampla do conhecimento adquirido.

 Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida, os conhecimentos, valores e habilidades necessárias para um modo de vida sustentável.

 Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração.

Esses princípios podem ser executados na prática das atividades de aventura através do respeito com a população local durante a realização das vivências, a promoção da sustentabilidade através da adoção de medidas que visem a conservação do espaço utilizado, bem como, assegurar que nossas crianças possam se beneficiar destes mesmos ambientes no futuro. Seguindo esses princípios o Programa Pega Leve (NÃO DEIXE RASTROS, 2018) elaborou um conjunto de práticas de mínimo impacto em áreas naturais, dentre essas práticas há uma orientação para que os praticantes não retirem elementos da natureza durante a prática das atividades de aventura, como pedras, flores, entre outros. No âmbito formal de ensino pode-se utilizar os conhecimentos adquiridos nas instituições de ensino superior (IES) ou na escola formando sujeitos para atuarem na promoção das atividades de aventura ou na própria experiência de vida visando legitimar condutas corretas na relação com a natureza, expandir

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estes conhecimentos e aceitar-se como parte integrante do meio ambiente respeitando as outras espécies. São atitudes básicas que necessitam apenas do interesse e compromisso dos profissionais e praticantes que têm envolvimento com as atividades físicas de aventura na natureza.

Em 1999 foi criada no Brasil a Lei nº 9.795/99, que instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA). De acordo com o Art. 1º, a Educação Ambiental representa:

[...] os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. (BRASIL, 1999).

Em 2012, foi criada as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental que trata a Educação Ambiental em seu Art. 5º, como uma prática educativa que não é atividade neutra, pois envolvem valores, interesses, visão de mundo e desse modo deve assumir na prática educativa, de forma articulada e interdependente, as suas dimensões política e pedagógica (BRASIL, 2012).

Portanto, pautando-se em autores da área e documentos normatizadores, a educação ambiental deve ser trabalhada com o propósito de formar cidadãos conscientes e críticos, fortalecendo práticas cidadãs. Aliado a isso, deve-se fortalecer a inter-relação entre o ser humano e o meio ambiente, desenvolvendo um espírito cooperativo e comprometido com o futuro do planeta.

2.2 A Educação ao Ar Livre na construção de atitudes e condutas pró-ambientais

A relação entre educação ao ar livre e a construção de atitudes e condutas pró-ambientais pela educação ambiental se dá pela integração do indivíduo com o meio em que vive. Bem como, pelo desenvolvimento de conhecimentos e valores ambientais que possuem vínculo entre o ser humano com a natureza através da reflexão pautada nos seus costumes e nas suas implicações provocadas ao meio ambiente.

A partir disto Gil (2008, p. 136) define atitude como uma tendência a ação, que é adquirida no ambiente em que se vive, deriva de experiências pessoais e de fatores da personalidade do indivíduo. Ainda de acordo com esse autor, para a maioria dos autores, o termo atitude indica disposição psicológica adquirida e organizada a partir da própria experiência, que inclina o indivíduo a reagir de forma específica em relação a determinadas pessoas, objetos e situações.

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Já a conduta pró-ambiental é conceituada por Corral-Verdugo (2000) como uma combinação de ações com qualidades direcionadas, determinadas e concretas para atender as condições ambientais e pessoais de preservação e conservação do meio.

A Educação ao Ar Livre segundo Falcão Neto et al. (2006) é um método de aprendizagem experiencial que utiliza todos os sentidos de uma pessoa, e ocorre principalmente através da exposição do aluno ou do visitante a ambientes naturais.

Para o desenvolvimento dessas atitudes e condutas pró-ambientais através da educação ao ar livre há o Programa Pega Leve, criado pelo Centro Excursionista Universitário (CEU), da Universidade de São Paulo (USP). Tem o propósito de difundir princípios e práticas relacionadas ao mínimo impacto, que devem ser adotadas durante a realização de atividades no ambiente natural. Possui a finalidade de proporcionar atitudes positivas e o respeito com o meio ambiente, sendo apropriadas à realidade brasileira (NÃO DEIXE RASTROS, 2018).

São oito os princípios (NÃO DEIXE RASTROS, 2018):  Planejamento é fundamental.

 Você é responsável pela sua segurança.  Cuide dos locais de sua aventura.  Traga seu lixo de volta.

 Deixe cada coisa em seu lugar.  Evite fazer fogueiras.

 Respeite os animais e as plantas.

 Seja cortês com os outros visitantes e com a população local.

A partir desta concepção Sá Pinheiro et al. (2014) explicita que para consolidar as mudanças proporcionadas pela EA é preciso levar em consideração que o conhecimento adquirido através do comportamento ecológico, das crenças e dos valores ambientais devem ser trabalhadas de forma que o indivíduo coloque o discurso em prática, por meio de um direcionamento do potencial desses fatores que influenciaram a internalização dessas condutas pró-ambientais.

No Brasil a Outward Bound Brazil (OBB) utiliza o método de educação ao ar livre através da educação experiencial que visa promover experiências desafiadoras na natureza através do desenvolvimento do potencial de cada um para cuidar de si, do outro e do mundo à sua volta. Essa empresa realiza uma vivência de 14 dias com acampamento na natureza utilizando como metodologia a Formação de Educadores ao Ar Livre (FEAL, 2018). Esses fundamentos são:

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 Desenvolver de maneira prática habilidades socioemocionais e competências interpessoais;

 Praticar valores OUTWARD BOUND fundamentais como compaixão, integridade, excelência e cuidado com a natureza;

 Fazer parte de uma equipe diversa para vencer desafios que farão com que você redescubra a sua força interna;

 Ter seu autoconhecimento aprofundado.

 A confiança nas suas próprias capacidades sempre, uma outra percepção das possibilidades e oportunidades na vida pessoal e profissional com um novo olhar para si mesmo.

De acordo com Kunreuther e Ferraz (2012)a educação ao ar livre:

[...] provê múltiplas oportunidades de tarefas cooperativas entre seus alunos. Ela também lhes proporciona experiências significativas, pois a dinâmica de seus cursos demanda não apenas o julgamento moral dos dilemas que ocorrem, mas também as ações decorrentes da necessidade de resolução de problemas [...].

A educação ao ar livre assume um caráter realista criando condições para que os indivíduos busquem um equilíbrio na sua relação com o meio ambiente e com isto proporciona a construção de um futuro pensado numa lógica de desenvolvimento e progresso de maneira sustentável.

2.3 As Afan como meio educacional para desenvolvimento da sensibilização ambiental

As Atividades Físicas de Aventura na Natureza (Afan) através de suas diversas práticas corporais visam o desenvolvimento de ações que proporcionam a ampliação da capacidade crítica dos praticantes em seu contato direto com a natureza. De acordo com Mendonça (2015) as atividades educativas em parques naturais apresentam-se como práticas de alto valor formativo:

“A experiência direta e sensível em parques naturais é inigualável. Ao entrar em contato com uma diversidade imensa de outros seres vivos, nossos corpos ficam ativados, nossos sentidos despertos e capacidades que nem imaginávamos ter começam a se revelar, sobretudo se nos abrimos para atividades sensíveis, atentas e delicadas.”

Nesta perspectiva as Afan surgem como meio educacional para entender as diversas relações entre essas temáticas trazendo o meio ambiente como espaço onde se vive e convive estabelecendo relações socioambientais e culturais tratadas a partir do lazer como instrumento pedagógico a ser trabalhado na educação física. As instituições de ensino não podem se abster de ensinar crianças e jovens sobre a temática meio ambiente através da

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junção educação ambiental e lazer numa perspectiva crítica e transformadora relacionando isto ao modo de produção da vida social.

Essa inclusão não deve ser feita através de trabalhos isolados numa ou outra disciplina, pois torna-se fundamental a participação de todos os conhecimentos gerados nas instituições de ensino incluindo a educação física como forma de estabelecer a relação entre corpo e natureza através da cultura corporal do movimento.

As Atividades Físicas de Aventura na Natureza apresentam-se como uma maneira viável de estabelecer essa relação no contexto da Educação Física através do âmbito de atuação educativo-pedagógico, com referência na progressiva incorporação dessas atividades no entorno educativo. A partir dessa concepção Marinho e Bruhns (2006, p. 181-182) citam as Afan como proposta no ensino médio:

“A motivação e o interesse que geram entre os alunos, a grande satisfação que sua prática reporta com a experimentação de sensações e emoções individuais compartilhadas com o grupo, a percepção de liberdade entre a sensação de um risco sobre controle e a vivência excitante da aventura, permitem que as Afan sejam atividades apropriadas para realizar créditos interdisciplinares (créditos de síntese) com o restante das matérias da grade curricular do centro educativo, com repercussões diretas no indivíduo nos planos intelectual, moral e motor, o que pode contribuir para a formação integral do aluno.”

As Afan constituem um conjunto de práticas de alto valor formativo para o aluno conduzindo-o a um novo padrão de práticas dentro da educação física que possibilita essa sensação prazerosa de descobrimento e diversão em contato com a natureza.

De acordo com Marinho (2005, p. 6), as atividades na natureza deveriam ser abordadas nas diversas disciplinas, a partir da especificidade de cada uma delas e suas contribuições para as mesmas, assim como qualquer outra modalidade esportiva, no caso da educação física.

Assim sendo, valorizar-se uma temática emergencial e de extrema importância para diversas áreas colocando em evidência as valiosas oportunidades para mudanças de comportamento, atitudes e valores dos alunos.

Segundo Serrano e Bruhns (2005, p.130) o corpo humano em visita a natureza requer a compreensão da corporeidade como presença no mundo, sendo o movimento humano a expressão dessa corporeidade. O movimento humano representa, portanto, uma forma de comunicação, um diálogo entre o homem e o mundo.

Desse modo, torna-se necessário a integração do corpo com a natureza através da experiência direta e imediata, pois o corpo é o primeiro referencial do homem no mundo.

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Tipo de estudo

Esta pesquisa apresenta uma natureza qualitativa, a qual é apontada por Richardson (1999) como a mais adequada para descrever a complexidade de um problema, pelo fato de poder analisar a interação de certas variáveis, que, neste caso, serão as atitudes e condutas pró-ambientais dos universitários do curso de Educação física. A pesquisa qualitativa, como evidenciam Thomas, Nelson e Silverman (2007), busca compreender o significado de uma experiência dos sujeitos, em um ambiente específico e o modo como os componentes se mesclam para formar o todo, evidenciando, assim, que este tipo de pesquisa se mostra adequada aos objetivos desse estudo.

O estudo foi desenvolvido em duas etapas. A primeira etapa é relativa à pesquisa bibliográfica, a qual foi realizada em livros específicos sobre os temas em questão; resumos de anais de congressos; artigos de periódicos científicos de diversas bases científicas.

A segunda etapa do estudo é referente a uma pesquisa exploratória, a qual é apontada por Mattos, Rosseto Júnior e Blecher (2004), como de fundamental importância para se adentrar no fenômeno estudado e se conhecer melhor o objeto de estudo. Sua vantagem também está presente na possibilidade de ampliar as considerações relativas ao fato estudado, com a compreensão, inclusive, das visões dos sujeitos participantes da pesquisa (RICHARDSON, 1999). Para o desenvolvimento desta etapa foram utilizados dois instrumentos, aplicados à população alvo do estudo.

3.2 Amostra

A amostra investigada foi estabelecida por conveniência, participaram do estudo 23 estudantes universitários matriculados na disciplina “Práticas Corporais de Aventura e Lazer” do curso de Educação Física da UFVJM. Como critério de inclusão no estudo, foram levados em consideração indivíduos adultos, de ambos os sexos, com experiência teórica a respeito de Educação Ambiental.

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3.3 Instrumentos

Para a realização da pesquisa o primeiro instrumento utilizado foi a Escala de Intervenção sobre Sensibilização Ambiental (EISA) - para Condutores de Atividades de Aventura (APÊNDICE B), elaborada por Figueiredo e Schwartz (2012). Este instrumento se refere a uma escala do tipo Likert, de 5 pontos. O número 1 equivale a “discordo fortemente”, o 2 equivale a “discordo”, o 3 equivale a “nem concordo, nem discordo”, o 4 equivale a “concordo” e o 5 equivale a “concordo fortemente”.

A EISA tem 24 afirmativas pautadas nas atitudes e condutas ambientais dos profissionais envolvidos com as atividades de aventura, relacionadas ao processo de sensibilização ambiental e disseminação de valores. Este instrumento também é constituído por duas questões abertas, na lógica de proporcionar aos alunos a exposição de suas próprias estratégias de desenvolvimento do comportamento pró-ambiental com seus clientes/alunos.

A Escala de Intervenção sobre Sensibilização Ambiental (EISA) - para Condutores de Atividades de Aventura será utilizada com o propósito de investigar as possibilidades de sensibilização e disseminação de atitudes e condutas pró-ambientais durante a prática das atividades de aventura na natureza, bem como, as estratégias adotadas pelos alunos na sua atuação como possíveis condutores ambientais para desenvolvimento desses dois processos.

O segundo instrumento do estudo refere-se à Escala de Ecocentrismo e Antropocentrismo (Escala T&B) (APÊNDICE C), que foi arquitetada por Thompson e Barton (1994) e traduzida para o português por Pinheiro et al. (2005). Esta escala corresponde a uma escala do tipo Likert, contendo 5 pontos (discordo muito, discordo, indiferente, concordo, concordo muito), na qual os indivíduos devem apresentar o nível de consentimento com cada uma das 33 afirmativas. A finalidade dessa escala é analisar as dimensões ecocêntricas, antropocêntricas e de apatia ambiental referentes às atitudes e condutas pró-ambientais dos próprios condutores de atividades de aventura.

De acordo com Thompson e Barton (1994), tanto a dimensão ecocêntrica quanto a antropocêntrica fazem referência a comportamentos permeados por valores positivos, todavia divergem da orientação e as razões que fazem um indivíduo manter um comportamento pró-ambiental. A dimensão ecocêntrica corresponde os sujeitos que tendem a valorizar a natureza por si própria e pelo seu valor intrínseco. Já a dimensão antropocêntrica está àqueles sujeitos que acreditam que o ambiente deve ser protegido, com a finalidade de garantir a manutenção e a melhora da qualidade de vida dos seres humanos.

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Essas autoras ainda apontam a dimensão apatia ambiental, na qual fazem parte os sujeitos que não se encaixam em nenhuma das duas questões referentes às dimensões anteriores. Na dimensão apatia ambiental, os indivíduos apresentam atitudes e comportamentos neutros relacionados ao ambiente e uma visão geral de que os problemas nesta área têm sido exagerados, demonstrando em uma falta de interesse sobre as questões ambientais.

A Escala de Ecocentrismo e Antropocentrismo (Escala T&B) visa identificar o comportamento e as atitudes dos alunos da disciplina Práticas Corporais de Aventura e Lazer na atuação como condutores de atividades de aventura em relação ao meio ambiente, sendo estes alunos os possíveis mediadores do processo de Educação Ambiental durante uma vivência de atividade de aventura, tornando-se de extrema importância avaliar as atitudes e valores ambientais presentes nestes condutores.

3.4 Procedimentos

Para o procedimento de coleta de dados da pesquisa exploratória deste trabalho, inicialmente, houve o contato com os alunos da disciplina, com o intuito de convidá-los para participação no estudo e explicitar os objetivos pretendidos, bem como, esclarecer os conteúdos a serem investigados. Com base no assentimento dos sujeitos para participação no estudo, solicitou-se a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE A).

Os sujeitos tiveram a garantia de que suas identidades seriam preservadas e foi resguardado o direito dos mesmos de desistirem da participação a qualquer momento. Após a assinatura do referido Termo, foram aplicados os instrumentos para a coleta dos dados.

Os instrumentos foram aplicados em uma aula da disciplina Práticas Corporais de Aventura e Lazer no dia 10 de dezembro de 2018, seguindo a determinada ordem: primeiro a Escala de Intervenção sobre Sensibilização Ambiental (EISA) – para Condutores de Atividades de Aventura e em seguida Escala de Ecocentrismo e Antropocentrismo (Escala T&B). Nenhum tipo de restrição de tempo para responder os instrumentos foi estabelecido nesta etapa, todas as dúvidas e esclarecimento a respeito das afirmações contidas no instrumento foram solucionadas oralmente pelo pesquisador. Após o preenchimento dos instrumento, os dados foram inseridos numa planilha do Excel for Windows (2010) e em seguida analisados descritiva e estatisticamente.

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3.5 Análise de dados

Os dados obtidos após a aplicação dos instrumentos foram analisados descritivamente, utilizando-se de medidas de tendência central, analise de frequência absoluta e relativa. Por meio da técnica de Análise de Conteúdo (BARDIN, 2010) as categorias previamente estabelecidas foram analisadas e os resultados ilustrados de forma numérica para melhor visualização dos mesmos. Segundo Bardin (2010), esta análise busca compreender o significado dos dados coletados e também tem o objetivo de facilitar o entendimento dos conteúdos através da organização e sistematização dos resultados obtidos, favorecendo o entendimento das escolhas das respostas dadas pelos sujeitos da pesquisa.

Ainda de acordo com Bardin (2010), grande parte dos procedimentos de análise utiliza a categorização dos fragmentos das mensagens, no caso deste estudo, das respostas aos instrumentos, permitindo agrupar os resultados que possuem elementos em comum e organizá-los para a interpretação.

Sendo assim, como procedimentos de análise propriamente ditos, em relação ao primeiro instrumento, foram adotadas as 3 categorias propostas por Figueiredo e Schwartz (2012): 1 - Conteúdos informativos de sensibilização; 2 - Estratégias pedagógicas; 3 – Automotivação para sensibilização. Para análise do segundo instrumento foram organizadas 3 categorias propostas por Thompson e Barton (1994): 1 - Ecocentrismo; 2 - Antropocentrismo; 3 - Apatia ambiental.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Escala de Intervenção sobre Sensibilização Ambiental (EISA) - para Condutores de Atividades de Aventura

Para a análise dos resultados referentes à Escala de Intervenção sobre Sensibilização Ambiental (EISA) - para Condutores de Atividades de Aventura, foram organizadas 3 categorias, sendo elas: Conteúdos informativos de sensibilização, Estratégias pedagógicas e Automotivação para sensibilização.

4.1.1 Conteúdos informativos de sensibilização

Esta categoria de análise está associada com as intervenções informativas que podem ser realizadas pelos alunos durante a realização de alguma atividade, no que se refere ao processo de sensibilização ambiental.

A tabela 1 apresenta as porcentagens de sujeitos para cada número assinalado na escala, de acordo com as afirmativas apresentadas.

Tabela 1 - Escala de Intervenção sobre Sensibilização Ambiental (EISA) - para Condutores de Atividades de Aventura - Categoria conteúdos informativos de sensibilização.

Afirmativas DF (%) D (%) NDNC (%) C (%) CF (%) É importante informar sobre a necessidade de

não deixar lixo no local da atividade.

0 0 0 13,04 86.96

Não é necessário alertar que o barulho durante a atividade atrapalha a harmonia do ambiente.

26,08 47,82 4,35 17,40 4,35 É necessário informar que os elementos da

natureza (flores, pedras e outros) devem ser deixados onde foram encontrados.

0 0 4,35 26,08 69,57 É importante informar sobre a possibilidade de

alimentar os animais silvestres.

21,74 17,39 8,70 39,13 13,04 Não é necessário discutir as questões globais

críticas que prejudicam a harmonia do ambiente, pois isto é de responsabilidade do governo.

39,13 52,17 0 8,70 0

É desnecessário informar sobre a proteção ao meio ambiente.

60,87 21,73 0 8,70 8,70 É importante alertar sobre o compromisso de

cada um na proteção ambiental.

0 0 0 47,83 52,17 Deve-se informar e alertar sobre a necessidade

de ação imediata para a solução dos problemas ambientais.

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DF – Discorda fortemente da afirmativa D – Discorda da afirmativa

NDNC – Nem discorda nem concorda da afirmativa C – Concorda com a afirmativa

CF – Concorda fortemente com a afirmativa Fonte: Elaborada pelo autor.

Embora em algumas afirmativas houve alunos que discordaram ou demonstraram incerteza da necessidade de difusão de informações sobre alguns aspectos, a maioria dos alunos apresenta estar consciente do seu compromisso de transmissão de informações importantes para os praticantes durante a realização de práticas de atividades de aventura. Como se pode observar nos resultados, mais de 50% dos sujeitos da pesquisa responderam de forma positiva os aspectos relacionados à sensibilização dos praticantes por meio da transmissão de informações que foquem os conteúdos informativos de sensibilização.

Nas afirmativas expostas na tabela que apontam negações sobre a necessidade de alertar que o barulho durante a atividade atrapalha a harmonia do ambiente, a necessidade da discussão das questões globais críticas prejudicam a harmonia do ambiente e a necessidade de informar sobre a proteção ao meio ambiente a grande maioria dos alunos apresentaram estar conscientes da necessidade de trabalhar essas questões na sua atuação como condutores de atividades de aventura.

As afirmativas em que alunos concordaram ou concordaram muito se referem à informação sobre a necessidade de não deixar lixo no local da atividade (100%), a importância de alertar sobre o compromisso de cada um na proteção ambiental (100%), deixar os elementos da natureza onde foram encontrados (95,65%) e a transmissão de informações sobre a necessidade de ação imediata para a solução dos problemas ambientais (78,26%). A mídia tem um papel importante na formação dessas condutas, pois estas já são divulgadas ultimamente na mídia impressa, televisiva, internet e em outros espaços de disseminação de informações. Os Princípios do Programa Pega Leve é um exemplo de informações compartilhadas em vários sites da área de atividades de aventura. Um desses sites é o Não Deixe Rastros (2018) que divulga os princípios de mínimo impacto e com isto tem como objetivo sensibilizar as pessoas que realizam visitas junto à natureza para que prezem pela conservação e proteção dos ambientes naturais.

Na afirmativa que refere-se à importância de informar sobre a possibilidade de alimentar os animais silvestres 52,17% dos alunos responderam que concordam ou concordam muito com esta afirmativa e 8,70% demonstraram incerteza, evidenciando assim que os alunos ainda não estão muito preocupados com o desenvolvimento da sensibilização

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ambiental em relação a este enfoque. A motivação dessa resposta pode ser pelo fato de que os participantes tiveram pouco contato durante sua formação escolar e superior com questões relacionadas à educação ambiental na educação física, limitando-se a algumas disciplinas como, por exemplo, a disciplina Práticas Corporais de Aventura e Lazer que trabalha essa questão através das práticas de mínimo impacto propostas pelo Programa Pega Leve. A partir disto há a necessidade de uma abordagem mais aprofundada na educação física escolar e superior sobre o processo de educação ambiental relacionado à prática de atividades de aventura.

Seguindo a perspectiva que os alunos podem ser potenciais condutores de atividades de aventura há a necessidade que os conhecimentos adquiridos pelos educadores físicos durante sua formação devam ser desenvolvidos de modo a incluir os aspectos relacionados às atividades de aventura na natureza, uma vez que esses conjuntos de práticas configuram-se como uma tendência e demanda no campo profissional. Sendo assim, esperar-se que a partir da formação de profissionais de educação física, haja a ampliação de possibilidades para que busquem qualificação profissional, e assim se tornem aptos a desenvolver futuramente em sua realidade de atuação profissional questões relacionadas à educação ambiental no âmbito educativo das Afan (BERNARDES; MARINHO, 2013).

O Ministério do Meio Ambiente promove capacitação de profissionais para atuarem com ecoturismo e atividades de aventura inserindo conhecimentos sobre Educação Ambiental e aspectos de sensibilização, por meio do Programa de Apoio ao Ecoturismo e à Sustentabilidade Ambiental do Turismo (PROECOTUR), oferecendo através desse programa oficinas de sensibilização, planejamento estratégico e conceitos baseados nos princípios da sustentabilidade ambiental, dentre outras metodologias (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2010). A partir disto, tornar-se necessário que as empresas que atuam com atividades de aventura busquem apoio dessas instituições para capacitarem melhor seus profissionais. Cabe também aos próprios condutores procurarem novos conhecimentos para que na sua atuação estejam conscientes da importância do seu papel no desenvolvimento do processo de disseminação de atitudes e condutas pró-ambientais (FIGUEIREDO; SCHWARTZ 2012).

4.1.2 Estratégias pedagógicas

Essa categoria está associada aos recursos educacionais que os alunos podem utilizar durante as vivências.

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A tabela 2 apresenta as porcentagens de sujeitos para cada número assinalado na escala, de acordo com as afirmativas apresentadas.

Tabela 2 - Escala de Intervenção sobre Sensibilização Ambiental (EISA) - para Condutores de Atividades de Aventura - Categoria estratégias pedagógicas.

Afirmativas D (%) DF (%) NDNC (%) C (%) CF (%) Deve-se incentivar o cliente a observar os

elementos da natureza.

0 0 17,40 52,17 30,43 É inadequado propor ao cliente a audição dos

sons da natureza (pássaros, árvores, água e outros).

47,82 30,43 8,70 8,70 4,35 É preciso estar preparado para fazer possíveis

adaptações nas atividades conforme a instabilidade do público e do ambiente.

0 0 0 39,13 60,87 Não recolher o lixo encontrado durante a

atividade na frente do cliente o incentiva a fazer o mesmo.

13,04 8,70 4,35 30,43 43,48 É interessante utilizar jogos e brincadeiras para

trabalhar a sensibilização ambiental.

4,34 4,34 0 43,48 47,84 A adequação da maneira de explicar os

conteúdos de sensibilização ambiental conforme o público é irrelevante.

43,48 34,39 8,69 8,69 0 Tornam-se úteis os conhecimentos obtidos em

cursos e treinamentos para enriquecer os conteúdos ambientais a serem abordados com os clientes.

Oferecer momentos de reflexão sobre a necessidade de conservação ambiental não é função do condutor. 0 43,48 0 39,14 0 8,70 39,13 4,34 60,87 4,34

DF – Discorda fortemente da afirmativa D – Discorda da afirmativa

NDNC – Nem discorda nem concorda da afirmativa C – Concorda com a afirmativa

CF – Concorda fortemente com a afirmativa Fonte: Elaborada pelo autor.

Em relação a esta categoria a maioria dos alunos respondeu de forma positiva sobre a relevância em utilizar variados recursos para alcançar os objetivos educativos durante a vivência. As estratégias mais ressaltadas em que os sujeitos concordaram ou concordaram fortemente foram a necessidade de estarem preparados para fazer possíveis adaptações nas atividades conforme a instabilidade do público e do ambiente (100%) e a importância dos conhecimentos obtidos em cursos e treinamentos para enriquecer os conteúdos ambientais a serem abordados com os clientes (100%).

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Na estratégia de incentivo aos praticantes para observar os elementos da natureza 17,40% dos alunos demonstraram-se indecisos, evidenciando que esses poucos alunos ainda não estão totalmente cientes da importância desse quesito para a promoção da sensibilização ambiental. A afirmativa é inadequado propor aos clientes a audição dos sons da natureza (pássaros, árvores, água e outros) também houve 8,70% de indecisos e 13,05% que concordaram ou concordaram fortemente. A partir disto, Oliveira e Costa (2006) explica que é preciso que o indivíduo acostumado com a rotina da vida urbana estabeleça um contato com a natureza para que ocorra a experimentação de sensações que essa pessoa não está habituada a sentir. A exploração dos sentidos através desse contato direto desperta nos seres humanos a sensação de estar vivo e fazer parte da natureza. E é somente quando nos sentimos parte da natureza, que percebemos a verdadeira necessidade de preservá-la.

Através dessa perspectiva, torna-se essencial que os profissionais estimulem os praticantes a observarem esses elementos naturais e ouvirem os sons da natureza para que desenvolvam uma percepção ampla sobre o meio ambiente, despertando nessas pessoas sentidos que ultrapassem o horizonte da visão.

Na afirmativa, não recolher o lixo encontrado durante a atividade na frente do cliente o incentiva a fazer o mesmo houve 21,74% dos alunos que discordaram ou discordaram fortemente, demonstrando que esses indivíduos ainda não tem clareza sobre o papel do condutor na formação de sujeitos ecológicos. A Secretaria de Políticas para o Desenvolvimento Sustentável estabelece que a coleta do lixo é um papel importante do condutor ambiental na manutenção e manejo em trilhas (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2005). A partir da observação do praticante desta ação do condutor ambiental há um estímulo direto que o incentiva a fazer o mesmo.

Fizeram parte da EISA duas questões abertas, as quais complementam a categoria estratégias pedagógicas. Estas questões tiveram por objetivo possibilitar que os alunos expusessem suas estratégias e os impactos das mesmas.

A primeira questão se referiu às estratégias particulares de ações adotadas. Houve 65,22% dos alunos que apresentaram estratégias de incentivo e informações aos clientes sobre possíveis ações ou condutas como, por exemplo, proporcionar momentos lúdicos ao cliente, realizar palestras de conscientização com temas ambientais, informar o tempo de degradação de lixos comumente encontrados na natureza, criar situações para que os clientes apresentem soluções, sensibilizar as crianças para que repassem informações aos pais, dar bons exemplos através do comportamento do condutor, encorajar o cliente a superar seus limites no meio

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natural, construir cartilhas sobre a importância da conscientização ambiental e utilizar grupos reduzidos.

No entanto, 34,78% dos alunos não apresentaram estratégias para promover a sensibilização ambiental. Isto se deve ao fato que os sujeitos da pesquisa nunca atuaram como condutores ambientais, demonstrando assim desconhecimento de estratégias que possam ser trabalhadas na promoção de ações e condutas pró-ambientais. A partir disto, como já apontado anteriormente na categoria conteúdos informativos de sensibilização, tornar-se relevante que esses alunos busquem se atualizar através de cursos de capacitação na área de condução ambiental (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2010).

A segunda questão teve como objetivo investigar a percepção sobre os impactos das estratégias adotadas para sensibilização ambiental. Houve 60,87% dos alunos investigados que apontaram as estratégias utilizadas como um auxílio positivo na sensibilização ambiental, em eventuais ações como condutores ambientais. Esses alunos relataram que dar bons exemplos estimula o cliente a fazer o mesmo, palestras de conscientização ambiental fazem os clientes repensarem suas ações, manter uma boa organização durante a atividade proporciona a sensibilização ambiental do cliente, estimular conhecimentos sobre as práticas de mínimo impacto promove a sensibilização ambiental, recolher o lixo durante a atividade incentiva o cliente a fazer o mesmo, propor jogos durante a atividade cria questionamentos e aprendizados em relação a preservação e conservação da natureza. Ainda assim houve 39,13% dos alunos não souberam opinar sobre o impacto das estratégias que utilizariam com os clientes justamente pelo fato de não possuírem experiência como condutores ambientais.

Para que esses alunos busquem estratégias eficientes para trabalhar com seus clientes Mendonça (2015) propõe um conjunto de atividades com alto valor formativo em variados lugares e com diferentes faixas etárias, que visa utilizar esses lugares como espaços educadores na promoção da sensibilização ambiental.

Nesse sentido, os alunos devem buscar aporte teórico através da leitura de artigos e de livros, como este citado pela autora e cursos de formação que visam ampliar seus conhecimentos, para que assim transmitam esses aprendizados de maneira eficiente aos praticantes no desenvolvimento de suas ações.

(26)

4.1.3 Automotivação para sensibilização

Essa categoria está associada com os aspectos afetivos e cognitivos que os alunos podem utilizar e buscar para serem colocados em prática durante a atividade com os praticantes na promoção da sensibilização ambiental.

A tabela 3 apresenta as porcentagens de sujeitos para cada número assinalado na escala, de acordo com as afirmativas apresentadas.

Tabela 3 - Escala de Intervenção sobre Sensibilização Ambiental (EISA) - para Condutores de Atividades de Aventura - Categoria automotivação para sensibilização.

Afirmativas D (%) DF (%) NDNC (%) C (%) CF (%) É preciso que eu encontre sempre novas

maneiras para trabalhar a sensibilização ambiental.

0 0 0 43,48 56,52

Não é importante que eu busque atualidades relacionadas aos temas ambientais para discutir com os clientes.

56,52 34,78 4,35 0 4,35 É essencial que eu procure motivação para

apresentar formas dinâmicas de trabalhar a temática ambiental com os clientes.

0 0 4,35 39,13 56,52 É preciso que eu acredite na relevância do meu

trabalho para a sensibilização ambiental. 0 0 8,69 47,83 43,48 A motivação para trabalhar os conteúdos de

sensibilização ambiental depende de minhas experiências anteriores.

4,35 4,35 0 43,48 47,82 É imprescindível que eu tenha prazer em

minha atuação, para desenvolver nos clientes novos valores de sensibilização ambiental.

0 4,35 8,69 56,52 30,44 É importante que eu acredite em minha

responsabilidade como agente multiplicador de atitudes e condutas pró-ambientais.

0 0 4,35 43,48 52,17 A alegria em minha atuação não é um

elemento importante para o desenvolvimento de novos valores nos clientes.

34,78 47,83 13,04 0 4,35

DF – Discorda fortemente da afirmativa D – Discorda da afirmativa

NDNC – Nem discorda nem concorda da afirmativa C – Concorda com a afirmativa

CF – Concorda fortemente com a afirmativa Fonte: Elaborada pelo autor.

Em relação à categoria Automotivação para sensibilização a grande maioria dos alunos respondeu de forma positiva as afirmativas, embora uma quantidade mínima dos participantes da pesquisa se mostraram duvidosos, ou ainda, discordaram ou discordaram

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fortemente em algumas afirmativas. A motivação dessas respostas pode estar relacionada com as diversas esferas motivacionais que influenciam as condutas dos sujeitos.

Deci e Ryan (1985) e Ryan e Deci (2000) desenvolveram a Teoria da Autodeterminação que visa explicar os motivos que influenciam ou afetam o comportamento dos indivíduos, ou seja, cria contribuições para entender os níveis e os elementos que influenciam essas condutas. Para entender as causas que geram motivação e desmotivação, esses autores baseiam essa teoria em estímulos intrínsecos que estão relacionados ao “eu interior” capaz de se manter ativo mesmo diante de adversidades e extrínsecos relacionados aos indivíduos que necessitam de uma motivação exterior do ambiente para se sentirem satisfeitos em desenvolver determinados valores ou competências.

Ainda há o fato desses indivíduos não se sentirem motivados, fazendo com esses sujeitos não creiam que a atividade possa ser prazerosa, que não possuem competência o suficiente para realizar tal atividade ou acredita que esta atividade não propiciará potencial satisfatório acarretando mudanças na sua vida.

Nesta perspectiva, na motivação intrínseca se encaixam os alunos que concordam ou concordam muito com as questões referentes à automotivação para sensibilização, no caso aspectos que se referem ao prazer durante a atuação e a sua função como sujeito disseminador de atitudes e condutas. No que diz respeito à motivação extrínseca se encaixam os alunos que ficaram indecisos em algumas afirmativas, como no caso da afirmativa, a alegria na atuação não é um elemento importante para o desenvolvimento de novos valores nos clientes, em que 13,04% dos sujeitos da pesquisa ficaram indecisos. No que concerne a falta de motivação se encaixam os alunos que discordaram dos aspectos referentes à automotivação para sensibilização, como no caso da afirmativa que se refere à motivação para trabalhar os conteúdos de sensibilização ambiental depende de minhas experiências anteriores, em que 8,70% dos sujeitos da pesquisa discordaram ou discordaram muito, sendo que isso pode estar associado ao fato de alguns condutores acreditarem que não é sua principal função desenvolver temáticas relativas às questões ambientais como aponta Figueiredo e Schwartz (2012) em seu estudo sobre comportamento ambiental.

Nesse sentido, os sujeitos da pesquisa devem sempre procurar meios para ampliar seus aspectos motivacionais em uma possível atuação como condutores ambientais, bem como, desenvolver suas atitudes e condutas pró-ambientais através da sensibilização ambiental.

(28)

4.2 Escala de Ecocentrismo e Antropocentrismo

Para a análise dos resultados referentes de Ecocentrismo e Antropocentrismo (Escala T&B) foram organizadas 3 categorias, sendo elas: Ecocentrismo, antropocentrismo e apatia ambiental..

4.2.1 Ecocentrismo

Esta categoria está associada a atitudes positivas em relação ao meio ambiente, por meio da valorização da natureza por si própria e pelo seu valor intrínseco, com destaque na relação de afeto com a natureza e de uma interligação entre os seres humanos e os animais.

A tabela 4 apresenta as porcentagens de sujeitos para cada número assinalado na escala, de acordo com as afirmativas apresentadas.

Tabela 4 - Escala de Ecocentrismo e Antropocentrismo (Escala T&B) - Categoria Ecocentrismo. Afirmativas DM (%) D (%) I (%) C (%) CM (%) Uma das piores coisas da superpopulação é que

muitas áreas naturais estão sendo destruídas pelo desenvolvimento.

0 4,34 8,70 56,50 30,45 Gosto de passar algum tempo em ambientes

naturais pelo simples fato de estar em contato com a natureza.

4,35 4,35 4,35 34,75 52,20

É entristecedor ver as matas serem destruídas para uso da agricultura e da pecuária.

4,35 13,04 26,09 26,09 30,43 Prefiro as reservas naturais aos zoológicos. 0 13,04 26,08 34,80 26,08 Preciso passar algum tempo junto à natureza para

ser feliz.

0 13,04 21,74 43,48 21,74 Quando me sinto triste encontro conforto na

natureza.

0 13,04 21,73 34,79 30,44 Fico triste ao ver o ambiente natural destruído. 0 0 4,34 34,79 60,87 A natureza é valiosa, independente de qualquer

coisa.

0 0 0 30,43 69,57 Estar na natureza é um grande redutor de stress

para mim.

0 4,35 13,04 43,48 39,13 Uma das razões mais importantes para conservar

o ambiente é a preservação de áreas selvagens.

0 17,39 26,08 43,48 13,05 Às vezes os animais me parecem quase humanos. 4,35 13,04 26,08 47,83 8,70 Seres humanos fazem parte do ecossistema, assim

como outros animais.

0 0 17,40 47,82 34,78

DM – Discorda muito da afirmativa D – Discorda da afirmativa

(29)

I – Indiferente, ou seja, nem concorda nem discorda da afirmativa C – Concorda com a afirmativa

CM – Concorda muito com a afirmativa Fonte: Elaborada pelo autor.

Em relação a esta categoria houve uma quantidade maior de alunos que concordaram ou concordaram muito com as afirmativas, demonstrando que apresentam uma aptidão às atitudes ecocêntricas. Isto pode ser confirmado com o exemplo das afirmativas “a natureza é valiosa, independente de qualquer coisa”, com a qual 100% dos condutores concordaram ou concordaram muito e “fico triste ao ver o ambiente natural destruído”, na qual 95,66% dos sujeitos concordaram ou concordaram muito. A partir disto, esses indivíduos demonstraram que valorizam a natureza pelo seu valor intrínseco, característica significante de indivíduos ecocêntricos (Thompson & Barton, 1994).

No entanto, também houve alguns indivíduos que discordaram ou se mostraram indiferentes em muitas afirmativas, como no caso da afirmativa, “uma das razões mais importantes para conservar o ambiente é a preservação de áreas selvagens”, na qual 17,39% discordaram e 26,08% demonstraram indecisão. Isso demonstra que esses sujeitos precisam ter um contato maior com natureza, para que assim desenvolvam pensamentos reflexivos e ampliem sua a visão sobre essas atitudes e condutas ecocêntricas.

As afirmativas, “gosto de passar algum tempo em ambientes naturais pelo simples fato de estar em contato com a natureza”, na qual 86,95% dos sujeitos concordaram ou concordaram muito e “estar na natureza é um grande redutor de stress para mim”, em que 82,61% dos sujeitos concordaram ou concordaram muito houve um alto nível de concordância. Nesse sentido, esses indivíduos demonstram possuir atitudes, condutas de afeto e valores positivos com a natureza que equivalem a atitudes ecocêntricas.

Todavia Corral-Verdugo (2001) em um estudo sobre comportamento ambiental explica que mesmo o indivíduo possuindo atitudes ambientais ecocêntricas ou de conexão com a natureza, há a possibilidade do seu comportamento ser contrário a essa tendência, por causa da dificuldade de exercer esse comportamento pró-ambiental.

Corroborando com essa afirmação Festinger (1957) propõe a Teoria da Dissonância Cognitiva afirmando que não é sempre que as atitudes vão definir as condutas, ou seja, os comportamentos e ações. Desta forma, em relação ao meio ambiente, os indivíduos podem não se comportar de maneira efetiva de acordo com o que acreditam, apresentando atitude positiva, mas, no entanto podem possuir conduta negativa, evidenciando certa incoerência entre as atitudes ou comportamentos que acreditam ser o certo.

(30)

4.2.2 Antropocentrismo

Essa categoria também está associada a atitudes positivas em relação ao meio ambiente, entretanto diverge das atitudes ecocêntricas, uma vez que na visão antropocêntrica a natureza está em segundo plano de valorização, colocando a própria sobrevivência e a melhoria da qualidade de vida dos próprios seres humanos acima da preocupação com o meio ambiente, no sentido do mesmo ser protegido.

A tabela 5 apresenta as porcentagens de sujeitos para cada número assinalado na escala, de acordo com as afirmativas apresentadas.

Tabela 5 - Escala de Ecocentrismo e Antropocentrismo (Escala T&B) - Categoria Antropocentrismo. Afirmativas DM (%) D (%) I (%) C (%) CM (%) A pior coisa a respeito da perda das florestas

tropicais é que o desenvolvimento de novos medicamentos será prejudicado.

17,40 21,74 47,82 13,04 0 O melhor de acampar é que é uma forma barata de

passar férias.

4,35 21,74 30,43 26,08 17,40 Me preocupa que os seres humanos fiquem sem sua

reserva de petróleo.

4,35 21,74 47,82 17,39 8,70 Ciência e tecnologia resolverão nossos problemas de

poluição, de superpopulação e de recursos naturais cada vez mais limitados.

13,04 43,48 26,08 17,40 0 O que mais me preocupa a respeito do desmatamento

é que não haverá madeira (nativa) para as gerações futuras.

8,70 21,74 21,74 39,12 8,70 Uma das razões mais importantes para manter lagos

e rios limpos é que as pessoas tenham um local para se divertir na água.

17,39 39,13 8,70 34,78 0 A razão mais importante para conservação ambiental

é a sobrevivência humana.

13,04 26,08 13,04 30,44 17,40 Uma das melhores coisas sobre a reciclagem é que

economiza dinheiro.

13,04 39,13 26,08 17,40 4,35 A natureza é importante porque pode contribuir para

o prazer e bem-estar humanos.

4,35 8,70 13,04 39,13 34,78 Precisamos preservar os recursos para manter uma

alta qualidade de vida.

4,35 13,04 8,70 34,78 39,13 Uma das razões mais importantes para conservar o

ambiente é assegurar um padrão de vida bom e contínuo.

44,35 17,40 30,43 21,74 26,08

O uso contínuo das terras para agricultura é uma boa ideia desde que isso não interfira na qualidade de vida.

4,35 21,74 21,74 43,48 8,69

(31)

D – Discorda da afirmativa

I – Indiferente, ou seja, nem concorda nem discorda da afirmativa C – Concorda com a afirmativa

CM – Concorda muito com a afirmativa Fonte: Elaborada pelo autor.

Em relação a essa categoria, observa-se que a dimensão antropocêntrica sobrepôs a dimensão ecocêntrica. No entanto não houve uma diferença expressiva na sobreposição da dimensão antropocêntrica sobre a ecocêntrica. Houve também em algumas afirmativas uma quantidade considerada significativa de sujeitos que demonstraram indiferença, como por exemplo, nas afirmativas “a pior coisa a respeito da perda das florestas tropicais é que o desenvolvimento de novos medicamentos será prejudicado” e “me preocupa que os seres humanos fiquem sem sua reserva de petróleo,” evidenciando que esses sujeitos possuem uma mescla de comportamentos ecocêntricos e antropocêntricos ou preferiram não opinar porque necessitam de um conhecimento maior sobre aquilo que foi abordado nas afirmativas.

Algumas afirmativas se destacam pelo alto nível de concordância dos participantes da pesquisa, demonstrando assim tendência a apresentar valores antropocêntricos, como pode ser notado na afirmativa “precisamos preservar os recursos para manter uma alta qualidade de vida” e “a natureza é importante porque pode contribuir para o prazer e bem-estar humanos”. Nesta última afirmativa um aspecto que pode ter levado muitos alunos a concordarem ou concordarem muito é o fato do prazer ser uma das principais sensações que motivam as pessoas a procurarem as atividades de aventura (BALBIM; VIEIRA, 2011). A partir disto, estes sujeitos podem ter valorizado este aspecto, pelo fato do prazer ser uma sensação que estará presente em uma possível atuação como condutores ambientais, no que se refere à dependência da natureza para seu sustento e também para a prática das atividades de aventura em seus momentos destinados ao lazer. Nesse sentido esses sujeitos apresentam uma visão utilitarista da natureza, compatível com a concepção das atitudes antropocêntricas, demonstrando assim o ponto de vista exposto por Thompson e Barton (1994).

Em um estudo realizado por Moreira (2007) sobre estados emocionais presentes durante uma caminhada longa, a autora afirma que, no que diz respeito ao fomento de comportamentos positivos por meio das atitudes pró-ambientais, os resultados apontaram que essas atitudes dependem, tanto da atitude ecocêntrica, por envolver os valores ambientais abstratos, quanto da atitude antropocêntrica, vinculada à gestão de recursos e de conflitos socioambientais.

(32)

A partir disto, observar-se que os resultados do presente estudo se assemelham ao de Moreira (2007), uma vez que os sujeitos da pesquisa também apresentaram atitudes ecocêntricas e antropocêntricas, concomitantemente, mesmo que em diferentes dimensões.

De acordo com Thompson e Barton (1994), pessoas que possuem crenças antropocêntricas também podem apresentar preocupações com o meio ambiente, todavia interessados nas vantagens materiais que isso pode lhes proporcionar, evidenciando, assim, uma conduta egocêntrica em relação ao comportamento pró-ambiental. Deste modo, segundo estas autoras, as duas atitudes podem estar presentes no mesmo sujeito.

4.2.3 Apatia ambiental

Essa categoria está associada com a falta de interesse pelas questões ambientais e uma crença geral de que os problemas nesta área têm sido exagerados.

A tabela 6 apresenta as porcentagens de sujeitos para cada número assinalado na escala, de acordo com as afirmativas apresentadas.

Tabela 6 - Escala de Ecocentrismo e Antropocentrismo (Escala T&B) - Categoria Apatia ambiental. Afirmativas DM (%) D (%) I (%) C (%) CM (%) Ameaças ambientais, tais como o desmatamento e a

diminuição da camada de ozônio, têm sido exageradamente divulgadas.

34,78 34,79 13,04 13,04 4,35 A maioria dos ambientalistas é pessimista e um

tanto paranoica.

17,40 52.17 30,43 0 0 Eu acho que o problema do esgotamento de

recursos naturais não é tão ruim como se diz.

52,17 43,48 4,35 0 0 Para mim é difícil estar muito preocupado pelos

temas ambientais.

17,39 39,13 43,48 0 0 Acho que os seres humanos não dependem da

natureza para sobreviver.

78,26 8,69 4,35 4,35 4,35 A maioria dos problemas ambientais se resolverá

por conta própria se lhes for dado tempo suficiente.

17,40 52,18 13,04 8,69 8,69 Os problemas ambientais não me importam. 78,26 8,69 4,35 4,35 4,35 Sou contra programas para preservar lugares

selvagens, para reduzir a contaminação e para conservar recursos.

65,22 30,43 4,35 0 0 Dá-se ênfase excessiva à conservação. 26,08 13,05 30,43 21,74 8,70

DM – Discorda muito da afirmativa D – Discorda da afirmativa

I – Indiferente, ou seja, nem concorda nem discorda da afirmativa C – Concorda com a afirmativa

Referências

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