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AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº (PROJUDI), DE FOZ DO IGUAÇU, DA 2ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA

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(PROJUDI), DE FOZ DO IGUAÇU, DA 2ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA

AGRAVANTE : EDILIO JOAO DALL'AGNOL

AGRAVADO : MUNICÍPIO DE FOZ DO IGUAÇU/PR

RELATOR : JUIZ ROGÉRIO RIBAS, SUBST. DE 2º GRAU (EM SUBST. AO DES. XISTO PEREIRA)

Vistos, etc.

Trata-se de AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE C/C PEDIDO DE TUTELA DE EVIDÊNCIA (autos nº 0037048-86.2017.8.16.0030) em que o autor, ora recorrente, vereador em Foz do Iguaçu, alega que foi eleito para o período de 2017/2020, porém, com a deflagração da Operação Pecúlio/Nipoti, oriunda da 3ª Vara Federal daquela comarca, foi preso preventivamente, com soltura decretada por meio de habeas corpus (HC 387.152/PR).

Afirma que em 14/02/2017 foi protocolada representação com pedido de abertura de processo de cassação de mandatos dos vereadores presos na referida operação.

Em 03/06/2017 o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar sugeriu a cassação do mandato do autor por quebra de decoro, tendo sido, em 01/07/2017, deliberado pelo Plenário da Casa a sua cassação.

Aduzindo a existência de inconstitucionalidade no processo administrativo disciplinar – já que não foi atendido o procedimento estabelecido pelo Decreto-Lei nº 201/67 –, sustenta que não foi respeitado o prazo legal para conclusão do processo de cassação, sendo extrapolado o período de 90 dias.

Requereu a concessão de tutela de evidência com base na Súmula Vinculante nº 46, para que seja determinada a suspensão dos efeitos decorrentes da Resolução nº 139/2017 da Câmara Municipal, a qual decretou a perda do mandato eletivo e, no mérito, a nulidade do processo de cassação.

(2)

A liminar foi indeferida pelo juiz da causa (mov. 16.1) sob fundamento de que o precedente sumular invocado é nitidamente distinto do caso concreto, já que “ao autor foi imposta a

cassação do mandato de vereador em razão de processo administrativo por quebra de decoro parlamentar, que consiste em ato político, cuja matéria é estritamente interna corporis, da qual se conclui, mesmo em exame perfunctório do feito, que a análise do ato de quebra de decoro parlamentar compete exclusivamente ao Plenário da Casa Legislativa”.

Na decisão, o douto Magistrado consignou que o art. 5º do Dec-Lei nº 201/67 aplica-se no que couber, sendo claro que

“serão aplicáveis as normas de processo da própria Câmara Legislativa, sendo subsidiária a aplicação do referido Decreto-Lei a casos excepcionais, o que neste momento não se vislumbra ser o do autor”;

ou seja, o entendimento da decisão recorrida é de que a aplicação da referida norma é subsidiária, devendo prevalecer a regulamentação da matéria por meio das Resoluções nº 123/16 e nº 124/16.

Assim, de acordo com a decisão agravada, “outro não

pode ser o entendimento, senão o de que o prazo decadencial de 90 dias para a conclusão do PAD de cassação do mandato eletivo do vereador, ocorrerá mediante a contagem dos prazos em dias úteis”,

motivo pelo qual não ocorreu a decadência alegada.

O autor/agravante, inconformado, maneja o presente Agravo de Instrumento, alegando em síntese que:

a) Somente o Decreto-Lei nº 201/67 tem “autoridade

legislativa para estabelecer normas procedimentais relacionadas ao procedimento visando a cassação do mandato por alegada quebra de decoro parlamentar”;

b) “... ao invadir esfera de competência reservada à

União - ex vi do inciso I, do art. 22, da Constituição Republicana - as referidas Resoluções nº 123 e 124/16 da Câmara local claramente usurparam parcela do poder legiferante federal”;

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c) Além de negar vigência à legislação federal, afrontou-se também a súmula vinculante nº 46 do STF;

d) Não se pretende a aplicação simplória da súmula referida, mas sim demonstrar que temas como ‘crimes de

responsabilidade’ e ‘respectivas normas de processo e julgamento’, ‘perda de mandato por quebra de decoro e seu respectivo julgamento’

são assuntos inseridos na competência legislativa privativa da União, já que tais infrações são espécies do mesmo gênero; não fosse assim, o art. 7º, § 1º do Dec.-Lei nº 201/67 não teria, de modo explícito, determinado a observância das normas procedimentais do processamento dos crimes de responsabilidade às hipóteses de quebra de decoro parlamentar;

e) O inc. VII do art. 5º do Dec.-Lei nº 201/67 determina o arquivamento sumário do processo que não venha a “estar

concluído dentro de noventa dias, contados da data em que se efetivar a notificação do acusado”. Tal norma é cogente e deve prevalecer sobre

as normas da Resolução nº 123/16. Assim, no processo de cassação PAD 001/2017 o prazo decadencial foi em muito extrapolado, de modo que a mesa diretora deveria ter procedido a seu arquivamento. Resulta disso que o processo é nulo.

Destarte, com espeque nestes argumentos requer a concessão de tutela de evidência em caráter liminar com vistas à suspensão dos efeitos decorrentes da Resolução nº 139 de 01/07/2017 que decretou a perda do seu mandato de vereador. No mérito, requer o provimento do agravo, reconhecendo-se a nulidade do processo de cassação.

É o relatório.

DO PEDIDO DE EFEITO ATIVO

De início, anoto que o agravo de instrumento é cabível nos termos do art. 1.015 do CPC/2015, eis que os impetrantes/agravantes combatem decisão que negou tutela de urgência.

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Da breve análise dos autos, típica do atual momento processual, entendo que o efeito ativo deve ser concedido.

Explico.

Inicialmente, tenho que o processo que objetiva a cassação de agente político deve seguir o estabelecido na Lei Orgânica do Município de Foz do Iguaçu, mais precisamente o disposto em seu art. 66 que trata da perda do mandato do Prefeito ou seu substituto, devendo-se aplicar aqui, no caso de vereador, por analogia, tendo em vista tratar-se de cargo político eletivo, não tratado expressamente na Lei Orgânica Municipal.

Diz o art. 66, inc. XIV da LOM:

Art. 66 O processo de cassação do mandato do Prefeito pela Câmara, por infrações definidas nos incisos do artigo anterior, obedecerá ao seguinte rito: (...)

XIV - o processo, a que se refere este artigo, deverá estar concluído dentro de noventa dias, contados da data em que se efetivar a notificação do acusado, sendo o processo arquivado, se esgotado o prazo, sem prejuízo de nova denúncia ainda que sobre os mesmos fatos.

A dicção legal encontra-se em plena harmonia com a previsão do art. 5º do Dec.-Lei nº 201/67 que estabelece em seu inc. VII:

VII - O processo, a que se refere este artigo, deverá estar concluído dentro em noventa dias, contados da data em que se efetivar a notificação do acusado. Transcorrido o prazo sem o julgamento, o processo será arquivado, sem prejuízo de nova denúncia ainda que sobre os mesmos fatos.

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Vê-se que a Lei Orgânica do Município está em sintonia com a súmula vinculante nº 46 do Supremo Tribunal Federal, segundo a qual:

A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento são de competência legislativa privativa da União.

Esta súmula, conforme bem observou o agravante, tem aplicabilidade no presente caso, pois trata de processo administrativo destinado à cassação, abarcando tanto situações derivadas de crime de responsabilidade, quanto de quebra de decoro parlamentar. Tal entendimento deriva da exegese do § 1º do art. 7º do Dec.-Lei nº 201/67, que diz:

Art. 7º A Câmara poderá cassar o mandato de Vereador, quando:

(...)

III - Proceder de modo incompatível com a dignidade, da Câmara ou faltar com o decoro na sua conduta pública.

§ 1º O processo de cassação de mandato de Vereador é, no que couber, o estabelecido no art. 5º deste decreto-lei.

Pois bem. Nesta primeira análise, perfunctória em razão do momento processual, entendo que a norma regimental elaborada no âmbito do Legislativo Municipal (Resolução nº 123/16) não pode prevalecer sobre a Lei Orgânica do Município e o tratamento federal dado ao tema, eis que trata de regras processuais; tema que que, segundo a Constituição Federal no art. 22, inc. I, é matéria de competência legislativa exclusiva da União.

Há precedente no STF representativo do entendimento vinculante acima trazido:

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A definição das condutas típicas configuradoras do crime de responsabilidade e o estabelecimento de regras que disciplinem o processo e julgamento dos agentes políticos federais, estaduais ou municipais envolvidos são da competência legislativa privativa da União e devem ser tratados em lei nacional especial (art. 85 da Constituição da República). (STF, ADI

2220, Ministra Relatora Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, julgamento em 16.11.2011, DJe de 7.12.2011)

Desta maneira, em razão do disposto no art. 66 da LOM, bem como do previsto na súmula vinculante nº 46, deve aplicar-se no caso a legislação federal, a saber, o Decreto-Lei nº 201/67, inobstante a Resolução nº 123/16 da Câmara Municipal de Foz do Iguaçu estabeleça sistemática própria.

Neste particular, há de se entender que, sendo a dita resolução um ato normativo inferior à lei orgânica, não pode prevalecer no disciplinamento do tema.

Aliás, essa questão já foi analisada pelo colegiado da 5ª Câmara Cível, quando se proferiu julgamento referente ao processo de cassação de outro vereador de Foz do Iguaçú, com a seguinte ementa:

APELAÇÃO CÍVEL. MANDADO DE SEGURANÇA.

CÂMARA DE VEREADORES.PROCESSO PARA

CASSAÇÃO DE PARLAMENTAR. ALEGADA

EXTRAPOLAÇÃO DO PRAZO PARA SUA CONCLUSÃO. PRAZO DECADENCIAL DE 90 DIAS CORRIDOS, A CONTAR DA NOTIFICAÇÃO DO ACUSADO.ART. 5.º, INCISO VII, DO DECRETO-LEI N.º 201/1967 QUE

PREVÊ O ARQUIVAMENTO DO PROCESSO

ADMINISTRATIVO EM RAZÃO DO EXTRAPOLAMENTO, SEM PREJUÍZO DE NOVA DENÚNCIA AINDA QUE SOBRE OS MESMOS FATOS. EXORDIAL QUE RESTOU INDEFERIDA LIMINARMENTE NO JUÍZO A QUO AO ENTENDIMENTO DE QUE O PRAZO NÃO HAVIA SIDO

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EXTRAPOLADO.CONTAGEM REALIZADA PELO JUÍZO SENTENCIANTE QUE CONSIDEROU QUE O PRAZO SE DÁ EM 90 DIAS ÚTEIS, COM FUNDAMENTO EM RESOLUÇÃO DA CASA LEGISLATIVA MUNICIPAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO INTERPOSTOS PELO

IMPETRANTE SUSTENTANDO OMISSÃO E

OBSCURIDADE EM RELAÇÃO À SÚMULA VINCULANTE 46. REJEIÇÃO COM IMPOSIÇÃO DE MULTA. MATÉRIA

DE COMPETÊNCIA LEGISLATIVA PRIVATIVA DA UNIÃO PARA APURAÇÃO DE CRIME DE RESPONSABILIDADE COMETIDO POR VEREADOR, CONFORME SE EXTRAI DO ENUNCIADO DA SÚMULA VINCULANTE 46 E DA RECLAMAÇÃO 22.443/BH DO STF.EFEITO VINCULANTE QUE SE DÁ AOS ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO E À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA, NAS ESFERAS FEDERAL, ESTADUAL, DISTRITAL E MUNICIPAL (ART. 2.º, DA LEI FEDERAL N.º 11.417/2006). PROCESSO

QUE NÃO SE ENCONTRA MADURO PARA JULGAMENTO POR ESTA CORTE DE JUSTIÇA, UMA VEZ QUE SEQUER

AS AUTORIDADES IMPETRADAS FORAM

NOTIFICADAS PARA APRESENTAÇÃO DE

INFORMAÇÕES E NÃO HOUVE CIÊNCIA AO ÓRGÃO DE REPRESENTAÇÃO JUDICIAL DA PESSOA JURÍDICA INTERESSADA.

1) Súmula Vinculante 46: "A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento são da competência legislativa privativa da União" (aprovação em plenária do STF em 09.05.2015).

2) "A Súmula Vinculante 46 (resultante da conversão da Súmula 722) foi editada por esta Corte após reiterados precedentes que, com base no art. 22, I, da CRFB/1988, afirmaram a inconstitucionalidade de normas estaduais e municipais que previam crimes de responsabilidade ou dispunham sobre seu processo e julgamento. Concluiu-se que, independentemente da

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esfera a qual vinculado o agente político, estará ele submetido ao regramento federal: Lei nº 1.079/50 ou Decreto-Lei nº 201/67.Assim, haverá afronta à competência privativa da União, quando Assembleia Legislativa ou Câmara de Vereadores aplicar lei estadual ou municipal, relativamente a definição das infrações, processo e julgamento de crimes de responsabilidade, que divirja do determinado em lei federal" (STF, Ministro Luís Roberto Barroso, Reclamação 22.443/BH, publicada em 14.12.2015)

APELAÇÃO PROVIDA. SENTENÇA REFORMADA.

RETORNO DOS AUTOS AO JUÍZO A QUO PARA PROCESSAMENTO DO MANDADO DE SEGURANÇA.

(TJPR - 5ª C.Cível - AC - 1727709-7 - Foz do Iguaçu - Rel.: Rogério Ribas - Unânime - J. 05.12.2017)

Desse modo, ficando demonstrado o fumus boni juris, bem como o periculum in mora – este inerente à situação, pois é evidente que a manutenção do processo administrativo de cassação, imporá danos severos e de difícil reparação ao autor/agravante, que foi retirado do seu mandato eletivo – DEFIRO O EFEITO ATIVO RECURSAL, determinando a suspensão dos efeitos da Resolução nº 139/2017 da Câmara Municipal de Foz do Iguaçú, até que seja julgado em definitivo este recurso pelo colegiado da 5ª Câmara Cível, ou seja proferida sentença no juízo de origem.

Minha assessoria comunicará o DD. Juízo de origem sobre esta decisão pelo sistema mensageiro, para ciência e providências pertinentes; sendo que dispenso as informações ao agravo, a não ser que ocorram fatos novos reputados relevantes de serem comunicados ao tribunal.

DO PROCEDIMENTO RECURSAL

a)- Intime-se a parte agravada, o MUNICÍPIO DE FOZ DO IGUAÇU para apresentação de resposta no prazo de 15 dias úteis, nos termos do art. 1.019, inciso II do NCPC.

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Intime-se com a mesma finalidade a CÂMARA MUNICIPAL, que aparentemente deve ser incluída no polo passivo da demanda, eis que o ato combatido (cassação de vereador) é interna

corporis daquela Casa Legislativa – o que deve ser verificado pelo

autor/agravante e pelo MM. juiz.

b)- Por fim, decorridos os prazos para resposta recursal, faça-se vista à PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA para emitir seu pronunciamento no prazo legal (art. 1019, III, NCPC), caso entenda pela sua intervenção na causa.

Diligências necessárias. Autorizo a Chefia da Secretaria da 5ª Câmara Cível a subscrever os expedientes necessários.

Intime(m)-se.

Curitiba, (data do sistema).

Juiz ROGÉRIO RIBAS, Substituto de 2º Grau Relator

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