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Escola de teatro, dança e música

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Academic year: 2021

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Escola de Teatro, Dança e Música

Trabalho Final de Graduação I Acadêmico Heverton Cunha Vieira

Orientador Prof. Michelle Souza Benedet, Msc.

Curso de Arquitetura e Urbanismo UNISUL - Universidade do Sul de Santa Catarina

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UNISUL - Universidade do Sul de Santa Catarina

Heverton Cunha Vieira

Escola de Teatro, Dança e Música

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FOLHA DE ASSINATURAS

Este Trabalho de Final de Graduação do curso de Arquitetura e Urbanismo elaborado por Heverton Cunha Vieira foi apresentado e aprovado pela banca observadora.

___________________________________ Profª. Arq. Michelle Souza Benedet, Msc.

Orientador

___________________________________ Orientador 1

___________________________________ Orientador 2

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus por me conceder capacidades que necessito em cada etapa da vida.

Agradeço a minha família pelos incentivos e pela compreensão que sempre tiveram comigo.

A minha orientadora, professora Michelle Benedet pela amizade construída ao longo do curso, pelos ensinamentos e auxílio na concepção da proposta deste trabalho.

Ao professor Cézar Augusto Prates, que me presenteou com o tema para este trabalho fazendo com que pudesse relacionar profundamente com minhas considerações a respeito de um desenvolvimento social mais humano.

Aos todos os professores que me orientaram durante o curso e me fizeram evoluir de diversas formas.

Aos vários colegas de curso e de projetos com quem aprendi, convivi e me proporcionaram ótimos momentos.

Concluo agradecendo minha família pelo apoio e principalmente p e l a c o m p r e e n s ã o q u e t i v e r a m c o m i g o n o p e r í o d o d e desenvolvimento deste trabalho.

Dedico este trabalho primeiramente a minha família, em especial aos meu pais que sempre se dedicaram para que eu e minhas irmãs pudéssemos continuar a estudar.

Aos amantes do mundo das artes e principalmente àqueles que com muito esforço e poucos recursos fazem com que a arte chegue aos menos favorecidos da sociedade e que me fazem esperançar um amanhã melhor que hoje.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...06

1.1 PROBLEMA A SER TRATADO... 07

1.2 METODOLOGIA... 07

1.3 OBJETIVOS...08

1.3.1 Objetivo Geral...08

1.3.2 Objetivos específicos...08

2 REFERENCIAIS TEÓRICOS...10

2.1 EDUCAÇÃO ESCOLAR NO BRASIL... 10

2.2 DAS ARTES...14

2.3 QUALIFICANDO ESPAÇOS PÚBLICOS...15

3 REFERENCIAIS PROJETUAIS...18

3.1 CENTRO CULTURAL UNIVATES...18

3.2 UNIVERSIDADE DE NANYANG - SINGAPURA...22

4 ESTUDO DE CASO...28

5 ANÁLISE DA ÁREA...36

5.1 ASPECTOS HISTÓRICOS E DE EVOLUÇÃO URBANA....36

5.2 ENTORNO...38 5.2.1 Hierarquia viária...38 5.2.2 Infraestrutura...39 5.2.3 Uso do solo...40 5.2.4 Densidade...41 5.3 LEGISLAÇÃO...43 5.4 TERRENO...44

5.4.1 Aspectos físicos do terreno...44

5.4.2 Aspectos ambientais e paisagísticos...45

5.5 CONSIDERAÇÕES...46

6 CONCEITO E PARTIDO ARQUITETÔNICO...48

6.2 DIRETRIZES PROJETUAIS...49 6.3 ZONEAMENTO FUNCIONAL...52 6.4 ACESSO E CIRCULAÇÕES...53 6.5 DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA...57 6.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS...62 REFERÊNCIAS...64 ANEXOS...66 6.3 PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ DIMENSIONAMENTO...50

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INTRODUÇÃO 06

1. INTRODUÇÃO

Ao nascer somos conduzidos por um sistema, e uma vez dentro dele tudo converge apenas para seu centro, os outros sistemas serão exóticos por não fazerem parte de nosso cotidiano. Este sistema é a cultura propriamente dita. A promoção das expressões artísticas estará sempre interligada com a compreensão destes outros sistemas ou culturas, contribuindo no desenvolvimento intelectual de

quem está envolvido e transformando a sociedade mais humana e

culta ao enriquecer e desenvolver a troca de valores entre os modos de viver. Assim, a arte vem fazendo parte do desenvolvimento humano, lhe atribuindo sentido. “Tecelão quase compulsivo de si próprio, borda sem cessar teias de significados para dar sentido ao mundo” (GEERTZ,1989:p15). Arte e cultura possuem uma estreita relação e desde a pré-história ela foi utilizada como meio de expressão pelo homem. Do ponto de vista da antropologia cultural as sociedades podem ser interpretadas quando estas diversas formas de expressões do homem são melhor apreciadas, e entre elas está a arte.

A sociedade atual tem adquirido valores referentes ao consumo acentuado de bens, esta característica tem como consequência uma demanda por mão de obra, que é claro tem benefícios inegáveis para própria sociedade, porém enquanto isso ocorre, boa parte da população não se dá conta que seu futuro está sendo traçado e determinado por essa mesma demanda, abrindo mão de buscar algo pelo que realmente as completam por uma segurança às vezes financeira ou uma situação momentânea mais cômoda, deixando

para trás os objetivos antes traçados. Este problema se agrava principalmente pela falta de outras oportunidades em um sistema estabelecido.

Para compreender esta situação é preciso um olhar externo, e este é o objetivo deste trabalho, interpretar neste sentido a realidade regional do sul de Santa Catarina, especificamente da região da AMUREL- Associação dos Municípios da Região de Laguna e propor uma estratégia para tornar esta situação mais digna, atendendo os anseios mais subjetivos da humanidade com a arte.

Neste sentido se buscou identificar as ações de desenvolvimento relacionados as artes existentes na região, onde foi possível identificar um programa do governo estadual chamado EMI- Ensino Médio Inovador, que segundo a Gerência de Educação de Braço do Norte, proporciona aos alunos a experiência de vincular o conhecimento teórico ao prático, combinando formação geral com atividades práticas e espaços de ensino diversificados, com aulas de empreendedorismo, projetos sociais, culturais e saídas a campo para estudos, porém não chega a todas as escolas tão pouco tem compromisso de ensino continuado.

Diante da negligência ou pouca eficácia do governo em atender a necessidade de difundir o acesso dos jovens em idade escolar aos variados meios de expressões artísticas de modo satisfatório no que diz respeito a qualidade de ensino ou formação e em quantidade condizente com a demanda, que a proposta se apoia. Trata-se de uma Escola de Teatro, Dança e Música aliada ao ensino médio que se propõe em princípio à popularização do acesso de jovens de menores

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INTRODUÇÃO 07

classes econômicas e em idade escolar a um ensino de qualidade e com visão formadora, caracterizado por um curso técnico com registro no MEC (Ministério da Educação) nas expressões de artes que a escola abordará.

A proposta não se opõe de maneira alguma às ações de promoção e desenvolvimento de pessoas ligadas a outros setores como indústria e serviços, mas tem a intenção de juntas equilibrarem e o f e r e c e r e m à s o c i e d a d e u m a m a i o r o p o r t u n i d a d e d e desenvolvimento consciente e digno às famílias, partindo da disseminação de arte e cultura como veículo transformador em todas as camadas sociais.

1.1 PROBLEMA A SER TRATADO

A realidade encontrada na região da AMUREL quanto ao acesso de jovens em idade escolar (principalmente os de famílias de baixa renda) às aulas relacionadas às artes, na qual a proposta de trabalho aborda, são escassas. As artes cênicas estão mais ligadas às Companhias Teatrais públicas ou sem fins lucrativos, que deveriam ser mais expressivas e nem sempre possuem uma metodologia de ensino que proponham um aprofundamento da arte com formação.

Poucas são as opções públicas de acesso à arte da dança nos mais variados segmentos, existe, contudo, alguns centros de dança particulares que atendem um maior número de adolescentes.

A realidade nas aulas de instrumentos musicais e canto é a de que apenas uma pequena parcela de alunos é acolhida pelo poder público, a maior parte atendida e que obtém maiores recursos

financeiros opta por aulas particulares, onde a maioria expressiva dos professores se quer possuem formação técnica na área, contribuindo para uma baixa qualidade dos aprendizes. O único local identificado na região capaz de formar alunos com reconhecimento do MEC em formação a nível técnico é o conservatório de Laguna, porém no primeiro semestre deste ano as suas atividades foram suspensas, e uma nova equipe de profissionais ligados a área busca incentivos sobretudo financeiros para reativar seu funcionamento.

De maneira geral é importante destacar que na região existe a falta de profissionalização dos professores no ensino das artes cênicas, dança e música e carência de espaços apropriados ambientalmente planejados para ensino e apreciação destas atividades artísticas.

1.2 METODOLOGIA

Visando uma melhor realização do trabalho, este foi dividido em etapas, revisão teórica do tema, pesquisa por referenciais projetuais e conceituais, levantamento físico e histórico da área e do entorno onde a proposta está inserida, redação da proposta e lançamento do partido.

A primeira etapa consiste na revisão teórica sobre os temas escolares, das artes que a proposta aborda e de espaço público, através de pesquisa de material bibliográfico (livros, apostilas, internet, jornais e artigos), entrevistas. A segunda etapa será uma análise de referenciais projetuais, que incide em compreender as

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INTRODUÇÃO 08

diferentes relações entre acessos, circulações, volume, definição de espaços, sistemas construtivos, zoneamento funcional, níveis de conforto, inserção no espaço urbano, conceito e partido arquitetônico. Uma terceira análise tratará do diagnóstico da área onde a proposta está inserida, determinando seus aspectos históricos, funcionais e de evolução urbana. Além dos condicionantes arquitetônicos e urbanísticos pré-existentes e definição dos problemas e potencialidades do local. Posteriormente, a quarta e última etapa abordará a após análise dos dados obtidos a determinação de diretrizes e lançamento da proposta de partido arquitetônico para Escola de Teatro, dança e música para região da AMUREL, através de croquis e plantas esquemáticas.

1.3 OBJETIVOS

O trabalho tem como propósito alcançar objetivos gerais e específicos de modo a orientar e delimitar as decisões para confecção do anteprojeto final. São eles:

1.3.1 Objetivos gerais

Elaborar anteprojeto arquitetônico de uma Escola de Teatro, Dança e Música aliada ao ensino médio que possa atender com maior qualidade de ensino alunos da região da AMUREL, e além disso oferecer um empreendimento de grande valor para o bairro onde estará estabelecido, servindo como opção turística e cultural, oferecendo eventos múltiplos para diversas faixas etárias.

1.3.2 Objetivos específicos

a). Fomentar o ensino de qualidade e o surgimento de talentos da região;

b) disponibilizar espaços confortáveis e adequados para apresentações artísticas diversas;

c) oferecer equipamento público de qualidade, amplo e que integre os espaços exterior e interior;

d) proporcionar a comunidade espaços de lazer com a criação de uma praça;

e) definir diretrizes urbanas que visem maior conforto, acessibilidade e segurança para os moradores e visitantes do Bairro Humaitá de Cima.

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2. REFERENCIAIS

TEÓRICOS

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REFERENCIAIS TEÓRICOS 10

Neste capítulo serão estudadas as questões pertinentes a educação escolar no Brasil, os tipos artísticos que a proposta está baseada e por fim os critérios para se qualificar o espaço público.

Quanto à educação escolar no Brasil, será feita uma introdução ao modo como ela é tratada, quais suas características além de tratar das novas tendências quanto à pedagogia escolar.

A seguir serão caracterizadas as artes que serão lecionadas na escola da proposta, relacionando as características regionais (AMUREL).

Por último, faz-se uma abordagem aos modos de se qualificar os espaços públicos, considerando o papel não só doutrinador da escola, mas de sua importância para o meio onde se insere.

2.1 Educação escolar no Brasil

Somente no final do Império e começo da República delineia-se uma política educacional estatal, fruto do fortalecimento do Estado. Até então, a política educacional era feita quase que exclusivamente no âmbito da sociedade civil, pela Igreja Católica. Durante a Colônia (1500-1822), a educação assegurava o domínio dos portugueses sobre os índios e os negros escravos. No final deste período e durante o Império (1822-1889), delineia-se uma estrutura de classes e a educação, além de reproduzir a ideologia, passa a reproduzir também a estrutura de classes. A partir da Primeira República (1889-1930), ela passa a ser paulatinamente valorizada como instrumento de reprodução das relações de produção. FREITAG (1986. p. 27-43).

Até os anos 1920, a educação brasileira comportou-se como um instrumento de mobilidade social. Os estratos que detinham o poder econômico e político utilizavam-na como distintivo de classe. As camadas médias procuravam-na como a principal via de ascensão social. A oferta de escola média, por exemplo, era incipiente, restringindo-se, praticamente, a algumas iniciativas do setor privado. ROMANELLI (1983).

A Constituição de 1934 foi a primeira a estabelecer a necessidade de elaboração de um Plano Nacional de Educação que coordenasse e supervisionasse as atividades de ensino em todos os níveis. Foram regulamentadas as formas de financiamento do ensino oficial em cotas fixas para a Federação, os Estados e os Municípios, fixando-se ainda as competências dos respectivos níveis administrativos.

Implantou-se a gratuidade e obrigatoriedade do ensino primário, e o ensino religioso tornou-se optativo. Parte dessa legislação foi absorvida pela Constituição de 1937, na qual estiveram presentes dois novos parâmetros: o ensino profissionalizante e a obrigação das indústrias e dos sindicatos de criarem escolas de aprendizagem, na sua área de especialidade, para os filhos de seus funcionários ou sindicalizados.

Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, o sistema educacional brasileiro passou por um processo de modificação, culminando com a aprovação da atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n.º 9.394/96), que alterou a organização do sistema escolar (Relatório da OEA – Organização dos Estados Ibero-americanos sobre educação no Brasil-2014).

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REFERENCIAIS TEÓRICOS 11 Figura 2.1a - Estrutura do sistema educacional após a Lei n.º 9.394/96

Fonte: OEA – Organização dos Estados Ibero-americanos/ Ministério da Educação

Nota-se que a maior parte do esforço exercido pelas instituições de bases da educação era para tornar maior o nível de alfabetização da população, e posteriormente para formar mão de obra mais qualificada para as indústrias.

A LDB (Lei de Diretrizes Básicas da educação) n.º 9.394/96, ao definir a obrigatoriedade do “ensino de arte” em lugar de “educação artística” revela o resultado dos debates das últimas décadas quanto à especificidade de cada área: música, teatro, artes visuais e dança. Na sequência, a LDB n.º 11.769/2008 modifica a anterior e torna obrigatório o ensino de música, delimitando ainda mais o campo artístico[...] (SUBTIL, 2012, p.127)

Ao invés do ensino da arte ser ampliado nas escolas pelo Brasil, em relação aos seus modelos de expressão, o que se vê é o contrário. Desta maneira ações claras e de abrangência nacional para o ensino democrático das artes, que por muitos anos e ainda hoje é tratada por muitos como algo fútil foram desconsiderando ou pouco excitadas o desenvolvimento dessas expressões legítimas da cultura humana. O que se observa são ações isoladas e muitas vezes acanhadas de promoção e formação nos campos artísticos por parte de organizações não governamentais, fundações privadas e uma

pequena parcela de ações de políticas públicas, quase sempre com o intuito legítimo de apenas reduzir as desigualdades sociais. Mesmo estas pequenas ações colhem resultados excepcionais d e s e n v o l v e n d o v á r i o s t a l e n t o s a r t í s t i c o s , l e v a n t a n d o o questionamento de como seria se houvesse uma introdução maior de crianças e adolescentes ao ambiente das artes em um âmbito nacional e de acordo com a demanda.

Esta parece ser uma realidade clara do domínio de grandes conglomerados de poder político e econômico que não se interessam em criar cidadãos instruídos, conscientes de suas liberdades e de seu papel na sociedade.

E enquanto outros temas relevantes para humanidade, como a tecnologia, informação, meios de transporte evoluíram e evoluem cada vez mais em um ritmo acelerado, as escolas e sobretudo o modo de ensino ficaram praticamente parados no tempo seguindo os mesmos conceitos.

Temos, portanto uma escola do século XIX, com professores do século XX e alunos do século XXI, além disso é preciso levar as descobertas científicas para dentro das escolas. É mais do que ter tablets e smartphones nas salas de aula. Isso é uma pequena parte da revolução científica, ela vai muito além de ensinar a ler e escrever, agora as escolas também devem preparar o aluno para ser colaborativo, inovador, criativo e ter flexibilidade. (SENNA, 2015).

O que apresenta a insuficiência e a falta de inovação no ensino de crianças e adolescentes observada no Brasil. Que desconsidera ou não se conecta por exemplo aos avanços da neurociência e da psicopedagogia que se encontram em pleno desenvolvimento e

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REFERENCIAIS TEÓRICOS 12

acumulam incríveis descobertas no que diz respeito as capacidades cognitivas humanas.

Figura 2.1b - Comparação entre classes de aula do fim século XIX e do século XXI.

Fonte: GOOGLE/imagens – Editado pelo autor.

Tradicionalmente as tendências pedagógicas brasileiras são divididas em Liberais e Progressistas. A pedagogia liberal acredita que a escola tem a função de preparar os indivíduos para

desen-São quatro tendências pedagógicas Liberais:

A) Tradicional: tem como objetivo a transmissão dos padrões, normas e modelos dominantes. Os conteúdos escolares são separados da realidade social e da capacidade cognitiva dos alunos, sendo impostos como verdade absoluta em que apenas o professor tem razão.

B) Renovada: a educação escolar assume o propósito de levar o aluno a aprender e construir conhecimento, considerando as fases do seu desenvolvimento. Os conteúdos escolares passam a adequar-se aos interesses, ritmos e fases de raciocínio do aluno. O professor passa a respeitar e a atender as necessidades individuais dos alunos.

C) Renovada não-diretiva: há uma maior preocupação com o desenvolvimento da personalidade do aluno, com o autoconhecimento e com a realização pessoal. Os conteúdos escolares passam a ter significação pessoal, indo de encontro aos interesses e motivação do aluno. A relação professor-aluno passa a ser marcada pela afetividade.

D) Tecnicista: enfatiza a profissionalização e modela o indivíduo para integrá-lo ao modelo social vigente, tecnicista. Os conteúdos que ganham destaque são os objetivos e neutros. O professor administra os procedimentos didáticos, enquanto o aluno recebe as informações.

penhar papéis sociais, baseadas nas aptidões individuais. Dessa forma, o indivíduo deve adaptar-se aos valores e normas da sociedade de classe, desenvolvendo sua cultura individual. Com isso as diferenças entre as classes sociais não são consideradas, já que, a escola não leva em consideração as desigualdades sociais.

As tendências pedagógicas Progressistas analisam de forma critica as realidades sociais, cuja educação possibilita a compreensão da realidade histórico-social, explicando o papel do sujeito como um ser que constrói sua realidade. Ela assume um caráter pedagógico e político ao mesmo tempo.

E terá maior ênfase no projeto deste trabalho.

São três tendências pedagógicas Progressistas :

A) Libertadora: o papel da educação é conscientizar para transformar a realidade e os conteúdos são extraídos da prática social e cotidiana dos alunos. Os conteúdos pré-selecionados são vistos como uma invasão cultural. A metodologia é caracterizada pela problematização da experiência social em grupos de discussão. A relação do professor com o aluno é tida como horizontal em que ambos passam a fazer parte do ato de educar.

B) Libertária: a escola propicia práticas democráticas, pois acredita que a consciência política resulta em conquistas sociais. Os conteúdos dão ênfase nas lutas sociais, cuja metodologia está relacionada com a vivência grupal. O professor torna-se um orientador do grupo sem impor suas ideias e convicções.

C) Crítico-social dos conteúdos: a escola tem a tarefa de garantir a apropriação crítica do conhecimento cientifico e universal, tornando-se uma arma de luta importante. A classe trabalhadora deve apropriar-se do saber. O educando participa com suas experiências e o professor com sua visão da realidade.

Figura 2.1c - Quadro de comparação entre as tendências pedagógicas brasileiras

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REFERENCIAIS TEÓRICOS 13

Enquadrando-se nas tendências progressistas Libertadoras está Paulo Freire, que foi um educador, pedagogista e filósofo brasileiro, que se diferenciou do "vanguardismo" dos intelectuais de esquerda tradicionais e sempre defendeu o diálogo com as pessoas simples, não só como método, mas como um modo de ser realmente democrático. Reconhecido como o Patrono da Educação Brasileira, para ele o educando assimilaria o objeto de estudo fazendo uso de uma prática dialética com a realidade, em contraposição educação bancária, tecnicista e alienante, libertando-se de chavões alienantes, seguiria e criaria o rumo do seu aprendizado. Questionava, portanto o modo de ensinar que até hoje é empregado onde o conhecimento é apenas transmitido ao aluno esperando que ele o retenha, depositando dentro do educando os conteúdos não a partir de uma ação reflexiva ou de construção de conhecimento, apenas de conhecimentos sobrepostos e sobretudo desconexos com o meio onde as crianças e adolescentes vivem.

As tendências progressistas, sobretudo a Libertadora defendida por Freire e a Libertária apesar de possuírem pontos utópicos e com reflexos Marxistas, parecem sim estar em maior acordo com as demandas de ensino escolar da atualidade, pois se abrem para as novas áreas de conhecimento que a sociedade tem reconhecido a poucos anos, com exemplo as revoluções tecnológicas e as novas necessidades de conhecimento da sociedade.

O conhecimento sempre foi a maneira mais democrática de estabelecer a sociedade. Como ressalta o educador Pedro Demo (1999), a formação de uma cultura democrática nasce do

conheci-mento enquanto instruconheci-mento político de libertação. Ela permitirá o desenvolvimento dos potenciais de cada aluno-cidadão no meio social em que vive. Consequentemente cooperando para redução nas desigualdades sociais.

As reflexões sobre estes métodos de ensino são atribuições de toda sociedade civil, não apenas da classe política ou dos envolvidos diretamente no ensino como os professores e pedagogos. Cabe a cada profissional, seja de qual for a área de atuação analisar criticamente esta situação, e agir de maneira integrada com instituições organizadas da sociedade a fim de fomentar o desenvolvimento de mais pesquisas e principalmente ações de inovação nas áreas educacionais.

E este é o propósito deste trabalho de conclusão de curso, ao se propor especular sobre o assunto, criando a projeção de uma escola alternativa que concilie o ensino médio dos adolescentes com o ensino de três segmentos da arte: a música, o teatro, e a dança preenchendo uma lacuna regional, com uma arquitetura voltada a um propósito educacional inovador, integrador e democrático ao possibilitar o acesso e a formação profissional de jovens, mesmo daqueles que estão à margem da sociedade. Que também traga a comunidade para dentro da escola, desde as crianças aos mais idosos através das apresentações dos alunos ou profissionais, otimizando o espaço público e lhes dando ingresso ao mundo de possibilidades das artes, ajudando a disseminar a relação indispensável da inovação escolar com a sociedade e seus valores.

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REFERENCIAIS TEÓRICOS 14

2.2 Das artes

O objetivo tratado nesta proposta quanto a instrução das artes se estabelece com o ensino profissionalizante das seguintes disciplinas artísticas: artes cênicas (teatro), dança e música.

Arte Cênica que é uma forma de arte apresentada em um palco ou lugar destinado a espectadores. O palco é compreendido como qualquer local onde acontece uma representação, sendo assim, estas podem e devem acontecer tanto em praças, ruas ou espaços livres.

Dividido em cinco gêneros: Trágico, Dramático, Cômico, Musical e Dança.

O gênero Trágico imita a vida por meio de ações completas. O Drama descreve os conflitos humanos. A comédia apresenta o lado irônico e contraditório. O Musical é desenvolvido através de músicas, não importa se a história é cômica, dramática ou trágica. E a dança utiliza-se da música e das expressões corporais, por exemplo as propiciadas pela “mímica”. LOPES (2008)

A Dança pode ser compreendida como a arte de mexer o corpo, através de uma cadência de movimentos e ritmos, criando uma harmonia própria. Já como objeto do campo das Artes, ela precisa necessariamente incluir a emoção, que se apresenta por meio das expressões corporais para quem dança, e por meio da surpresa perante os movimentos dos bailarinos, por parte de quem assiste. RONDINELLI (2014)

A história da dança retrata que seu surgimento se deu ainda na

foram dando mais intensidade aos sons, descobrindo que podiam fazer outros ritmos, conjugando os passos com as mãos, através das palmas.

Quando a prática da dança social começou a ser levada a sério, teve início a organização da dança de salão, que se dividiu entre social e de competição.

[…] surge o profissionalismo […] até então, a dança era uma expressão livre; a partir deste momento, toma-se consciência das possibilidades de expressão estética do corpo humano e da utilidade das regras para explorá-los. Além disso, o profissionalismo caminha, sem dúvida, no sentido de uma elevação do nível técnico. (BOUCIER, 1987)

Das diversas modalidades desta disciplina artística, a proposta da escola está baseada no ensino de:

Dança de Salão, que é toda a dança social que se dança a dois. Quanto a riqueza de ritmos, as danças de salão podem ser classificadas como latinas ou clássicas. PACIEVITCH (2012)

Dentre estas classificações, para a escola se propõe o ensino do:

a) Tango que surgiu nos bordeis da Argentinada; b) Valsa Vienense que surgiu na Áustria;

c) Vanerão, a Vanerinha, o Xote, o Fandango Gaúcho e Chamamé. Variantes de danças Gaúchas típicas da região Sul do Brasil, sobretudo do estado do Rio Grande do Sul, o qual se tem na região da AMUREL enorme influência. Compostas por ritmos influenciados pelas culturas Alemãs, hispânicas, Habanera, do Oriente Médio e até mesmo da mescla de culturas guarani e

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REFERENCIAIS TEÓRICOS 15

d) Balés Clássico e Contemporâneo ou Moderno. Balé Clássico é uma dança derivada da Corte, portanto resultado de uma manifestação aristocrática. Ela apresenta elementos bastante caros à noção de civilização: rigidez corporal e disciplina, além de ser executada a partir de músicas de concerto. Ainda que a “supremacia do balé” sobre as outras danças tenha vigorado por muito tempo em nossa sociedade. No Ballet Contemporâneo ou Moderno o artista pode expressar seus sentimentos de um modo mais atual. Explora o dinamismo e emprego do espaço e do ritmo corporal em movimentos (FILHO, 2014);

e) Dança de rua, que começou no Brasil sendo introduzida na cidade de Santos, pelo coreógrafo: Marcelo Cirino, que idealizou um novo estilo, com um trabalho de pesquisa desde 1982 e foi incorporado elementos da cultura brasileira criando assim a dança de rua Brasileira. Podemos caracterizar este estilo como um trabalho de coordenação motora com ritmo e musicalidade e luta, onde se dá mais atenção aos movimentos fortes e enérgicos executados pelos braços, pernas, movimentos acrobáticos coreografados, saltos e saltos mortais. São usadas músicas que tenham batidas fortes e marcantes, algumas músicas eletrônicas (PACIEVITCH, 2012);

A Música, que tem acompanhado o homem desde a pré-história, tornou-se um elemento característico do ser humano.

Estevão (2002) ressalta que na antiguidade, filósofos gregos consideravam a música como uma dádiva divina para o homem. Lembrando ainda que durante a Renascença tocar um instrumento ou

cantar era socialmente indispensável, e que para Darwin a fala humana havia derivado da música.

É impossível pensar no mundo atual sem a música. Falando de forma clara, música é a sucessão de sons e silêncio organizada ao longo do tempo. Tendo várias funções. Uma delas a artística é considerada por muitos sua principal função, porém existem outras, como a militar, educacional ou terapêutica (musicoterapia) e religiosa. Se define em três elementos: melodia, harmonia e ritmo. A combinação diversificada dos elementos melodia, ritmo e harmonia dão origem ao que chamamos de estilos musicais. DANTAS (2014).

A proposta da escola está baseada no ensino das seguintes modalidades:

a) Cordas, sendo o Violão, Violino, Violoncelo, Guitarra elétrica, e Contrabaixo elétrico;

b) Teclado, Piano e Acordeom ou Gaita de Fole (este último com interesse regional para o Sul do estado);

c) Sopro: Clarinete, Flauta Transversal, Flauta doce, Trompete, Saxofone;

d) Percussão e Bateria; e) Canto e Regência.

2.3 Qualificando espaços públicos

O livro New City Life publicado em 2006, dos autores urbanistas dinamarqueses Jan Gehl, Lars Gemzøe e Sia Karnaes, debate entre outros assuntos, aborda a evolução ocorrida na concepção da qualidade dos espaços públicos, uma vez que para muitos estes espaços possuíam um papel secundário e hoje esses espaços são

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REFERENCIAIS TEÓRICOS 16

cruciais para o desenvolvimento das cidades e sua integração com os habitantes. Para isto os autores condensaram seus princípios em 12 pontos que permitem diagnosticar se um lugar se classifica ou não como um bom espaço público. Adiante é apresentado uma descrição desses critérios e após uma análise acerca deles e de sua relação com a proposta deste trabalho. São eles:

1º) Proteção contra o Tráfego;

2º) Segurança nos espaços públicos;

3º) Proteção contra experiências sensoriais desagradáveis; 4º) Espaços para caminhar;

5º) Espaços de permanência; 6º) Ter onde se sentar;

7º) Possibilidade de observar; 8º) Oportunidade de conversar; 9º) Locais para se exercitar; 10º) Escala Humana;

11º) Possibilidade de aproveitar o clima; 12º) Boa experiência sensorial.

Gehl, Gemzøe e Karnaes (2006)

O primeiro e segundo critérios fazem referência aos transtornos causados pela preocupação com a segurança, dos pedestres com receio de serem atingidos por um veículo durante o caminhar pela cidade e de acessar espaços públicos durante a noite. Para os autores deve-se procurar estratégias que evitem estes problemas, como uma sinalização adequada, boa iluminação dos espaços, além da promoção de atividades noturnas.

Do terceiro ao oitavo são destacadas as boas características que os espaços devem dispor para promover maior conforto, seja climático ou acústico, de acessibilidade a todos, além da necessidade de ambientes para contemplação visual, aliados a possibilidade de interação e comunicação entre os cidadãos. Devem ser utilizadas estratégias como áreas verdes, proteção contra intempéries e espaços democráticos e acessíveis.

O nono critério aponta para as novas tendências mundiais, como a do bem-estar. Diretamente ligados aos exercícios físicos, os espaços públicos podem contribuir e muito por esta mudança de hábito da população, criando espaços adequados para prática esportiva. No caso da proposta deste trabalho, o desenvolvimento de atividades como a dança aberta à comunidade segue este preceito. O respeito a escala humana é considerado no décimo critério e lembra que deve se projetar sempre do pondo de vista e para as pessoas. Deste modo, é possível tornar a relação do objeto construído e do espaço público mais intensa e prazerosa para os usuários.

O décimo primeiro e o décimo segundo critérios voltam a preocupação para o conforto, diretamente ligado às experiências sensoriais, através de estratégias adequadas quanto as características climáticas, de relação com a natureza e mobiliários urbanos de qualidade, bem projetados e dispostos.

Tomar conhecimento de todos estes critérios favorecem a criação de novas estratégias para composição do espaço público e do edifício desta proposta de trabalho. Comprovando a eficácia destes pontos abordados o estudo de caso que aborda o capítulo 4 é um ótimo exemplo do emprego salutar de algumas destas estratégias.

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3. REFERENCIAIS

PROJETUAIS

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REFERENCIAIS PROJETUAIS 18

3.1 Centro Cultural UNIVATES

Localizado em Lajeado – RS – Brasil, o prédio é projetado pelo escritório Tartan Arquitetura e Urbanismo dos arquitetos Camila Mirapalhete e Rodrigo Bergonsi concluído em 2014. Abriga um teatro com capacidade para 1.150 pessoas e uma biblioteca com capacidade para cerca de 300 mil livros. Surgiu inicialmente da necessidade de maior infraestrutura por parte da universidade e findou em um projeto que atende a demandas culturais que a região não conseguia suprir. Possui uma volumetria que o distingue na paisagem além de lhe atribuir caráter.

1)Acessos e circulação

Os acessos ao edifício se dão principalmente pela praça onde estão inseridos. A implantação permite que haja a circulação de pedestres do lado norte para o lado sul da praça, porém propõe induzir este transeunte a visitar o edifício.

Figura 3.1a: Implantação do edifício UNIVATES.

Fonte: ArchDaily Brasil,2015 editado pelo autor.

Unindo-se nos pavimentos superiores, o prédio se divide no térreo entre o teatro, a praça e a recepção da biblioteca. Dois elevadores e escadas são responsáveis pela circulação vertical entre os cinco pavimentos em que a biblioteca e espaços relacionados estão distribuídos, duas escadas rolantes comunicam o nível superior da praça com o nível de recepção da biblioteca. No foyer do teatro duas escadas metálicas aparentes, uma de cada lado (norte e sul) além de uma escada enclausurada (central) e um elevador permitem o acesso ao mezanino e à platéia superior do teatro e aos níveis subsequentes da biblioteca também.

2) Volume e definição dos espaços

A volumetria do conjunto edificado é singular: formas sólidas e angulares aliadas a um revestimento metálico que possui linhas estruturadoras ditam ritmo às fachadas que, em alguns pontos se descobre deste elemento e apresenta o vidro como uma segunda “pele”. Além disso, a sobreposição de um dos volumes, o da biblioteca sob uma “caixa” de vidro translúcido causa a sensação de flutuação e leveza ao edifício. O volume onde está disposto o teatro é representado por um sólido sem aberturas, já a biblioteca disposta em três andares e que é um pouco mais alta concebe outro bloco que apresenta algumas partes envidraçadas, porém predominando o revestimento metálico, eles se conectam a um volume comum que possui aspecto neutro e branco que abriga o foyer do teatro.

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REFERENCIAIS PROJETUAIS 19 Figura 3.1b: Volumetria do Centro Cultural UNIVATES - Lajeado

Fonte: ArchDaily Brasil,2015. 3) Estruturas e técnicas construtivas

Com exceção do revestimento metálico bastante utilizado neste edifício, o sistema construtivo é bastante experimentado no Brasil. Baseia-se em estruturas metálicas e de concreto armado in –loco e pré-fabricados, além de laje nervurada que possibilita a existência de amplos vãos livres que caracterizam a edificação. A mescla entre vedações de alvenaria de tijolos revestida com pintura na cor branca, a utilização de revestimentos metálicos (fachada ventilada) e o emprego de fachadas envidraçadas no sistema estrutural Glazing compõem as fachadas, determinando unidade e ritmo ao empreendimento. Destaca-se também o uso de pilotis no nível da praça, artifício que promove a livre circulação de pessoas sob o prédio, abrigando-as.

Figura 3.1c: Corte do Centro Cultural UNIVATES - Lajeado

Fonte: ArchDaily Brasil,2015, editado pelo autor.

4) Zoneamento funcional

Em geral o que se observa é uma otimização dos espaços visando diretamente às funções as quais o edifício se propõe (biblioteca e teatro). No térreo, nota-se maior equilíbrio entre as funções. Áreas sociais destinadas tanto à circulação quanto à permanência e convivência ocorrem imediatamente aos acessos, assim como os serviços que também possuem acessibilidade ao exterior do prédio. Já as áreas funcionais propriamente são divididas entre o teatro (plateia) e áreas de recepção (identificação) e de informações. Nos demais pavimentos os espaços sociais se resumem basicamente às circulações tanto vertical quanto horizontal, áreas de apoio e administrativas respondem pelos serviços e a maior parte funcional está estabelecida pela biblioteca e suas salas de estudos.

Figura 3.1d: Zoneamento do Centro Cultural UNIVATES - Lajeado

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REFERENCIAIS PROJETUAIS

5) Conforto ambiental

Localizado em uma latitude de 29º sul, seu clima sofre constantes entradas de massas de ar de origem polar (fria) e esporadicamente ocorre a entrada de frentes quentes, elevando a temperatura, que em média anual apresenta máximas que oscilam em média, entre 23° a 26° e as mínimas entre 12° a 14°. Diante desta realidade o prédio possui conceitos bioclimáticos que viabilizam a otimização no funcionamento da edificação através de terraços, jardins horizontais e verticais, fachadas ventiladas, e a constante presença da água nos espaços públicos que reduzem a incidência solar direta e a produção de calor, reduzindo a utilização de sistemas artificiais para controle de temperatura. As fachadas ventiladas possibilitam ainda a presença de luz natural indireta e controlada para conservação do acervo da biblioteca.

Figura 3.1e: Conforto ambiental do Centro Cultural UNIVATES - Lajeado

Fonte: ArchDaily Brasil,2015 editado pelo autor.

A partir da captação das águas pluviais na cobertura, com capacidade de 60 mil litros, é feito o reuso da água nas atividades cotidianas do centro. Outros fatores que geram economia no funcionamento são a instalação de torneiras e mictórios com fechamento programado e o projeto luminotécnico automatizado com luzes e sensores de presença nos acervos, além do sistema de iluminação em LED na praça externa.

6) Relações

O edifício está localizado em uma área de média a baixa densidade populacional, que intercala entre espaços arborizados e lotes ocupados.

Figura 3.1f: Entorno do Centro Cultural UNIVATES - Lajeado

Fonte: GOOGLE Earth®, editado pelo autor.

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REFERENCIAIS PROJETUAIS Figura 3.1g: Centro Cultural UNIVATES - Lajeado

Fonte: ArchDaily Brasil,2015.

O empreendimento concentra os principais prédios da instituição e se propõe a receber e valorizar a comunidade onde está estabelecida, criando eixos de transição de pedestres no espaço urbano por meio da praça, promovendo uma maior permeabilidade dos espaços públicos, sem se furtar de determinar os espaços privativos ou com controle de acesso.

9) Relevância para a proposta

As alternativas de sistema construtivo, principalmente as fachadas ventiladas, à disposição funcional, a qualificação dos ambientes internos, o conceito e a volumetria deste empreendimento são para a proposta que aborda este trabalho de significativa importância.

21 Figura 3.1h: Qualificação interna - Centro Cultural UNIVATES - Lajeado

Fonte: ArchDaily Brasil,2015.

Figura 3.1i: Conceito, praça que permeia o edifício Figura 3.1j: relação com entorno

Fonte: ArchDaily Brasil,2015. Fonte: ArchDaily Brasil,2015.

Figura 3.1k: Volumetria - Centro Cultural UNIVATES - Lajeado

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REFERENCIAIS PROJETUAIS 22 Figura 3.2b: Acessos, NTU.

Fonte: cpgcorp.com.sg, 2015.

Observa-se a existência de um outro acesso na face norte, este restrito para colaboradores da instituição e saída de emergência. As circulações são bem definidas e dispostas na parte central de todo edifício, permitindo que as atividades funcionais e de serviços possam contar com iluminação e ventilação natural.

2) Volume e definição dos espaços

É composto por dois volumes côncavos para o pátio interior, sua concepção é genuína, uma cobertura verde inclinada que inicia no nível de acesso e inclusive pode ser acessada, segue até o nível mais alto no quinto pavimento.

3.2 Universidade de Nanyang - escola de arte, design e mídia Localizada em Nanyang, em uma das maiores universidades públicas de Singapura, que possui um campus de 200 hectares. Elaborado pela CPG consultorias e inaugurado em 2006. A escola é uma das unidades da Universidade Tecnológica de Nanyang, que conta ainda com outras, sendo um edifício para cada. Com cinco andares se estabelece na parte mais central e arborizada do campus.

1) Acessos e circulação

O principal acesso a sudeste se dá pela praça localizada no centro do edifício, os pedestres são encaminhados através de um ambiente acolhedor que é tanto de transição quanto de permanência, até o hall de entrada.

Figura 3.2a: Acesso principal, NTU.

Fonte: ArchDaily Brasil,2015.

Outros dois acessos se dão pelo noroeste, também encaminhados para o hall de entrada.

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REFERENCIAIS PROJETUAIS 23 Figura 3.2d: Sistema construtivo, NTU.

Fonte: cpgcorp.com.sg, 2015.

Figura 3.2e: Composição da cobertura, NTU.

Fonte: cpgcorp.com.sg, 2015, editado pelo autor.

4) Zoneamento funcional Idealizado para atender as atividades de uma escola de a r t e , d e s i g n e m í d i a a e d i fi c a ç ã o s e p r o p õ e a atender e estimular apropria-ções dos espaços de maneira muito subjetiva como a própria arte.

Figura 3.2f: Zoneamento funcional, NTU.

Fonte: cpgcorp.com.sg, 2015, editado pelo autor. Figura 3.2c: Volumetria, NTU.

Fonte: cpgcorp.com.sg.,2015.

Esta característica da cobertura soma-se ao sistema de vedação em vidro duplo insuflado, que permite a comunicação visual entre o edifício e seu exterior e existe na maior parte das fachadas. Em uma vista superior, se subdivide em quatro elementos contínuos, cada um com uma escadaria na cobertura que promove o acesso de pessoas e uma maior apropriação dos espaços.

3) Estruturas e técnicas construtivas

Um sistema misto de estruturas metálicas e concreto armado concebem o edifício e suportam o sobrepeso da laje vegetal, que conta ainda com paredes autoportantes de concreto e pilares recuados da empena que possibilitam as fachadas com vidro estruturado duplo e insuflado. O sistema construtivo adotado expõe a estrutura demonstrando o seu papel inclusive estético e não apenas o de dar suporte a edificação. Há portanto um sentido maior na sua concepção.

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REFERENCIAIS PROJETUAIS

Artifícios sustentáveis variados se somam, como uso de :

a) fachadas envidraçadas, com vidro duplo insuflado que promovem maior isolamento térmico no interior, são orientadas para o norte e para o sul levando em conta sua latitude buscando maior luminosidade natural com baixa incidência direta dos raios solares;

b) paredes espessas de concreto que permitem maior refletividade dos raios solares e aliado à alta inércia térmica;

c) cobertura vegetal (grama) que absorve os raios solares sem retransmiti-los para o interior ao se manterem irrigados com a própria água coletada e armazenada, fazendo uso da evaporação para transporte de calor;

d) massa de vegetação do entorno e o uso constante de água nos espaços internos como a praça central acarretam um resfriamento maior do ar e minimizam os efeitos produzidos pelas ilhas de calor urbano, além de favorecer a manutenção mecânica ou artificial da temperatura e umidade no interior do edifício, promovendo ganhos ambientais e energéticos muito positivos a longo prazo. Todos estes elementos constituem também as dimensões estéticas e a relação do edifício com o entorno.

6) Relações

O uso e ocupação do solo na área é similar, a escola é uma dentre outras que compõem o campus universitário com mais de 200 hectares. São escolas, e edifícios de moradia para acadêmicos, colaboradores e de apoio que compõem o entorno. Inseridos em um espaço bastante arborizado, os prédios são facilmente diferenciados

24

É possível observar que as atividades sociais estão mais centralizadas, estimulando um encontro e ou um convívio das pessoas, seja ao acessar ou retirar-se do edifício. As áreas funcionais concentram-se nas extremidades do prédio, onde a oferta de luz natural e aproveitamento da paisagem externa é maior. As áreas de serviços da instituição encontram-se distribuídas, conforme suas relações com as áreas funcionais.

5) Conforto ambiental

Este é um dos pilares que consiste o empreendimento, foi analisado profundamente levando em consideração todos os fatores ambientais do local onde está estabelecido. O país é quente e úmido, encontra-se 1º ao norte da linha do equador, resultando em um clima tropical de floresta juntamente com a influência da exposição marítima. Sua umidade é na gama de 70% - 80%, e o índice pluviométrico é maior no inverno e apesar de se manter quase constante, é intenso.

Figura 3.2g: Zoneamento funcional, NTU.

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REFERENCIAIS PROJETUAIS 25

Na escola, seu desenho único acaba lhe conferindo status de ícone para instituição. O resultado formal é marcante e revela as aspirações sobretudo ambientais e de relação com o entorno que se desejava desde a prancheta. As junções de elementos contínuos que nascem no nível do solo e evoluem até o topo do edifício estabelecem as interpretações rítmicas das fachadas. Estas translúcidas permitem conectividade e promovem a interação com o visual exterior, explorado ao máximo a conexão com a exuberante paisagem circundante, além de contribuir para a iluminação natural. Há assim um grande senso de continuidade seja no interior, ou a partir da entrada para o saguão principal que se abre para vários espaços internos e nas coberturas gramadas.

Figura 3.2j: Campus Universidade de Nanyang

Fonte: Cópia da tela – designshare.com, 2015.

Paredes de vidro internas reforçam esta ligação de fluxo visual, possibilitando uma visão além das salas, originando assim uma interação de intercâmbio criativo entre as atividades, extremamente relacionadas ao desenvolvimento criativo a que a escola se propõe. Sua disposição funcional vai graduando a hierarquia espacial, do público para o semi-público até as áreas privativas de serviços. Liberando os espaços públicos e induzindo sua apropriação como, por exemplo na praça central e nas coberturas que possuem escadas de acesso e iluminação noturna.

500m 250m 0m0m

N Universidade Nanyang

Limite do Campus

Legenda:

quanto a função (ensino, alojamentos e administração), principalmente pelo caráter arquitetônico que os edifícios institucionais possuem, assim como o prédio analisado.

Figura 3.2h: Campus Universidade de Nanyang

Fonte: GOOGLE Earth® 2015, editado pelo autor.

Possuem afastamentos consideráveis e as grandes massas de vegetação fazem as conexões dos elementos urbanos.

Figura 3.2i: Planta de cobertura da Escola, NTU.

(27)

REFERENCIAIS PROJETUAIS

Figura 3.2m: Vista superior, NTU.

Fonte: Cópia da tela – designshare.com, 2015.

8) Partido

Inicialmente a área onde foi construída a escola era para ser uma reserva vegetal do campus que funcionaria como um “pulmão verde”. Portanto, com o objetivo de manter a intenção inicial do plano diretor, os projetistas desenvolveram um espaço dentro das limitações do vale que permitiu que a paisagem e a relação ambiental sustentável desempenhassem uma das principais diretrizes do projeto, refletindo diretamente na modelagem do edifício.

9) Relevância para a proposta

O sistema estrutural, o modo adequado como a edificação se relaciona com o clima local, a cobertura que permite maior apropriação somado aos efeitos para conforto térmico e acústico juntamente com o caráter da concepção formal oferecem a proposta que aborda este trabalho ótimas referências. Permitindo que os pensamentos se abram para mais possibilidades.

26 Figura 3.2k: Apropriação dos espaços

“Trenó no gelo para baixo do prédio ADM em NTU”

Fonte: Cópia da tela – vídeo publicado no site youtube.com/NTU - 2015.

7) Ordem de ideias

Assim como no empreendimento analisado anteriormente, a escola apesar de não apresentar simetria, apresenta equilíbrio nas formas sólidas côncavas para o interior que se correspondem e atribuem a identidade do edifício.

Figura 3.2l: Concepção formal, NTU.

Fonte: Cópia da tela – designshare.com - 2015.

Existe um preceito construtivo que unifica as quatro partes em que se subdivide, como se somassem os volumes.

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4. ESTUDO DE CASO 28

A fim de melhor compreender as diversas relações espaciais que ocorrem em um edifício público, seja pelo uso direto e funcional proposto originalmente seja pela apropriação e inter-relação pessoal que usuários e colaboradores obtém, o estudo de caso a seguir buscou colher evidências de como otimizar, manter vivo e em constante transformação o espaço edificado para uso público. Para tanto, elegeu-se o CCSP – Centro Cultural São Paulo como objeto de estudo, analisando os parâmetros estruturais objetivos e subjetivos, que deverão ser reinterpretados à realidade regional local e assim contribuir para elaboração do partido arquitetônico da Escola Estadual de Teatro, Dança e Música que origina este trabalho de conclusão de curso.

O CCSP foi projetado na segunda metade da década de 1970 e é fruto de ações e aspirações políticas que foram traduzidas pelos arquitetos Eurico Prado Lopes e Luiz Benedito de Castro Telles e resultaram em um edifício que segundo texto de Adilson Melendez (Revista Projeto Design na Edição 379) “nunca permitiu que a ebulição se transformasse em vapor. ”

Figura 4.a: Vista panorâmica do CCSP

Fonte: Acervo CCSP, por Carlos Rennó-centrocultural.sp.gov.br - 2015.

A lei de criação do Centro Cultural São Paulo, promulgada em 6 de maio de 1982 estabelecia que suas funções incluíam: "planejar, promover, incentivar e documentar as criações culturais e artísticas; reunir e organizar uma infraestrutura de informações sobre o conhecimento humano; desenvolver pesquisas sobre a cultura e a arte brasileiras, fornecendo subsídios para as suas atividades; incentivar a participação da comunidade, com o objetivo de desenvolver a capacidade criativa de seus membros, permitindo a estes o acesso simultâneo a diferentes formas de cultura; e oferecer condições para estudo e pesquisa, nos campos do saber e da cultura, como apoio à educação e ao desenvolvimento científico e tecnológico".

Segundo o secretário de cultura da cidade a época Mário Chamie, era necessário abrigar em um só espaço cultura popular e erudita, e todo tipo de manifestação cultural de grupos ou comunidades as mais diversas, para refletir "toda essa igualdade cultural brasileira que é feita justamente das diferenças”.

Atualmente abriga as bibliotecas Sérgio Milliet, Alfredo Volpi, Louis Braille (Para deficientes visuais), Gibiteca Henfil, sala de leitura infanto-juvenil, audiovisual e Laboratório de línguas, além de Arquivo Multimeios (que abriga em seu acervo cerca de 900 mil documentos referentes a gêneros de manifestações da arte brasileira contemporânea, entre eles a arquitetura), coleção de arte da cidade, discoteca Oneyda Alvarenga, espaços para exposições itinerárias, laboratório de conservação e restauro, Núcleo Memória do CCSP, oficinas de artes visuais e exposições de cinema, cursos e oficinas de

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4. ESTUDO DE CASO 29

dança, debates e palestras, restaurante, loja comercial, laje jardim, horta comunitária, duas salas de teatro e um espaço dinâmico para diversas apresentações que conta com um palco central e plateia em dois níveis do edifício (arena).

1) Acessos e circulação

Devido à dimensão longitudinal (aproximadamente 290m de comprimento) e a diversidade funcional que o edifício tem, são dispostos 7 acessos, sendo dois exclusivos para serviços. Os acessos para pedestres, predominam ao longo da via Vergueiro que possui transito menos intenso em relação a outra via paralela à Av. 23 de Maio. O que mais se destaca encontra-se na ponta norte e também pode ser acessado tanto pelo viaduto da Beneficência Portuguesa, como pela Rua Vergueiro, recebe ciclistas e pedestres principalmente os que que utilizam o metrô oriundos da estação Vergueiro localizada ainda no terreno do Centro Cultural e os encaminha para circulação vertical que permite acesso a área administrativa, para e área de informações e para o foyer dos teatros no nível 806m (elevação em relação ao nível do mar, utilizada para identificação dos pavimentos). Outros três acessos para pedestres se dão diretamente pela rua Vergueiro, ambos encaminham também ao nível 806m, dois deles para uma galeria de circulação e ao foyer dos teatros. Em seguida o outro se dá em um jardim com árvores de grande e médio porte cujas copas podem ser vistas da parte exterior e a uma praça próxima do restaurante e dos acessos a circulação vertical composta por rampas que direcionam ao nível 810m de exposições e ao nível 801 da

biblio-teca, discoteca e administração. Por fim um último acesso para pedestres na parte mais elevada da via Vergueiro à 810m conduz para uma galeria de exposições fixas do centro cultural e outras itinerárias selecionadas pela equipe de curadoria da instituição. O nível 796m, o mais baixo possui um acesso pela Avenida 23 de maio, exclusivo para serviços, veículos autorizados e colaboradores e outro através de uma rampa, que se dá pelo viaduto da Beneficência Portuguesa ao norte com as mesmas características. Estes se dão para um estacionamento, e posteriormente almoxarife, oficinas de madeira e metal além de áreas de apoio aos serviços.

Figura 4.1a: Acessos ao CCSP

Fonte: GOOGLE Earth®, editado pelo autor - 2015.

2) Volume e definição dos espaços

O edifício remete à disposição de um navio, possui comprimento aproximado de 290m e largura variável limitada pelas vias laterais chegando a 55m. Dividido em 4 pavimentos que seguindo a analogia

Av. 23 de Maio

Rua Vergueiro Vdt. da Beneficência

V ia Portuguesa Acesso Principal (Praça) N Acessos ao Foyer Acesso ao Jardim Acesso a Exposições Rua do Paraíso Acesso p/ veículos e aos serviços Acesso p/ veículos e aos serviços Segue para Aeroporto de Congonhas Estação de METRÔ (Vergueiro)

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4. ESTUDO DE CASO 30

seriam equivalentes aos conveses do navio, sendo que o primeiro nível à 796m é subterrâneo possuindo devido a um corte solo o acesso de veículos pela Av. 23 de Maio a este nível. O nível 801m também é parcialmente encravado no solo, esta circunstância varia conforme a curva de nível das vias paralelas. Os níveis 806m (parcialmente encravado no solo) e 810m é que podem ser observados do exterior, mas a concepção formal da fachada do prédio no nível 806m é intercalada com jardineiras contínuas que somadas a cor do concreto natural o embutem na paisagem urbana de maneira sutil, surpreendendo os pedestres com as marcações dos acessos. Apenas a cobertura do nível 810m é que é mais percebida na paisagem, esta conta com uma marquise que acentua a curva horizontal das vias paralelas. Esta proteção tem uma linguagem diferenciada, que acompanha as linhas internas do forro (acústico) do interior do prédio que nunca foi concluído, que daria continuidade entre o interior e exterior do edifício, oferecendo a sensação de já estar dentro mesmo fora do Centro Cultural, tornando-o convidativo e democrático, se tornando parte da própria rua.

3) Estruturas e técnicas construtivas

Inaugurado em 1982, conta com um sistema construtivo relativamente novo para época, baseado em estruturas mistas de aço e concreto armado protendido. Uma parede de arrimo inclinada que novamente se assemelha ao casco de um navio é disposta em todos os níveis encravados no solo. O concreto aparente das estruturas é mesclado com cabos de tensão que dão suporte para as rampas que comunicam os níveis. A laje de cobertura do nível 806m suporta o

so-brepeso de um jardim que dá origem ao nível 810m. A frieza dos materiais contrasta curiosamente com o calor proveniente das atividades programadas e aquelas de apropriação dos usuários, que são intensas e mantém vivo o prédio.

4) Zoneamento funcional

Por se tratar de um edifício público gerido pela prefeitura o edifício está sujeito a modificações funcionais principalmente na troca dos gestores que normalmente acontece de quatro em quatro anos, o que nem sempre é feito levando em conta condicionantes técnicos, as vezes são apenas empíricos. De maneira geral os espaços são bem correspondidos. Percebe-se um predomínio de áreas de serviço e apoio no primeiro nível da edificação, onde estão localizados os acessos para veículos. Neste nível o forro de concreto armado pré-moldado serve como piso técnico da edificação. No segundo nível (801m) as áreas funcionais do centro de cultura aparecem predominando, seguido pelas áreas administrativas, este nível encontra-se parcialmente encravado no solo de maneira que a influência sonora do ambiente exterior é muito bem contida e de acordo com as funções estabelecidas. Já o terceiro nível (806m) é o que apresenta maior equilíbrio entre áreas sociais e funcionais, é este nível também onde são mais observadas as apropriações dos espaços sociais e de circulação por parte dos usuários. Neste nível está estabelecido os principais acessos aos visitantes, justificando a demanda por maiores áreas de convivência, circulação e integração entre as pessoas. O último nível (810m) reserva aos visitantes as experiências através das áreas expositivas, com obras fixas e itine-

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4. ESTUDO DE CASO 31

rárias, e do convívio com a natureza no ambiente urbano através da horta comunitária cultivada em anexo ao jardim das esculturas que se encontra no terraço e possibilita um ambiente de permanência confortável e com visão ampla do centro urbano onde está inserido.

Figura 4.4a: Zoneamento funcional CCSP

Fonte: Dep. Arq. CCSP, editado pelo autor. - 2015. Simbologia 01 Estacionamento 02 Almoxarifado 03 Oficinas de metal e madeira 04 Ensaio 05 Camarim 06 Apoio 07 Cabines de audio 08 Discoteca 09 Acervo Biblioteca 10 Espaço multiuso piso elevado 11 Biblioteca Braile 12 Teatro Arena -Plat.640L

Adoniran Barbosa 13 Sala Paulo Emílio-Plat.105L 14 Sala Lima Barreto-Plat.105L 15 Sala Jardel Filho-Plat.336L 16 ADM - Comunicação 17 ADM - Pessoal 18 ADM - Jurídico/Dir. 19 ADM - Curadoria 20 Jardim dos estudantes 21 Área expositiva 22 Praça de alimentação 23 restaurante 24 Praça 25 Informações 26 Foyer dos teatros 27 Ação educativa 28 Terraço jardim 29 Sala exposição Tarcila do Amaral 30 Sala exposição 31 Sala de debates 32 Sala exposição Lat.23 de Maio 33 Sala exposição Lat. Vergueiro 34 Jardim das esculturas 34 Jardim das esculturas 07 N N N N Av. 23 de Maio Rua Vergueiro NÍVEL 976m NÍVEL 801m NÍVEL 806m NÍVEL 810m

ESCALA GRÁFICA EM METROS 0 25 100m 50 Legenda Funcional Serviços Social Circulação vertical Jardim interno 09 09 10 19 18 16 17 15 13 14 12 11 01 02 04 20 21 24 12 26 25 35 34 35 28 29 30 32 33 03 05 01 06 06 02 05 08 27 23 22 31 5) Conforto ambiental

A disposição longitudinal a norte-sul possibilita uma insolação direta e indireta aos ambientes internos mesmo os mais inferiores através de claraboias, que são visíveis tanto na parte central como na periferia do edifício e em dois níveis, na cobertura do nível 810m e do 806m, levando luz natural difusa até o nível 796m, isto facilita a leitura nas áreas determinadas e a integração entre espaços externos e internos. O prédio foi projetado para receber ventilação e refrigeração do ar através de um sistema que usaria água refrigerada no subsolo, porém este modo nunca foi implantado, utilizando atualmente um sistema convencional de ar condicionado que é segundo os próprios colaboradores e usuários ineficaz ou insuficiente.

As claraboias permitem em alguns pontos que raios solares adentrem o prédio diretamente, sendo responsáveis por um aquecimento nestas áreas que apresentam uma ventilação cruzada limitada e pouco eficiente, considerando este um ponto negativo e que se deve principalmente pela incompatibilidade dos sistemas de ventilação mecânica que opera e o que fora originalmente proposto.

6) Relações

Inserido em um ambiente urbano bem desenvolvido e consolidado, próximo a Av. Paulista e paralelo a Av. 23 de Maio, importantes vias da cidade de São Paulo. São poucas as áreas

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4. ESTUDO DE CASO 32 livres e públicas no entorno, enfatizando ainda mais a importância

do Centro e das praças que se dão na continuidade do terreno. O gabarito das edificações que rodeiam o centro chega a 26 pavimentos, e predominam na paisagem os grandes edifícios.

O prédio do Centro Cultural tem uma relação de altura x comprimento de 1/27, e se estabelece entre as vias Vergueiro e Av. 23 de Maio.

Observa-se ainda o que parece a razão de ser do Centro Cultural São Paulo, a apropriação natural e aleatória dos ambientes de acesso ao público, sendo expressados das mais diversas formas. As áreas de circulação de pessoas são incrivelmente apropriadas pelos usuários, permitindo especulações e interpretações sobre como e porque acontecem.

Estes ambientes não oferecem nada muito além de espaços livres, porém de conexão tanto entre as disposições funcionais quanto de pessoas e certos mobiliários espalhados e projetados junto com a edificação. Esta animação dos ambientes se dá de maneira espontânea, possivelmente por se tratar de espaços seguros do ponto de vista urbano, que acolhem dando um abrigo para que pessoas possam expressar-se principalmente com a dança, interpretações artísticas ou musicais. É possível perceber ainda que se trata de pessoas com um nível de consciência sobretudo corporal mais apurado, que acabam por ser parte da concepção do edifício, o mantendo mais útil ou otimizado. Pode ocorrer também pelo fato de nunca ter sido repreendida esta característica, ao contrário ser sempre estimulada e divulgada co-

mo uma das qualidades do edifício mesmo quando no período da ditadura militar, denotando sua importância social histórica. Segundo a Arquiteta Ana Maria Campanha que conduziu a visita orientada, este fato também deve ter contribuído para fomentar ainda mais estas expressões e a democraticidade dos espaços.

A disposição de algumas fachadas, sobretudo a da Rua Vergueiro mesclam uma contínua empena inclinada que recebe jardineiras, com alguns vãos de acessos e partes envidraçadas no último nível, o de exposições. Do interior se tem a percepção de segurança e conforto ambiental intensa que o abrigo promove, há um rompimento com o ambiente “hostil” da rua, mas ao mesmo tempo os acessos e a praça integrada ao jardim central reconectam ao ambiente urbano, ainda resguardando estas sensações. Uma marquise que acentua o raio horizontal da via executada com estrutura metálica se projeta sobre o passeio e promove uma sensação de que mesmo do lado de fora os transeuntes estão dentro do prédio, esta continuidade de linguagem entre os espaços (que poderia ser ainda mais acentuada caso os forros internos tivessem sido executados conforme o projeto, pois seriam a continuidade da linguagem da marquise) é responsável também por cativar e induzir uma visita mesmo àqueles que estão apenas transitando pela via. É como se ocorresse um despertar para obra nestes espaços em que ela se abre, fazendo com que as pessoas se deem conta de algo a ser explorado, o ambiente edificado público.

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4. ESTUDO DE CASO 33 7) Ordem de ideias

Como mencionado anteriormente o edifício remete em muito as instalações de um navio, porém aquela rigorosa simetria imposta as embarcações para uma boa hidrodinâmica não são tão rígidas na edificação. Ocorre sim um equilíbrio nos volumes e no desenho da planta. As fachadas sul e norte se assemelham, mas as das vias paralelas são únicas. No interior circulações longitudinais se dão mais pela periferia do prédio e caracterizam dois eixos, que são pontualmente interrompidos no campo de visão, por se tratar de eixos em arco concordando com as paredes externas e pelas próprias esculturas e diversidade nas características dos espaços. Este fato é de extrema relevância considerando o comprimento da edificação, pois estes bloqueios visuais impedem a compreensão das distâncias percorridas, somado também a singularidade dos ambientes.

8) Partido

De um programa de necessidades cheio de aspirações, o edifício foi projetado com o objetivo de facilitar ao máximo o encontro dos usuários com aquilo que seria oferecido no centro cultural mesmo em época de ditadura militar. A arquitetura do prédio não obedeceu a padrões pré-estabelecidos na época, deu prerrogativa as dimensões amplas e as múltiplas entradas e caminhos que se cruzam e mantêm uma intensa animação dos

espaços. O caráter inovador é também expresso nas alternativas estruturais adotadas.

Desta forma se obteve o sucesso absoluto do plano que até hoje permite adaptações às novas possibilidades e características das expressões culturais e continua sendo apropriado pelas novas gerações.

9) Relevância para a proposta

Poder vivenciar durante um dia inteiro a movimentação, a utilização, em fim a apropriação dos espaços do Centro Cultural São Paulo foi uma experiência única, que irá permanecer por muito tempo em meus pensamentos. Tendo em vista as inúmeras impressões, percepções e especulações já feitas e as que ainda faço sobre o Centro Cultural. Estas experiências certamente estarão refletidas na proposta que aborda este trabalho, principalmente no que diz respeito as relações entre os espaços e suas apropriações. Além das táticas dinâmicas que contribuem para agitação dos espaços, como diversidade nos programas culturais. Estratégias de conforto, lazer e promoção de ambientes adequados para se dialogar, contemplar o ambiente urbano, ou apenas praticar o ócio.

A visita tornou necessária algumas análises quanto ao reconhecimento dos usuários, de suas características sociais e políticas que os levaram a tal comportamento no Centro de Cultura, a fim de aplicar aqui na região da AMUREL a mesma análise interpretando os nossos hábitos e costumes, para obter uma melhor identificação com o projeto da proposta.

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4. ESTUDO DE CASO 34 10) Quadro de imagens da visita feita ao CCSP em 14/05/2015

Acessos

Norte para pedestres N806

Oeste para veículos N796

Leste para pedestres N806

Leste para pedestres N810

Circulações verticais Sistema estrutural Conforto ambiental Relações e apropriação espacial

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Referências

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