• Nenhum resultado encontrado

ATORES DA CADEIA DE RECICLAGEM: INFLUÊNCIA E IMPACTOS NA ATIVIDADE DE TRIAGEM DE MATERIAIS EM UMA COOPERATIVA DE SOROCABA-SP

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "ATORES DA CADEIA DE RECICLAGEM: INFLUÊNCIA E IMPACTOS NA ATIVIDADE DE TRIAGEM DE MATERIAIS EM UMA COOPERATIVA DE SOROCABA-SP"

Copied!
17
0
0

Texto

(1)

ATORES DA CADEIA DE RECICLAGEM: INFLUÊNCIA E IMPACTOS NA ATIVIDADE DE TRIAGEM DE MATERIAIS EM UMA COOPERATIVA DE SOROCABA-SP

Fábio Ferreira Santos

Mestrando em Engenharia de Produção Universidade Federal de São Carlos

fabioferreiraep@gmail.com

Andrea Regina Martins Fontes

Doutorado em Engenharia de Produção

Docente do Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção do campus de Sorocaba Universidade Federal de São Carlos

andreaf@dep.ufscar.br

Virgínia Aparecida da Silva Moris

Doutorado em Engenharia Química

Docente do Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção do campus de Sorocaba Universidade Federal de São Carlos

vimoris@yahoo.com.br

Renato Luvizoto Rodrigues de Souza

Doutorando em Engenharia de Produção Universidade Federal de São Carlos

rluvizoto@gmail.com

RESUMO

A cadeia de reciclagem no Brasil é considerada complexa e envolve múltiplos atores sociais: consumidores, catadores, governos locais, cooperativas, sucateiros e indústrias. As cooperativas de reciclagem possuem um relevante papel socioambiental e de viabilização dos processos de reciclagem. O objetivo desse estudo foi identificar a influência exercida pelos compradores de materiais recicláveis e consumidores finais na realização da atividade de triagem de materiais recicláveis em uma cooperativa e verificar seus impactos no trabalho dos cooperados. O método de pesquisa adotado foi o estudo de caso, delineado pela abordagem da Ergonomia da Atividade, com foco na triagem de materiais recicláveis realizada em esteira automática em uma cooperativa de Sorocaba-SP. Adotaram-se múltiplas fontes de evidências como, visitas in loco, entrevistas semiestruturadas e observações. Constataram-se uma série de riscos, constrangimentos e variabilidades na realização da atividade de triagem de materiais recicláveis em esteiras automáticas, sendo essas decorrentes tanto das condições organizacionais e de trabalho da própria cooperativa, quanto da influência dos compradores de materiais recicláveis e dos consumidores finais no modo de realizar o trabalho. Assim, pode-se afirmar que a triagem é uma atividade complexa, interdependente e demanda atuação conjunta dos atores da cadeia de reciclagem, a fim de possibilitar a minimização dos efeitos das variabilidades, o aumento da eficiência e ganhos mútuos para toda a cadeia.

Palavras-chave: Cadeia da reciclagem; Cooperativa; Ergonomia da atividade; Triagem.

ACTORS OF RECYCLING CHAIN: INFLUENCE AND IMPACTS ON THE MATERIAL SORTING ACTIVITY IN A COOPERATIVE OF SOROCABA-SP

ABSTRACT

The recycling chain in Brazil is considered complex and involves multiple stakeholders, such as consumers, scavengers, local governments, cooperatives, scrap dealers and industries. The recycling cooperatives have an important socio-environmental role and viability of recycling processes. The aim of this study was to identify the influence exerted by buyers of recyclable materials and final consumers in the realization of the sorting activity of recyclable materials in a cooperative and verify its impacts on the work of the cooperative members. The research method used was the case study, outlined the Activity-centered Ergonomics approach, focusing on sorting of recyclable materials in automatic mats in a cooperative located in Sorocaba-SP. Multiple sources of evidence were used as, semi-structured interviews, on-sites visits and observations. Found a series of risks, constraints and variability in sorting activity of recyclable materials in automatic mats. It is under both organizational and conditions of the cooperative work, as the influence of buyers of recyclable materials and end consumers in the way of doing the job. Thus, we can affirm that the sorting is a complex; interdependent activity and demand joint action of the recycling chain, in order enable to minimize the effects of variability, increased efficiency and mutual benefits for the entire chain.

Key words: Activity-centered ergonomics; Cooperative; Recycling chain; Sorting

RGSA – Revista de Gestão Social e Ambiental ISSN: 1981-982X

DOI: http://dx.doi.org/10.24857/rgsa.v10i3.1212 Organização: Comitê Científico Interinstitucional Editor Científico: Jacques Demajorovic

Avaliação: Double Blind Review pelo SEER/OJS Revisão: Gramatical, normativa e de formatação

(2)

Atores da cadeia de reciclagem: influência e impactos na atividade de triagem de materiais em uma cooperativa de Sorocaba-SP

1 INTRODUÇÃO

O aumento da população mundial, acompanhado dos avanços tecnológicos e do aumento do consumo, tem contribuído para a geração de grandes quantidades e variedades de resíduos, que quando descartados inadequadamente resultam em problemas ambientais e de saúde pública (Santos & Silva, 2011). A gestão de resíduos sólidos municipais é um desafio para as autoridades governamentais locais. No Brasil, o problema da disposição está relacionado ao incremento na geração de resíduos e a falta de locais adequados para a disposição (Pacheco, Ronchetti & Masanet, 2012). Nesse sentido, alguns autores, tais como Suttibak e Nitivattananon (2008), sugerem a integração da reciclagem de resíduos na gestão dos resíduos municipais como uma forma efetiva de reduzir esse problema. Essa gestão, em países em desenvolvimento, é composta pela integração das políticas públicas com o setor informal da reciclagem, com a comunidade e com os programas que compõem os sistemas de reciclagens.

As atividades de coleta seletiva e reciclagem no Brasil envolvem múltiplos atores: consumidores, governos locais, contratantes municipais, cooperativas, sucateiros e indústrias (recicladoras e de consumo). Na maioria dos casos, coletas formais e informais são realizadas por catadores de materiais, que, muitas vezes, utilizam veículos movidos pela força humana ou animal sem seguir condições de trabalho adequadas (Campos, 2014). Além disso, é importante considerar a vulnerabilidade social dos catadores de materiais recicláveis. Pois, muitas vezes enfrentam problemas econômicos, exclusão social e entorno social hostil, sendo até mesmo confundidos e/ou associados a mendigos e infratores (Carmo & Oliveira, 2010).

Em países de baixa e média renda, esse trabalho é caracterizado pelo envolvimento de milhões de trabalhadores em condições informais de trabalho (Campos, 2014). Diante da questão do desemprego, a coleta seletiva e a reciclagem são vistas como estratégias de sobrevivência para muitos trabalhadores (Teixeira, 2015). Assim, de acordo com Teixeira (2015) a questão dos catadores envolve uma dualidade na sociedade contemporânea: a necessidade de solução para o problema do “lixo” e a exclusão social dos catadores que são os agentes fundamentais na cadeia de reciclagem.

A formação de cooperativas é decorrente também desse cenário e surge como um modo alternativo de produção e distribuição capitalista, voltado para aqueles que estão fora do mercado. Além disso, é vista como uma forma de melhorar as condições de trabalho, a criação de uma identidade, reconhecimento social, de melhorar as negociações com os compradores e aumentar a renda (Teixeira, 2015; Souza, 2014; Oliveira & Lima, 2012).

As cooperativas destacam-se pelas suas múltiplas funções, pois atuam na economia ambiental, na construção de um movimento social (Oliveira & Lima, 2012) e ajudam a fortalecer a gestão de resíduos municipais, sem a necessidade de contratação de novas pessoas e serviços (Carmo & Oliveira, 2010). Nesse sentido, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) aponta e reconhece a importância desses empreendimentos, à medida que os definem como agentes prioritários na realização de coletas seletivas (Brasil, 2010).

Além da coleta, a triagem de materiais é uma das principais atividades que podem ser desempenhadas pelas cooperativas. A triagem é fundamental para a cadeia de reciclagem e a sua execução eficiente é o ponto primordial para viabilizar a reciclagem. Devido às limitações que se revelam nos processos de produção das cooperativas, a triagem pode ser considerada o principal gargalo que impõe restrições ao montante separado (Lima & Oliveira, 2008). Apesar da importância dessa atividade, poucos trabalhos científicos aprofundam o seu estudo em cooperativas, representando, dessa forma, uma lacuna sobre o assunto (Souza, 2014).

Cockell, Carvalho, Camarotto e Bento (2004), Gutberlet, Baeder, Pontuschka, Felipone e Santos (2013) e Souza, Fontes e Salomão (2014), apontam a existência de uma série de riscos, constrangimentos e variabilidades na realização da atividade de triagem de materiais recicláveis. Muitos dos problemas associados a essa atividade estão relacionados à falta de estrutura, ao contato com materiais recicláveis sem o uso de equipamento de proteção, a falta de equipamentos e

(3)

Fabio Ferreira Santos, Andrea Regina Martins Fontes, Virgínia Aparecida da Silva Moris, Renato Luvizoto Rodrigues de Souza

treinamentos, entre outros (Souza et. al., 2014). Dessa forma, a realização da triagem tem implicações nas condições de trabalho, na eficiência e no desempenho ambiental.

A influência dos atores da cadeia de reciclagem na própria forma de realizar o trabalho também é uma questão a ser observada na atividade de triagem. Ou seja, a forma de realizar a triagem pode estar condicionada aos requisitos dos demais atores da cadeia de reciclagem e as condições físicas dos materiais oriundas do pós-consumo (Moisés, 2009).

Considerando a articulação dos atores da cadeia de reciclagem, as cooperativas encontram-se, geralmente, em posição de subordinação e dependência dos compradores que podem ser as indústrias recicladoras e/ou os intermediários (sucateiros, por exemplo). Nesse cenário, os compradores podem influenciar na definição dos critérios técnicos das operações dentro da cooperativa, como separação dos materiais por tipo, cor, grau de pureza, forma, entre outros. Além dos compradores, os consumidores finais também podem influenciar na forma de executar a atividade de triagem. Apesar dos consumidores não possuírem motivações econômicas que condicionem os critérios técnicos da separação dos resíduos na origem, a cooperativa é dependente da sensibilização desses quanto a disponibilidade e as condições de aproveitamento do material reciclável. Diante desses pressupostos, levantam-se as seguintes questões de pesquisa: como os atores da cadeia de reciclagem influenciam a realização da triagem de materiais recicláveis em um ambiente cooperativo? E quais as implicações para o trabalho dos cooperados?

Assim, este estudo tem por objetivos identificar que tipo de influência os compradores de materiais recicláveis e consumidores finais exercem na realização da atividade de triagem de materiais em uma cooperativa e verificar seus impactos no trabalho dos cooperados.

O artigo está estruturado em cinco seções, incluindo esta introdução. Na segunda seção, é apresentada a fundamentação teórica. Na terceira seção, o método de pesquisa é apresentado. Na quarta seção, os resultados são apresentados e discutidos. E, por fim, na quinta seção, apresentam-se as considerações finais do estudo.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nesta seção, apresentam-se os principais direcionamentos teóricos para embasamento do estudo. Assim, são contextualizados os constructos sobre a reciclagem, triagem e a ergonomia. Inicialmente, serão apresentados os atores da cadeia de reciclagem e a triagem de materiais, seguida pelas relações da ergonomia com a atividade de triagem em cooperativas.

2.1 Atores da cadeia de reciclagem e a triagem dos materiais

Cadeia de reciclagem é o termo utilizado para caracterizar o processo que inicia com a coleta de materiais usados (oriundos da indústria ou pós-consumo), passando por diferentes estágios até chegar às indústrias de reciclagem (Carmo & Oliveira, 2010). De acordo com Toso e Alem (2014), a reciclagem de resíduos sólidos municipais é um ponto crítico para obtenção de um ciclo fechado das cadeias de suprimento, principalmente quando o seu valor não pode ser completamente reaproveitado depois do uso. Desse modo, Gonçalves-Dias (2009) e Toso e Alem (2014) concordam que existe uma complexidade e consequentes desafios a serem enfrentados na cadeia de reciclagem do Brasil, devido aos diferentes atores envolvidos nessa atividade e a necessidade em manter esses atores coordenados.

É possível verificar a complexidade da estrutura da reciclagem de resíduos municipais no Brasil quando se considera as interações entre fabricantes de produtos e consumidores. Os produtos de consumo são constituídos por diferentes materiais (como metal, vidro, papel e plástico, por exemplo) que dificultam a adoção de práticas mais homogêneas ao longo da cadeia (Toso & Alem, 2014). Além disso, essa complexidade pode ser observada quando se consideram os diferentes

(4)

Atores da cadeia de reciclagem: influência e impactos na atividade de triagem de materiais em uma cooperativa de Sorocaba-SP

atores da cadeia identificados por: catadores, donos de caminhões, sucateiros, as indústrias de reciclagem e o poder público (Gonçalves-Dias, 2009) e os desafios que envolvem a vasta área de coleta, a baixa densidade de materiais transportados e o alto custo de transporte (Toso & Alem, 2014).

A Figura 1 mostra a estrutura geral da reciclagem dos resíduos municipais. Trata-se de uma simplificação do modelo apresentado por Toso & Alem (2014).

Verifica-se que a destinação dos resíduos dos consumidores pode seguir dois caminhos distintos. O primeiro refere-se à coleta regular, na qual os resíduos são destinados a aterros e/ou lixões. Já o segundo, envolve a coleta desses resíduos por meio dos catadores autônomos ou programas de coletas seletivas (via prefeitura ou cooperativas). É importante observar que, é possível que a coleta desses materiais ocorra também em “lixões”.

Os catadores de materiais recicláveis são atores sociais importantes para a cadeia, já que estão situados na base/etapa inicial e mantêm um contato direto com a fonte geradora (pessoas, indústrias etc.). Além disso, o trabalho dos catadores é de grande relevância, pois proporciona benefícios econômicos, sociais, ambientais e agrega valor aos materiais recolhidos. Porém, são poucos valorizados e são os que menos se beneficiam da atividade de reinserção do material coletado ao ciclo produtivo. (Aquino, Castilho Junior & Pires, 2009)

As cooperativas localizam-se na interface entre o consumo da sociedade e a indústria de reciclagem (Souza et al., 2014). São consideradas intermediárias da cadeia em que, geralmente, desenvolvem atividades de compra e venda de materiais recicláveis, coleta, pesagem, triagem, trituração, prensagem, armazenagem e o transporte de materiais (Aquino, et al., 2009). Souza et al. (2014) pontuam que algumas cooperativas realizam apenas atividades de coleta e triagem e outras apenas a triagem. Assim, o produto proveniente da triagem segue para as indústrias de reciclagem onde ocorre a transformação em matérias-primas para as indústrias de consumo.

Existem algumas influências no modo de realização das atividades das cooperativas, que são resultantes tanto das condições internas das cooperativas, quanto dos demais atores da cadeia. Nesse sentido, é possível destacar a etapa de separação do resíduo por parte do consumidor, segundo critérios do que acredita ser “reciclável”. Apesar dessa separação não estar diretamente relacionada ao produto final da cooperativa, pode influenciar na produtividade das operações de triagem, já que

Figura 1: Estrutura geral da reciclagem dos resíduos municipais Fonte: Toso e Alem (2014)

(5)

Fabio Ferreira Santos, Andrea Regina Martins Fontes, Virgínia Aparecida da Silva Moris, Renato Luvizoto Rodrigues de Souza

alguns dos materiais não serão aproveitados devido às condições físicas dos mesmos (contaminado, por exemplo) ou por não ser viável economicamente para a cooperativa (Oliveira & Lima, 2012).

Além dos consumidores, os compradores também influenciam na forma da triagem das cooperativas, pois os mesmos podem definir e mudar exigências referentes ao material separado. Ou seja, assim como apontado por Cockell et al. (2004), quanto mais os materiais estiverem segregados, mais valorizados serão pelos compradores. Isso pode resultar em ganhos para as cooperativas, porém impactará o modo de desenvolver a atividade de triagem.

No “modelo ideal” da cadeia de reciclagem pressupõe-se que os materiais triados pelas cooperativas sejam comercializados com as indústrias recicladoras. Entretanto, o não atendimento aos critérios que as indústrias impõem, condiciona a comercialização com outros atores. Se o material triado ainda não está suficientemente separado, outro ator da cadeia precisará absorver a responsabilidade da nova triagem. Esse ator pode ser a própria indústria ou, na maioria das vezes, os sucateiros (terceiros) (Campos, 2013). É nesse sentido que Moises (2009) identificou em sua pesquisa que os cooperados devem estar sempre aprendendo a triar, pois os compradores mudam suas exigências regularmente em relação às especificidades do material (cor, grau de pureza, forma, entre outros).

Outra questão a ser levantada é que, apesar da expansão de programas municipais de apoio às cooperativas, grande parte delas enfrenta os mesmos problemas que os catadores individuais informais devido à falta de estrutura para comercializar diretamente com a indústria. Ou seja, acabam sendo dependentes também de outros agentes intermediários, como os sucateiros, por exemplo, comprometendo assim a sua rentabilidade (Demajorovic, Caires, Gonçalves & Silva, 2014). Ainda que as características dos materiais triados sejam um fator importante para a venda às indústrias, outros fatores somados e interdependentes contribuem também para o distanciamento entre as cooperativas e as indústrias: a falta de regularidade na entrega, as limitações logísticas, a falta de padronização nos materiais, produção em pequena escala e a falta de capital para vender a prazo (Campos, 2013; Gonçalves-Dias, 2009). Assim, Demajorovic et al. (2014) destacam que as empresas, de um modo geral, podem impactar positivamente o trabalho de cooperativas por meio de acordos, já que podem ser grandes geradoras de materiais recicláveis e também compradoras desses materiais recicláveis, podendo utilizá-los como matéria-prima para seus produtos.

Na próxima subseção (2.2), serão apresentados os principais constructos da Ergonomia da atividade, como tarefa, atividade, variabilidades, modos operatórios e carga de trabalho, relacionando-as ao contexto das cooperativas de triagem de materiais.

2.2 A ergonomia e as suas relações com a atividade de triagem em cooperativas

De acordo com Guérin, Laville, Daniellou, Duraffourg e Kerguelen (2001), uma tarefa pode ser definida como o resultado antecipado, não efetivo, fixado dentro das condições determinadas em uma organização. Trata-se do que é prescrito pela empresa ao operador e que está circunscrito no contexto particular de trabalho, representando os “braços invisíveis” da organização do trabalho (Ferreira, 2000). No contexto das cooperativas, verifica-se que, assim como apontado por Cockell et al. (2004), geralmente é inexistente a prescrição formal das tarefas. Ou seja, as definições formais da tarefa de triagem são inexistentes e o saber (o que é a tarefa) é resultado do coletivo e da experiência.

Por outro lado, é possível que a consolidação das prescrições de trabalho na cooperativa esteja intrinsicamente relacionada com a definição e mudança de exigências por parte dos compradores e por características físicas dos resíduos gerados pelos consumidores. Neste cenário, as cooperativas atuam como fornecedoras e comercializam com diferentes compradores os materiais separados, que, por sua vez, possuem diferentes critérios de compra, delineando, direta e/ou indiretamente, o trabalho a ser realizado (Campos, 2013).

(6)

Atores da cadeia de reciclagem: influência e impactos na atividade de triagem de materiais em uma cooperativa de Sorocaba-SP

Já a atividade de triagem, trata-se do trabalho que é efetivamente realizado pelos cooperados da cooperativa. Assunção e Lima (2003) pontuam que a atividade é um conjunto de regulações contextualizadas, no qual toma parte tanto a variabilidade do ambiente quanto a do próprio trabalhador. A atividade de triagem trata-se do que o cooperado irá mobilizar para realizar a tarefa diante das variabilidades e constrangimentos, na busca de resultados efetivos (Souza, 2014). Para Cockell et al. (2004), o fato de lidar com esses tipos de materiais (“lixo”), geram constrangimentos que incorporam elementos nocivos à saúde dos trabalhadores.

Gutberlet et al. (2013) identificaram os seguintes problemas associados com a atividade de reciclagem: químico, biológico, físico, acidentes, ergonômico e vulnerabilidades emocionais. Ainda, identificaram que os trabalhadores consideram esse trabalho “pesado”, sujo, perigoso, entre outros. Mais especificamente para a atividade de triagem, os trabalhadores caracterizaram como um trabalho intensivo, requerendo força física, atenção, e conhecimento sobre as propriedades dos materiais.

Souza et al. (2014) apontam os diversos riscos inerentes ao trabalho com a triagem: risco de cortes, contatos com materiais hospitalares, presença de animais peçonhentos, dentre outros. Os autores afirmam ainda que as variabilidades dos materiais recicláveis impactam diretamente na atividade de triagem e podem ser classificadas como: variabilidade na matéria-prima (tipos de objetos, estado do material e volume de materiais), nos equipamentos (maquinário) e do próprio indivíduo (competência, idade e ritmo de trabalho).

Essas variabilidades incidem sobre a atividade, solicitando que os trabalhadores moldem seus modos operatórios para atingirem os resultados propostos (Souza, 2014). Assim, devido a grande diversidade de materiais recicláveis coletados que seguem para a triagem, os cooperados desenvolvem diferentes estratégias e modos operatórios para executar as atividades. Dessa forma, os modos operatórios são definidos como o resultado da regulação feita pelo trabalhador para diminuir a lacuna entre a tarefa, os meios de trabalho e o modo operatório anterior (Guérin et al., 2001).

No que diz respeito à carga de trabalho, a mesma está associada à margem de manobra disponível ao operador, ou seja, a possibilidade de adaptar os objetos e meios (Guérin et al., 2001). Assim, Souza et al. (2014) afirmam que os problemas associados a falta de equipamento adequados, estrutura física e organizacional, falta de uso de equipamento de proteção individual e o próprio contato com o “lixo” convergem para que os cooperados sejam submetidos a sobrecargas físicas e mentais no trabalho.

Verifica-se que parte dos riscos inerentes ao trabalho com a triagem possui relação direta também com os consumidores finais. Pois, a variabilidade na matéria-prima (resíduo do consumidor final) coletada e triada resulta também da forma em que os materiais recicláveis foram descartados. Além disso, as condições de trabalho e estrutura das cooperativas limitam a realização da triagem de forma adequada e condizente com os critérios dos compradores.

Os inter-relacionamentos da cadeia de reciclagem são complexos e para Campos (2013) eles condicionam e são condicionados pela estratégia das cooperativas no nível operacional fazendo com que a distribuição de valor na cadeia seja desfavorável para essas organizações. A autora considera que a necessidade de comercializar rapidamente os produtos faz com que o objetivo de desempenho operacional dos arranjos produtivos nas cooperativas esteja voltado para o volume e não para a qualidade. Desta forma, os processos de trabalho e, consequentemente, a atividade de triagem são impactados pelas ações e decisões dos demais atores da cadeia de reciclagem, em especial os atores imediatos: os consumidores finais e os compradores de materiais triados. A ergonomia, por meio da análise da atividade, permite evidenciar as situações reais de trabalho, e assim compreender os desconfortos e as estratégias dos operadores para atingir os resultados.

(7)

Fabio Ferreira Santos, Andrea Regina Martins Fontes, Virgínia Aparecida da Silva Moris, Renato Luvizoto Rodrigues de Souza

A estratégia de pesquisa utilizada foi o estudo de caso, pois este tipo de pesquisa permite investigar um fenômeno contemporâneo emum contexto da vida real (Yin, 2001). A pesquisa tem um caráter descritivo e exploratório, pois a atividade de triagem foi analisada, buscando identificar a influência dos compradores de materiais recicláveis e consumidores na atividade de triagem e verificar seu impacto no trabalho dos cooperados (Gil, 2002).

A pesquisa focalizou na atividade de triagem de materiais recicláveis em uma cooperativa localizada no município de Sorocaba – SP. A escolha do município é justificada pela sua importância econômica para a Região Metropolitana de Sorocaba e por se posicionar como o munícipio mais populoso da região com uma população estimada, em 2015, de 644.919 habitantes (IBGE, 2016), possuindo um potencial de alta geração de resíduos.

A atividade de triagem foi escolhida devido à necessidade de compreensão de sua importância na cadeia de reciclagem e as implicações da operacionalização de suas atividades. A pesquisa foi realizada na Cooperativa de Reciclagem de Sorocaba (Coreso), a qual possui, como principal ferramenta de trabalho, a esteira automática de triagem de materiais.

A coleta e análise dos dados basearam-se na Análise Ergonômica do Trabalho - AET (Guérin et al., 2001), que consiste em uma perspectiva que busca compreender o comportamento no trabalho por meio dos olhos do próprio trabalhador (Assunção & Lima, 2003). De um lado, procura-se descrever a variabilidade da situação (técnica, organizacional e humana), de outro, explicitar como os atores sociais reagem às dificuldades e tentam superá-las em sua atividade cotidiana (Lima, Resende & Vasconcelos, 2009).

As principais etapas da pesquisa foram: revisão de literatura e pesquisa de campo. A revisão de literatura teve por objetivo fundamentar a pesquisa, buscando identificar o que está sendo desenvolvido e como têm sido discutidas as questões sobre a cadeia de reciclagem e atividade de triagem, e suas relações com a Ergonomia da Atividade. A pesquisa de campo consistiu em algumas visitas in loco, realizadas entre Novembro/Dezembro de 2015.

A primeira visita objetivou a interação com a direção e órgão de apoio da cooperativa a fim de obter informações gerais e de caracterização. Na segunda visita, buscou-se observar o ambiente de estudo e realizou-se uma entrevista com o auxiliar de coordenação da cooperativa com o objetivo de entender a dinâmica de funcionamento da atividade de triagem. Nas visitas subsequentes, o processo de triagem foi mapeado, coletaram-se informações sobre a triagem e buscou-se a analisar a atividade de triagem sob o ponto de vista do cooperado.

Na coleta de dados utilizaram-se múltiplas fontes de evidências, tais como entrevistas semiestruturadas, e observações diretas e indiretas (filmagens e fotografias). Foram entrevistadas 9 pessoas: 1 da direção e órgão de apoio (Centro de Estudos e Apoio ao Desenvolvimento, Emprego e Cidadania - Ceadec), 1 auxiliar da coordenação e 7 cooperados responsáveis pela triagem. Para a direção e o auxiliar da coordenação, foram colocadas questões relacionadas à produção, ao funcionamento e à organização da cooperativa. Já para os cooperados, foram realizadas questões baseadas na literatura e na própria observação do trabalho sobre as dificuldades relacionadas à atividade de triagem.

A coleta e análise dos dados foram desenvolvidas com base nas seguintes categorias de análise: as variabilidades associadas ao material reciclável que chega à cooperativa e aos critérios de seleção estabelecidos pelos compradores (tipo de material, cor, entre outros).

As observações no ambiente de trabalho e as filmagens e fotografias possibilitaram o mapeamento da atividade de triagem e permitiram verificar os modos operatórios dos cooperados, assim como suas reações diante das variabilidades. Para o mapeamento foi elaborada uma ficha de descrição da tarefa, constituída pelas seguintes informações: nome da operação, descrição da operação, observações sobre o posto de trabalho, a operação e o operador, e indicação da próxima operação. Já as entrevistas semiestruturadas possibilitaram traçar o perfil dos cooperados e confrontar as informações obtidas por meio das observações e da revisão de literatura. Os principais grupos de questões das entrevistas estavam relacionados à: o perfil dos cooperados (idade, sexo, escolaridade, função, tempo de cooperativa e de função), percepções sobre o trabalho de triagem e

(8)

Atores da cadeia de reciclagem: influência e impactos na atividade de triagem de materiais em uma cooperativa de Sorocaba-SP

sobre o ambiente de trabalho, opiniões acerca dos consumidores e compradores, e as variabilidades presentes na atividade.

Por fim, foi realizado um diagnóstico, tendo por base os dados obtidos, considerando as verbalizações (transcrição das entrevistas de maneira exata) de cada cooperado entrevistado. O uso dessas técnicas permitiu um melhor conhecimento da atividade e identificação das principais dificuldades, de modo que foi possível confrontá-la com a literatura existente.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos e a discussão estão organizados em três subseções. A primeira, apresenta a caracterização geral da cooperativa. Na segunda, é apresentada a influência dos atores da cadeia na atividade de triagem da cooperativa. Na terceira subseção, discutem-se as dificuldades enfrentadas pelos cooperados na realização da atividade de triagem.

4.1 Caracterização geral da cooperativa

A seguir, apresentam-se as principais informações da cooperativa (Figura 2).

Funcionamento Segunda à sexta, a partir das 8 da manhã com pausa para o almoço e jornada de trabalho média de 9 horas. Depende do número de cooperados.

Materiais vendidos

Entre 10 e 15 tipos e dependem dos compradores e do número de cooperados; Incluem: plásticos, papel, papelão, vidro e metais, entre outros.

Volume de material

Variável: Em torno de 25 ton./semana. Porém, algumas vezes, atingem 40 ton./semana. Depende do número de cooperados trabalhando.

Remuneração

Variável e dependente do volume de material disponível e do número de cooperados; Semanal: São realizadas as vendas, descontados os custos e o restante é rateado; Valor médio mensal: R$ 800,00.

Número de cooperados

Variável: nos dias de pesquisa eram 15, dentre eles de 6 a 8 realizam a triagem de materiais; Às vezes, aproximar-se de 40 cooperados em todas as atividades: coleta, triagem, prensa etc. Figura 2: Caracterização geral da cooperativa

Fonte: Elaboração própria

Observa-se que em todos os pontos acima mencionados os valores ou as situações são variáveis. Além disso, o número de cooperados influencia em todos eles. A ausência de uma quantidade fixa de cooperados evidência uma rotatividade, em termos de entrada e saída de cooperados. Influenciando, assim, no volume de material a ser triado e vendido, e na remuneração final. Segundo o auxiliar de coordenação da cooperativa, esse número de cooperados atual está relacionado ao período do ano de festas (Dezembro), ao preço baixo do material, e a diminuição do volume de compra dos compradores, devido às férias, o que reduz a remuneração dos cooperados. Além disso, muitos cooperados, ao entrarem na cooperativa, consideram a remuneração como sendo baixa e desistem do trabalho em uma alta frequência.

De acordo com o auxiliar de coordenação, existem cooperados que permanecem por dias, outros meses e até anos. No entanto, dependendo da situação econômica ou das oportunidades fora da cooperativa, podem sair e retornar eventualmente. Esse comportamento ratifica a questão da rotatividade de cooperados, a qual o contato com os materiais recicláveis e a baixa remuneração são as principais razões identificadas para a não permanência na cooperativa (Moisés, 2009).

Quanto à caracterização geral dos cooperados, devido à variação na quantidade, não existe um número exato na cooperativa de homens e mulheres, porém a direção afirma que há um número maior de mulheres. O que converge para outros estudos que indicam que nos Empreendimentos

(9)

Fabio Ferreira Santos, Andrea Regina Martins Fontes, Virgínia Aparecida da Silva Moris, Renato Luvizoto Rodrigues de Souza

Econômicos Solidários no Brasil há uma maior participação das mulheres (Cockell et al., 2004). Na Figura 3 é possível observar a caracterização geral dos cooperados que trabalham na triagem e que foram entrevistados. Cooper ado Idade Tempo na Cooperativa Sexo Escolaridade

(ensino) Tarefa (separar)

1 37 1 mês Feminino Fundamental

incompleto

Papel arquivo (escritório, escolar, documentos), revistas e jornais.

2 47 2 meses Feminino Fundamental

incompleto

Papel misto (colorido), plásticos (PET) e Tetra Pak.

3 38 7 anos Masculino Médio

incompleto Revista, jornal, plásticos, metais.

4 34 7 meses Masculino Fundamental

incompleto Aparas plásticas

5 56 1 ano Masculino Fundamental

incompleto Sacos plásticos, revista, vidro e papelão.

6 21 1 mês Feminino Fundamental

incompleto Plásticos

7 25 1 ano Feminino Fundamental

incompleto Metais

Figura 2: Caracterização geral dos cooperados entrevistados Fonte: Elaboração própria

Na Figura 3 verifica-se que a idade varia dos 21 a 56 anos, sendo que a maioria possui tempo de cooperativa igual ou menor a 1 ano, sendo a maioria formada por mulheres e com Ensino Fundamental incompleto. Em relação à origem das pessoas que vão trabalhar na cooperativa, algumas delas trabalharam anteriormente como domésticas, trabalhador rural, ou em outro local com reciclagem. Porém, todas as atividades desenvolvidas antes de entrar na cooperativa eram de caráter informal. Isso foi confirmado pelo auxiliar da coordenação: “As pessoas que vêm trabalhar aqui, normalmente não têm uma profissão definida. Então são aqueles tipos de trabalhadores que vão tentar um trabalho, seja ele qual for, em troca de um pagamento, para ter dinheiro para sobrevivência” (Auxiliar da coordenação). Esse fato converge para estudos presentes na literatura como o de Teixeira (2015), no qual o mesmo pontua essa relação da informalidade e a busca da geração de renda para a sobrevivência.

Em relação aos materiais a serem triados, cada cooperado é responsável por um tipo. No entanto, devido à falta de pessoal na cooperativa, os mesmos separam vários tipos de materiais. Além disso, os cooperados desempenham também outras atividades na cooperativa, tais como limpeza do galpão e coleta de materiais nas ruas. Essa “coleta de rua” é realizada por alguns cooperados todos os dias, em variados pontos de coleta (condomínios, comércio, entre outros) e com o auxílio de um caminhão para transporte dos materiais coletados até a cooperativa. Isso demonstra as múltiplas funções desempenhadas pelos cooperados.

Quanto ao ambiente de trabalho, as atividades da cooperativa são realizadas em um grande galpão, constituído de um espaço amplo para o armazenamento dos materiais a serem triados e vendidos, uma esteira automática de triagem, escritório, banheiros e cozinha. O galpão possui a parte frontal aberta, a qual permite a circulação de ar e a iluminação natural. Ao perguntar aos cooperados sobre as questões de higiene, organização e equipamentos, os mesmos afirmaram estar satisfeitos, não se incomodarem ou estão acostumados com as condições. No entanto, o cooperado 3 sugeriu realizações de faxinas para diminuir o volume de material que não é aproveitado e deixar o ambiente mais organizado. A cooperada 2 e 6 pontuaram o calor como algo que causa incômodo. Há grande acúmulo de variados tipos de materiais na cooperativa como: eletroeletrônicos, brinquedos, papéis, plásticos entre outros.

(10)

Atores da cadeia de reciclagem: influência e impactos na atividade de triagem de materiais em uma cooperativa de Sorocaba-SP

Existem vários riscos associados com a atividade de triagem. Esses riscos são decorrentes, principalmente, da variedade e das condições dos materiais a serem triados. Desse modo, o uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI) é essencial. Os cooperados trabalham munidos de luvas, calça e sapatos fechados, o que ajuda a proteger as mãos, pernas e pés. Porém, utilizam camisas de manga curta, deixando os braços expostos. Ao serem questionados sobre acidentes de trabalho na atividade de triagem, os mesmos responderam não ter sofrido ou presenciado nenhum.

Já em relação aos desconfortos, apenas os cooperados 2, 4 e 6 responderam que sentiram ou sentem dores nas pernas por ficar muito tempo em pé. Isto pode ser constatado por meio da verbalização do cooperado 4, o qual afirmou “[...]geralmente sinto dor nas pernas, porque eu fico muito tempo em pé. Os buraquinhos que tem no piso da esteira também incomodam meus pés. Se não fosse isso, seria melhor”. Existe uma adaptação por parte dos cooperados diante dos incômodos, isso foi verificado na entrevista com o cooperado 2: “[...] no começo eu sentia muita dor nas pernas e nos braços. Agora eu já acostumei”. Essa constatação converge para outros estudos realizados por Souza et al. (2014).

Ao serem questionados sobre como se sentem ao trabalhar com materiais recicláveis, os cooperados mostraram-se positivos com a realização da atividade, podendo ser verificadas nas seguintes verbalizações: “[...] é bom, né? Me sinto a melhor pessoa do mundo ao trabalhar aqui. Me sinto valorizada e é melhor do que ficar em casa” (cooperado 2). “[...] Eu sempre gostei. Têm pessoas que valorizam meu trabalho, outras não”. (cooperado 4). “[...] Gosto de trabalhar aqui. Tem muita gente boa e a gente aprende um com o outro” (cooperado 7). Essas constatações ratificam a ideia de que além de representar uma estratégia de sobrevivência, as cooperativas criam uma identidade social entre os cooperados e um reconhecimento social do trabalho (Oliveira & Lima, 2012; Teixeira, 2015).

4.2 A triagem de materiais na cooperativa e a influência dos atores da cadeia

Os processos relacionados à triagem de materiais recicláveis envolvem três etapas principais: (I) recebimento e pré-triagem, (II) triagem na esteira automática e (III) descarte de rejeitos. Os materiais, oriundos da coleta chegam à cooperativa acondicionados em bags (sacos) ou avulsos nos caminhões. Quando esses materiais chegam nos bags, os mesmos são organizados para que, posteriormente, possam ser despejados no “poço” (buraco no chão) e transportados para a esteira de triagem. Quando os materiais chegam avulsos nos caminhões, os mesmos são despejados diretamente no “Poço”. Ambas as situações podem ser observadas na Figura 4 (a) e (b).

Figura 3: Recebimento dos materiais recicláveis em (a) bags e (b) avulso Fonte: Acervo dos autores

(11)

Fabio Ferreira Santos, Andrea Regina Martins Fontes, Virgínia Aparecida da Silva Moris, Renato Luvizoto Rodrigues de Souza

Estes materiais, que são transportados do “poço” até a parte superior da esteira, passam por uma pré-triagem. A pré-triagem consiste em separar o vidro e o papelão dos demais materiais. Além disso, quando são identificados resíduos orgânicos, resíduos contaminados com produtos químicos e de higiene, entre outros, os mesmos são retirados. Nesta etapa, dois cooperados são responsáveis por desempenhar esta tarefa de pré-triagem. No entanto, devido a grande quantidade de matérias, muitos não são separados, incluindo alguns vidros e o papelão, e vão para a etapa posterior de triagem na esteira automática. Os materiais que são separados na pré-triagem são acondicionados em bags, para sua posterior venda. Para Lima e Oliveira (2008), o acúmulo de materiais aguardando para serem separados acusam os limites técnicos da triagem de resíduos da cooperativa. Esse acúmulo de materiais pode fazer ainda com que os materiais potencialmente recicláveis se misturem com os materiais orgânicos, gerando uma diminuição no valor de venda posterior e dificuldades no processo de triagem (Campos, 2013; Souza, 2014).

A próxima etapa consiste em separar os variados tipos de materiais na esteira automática. A quantidade de cooperados envolvidos nessa tarefa varia de 6 a 8 pessoas, sendo estas organizadas em duplas e responsáveis por revirar e separar um ou mais tipos de materiais. Essas tarefas são divididas conforme a experiência e habilidade de cada cooperado. O auxiliar da coordenação da cooperativa é o responsável por controlar a velocidade e o funcionamento da esteira.

Dentre os materiais triados estão: Politereftalato de etileno (PET), Polietileno de Alta Densidade (PEAD), Polipropileno (PP), Tetra Pack, arquivo (papel branco), papel misto (colorido), revista, jornal, alumínio e outros. Os materiais separados são acondicionados em bags situados na parte inferior da esteira. Esse acondicionamento é realizado por aberturas na esteira próximo ao posto de trabalho do cooperado. Além disso, essas aberturas são identificadas com o nome do material a ser acondicionado. A Figura 5 mostra a esteira, os bags e as aberturas da esteira em formato retangular.

Muitos materiais que são recolhidos pelos cooperados, são lançados em direção à abertura da esteira. Isso faz com que muitos caiam fora do alvo e se acumulem no piso da esteira. Além disso, há a presença de materiais que deveriam ser separados na pré-triagem, como é o caso do papelão que é lançado para fora da esteira, e outros que não são reaproveitados (pedaços de vidro, lixo orgânico, papel higiênico, frascos de remédios, produtos eletroeletrônicos, pedaços de madeira, roupas, pedras, areia, bolas de futebol, entre outros).

A última etapa consiste no descarte dos materiais. Ao fim da esteira, há um bag no qual todo material que não é reaproveitado ou não foi triado é acondicionado. Muito material passivo de

Figura 4: Esteira automática, os bags e as aberturas da esteira Fonte: Acervo dos autores

(12)

Atores da cadeia de reciclagem: influência e impactos na atividade de triagem de materiais em uma cooperativa de Sorocaba-SP

reaproveitamento é descartado, devido ao grande volume de material e ao número insuficiente de cooperados na esteira. Esse material descartado é direcionado para aterros. Essa situação corrobora com que o foi apontado por Campos (2013), a cooperativa possui o desempenho operacional voltado para triar o maior volume possível de materiais e não para triar com uma maior qualidade. Aumentar a qualidade do material triado demandaria mais pessoas, melhores equipamentos e mais processos a montante e a jusante da esteira.

É evidente a influência dos consumidores e dos compradores de materiais recicláveis (indústrias de reciclagem e/ou sucateiros) na atividade de triagem e no tipo de material a ser descartado. A influência dos consumidores é pontuada pelos tipos e pelas condições que os materiais chegam à cooperativa. Muitos materiais recicláveis são misturados com outros materiais contaminantes e dificultam a triagem. Em alguns casos, impossibilitam o reaproveitamento do material, fazendo com que os mesmos sejam descartados. Essa questão pode ser verificada na verbalização do cooperado 7: “[...] tem gente que separa tudo direitinho, mas tem outras que não, ai vem todo tipo de lixo que você pode imaginar...Tem material muito sujo que agente não tria, dá muito trabalho e é melhor jogar fora”. Essas informações convergem para outros estudos presentes na literatura (Oliveira & Lima, 2012).

Já os compradores de materiais, influenciam no tipo de material e na forma como são triados. Isso pode ser constatado na verbalização do cooperado 5: “[...]antigamente os PETs eram separados dos outros materiais apenas por ser PET. Mas a gente percebeu que quando separamos por cores conseguimos um melhor valor pelo material”. Já o auxiliar de coordenação destacou que “[...]é necessário que o plástico esteja separado de uma forma correta para poder ser processado e vendido. Isso demanda experiência do cooperado”.

Em relação ao descarte, existem vários tipos de materiais que poderiam ser reaproveitados, no entanto a ausência de compradores ou volume insuficiente de material inviabiliza a separação, conforme pontuado pelo cooperado 2: “[...]o que a gente não tria, a gente joga fora, porque ninguém compra. Não vale nada pra gente...Vem muita coisa aqui que não vale nada pra gente, é o caso do isopor”.

No que se refere às prescrições de tarefas, não há procedimento formal. As orientações sobre a forma de triar são passadas principalmente de cooperado para cooperado. Assim como identificado por Cockell et al. (2004), os ensinamentos são passados para os novatos pelos mais velhos sem nenhum procedimento formal, levando-se em consideração apenas a experiência adquirida. Isso é explicitado na verbalização do cooperado 1: “[...]Cada produto tem o seu bag, eles me ensinaram a separar certinho. Os outros cooperados que me ensinaram. No primeiro dia eu senti mais dificuldade, mas agora já peguei o jeito”. Caso o número de novatos seja alto, um órgão de apoio (Ceadec) auxilia no treinamento.

Conforme pontuado por Moises (2009), é evidente a influência dos atores da cadeia de reciclagem no modo de realizar a triagem dos materiais, seja ela de forma direta, como é o caso dos compradores, ou indireta, como os consumidores. Dessa forma, os atores da cadeia são importantes na definição de diretrizes para a realização eficiente da atividade de triagem. Além disso, uma boa relação comprador-cooperativa-consumidor pode resultar também em ganhos mútuos.

4.3 As dificuldades enfrentadas pelos cooperados na triagem de materiais

A atividade de triagem envolve muitas variabilidades, seja de ordem externa ou interna. As variabilidades fazem com que os cooperados enfrentem diversas dificuldades na execução da triagem, estando sujeitos a diferentes constrangimentos e sendo necessário desenvolver diferentes modos operatórios para executar a tarefa.

O volume de material é uma das principais variabilidades presentes na atividade de triagem na esteira, o qual exige dos operadores o desenvolvimento de estratégias, ou modos operatórios, que permitam o desenvolvimento da triagem eficientemente. A quantidade limitada de cooperados na

(13)

Fabio Ferreira Santos, Andrea Regina Martins Fontes, Virgínia Aparecida da Silva Moris, Renato Luvizoto Rodrigues de Souza

esteira faz com que ocorra uma sobrecarga de trabalho, uma vez que, o cooperado tem que dar conta de separar mais de um tipo de material e de maneira rápida. Foi relatada pelos cooperados a necessidade de desenvolver a atividade rapidamente, para que uma maior quantidade de materiais fosse separada e aproveitada. Além disso, quando é possível, os cooperados se ajudam mutualmente na execução da atividade de triagem. Isso pode ser constatado na verbalização do cooperado 2: “[...]às vezes os materiais passam... Mas, quando a gente consegue, a gente ajuda os outros também”. Essas variabilidades identificadas no ambiente cooperativo convergem para as apontadas nos estudos de Cockell et al. (2004), Gutberlet et al., (2013) e Souza et al. (2014).

Estratégias como empurrar o material com as mãos em direção contrária a esteira também são frequentemente adotadas pelos cooperados, com a finalidade de conseguir coletá-lo. Desse modo, os cooperados ficam expostos, apesar do uso das luvas, a materiais perfuro-cortantes, evidenciando, assim, riscos nesta operação.

A velocidade da esteira, controlada pelo auxiliar da coordenação, é variável e depende do volume de material a ser triado. Ela também interfere e gera dificuldades na execução da atividade de triagem, assim como identificado nas seguintes verbalizações: “[...]é ruim quando passa muito rápido, daí não dá tempo de pegar o material” (cooperado 2). “[...]é um pouco difícil porque vai rapidinho... Tem material que eu consigo pegar e tem outros que não consigo e vai para o lixo” (cooperado 3). Outra estratégia adotada para efetuar a triagem é o desligamento da esteira, pois assim é possível separar principalmente os materiais de valor: “[...]quando vem muito de um material só, dá uma paradinha na esteira para não perder o material, né? Dá uma paradinha, recolhe o que acumulou ali e depois liga novamente” (cooperado 4).

Essas constatações corroboram para os conceitos de Guérin et al. (2001), em que os operadores (cooperados) desenvolvem diferentes meios de regulação para dar conta da tarefa e diminuir a lacuna do que é prescrito, do que é efetivamente realizado e as condições dos meios de trabalho. Além disso, incide diretamente sobre a carga de trabalho e na capacidade de adaptação dos objetos e meios para a realização da atividade (Guérin et al., 2001; Souza et al., 2014).

Quanto à presença de animais, lixo hospitalar, químico ou orgânico na esteira, os cooperados relataram que nenhum animal foi encontrado até o momento, no entanto, é frequente a presença de outros resíduos. Esses resíduos, quando são visíveis, deixam passar. Quando não, eles entram em contato e isso gera vários constrangimentos para eles. É possível destacar a verbalização do cooperado 7, a qual explicita da seguinte forma “[...]se as pessoas separassem direitinho, não tinha essa necessidade de ficar pegando esse tipo de material”. Já o cooperado 2 afirma: “[...]sempre aparece esses materiais, mas a gente usa luva, então tem que pegar... Quando é seringa a gente deixa passar... Acho nojento quando passa material de banheiro e deixo passar. Geralmente o primeiro que ver avisa e ninguém mexe”. Já quando os materiais passivos de reaproveitamento estão sujos ou molhados, os cooperados reagem de formas diferentes. Uns evitam entrar em contato, deixando passar e outros dizem não se importar com isso. Desse modo, assim como retratado por Cockell et al. (2004), o fato de lidar com os materiais recicláveis oriundos do pós-consumo gera constrangimentos que incorporam elementos nocivos à saúde dos trabalhadores.

Quando questionados sobre de que forma os consumidores (geradores de resíduos) poderiam contribuir no trabalho de triagem, todos os cooperados destacaram principalmente a necessidade de se separar por tipo de material, como verbalizado pelo cooperado 1: “[...]Às vezes vem material com comida podre e faz mal pra gente, o cheiro. Era bom se eles separassem bem, né? o orgânico do reciclável”. Diante dessa verbalização, constata-se que os cooperados estão cientes da interferência dos consumidores finais no modo de realizar a atividade de triagem. Além disso, ratifica-se a ideia de que os consumidores são atores importantes a serem analisados nas atividades de triagem, apesar de não possuírem diretamente interesses econômicos envolvidos (Moises, 2009).

Em relação à dificuldade de se triar determinado tipo de material, o plástico foi identificado como sendo o material mais difícil, pois exige do cooperado uma maior habilidade no reconhecimento rápido do tipo de plástico. Geralmente esses plásticos são separados em cinco divisões e, normalmente, têm uma ou duas pessoas com experiência e fazem esse tipo de separação.

(14)

Atores da cadeia de reciclagem: influência e impactos na atividade de triagem de materiais em uma cooperativa de Sorocaba-SP

Outro tipo de material apontado pelo cooperado 1 que tem dificuldade em separar os papeis brancos: “[...]Acho muito difícil separar, porque são muitos, são finos e, às vezes a esteira passa rápido e não dá tempo de recolher. É muito para uma pessoa pegar, ai passa, só eu que faço e por isso tenho que me esforçar mais”. Gutberlet et al. (2013) obtiveram resultado semelhante ao questionar os cooperados sobre o seu trabalho, no qual os mesmos caracterizaram como um trabalho intensivo, requerendo força física, atenção, e conhecimento sobre as propriedades dos materiais.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante da revisão de literatura e da pesquisa de campo, foi possível verificar que a triagem de materiais recicláveis é uma atividade complexa e envolve diversos tipos de variabilidades, sejam elas de ordem organizacional ou individual. As variabilidades relacionadas aos materiais, principalmente, resultam em diversos constrangimentos para os cooperados. Além disso, o volume de materiais a serem triados e o número limitado de cooperados que realiza essa atividade moldam os modos operatórios e apontam para uma sobrecarga de trabalho. Fatores já evidenciados em outros estudos (Cockell et al., 2004; Campos, 2014; e Souza et al., 2014).

É evidente a importância e a interferência que os demais atores da cadeia de reciclagem exercem na execução da atividade de triagem. A forma como os consumidores descartam os materiais recicláveis é um fator-chave para o aumento da eficiência de triagem dos materiais e também da redução das variabilidades inerentes. Pois, a cooperativa de triagem é o ator imediato após a geração dos resíduos na origem e precisa lidar com a heterogeneidade na separação dos resíduos. Dessa forma, algumas ações, tais como separar o material orgânico do material reciclável no momento do descarte, reduziriam a contaminação dos materiais a serem aproveitados pelas cooperativas, que, por sua vez, reduziriam os riscos operacionais e de saúde para os cooperados.

Além disso, é importante ressaltar que, dentre os atores da cadeia de reciclagem, os consumidores não possuem motivações econômicas que condicionem os critérios técnicos de separação dos resíduos na origem. Portanto, a separação na origem depende diretamente da sensibilização do ponto de vista ambiental e social a respeito do papel dos resíduos sólidos como meio para diminuir os impactos ambientais e de geração de renda para trabalhadores que ficaram a margem do trabalho formal.

A influência dos compradores (indústrias de reciclagem) pode ser constatada, no momento em que há uma valoração de um determinado tipo ou característica de um material. Apesar da ressignificação de cunho mercadológico do termo materiais recicláveis, do ponto de vista da PNRS (Brasil, 2010), o qual praticamente todos os materiais são potencialmente recicláveis, não são todos os materiais passíveis de reciclagem que serão separados e comercializados pela cooperativa. Pois, existem condições técnicas, sociais e econômicas que limitam os materiais a serem triados e que são influenciados por uma demanda local de compra. Assim, o que será triado e como será triado dependerá das necessidades de mercado e da viabilidade técnica e econômica para a cooperativa. Os requisitos dos compradores são convertidos em modos operatórios, de forma a atender as necessidades de ambas as partes.

Adicionalmente, pode-se pontuar também que existe um “conflito” entre os critérios (exigências) dos compradores e a atividade dos cooperados. Assim, para atender a esses critérios, os cooperados precisam ter: conhecimento sobre os materiais, o que, muitas vezes está relacionado com sua experiência e habilidade técnica; conhecimento sobre os valores dos materiais para decidir os que serão descartados e separados; e conhecimento dos requisitos dos compradores. Por outro lado, muitas vezes a cooperativa não dispõe de estrutura adequada, força de trabalho qualificada e equipamentos especializados para atender os requisitos dos compradores. Isso faz com que os cooperados precisem assumir uma maior carga de trabalho para conseguir cumprir os requisitos.

(15)

Fabio Ferreira Santos, Andrea Regina Martins Fontes, Virgínia Aparecida da Silva Moris, Renato Luvizoto Rodrigues de Souza

É essencial a participação do poder público no sentido de conscientizar a comunidade e também desenvolver parcerias com as cooperativas, de maneira a dar um suporte para a realização da atividade. É importante a integração das cooperativas pelo poder público no sistema de gestão municipal, assim como indicada pela PNRS (Brasil, 2010).

Uma vez que as cooperativas de materiais recicláveis desempenham um importante papel ambiental e social, torna-se relevante os incentivos financeiros para esse tipo de organização. Os incentivos financeiros, aliados à integração dos catadores individuais em cooperativas, poderão permitir uma integração social destes, ao mesmo tempo em que o número de cooperados nas cooperativas poderá ser maior, o que, por sua vez trará benefícios para a redução da carga de trabalho.

A principal contribuição desse estudo foi diagnosticar e explicitar as influências dos atores da cadeia de reciclagem, principalmente dos compradores de materiais recicláveis e geradores de resíduos, e as principais dificuldades enfrentadas pelos cooperados na atividade de triagem, o que demonstra a necessidade de se desenvolver ações conjuntas entre os diferentes membros da cadeia para a melhoria na atividade de triagem e, consequentemente, na eficiência da cadeia de reciclagem. A principal limitação desse estudo, refere-se a não inclusão de informações sob o ponto de vista dos demais atores da cadeia. Sendo assim, sugere-se para trabalhos futuros considerar os mesmos e ampliar o número de cooperativas participantes. Além disso, a literatura aponta algumas direções de pesquisa que podem contribuir para a superação de diversas dificuldades das cooperativas, principalmente as relacionadas com a capacidade de negociação com os compradores de materiais. Tais estratégias podem ser verificadas no estudo de Aquino, Castilho Junior e Pires (2009) que tratam sobre a formação de redes de cooperativas (verticalização das atividades) e que denota uma nova oportunidade de investigação.

REFERÊNCIAS

Aquino, I.F. de; Castilho Junior, A.B. de, & Pires, T.S.L. (2009) A organização em rede dos catadores de materiais recicláveis na cadeia produtiva reversa de pós-consumo da região da grande Florianópolis: uma alternativa de agregação de valor. Gestão & Produção, 16 (1), 15-24.

Assunção, A.A. & Lima, F.P.A. (2003) A construção da ergonomia para a identificação, redução e eliminação da nocividade do trabalho. In R. Mendes. Patologia do trabalho. (2 ª ed. atualizada e ampliada). São Paulo: Atheneu, 2003, 2, part III, cap. 45, 1767 -1789.

Brasil (2010) Lei n° 12.305/2010, de 2 de agosto de 2010: institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos.

Campos, H.K.T. (2014) Recycling in Brazil: challenges and prospects. Resources, Conservation and Recycling, 85, 130-138.

Campos, L. S. (2013) Processo de triagem dos materiais recicláveis e qualidade: alinhando a estratégia de manufatura às exigências do mercado. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo de Horizonte.

Carmo, M.S. do, Oliveira, J.A.P. de. (2010) The semantics of garbage and the organization of the recyclers: implementation challenges for establishing recycling cooperatives in the city of Rio de Janeiro, Brazil. Resources, Conservations and Recycling, 54, 1261-1268.

(16)

Atores da cadeia de reciclagem: influência e impactos na atividade de triagem de materiais em uma cooperativa de Sorocaba-SP

Cockell, F.F., Carvalho, A.M.C. de, Camarotto, J.A. & Bento, P.E.G.(2004) A triagem de lixo reciclável: análise ergonômica da atividade. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 29, (110), 17-26.

Demajorovic, J., Caires, E.F., Gonçalves, L.N.S. & Silva, M.J.C. (2014) Integrando empresas e cooperativas de catadores em fluxo reversos de resíduos sólidos pós-consumo: o caso Vira-Lata. Cad. Ebape.BR, 12 (Edição Especial), artigo 7.

Ferreira, M.C. (2000) Atividade, categoria central na conceituação de trabalho em ergonomia. Aletheia, 1 (11), 71-82.

Gil, A. C. (2002) Como elaborar projetos de pesquisa. 4ed. São Paulo: Atlas.

Gonçalves-Dias, S.L.F. (2009) Catadores: uma perspectiva de sua inserção no campo da indústria de reciclagem. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental, Universidade de São Pulo, São Paulo.

Guérin, F., Laville, A., Daniellou, F., Duraffourg, J. & Kerguelen, A. (2001) Compreender o trabalho para transformá-lo: a prática da ergonomia. (1a ed.) São Paulo: Blucher.

Gutberlet, J., Baeder, A.M., Pontuschka, N.N; Felipone, S.M.N. & Santos, T.L.F. dos. (2013) Participatory research reveling the work and occupational health hazards of cooperative recyclers in Brazil. International Journal of Envoronmental Research and Public Health, 10, 4607-4627. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE, 2016]. Cidades: Sorocaba. 2015. Recuperado em 27 de Maio, 2016, do http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=355220.

Lima, F.P.A, Resende, A.E. & Vasconcelos, R.C. (2009) Condicionantes sociais do projeto de instrumento de trabalho: o caso de uma bancada de inspeção. Produção, 19 (3), 529-544.

Lima, F. P. A., Oliveira, F. G.(2008) Produtividade técnica e social das associações de catadores: por um modelo de reciclagem solidária. In: Kemp, V. H., Crivellari, H. M. T. (Eds.). Catadores na cena urbana: construção de políticas socioambientais. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 225– 248.

Moisés, P.M. (2009) O trabalho na economia solidária: estudo de caso sobre a rotatividade em uma associação de reciclagem. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.

Oliveira, F.G; & Lima, F.P.A. (2012) Eficiência e solidariedade nas associações de catadores de materiais recicláveis. mulheres no trabalho informal globalizando e organizando (Wiego). Políticas Urbanas, 22. 25f.

Pacheco, E.B.A.V., Ronchetti, L.M. & Masanet, E. (2012) An overview of plastic recycling in Rio de Janeiro. Resources, Conservations and Recycling, 60, 140-146.

Santos, G.O. & Silva, L.F.F. da. (2011) Os significados do lixo para garis e catadores de Fortaleza (CE, Brasil). Ciência & Saúde Coletiva, 16 (8), 3413-3419.

(17)

Fabio Ferreira Santos, Andrea Regina Martins Fontes, Virgínia Aparecida da Silva Moris, Renato Luvizoto Rodrigues de Souza

Souza, R.L.R. de. (2014) Análise do processo de regulação da atividade de triagem de materiais recicláveis: estudo de caso em uma cooperativa. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de São Carlos, Sorocaba, 2014.

Souza, R.L.R. de, Fontes, A.R.M. & Salomão, S. (2014). A triagem de materiais recicláveis e as variabilidades inerentes ao processo: estudo de caso em uma cooperativa. Ciência & Saúde Coletiva, 19 (10), 4185-4195.

Suttibak, S. & Nitivattananon, V. (2008) Assessment of factors influencing the performance of solid waste recycling programs. Resources, Conservations and Recycling, 53, 45-56.

Teixeira, K.M.D.(2015) Trabalho e perspectivas na percepção dos catadores de materiais recicláveis. Psicologia & Sociedade, 27, (1), 98-105.

Toso, E.A.V. & Alem, D. (2014) Effective location models for sorting recyclabes in public management. European Journal of Operational Research, 234, 839-860.

Yin, R. K. (2001) Estudo de caso - Planejamento e método. (2 ed.) São Paulo: Bookman.

__________________________

Data da submissão: 11/07/2016 Data da publicação: 00/00/2016

Referências

Documentos relacionados

No entanto, esta hipótese logo é abandonada em favor de uma nostalgia reflexiva, visto que “ao invés de tentar restaurar as cópias de nitrato de algum estado

I explain how the former notion is connected with Schumpeter’s conception of the nature of ‘theory’; I explore the latter notion by scrutinising Schumpeter’s notions

This is a self-archived document from Instituto de Biologia Molecular and Celular in the University of Porto Open Repository For Open Access to more of our publications, please visit

O mecanismo de competição atribuído aos antagonistas como responsável pelo controle da doença faz com que meios que promovam restrições de elementos essenciais ao desenvolvimento

Este trabalho tem como objetivo contribuir para o estudo de espécies de Myrtaceae, com dados de anatomia e desenvolvimento floral, para fins taxonômicos, filogenéticos e

No Estado do Pará as seguintes potencialidades são observadas a partir do processo de descentralização da gestão florestal: i desenvolvimento da política florestal estadual; ii

En combinant le moment fléchissant (repris par les hourdis) et l’effort tranchant (repris par les âmes), il a aussi observé une très faible interaction. En 2008,

De facto, Carlyle, com as suas teorias sobre o culto do herói e as referências aos poderes do homem, "the mights of man", em detrimento dos seus direitos, "the rights