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O serviço social e a socialização de informações das deliberações do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Florianópolis

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UNISUL

PRÓ-REITORIA ACADÊMICA DIRETORIA DE GRADUAÇÃO

SERVIÇO SOCIAL E A SOCIALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES

DAS AÇÕES E DELIBERAÇÕES DO CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE DE FLORIANÓPOLIS/SC

Palhoça 2009

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ELIZABETH MEIRA HEYSE

O SERVIÇO SOCIAL E A SOCIALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES DAS AÇÕES E DELIBERAÇÕES DO CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS

DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE DE FLORIANÓPOLIS/SC

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Serviço Social da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.

Orientadora: Prof.a M.Sc. Janice Merigo.

Palhoça 2009

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ELIZABETH MEIRA HEYSE

O SERVIÇO SOCIAL E A SOCIALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES

DAS AÇÕES E DELIBERAÇÕES DO CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE DE FLORIANÓPOLIS/SC

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título do título de Bacharel em Serviço Social e aprovado em sua forma final pelo curso de Serviço Social da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 05 de novembro de 2009.

Prof.a M.Sc e orientadora Janice Merigo

___________________________________________ Prof.a M.Sc Carolina Hoeller da Silva Boeing.

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Dedico este trabalho a toda minha família, e amigos que acreditaram em mim, sempre incentivando nos momentos mais difíceis desta trajetória. Dedico, ainda, a todas as pessoas que contribuíram para a minha formação profissional. Que esta conquista seja uma dentre tantas outras que virão.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, gostaria de agradecer minha família, meu marido Paulo, pela ajuda aos meus filhos, Thiago, Eduardo, Raquel e meu neto Matheus, pela compreensão de minhas ausências.

Agradeço ainda, aos meus pais, irmãos e irmãs pelo incentivo e pela confiança depositada, cujo entusiasmo me levou a acreditar na pertinência deste estudo e principalmente pela credibilidade em mim depositada.

A aqueles em que alguns momentos de minha vida me colocaram obstáculos e me ensinaram a driblar as dificuldades. Obrigado! Somente com a superação desses obstáculos cresci e me fortaleci!

Agradeço às demais professoras do curso de Serviço Social, com quem tive oportunidade de receber seus ensinamentos, obrigada pelo aprendizado e pela dedicação.

Agradeço em especial ao pessoal do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Florianópolis, na pessoa da Sra. Alexandra Márcia Ferreira de Oliveira, Presidente na época, em que iniciei meu estágio, a Secretária Executiva do Conselho Sra. Ana Lúcia Périco Stefanovich Michels e Marcos José Duarte, Secretário Executivo do Fia, com quem tive o privilégio de trabalhar diretamente, o meu muito obrigado pela acolhida e demonstração de amizade e afeto.

Agradeço ainda, aos Conselheiros Taiza Estela Lisboa minha orientadora de estágio, Alzemi Machado, Ana Maria Blanco, Veronice Sutilli atual presidente, conselheiros estes, com quem tive mais convivência durante meu estágio.

Um agradecimento muitíssimo especial a minha irmã e professora Maria Helena pela ajuda durante esta minha caminhada e também agradeço a Professora, orientadora e “futura colega” Janice Merigo, por ter aceitado com muita ética e competência profissional o desafio de ajudar-me na reconstrução deste trabalho, mesmo quando todas as portas pareciam ter sido fechadas.

Agradeço a Deus, pelo Dom da Vida e por estar ao meu lado em todos os momentos.

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“Eu tropeço no possível, mas não desisto de fazer a descoberta que tem dentro da casca do impossível’.

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HEYSE, Elizabeth Meira. O Serviço Social e a Socialização de Informações das ações e deliberações do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Florianópolis/SC. 2009. 75 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Serviço Social) – Universidade do Sul de Santa Catarina, Palhoça, 2009.

RESUMO

A democratização do poder ganha concretude por meio das inovações democráticas de controle do Estado por parte da sociedade civil organizada. Trata-se das experiências dos Conselhos de Política e de Direitos, além das Conferências. Este trabalho apresenta a constituição da política de atendimento à criança e ao adolescente e a implantação dos Conselhos Municipais de Direitos da Criança e do Adolescente. Apresenta-se também a contribuição do Serviço Social na atuação junto aos conselhos. A partir da experiência de estágio de tornar públicas as ações do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Florianópolis/SC – CMDCA, a qual será socializada. Atualmente existe a inserção de inúmeros Assistentes Sociais nos Conselhos, que buscam de forma competente publicizar as ações buscando diferentes formas. Diante disso, este trabalho apresenta uma nova proposta de atuação do Serviço Social, neste caso a criação de um site do CMDCA. Acredita-se que logo seja implantado, pois já sofreu algumas mudanças, passando de página para site, isto implicou em adaptações que estão sendo feitas por técnicos da área, e que implicará em custos financeiros, mas já foi aprovado pelo FIA.

Palavras-chave: Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente. Serviço Social. Socialização,

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - VII Conferência Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente - Minha participação no evento

Figura 2 - Composição da Mesa de Autoridades do evento.

Figura 3 – Atividade desenvolvida durante os trabalhos de um eixo temático. Figura 4 – Oficina de um grupo de jovens

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LISTA DE SIGLAS ONU - Organização das Nações Unidas

CF - Constituição Federal

LOAS - Lei Orgânica da Assistência Social

CMDCA - Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente ONG - Organização Não-Governamental

PMF - Prefeitura Municipal de Florianópolis IEE – Instituto de Estudos Especiais

FIA - Fundo para Infância e Adolescente DCA - Direito da Criança e do Adolescente

UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância

CONANDA - Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente CT - Conselho Tutelar

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...11

2. A POLÍTICA DE ATENDIMENTO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE E O CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE DE FLORIANÓPOLIS/SC...13

2.1 A Política de Atendimento à Criança e ao Adolescente a partir da Constituição de1988...15

2.2 Histórico da implantação do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente Florianópolis/SC...20

3. APRESENTANDO A EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO CURRICULAR NO CMDCA DE FLORIANÓPOLIS/SC...35

3.1 CMDCA: um espaço de intervenção para o Serviço Social...41

3.2 Contribuições do Serviço Social para tornarem públicas as ações do CMDCA de Florianópolis/SC...46

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS...53

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...55

ANEXO A – Lei Municipal Nº. 7.855/09...58

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1.INTRODUÇÃO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso é resultado do exercício da prática profissional desenvolvido, pela acadêmica do Curso de Serviço Social da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Florianópolis – CMDCA.

O período de estágio realizado no CMDCA de Florianópolis foi de suma importância, pois possibilitou verificar a prática do trabalho do Assistente Social, entender o órgão como espaço importante de atuação do profissional de Serviço Social e de luta para garantia de direitos das crianças e adolescentes do município.

Dentre os fatores que levaram a escolha do tema deste TCC no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Florianópolis (CMCDA), foi à percepção da falta de divulgação das ações e das deliberações tomadas pelo órgão, bem como o desconhecimento de uma grande parte da sociedade que buscam constantemente informações e esclarecimentos sobre as deliberações e forma de gestão do CMDCA.

No período de março de 2008 a julho de 2009 foi possível observar e entender a forma como atua o conselho, bem como as deliberações por ele tomadas na defesa dos direitos e na garantia dos mesmos em favor das crianças e adolescente no município de Florianópolis, bem como a relação com as entidades ali cadastradas.

É interessante destacar que a dinâmica de seu funcionamento se dá por meio de reuniões plenárias, reuniões das comissões temáticas, conferência municipal e outros eventos.

Conforme seu regimento interno os conselheiros se reúnem uma vez por mês, ou havendo necessidade realizam reuniões extraordinárias. As plenárias servem para discutir sobre as demandas recebidas no mês, e destas surgem decisões que são manifestadas por meio de resoluções, deliberadas pelos representantes da sociedade civil e do poder público.

Para que haja um maior entendimento, a respeito das ações e deliberações do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o Serviço Social irá contribuir para criar um canal que possibilite visualizar as informações ali contidas, e que desperte o interesse de conhecer e saber de maneira transparente, como são tratados os assuntos no CMDCA.

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A proposta do projeto de intervenção profissional no decorrer do estágio curricular ficou centrada no sistema de informação para publicação das ações e deliberações do CMDCA, e este projeto foi apresentado aos conselheiros no dia 19/12/08 em plenária, onde teve a aceitação e aprovação dos presentes

Desta forma o Serviço Social estará colocando o município de Florianópolis em vanguarda dentre os municípios catarinenses nas publicizações das ações sociais na área da infância e adolescência, via internet.

É necessário que o CMDCA seja reconhecido pela sociedade como um espaço de defesa do interesse público e co-gestor do Poder Público no que concerne à política municipal de proteção, promoção e defesa dos direitos da criança e do adolescente.

O Trabalho de Conclusão de Curso está dividido em quatro capítulos, servindo o presente, como sua introdução. No segundo capítulo, apresenta-se “A Política de Atendimento à Criança e ao Adolescente e o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Florianópolis – CMDCA”, e em seguida, aborda-se a questão da importância do Controle Social e a inserção do Serviço Social no Conselho, destacando a contribuição do Assistente Social na garantia dos direitos da criança e do adolescente. O terceiro capítulo Apresentando a Experiência de Estágio Curricular junto ao CMDCA de Florianópolis/SC e o quarto as considerações finais a partir do processo construído, as quais servirão para repensar a atuação do Assistente Social.

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2 A POLÍTICA DE ATENDIMENTO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE E O CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE DE FLORIANÓPOLIS – CMDCA.

Os direitos da criança e do adolescente são frutos de uma longa caminhada da sociedade brasileira.

A trajetória da luta para a garantia dos direitos desses sujeitos, se configura em um processo histórico de limites e possibilidades, sendo que a correlação de forças para a materialização de leis em defesa do atendimento especial a esta população ainda está explicita nos embates cotidianos.

Os direitos da criança e do adolescente são colocados em evidência por inúmeras organizações, destacando-se o Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua, a Pastoral do Menor, entidades de direitos humanos, ONGs, que apresentam emendas para defesa dos direitos da criança e do adolescente, que refletem também as discussões internacionais, consubstanciadas nas Regras de Beijing, nas Diretrizes de Riad e na Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança.

Em 20/11/89 a ONU proclamou a Convenção dos Direitos da Criança, ratificada pelo Brasil no ano seguinte, priorizando a integração familiar.

E 1990, no Encontro Mundial da Cúpula pela Criança, aprovou a Declaração Mundial sobre Sobrevivência, Proteção e Desenvolvimento das Crianças.

A Comissão Nacional Criança e Constituinte, instituída por Portaria Interministerial, com vários órgãos do governo e da sociedade, conseguem 1.200.000 assinaturas para emenda e, além disso, fez intenso lobby junto a parlamentares para que se crie a Frente Parlamentar suprapartidária pelos direitos da criança e do adolescente, multiplicando-se no país os fóruns DCA de Defesa da Criança e do Adolescente.

As alterações reais no contexto das políticas públicas e garantia de direitos para a infância e juventude aconteceu somente com a redemocratização política do país, quando surge uma legislação que torna estes indivíduos cidadãos, sujeitos de direitos exigíveis.

A Constituição Federal de 1988 reconhece o município como ente autônomo da Federação, sendo o ente político-administrativo mais próximo das pessoas e,

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justamente por isso, é quem conhece melhor os problemas das comunidades e pode atuar mais eficientemente para resolvê-los.

A descentralização também é diretriz constitucional para as ações na área da assistência social.

Os conselhos passaram a ser espaços de participação sociais, institucionalmente reconhecidos, para realizar o controle social de políticas públicas e a defesa de direitos a esta população, para tal têm sua composição e competências definidas legalmente.

São nestes espaços que a sociedade tem a possibilidade de controlar as ações de governo na área dos direitos e das políticas sociais.

Este controle compreende a fiscalização, o monitoramento e a avaliação dos procedimentos e das condições de formulação e desenvolvimento das políticas.

São a partir dos debates públicos que devem ser tomadas as decisões para encaminhar as soluções das questões tratadas.

Todas as mudanças ocorridas na área da criança e do adolescente serão apresentadas neste capítulo, bem como a formalização do CMDCA em Florianópolis/SC.

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2.1 A Política de Atendimento à Criança e ao Adolescente a partir da Constituição de1988.

As aspirações e ações na direção de uma sociedade justa e igualitária ganham forma e marcam importantes conquistas formalizadas na Constituição Federal de 1988.

Art. 227 -. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda a forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”. (BRASIL, 2004, p.129).

Fazendo uma análise dos termos usados no artigo 227, podemos perceber que são três instâncias, “família, sociedade e Estado”, que devem garantir e assegurar estes direitos, como descreve o artigo, à criança e ao Adolescente.

Este artigo introduziu no direito brasileiro avanços obtidos internacionalmente em favor da infância e da adolescência. A melhor maneira de compreender os conceitos que envolvem a doutrina jurídica de Proteção Integral, assim como o seu alcance, é analisar separadamente cada termo do artigo.

O artigo não inicia falando em direito. Ele sinaliza claramente, citando “é dever”. Ao usar essa expressão, que os direitos da criança e do adolescente têm de ser considerados deveres das gerações adultas.

Da família, da sociedade e do Estado, são explicitamente reconhecidos com as três instâncias reais e formais de garantia dos direitos estabelecidos na Constituição. A referência inicial à família afirma a sua condição de esfera primeira, natural e básica de atenção.

O termo assegurar, tem o sentido de “garantir”, os direitos estabelecidos pelo artigo. A adoção desta nova terminologia criança e adolescente, e reconhece os mesmos, como sujeitos de direitos perante a família, a sociedade e o Estado.

Com absoluta prioridade, a expressão corresponde ao artigo terceiro da Convenção Internacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, que trata do interesse superior da criança, o qual, em qualquer circunstância, deverá prevalecer,

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em virtude de serem sujeitos de direito em condições peculiares de desenvolvimento.

O artigo também dispõe que é de absoluta prioridade que a criança e o adolescente, tenham condições de sobrevivência, desenvolvimento pessoal e social, integridade física, psicológica e moral, e também de proteção.

A partir de então (com a instituição da doutrina da proteção integra), as crianças e adolescentes passam a ser considerados seres humanos em condições peculiares de desenvolvimento, sujeitos de direitos que devem ser prioridade absoluta da família, da sociedade e do Estado.

Já o artigo 204 da Constituição estabelece princípios de descentralização e municipalização político-administrativa das políticas públicas, além de dispor sobre os mecanismos de democracia e controle social com a participação da população na formulação e controle desta política.

Após a conquista desses dois artigos o 227 e o 204, a concentração de forças em nível nacional não se desfez, intensificou-se para aprovar o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA. A sociedade lutou contra a resistência do Estado e instituições defensoras do Código de Menores, para que fosse aprovada a Doutrina de Proteção Integral à infância e juventude.

O Estatuto da Criança e do Adolescente foi então aprovado em 13 de julho de 1990 através da lei nº.8.069/90, estabelecendo regras, determinando que criança e adolescente passem a ser prioridade absoluta das políticas públicas, bem como elevando as crianças e os adolescentes ao status de sujeitos de direitos exigíveis.

O ECA, ao dispor sobre a proteção integral à criança e ao adolescente afirma que a criança é a pessoa até doze anos incompletos, é o ser que se forma na concepção, e a partir deste momento dá-se o início da proteção integral.

Reforçado ainda mais esse entendimento a redação do art. 7º do ECA, que assegura a proteção à vida e à saúde da criança mediante a efetivação das políticas sociais públicas que permitem o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência

No artigo 8º e seus parágrafos, o início da proteção integral ocorre com aquele que ainda não nasceu, mas já fora concebido.

Inseridos nesta nova proposta de gestão dos direitos, através de um sistema de garantias, o Estatuto da Criança e do Adolescente traz a criação de um órgão controlador e deliberador das políticas públicas na área da infância e juventude.

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Desta forma é mudado o método de intervenção, não devendo mais ser punitivo e corretivo como preconizado no Código de Menores, e sim com respeito à infância e adolescência, principalmente as fases de desenvolvimento biopsicossocial.

Assim, surgem os Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente nas três esferas de governo, com um papel primordial na garantia mencionada. É constituído como um espaço privilegiado para debate político e o exercício da gestão democrática.

Por essa perspectiva, a participação da sociedade civil na formulação e implementação de políticas públicas se efetiva através do exercício do controle social, aqui concebido como:

[...] o acesso aos processos que informam as decisões no âmbito da sociedade política. Permite a participação da sociedade na formulação revisão das regras que conduzem a negociação e arbitragem sobre os interesses em jogo, além do acompanhamento da implementação daquelas decisões, segundo os critérios pactuados. Refere-se à participação ativa da sociedade civil nos processos de decisão, proposição e deliberação das políticas. Leva. Ao empoderamento dos sujeitos envolvidos, ou seja, ao fortalecimento de sua participação como protagonistas (Raichelis, Apud Machado, 2004, p.5-6).

Esta nova forma de gestão da política pública voltada para o segmento da infância e da adolescência, resultam em um processo de municipalização, desta forma supõe-se que o município seja dotado da devida competência para elaborar e propor as ações de políticas sociais, em consonância com as diretrizes estadual e nacional.

Liberati e Cyrino (1993) destacam o artigo 204 como a “fonte inspiradora” da origem dos Conselhos, afinal foi com a inserção deste artigo, que mecanismos de participação popular e de controle social tornaram-se legalizados.

A regulamentação jurídico-formal aponta novas concepções, novos conteúdos e horizontes éticos no trato da criança e do adolescente, assim como a nova forma de gestão das políticas sociais.

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Intensificando e dando legitimidade ao artigo 88 do Estatuto da Criança e do Adolescente, os Conselhos de Direitos tratam-se:

[...] órgão públicos, descentralizados, deliberativos em relação às políticas de atendimento à crianças e aos adolescentes (políticas básicas e de assistência social) [...] Possuem também, a função de exercer o controle social das ações do governo e da sociedade civil, no que tange à garantia dos direitos das crianças e doa adolescentes. São no plano político, autônomo em relação ao governo. Sua composição é paritária com representantes do governo e da sociedade civil [...] (CARVALHO, 2000, p.192).

Considerando um marco histórico na conquista da cidadania no Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA concebe que crianças e adolescentes são pessoas em condições peculiares de desenvolvimento, e que em função disto, necessitam de cuidados especiais.

A lei garante os direitos e deveres a esses cidadãos, determinando uma co-responsabilidade entre a família, a sociedade e o Estado, para defender e garantir a proteção de crianças e adolescentes.

Um grande esforço, nesse sentido, tem sido o da pregação do Estatuto como penhor de uma aliança social em favor das crianças e adolescentes, consideradas prioridade absoluta, para construção de uma cidadania democrática e participativa, no Brasil.

Os frutos desses esforços são incontestáveis, graças a eles, muitos se converteram à causa da proteção integral à infância e juventude.

Por causa eles existem e funcionam Conselhos de Direitos e Conselhos Tutelares nos mais diversos recantos do país, para isso será preciso, não só ampliar o processo de sensibilização, mas também, e, sobretudo, dar aos Conselhos melhores armas para desempenharem suas funções, não basta que haja Conselhos funcionando, é preciso que façam com a máxima eficiência.

O Brasil é o único país no mundo a ter uma legislação específica voltada à defesa e garantia do público infanto-juvenil.

Apesar de o ECA ser considerado uma lei extremamente avançada, a mudança no perfil da sociedade continua a exigir o permanente aperfeiçoamento da legislação a fim de se adequar aos novos desafios.

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Tramita no Congresso Nacional uma série de projetos que buscam o aprimoramento do ECA. A maioria, sem dúvida, pretende corrigir pequenas distorções para garantir a efetiva execução da lei.

Isso revela a existência de um esforço contínuo para que o Brasil permaneça na vanguarda das legislações que preservam os direitos humanos fundamentais, condição inexorável para o Estado Democrático de Direito.

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2.2 - Histórico da implantação do CMDCA - Florianópolis/SC

No que tange a implantação e funcionamento dos Conselhos Municipais, devemos destacar a importância dos Fóruns Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente (Fórum DCA), e suas discussões no processo de construção dos Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Foi no ano de 1988, a partir do encontro de vários segmentos organizados de defesa da criança e do adolescente, que o Fórum Nacional Permanente de Entidades Não Governamentais de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Fórum Nacional DCA) e os Fóruns Estaduais foram instituídos.

Com o intuito, em princípio, de implantar os Conselhos Municipais, os Fóruns DCA tornaram-se espaços de articulações entre as entidades. Neste sentido, conceituamos o Fórum DCA como um espaço de organização das entidades não governamentais que desenvolvem projetos de discussão pela garantia dos direitos da infância e juventude.

De acordo com o Instituto de Estudos e Pesquisa (IEE), para que ocorra a implantação e funcionamento dos Conselhos,

[...] é fundamental que a lei municipal e a composição do Conselho de Direitos seja precedida e fundamentada em discussões amplas e Contínuas, através de Fóruns de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Fóruns DCA) ou assembléias populares (CARVALHO, 1999, p 25).

Os Fóruns surgem como expressão de novas formas de agregação dos interesses da sociedade civil, a atuação de entidades, nesse novo cenário pode favorecer o fortalecimento de ações coletivas que superem práticas isoladas e individualistas.

O Fórum DCA desde seu surgimento até os dias atuais, norteiam suas atividades enquanto um espaço público de discussão e reinvidicação que permite o debate coletivo é um grande desafio manter a sociedade civil articulada nesse compromisso de construção e garantia de direitos.

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No entanto, para que ocorresse a implantação do CMDCA em Florianópolis, foi enviado à gestão municipal da ocasião, um anteprojeto de lei que propunha estabelecer uma atenção à criança e ao adolescente no município.

O prefeito analisou o anteprojeto e o encaminhou à Câmara dos Vereadores, que posteriormente, em julho de 1992 aprovou a lei Nº. 3.794/92, que dispunha sobre as políticas de atendimento às crianças e adolescentes do município.

O Fórum Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o Fundo Municipal da Criança e do Adolescente e o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), foram regulamentados.

Neste sentido, utilizando-se do espaço do Fórum DCA, Florianópolis tem aprovada a lei municipal, que dentre o já descrito, estabelece mecanismos capazes de promover a garantia de direitos à infância e a adolescência em maior âmbito, buscando a qualidade na gestão dessas políticas.

Fica criado o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, um órgão deliberativo e controlador da política de atendimento, composto paritariamente, conforme estabelecido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA.

Quando se menciona o potencial deliberativo dos Conselhos é isso que se espera deles: que os Conselhos cumpram seu papel político. Nas palavras de Veronese (1997, p.50) “como não poderia deixar de ser, os Conselhos têm uma função política relevante: definir e implementar a Política de Atendimento à Criança e ao Adolescente”.

Para tanto, precisa-se pensar o Conselho nos moldes sugerido por Campos e Maciel (1997, p.150):

Pensar o Conselho Paritário como lócus do fazer político é pensá-lo como espaço contraditório, como uma nova modalidade de participação. Diz respeito a um formato de exercício democrático que questiona tanto a tradição elitista do fazer político no âmbito da sociedade política quando sugere repensar as práticas de precária experiência democrática, predominantes na sociedade civil.

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Com o fórum (DCA) constituído, em setembro de 1992, foi possível realizar a primeira assembléia do Fórum Municipal das Organizações Não Governamentais dos Direitos da Criança e do Adolescente, que por sua vez elegeu as seis entidades que representariam à sociedade civil no CMDCA de Florianópolis.

Após a eleição dos representantes não governamentais, o CMDCA poderia ser instalado, porém, em virtude da não nomeação dos representantes do poder público por parte da gestão municipal, a instalação do Conselho não pode ser concretizada naquele momento.

Vale ressaltarmos que neste período o Fórum DCA permanecia reunindo-se na intenção de formar um plano de trabalho e uma proposta de regimento interno para o Conselho Municipal.

Seu efetivo funcionamento se deu apenas em abril de 1993, em que o prefeito da gestão 1993 -1996 nomeou os conselheiros governamentais e referendou todos os representantes.

Numa sociedade que está construindo relações sócio-políticas democráticas, a existência de leis e a democracia se constituem em recíproca dialética, cujo primado corresponde à garantia da dignidade humana.

Democracia aproxima-se inevitavelmente do entendimento de justiça social, permitindo a eqüidade de acesso, participação, usufruto e produção dos bens e serviços gerados na sociedade. Neste sentido, Chauí considera que “a questão democrática implica, pois criar condições para que o cidadão seja soberano e interfira realmente nas decisões sociais e econômicas através dos órgãos de decisão política” (1993 p. 194).

A Constituição de 1988 traz em seu bojo uma perspectiva de democracia não só na representatividade, mas também na participação, ao prever a presença da sociedade civil no acompanhamento e na verificação das ações de gestão e na execução das Políticas Públicas, avaliando seus objetivos, processos e resultados.

Essa nova Constituição vem também exercer uma forte influência sobre a participação da sociedade, ao trazer para os cidadãos brasileiros, um novo horizonte ético, que consagra a opção pela democracia, fundamentada na dignidade humana e no exercício da cidadania ativa.

A participação do cidadão por intermédio de entidades representativas nestes espaços públicos “os conselhos” o possibilita a controlar as ações governamentais

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em execução e orientar os caminhos a serem trilhados pela sociedade e pelo governo, na busca do Estado de Direito, da solidariedade e justiça social.

O controle social é um dos elementos constitutivos e instituintes da esfera pública, que supõe que todos os cidadãos são, a princípio, detentores do poder de controlar as decisões e ações do poder público.

O controle social pode ser definido como a capacidade que a sociedade civil tem para avaliar, apontar as distorções do sistema descentralizado e participativo das políticas públicas, bem como propor a defesa dos interesses públicos acerca das políticas, ações e dos serviços de atendimento, orçamento, entre outros.

Segundo Romualdo Droppa, (2001), conceitua o controle social como sendo:

Uma forma de se estabelecer uma parceria eficaz e gerar, a partir dela, um compromisso entre poder público e população capaz de garantir a construção de saídas para o desenvolvimento econômico e social do País. Neste conceito fica bem evidenciada a importância do papel da sociedade na construção de uma política solidária, onde todos se preocupam com o bem estar de todos, na conquista da cidadania social, política, econômica, e tenha garantido o pleno exercício político desse direito é a co-responsabilidade entre estado e a sociedade civil.

O controle social, neste sentido, prepara e legitima a intervenção direta do povo (sociedade civil organizada) sobre a ação de atendimento desenvolvida pelas organizações e entidades governamentais e não governamentais, para verificar se de fato a legislação esta sendo cumprida.

O controle social pode ser entendido ainda como a capacidade que a sociedade civil tem para avaliar, apontar as distorções do sistema descentralizado e participativo das políticas públicas, bem como propor a defesa dos interesses públicos acerca das políticas, ações e dos serviços de atendimento, orçamentos, entre outros.

Em consonância com a realidade do cenário nacional em que os Conselhos Municipais foram sendo criados, Florianópolis cria o seu em julho de 1992 através da Lei Municipal Nº. 3.794/92. Lei esta que dispõe sobre a Política Municipal de Atendimento dos Direitos da Criança e do Adolescente e estabelece normas gerais para sua adequada aplicação.

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O CMDCA é um órgão público que tem como principal objetivo fazer com que o Estatuto da Criança e do Adolescente seja cumprido no âmbito municipal.

As decisões do Conselho precisam seguir um caminho formal e normativo, de início as decisões precisam ser tomadas pela maioria dos votos, por se tratar de um órgão colegiado, a seguir são expressas através de resoluções as quais são publicadas em Diário Oficial para garantia da sua visibilidade.

Conforme citação de Moraes (1999) sobre as polêmicas que norteiam as discussões a cerca da validade das deliberações aqui destacadas: âmbito de atuação, abrangência de política, financiamento, mecanismos legais.

No Âmbito de atuação, a autonomia decisória deve respeitar a abrangência federativa (municipal, estadual, federal). Referente ao Conselho de Direitos inexiste subordinação entre as diferentes esferas, ou seja, da municipal em relação às outras;

Em relação à Abrangência da Política, é: importante lembrar que o Conselho de Direitos abraça todas as políticas, pois crianças e adolescentes devem ter prioridade absoluta em todas, o que necessita de uma articulação de decisões constantes entre os diferentes Conselhos Gestores;

Quanto ao Financiamento, a descentralização dos municípios prevista na Constituição de 1988 possibilitou a autonomia e a descentralização dos serviços, contudo o mesmo não aconteceu com a questão tributária. Permaneceu a vinculação de recursos municipais a fontes estaduais e federais. Assim, os Conselhos dentro deste contexto enfrentam limitações para tomada de decisões;

Nos Mecanismos legais, aqui se concentra o questionamento da obrigatoriedade em acatar as deliberações do Conselho. “Só se concretiza o caráter deliberativo dos conselhos se as decisões por eles tomadas tiverem poder vinculante”, ou seja, é necessária uma previsão legal das sanções em caso de descumprimento das decisões do Conselho (MORAES, 1999. p.114).

Os Conselhos foram previstos como instâncias deliberativas. A questão é saber até que ponto isto esta sendo colocado em prática, frente às dificuldades internas e externas impostas.

Em dezembro de 2004 a Lei de criação do CMDCA sofreu alterações na sua redação com relação aos artigos 4º, 9º, 12º, 13º, 15º, 20º, 21º, 22º, passando a ter outro número “6565”.

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Esta Lei Municipal dispõe sobre a Política Municipal da Criança e do Adolescente no Município de Florianópolis e estabelece normas gerais para sua adequada aplicação.

Em 22 de abril de 2009 a Lei Municipal sofreu nova alteração passando agora a contar com nova numeração; Nº. 7855 dispõe sobre o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e do Fundo Municipal da Criança e do Adolescente e sobre a revogação dos artigos 4º e 5º da Lei Nº. 6.134 de 2002 e das Leis Nº. 3.794 de 1992 e 6.565 de 2004, passando a vigorar a partir da sua publicação no Diário Oficial.

Em seu Art. 3º - São órgãos e instrumentos da Política e Atendimento dos Direitos da Criança e do Adolesceste

I - Fórum: Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. II - Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. III - Conselho Tutelar

IV - Fundo Municipal da Criança e do Adolescente.

Para que a população possa participar da Política de Atendimento da Criança e do Adolescente, por meio dos fóruns, conselho de direitos e tutelar, é preciso entender suas funções. O Art. 16 da Lei Nº.7.877/2009 define como competências de atendimento à criança e adolescente: formular a Política Municipal de Proteção, Promoção e Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, definindo prioridades e controlando as ações de execução em todos os níveis, ouvindo o Fórum Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente; deliberar sobre a convivência e oportunidade de implementação dos programas e serviços destinados ao atendimento das Crianças e Adolescentes, bem como sobre a criação de entidades governamentais ou realização de consórcio intermunicipal regionalizado de atendimento; apreciar e deliberar a respeito dos auxílios e benefícios, bem como da aplicação dos mesmos, a serem concedidos a entidades não governamentais que tenham por objetivo a proteção, promoção e defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Ainda, as competências no atendimento da criança e do adolescente são: efetuar o registro das entidades governamentais e não governamentais que desenvolvam programas com crianças e adolescentes, assim como inscrever os respectivos programas de proteção e sócio-educativos, na forma dos artigos 90 e 91 da Lei Federal Nº. 8.069/90; fixar critérios de utilização, através de planos de

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aplicação das doações subsidiadas e demais receitas, destinando necessariamente percentual para incentivo do acolhimento sob forma de guarda, da Criança ou Adolescente, órfão ou abandonado, de difícil colocação familiar; definir com os Poderes Executivo e Legislativo sobre o orçamento Municipal destinado à execução das políticas; Elaborar seu Regimento Interno; estabelecer política de formação de pessoas com vista à qualidade do atendimento da Criança e do Adolescente; manter intercâmbios com entidades Internacionais, Federal e Estadual congêneres, ou que tenha atuação na proteção, promoção e defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Também como competência da política consta: realizar e incentivar campanhas promocionais de conscientização dos Direitos da Criança e do Adolescente; definir o cronograma de implantação dos Conselhos Tutelares, bem como elaborar conjuntamente com o Fórum Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, a Lei de criação do Conselho Tutelar; formular a Política Municipal de Proteção, Promoção e Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, definindo prioridades e controlando as ações de execução em todos os níveis, ouvindo o Fórum Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente; deliberar sobre a convivência e oportunidade de implementação dos programas e serviços destinados ao atendimento das Crianças e Adolescentes, bem como sobre a criação de entidades governamentais ou realização de consórcio intermunicipal regionalizado de atendimento; apreciar e deliberar a respeito dos auxílios e benefícios, bem como da aplicação dos mesmos, a serem concedidos a entidades não governamentais que tenham por objetivo a proteção, promoção e defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente; efetuar o registro das entidades governamentais e não governamentais que desenvolvam programas com crianças e adolescentes, assim como inscrever os respectivos programas de proteção e sócio-educativos, na forma dos artigos 90 e 91 da Lei Federal Nº. 8.069/90; fixar critérios de utilização, através de planos de aplicação das doações subsidiadas e demais receitas, destinando necessariamente percentual para incentivo do acolhimento sob forma de guarda, da Criança ou Adolescente, órfão ou abandonado, de difícil colocação familiar; definir com os Poderes Executivo e Legislativo sobre o orçamento Municipal destinado à execução das políticas. Elaborar seu Regimento Interno; estabelecer política de formação de pessoas com vista à qualidade do atendimento da Criança e do Adolescente; ainda a política tem as competências de: formular a Política Municipal de Proteção,

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Promoção e Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, definindo prioridades e controlando as ações de execução em todos os níveis, ouvindo o Fórum Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente; deliberar sobre a convivência e oportunidade de implementação dos programas e serviços destinados ao atendimento das Crianças e Adolescentes, bem como sobre a criação de entidades governamentais ou realização de consórcio intermunicipal regionalizado de atendimento; apreciar e deliberar a respeito dos auxílios e benefícios, bem como da aplicação dos mesmos, a serem concedidos a entidades não governamentais que tenham por objetivo a proteção, promoção e defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente; efetuar o registro das entidades governamentais e não governamentais que desenvolvam programas com crianças e adolescentes, assim como inscrever os respectivos programas de proteção e sócio-educativos, na forma dos artigos 90 e 91 da Lei Federal Nº. 8.069/90; fixar critérios de utilização, através de planos de aplicação das doações subsidiadas e demais receitas, destinando necessariamente percentual para incentivo do acolhimento sob forma de guarda, da Criança ou Adolescente, órfão ou abandonado, de difícil colocação familiar; definir com os Poderes Executivo e Legislativo sobre o orçamento Municipal destinado à execução das políticas. Elaborar seu Regimento Interno; estabelecer política de formação de pessoas com vista à qualidade do atendimento da Criança e do Adolescente; manter intercâmbios com entidades Internacionais, Federal e Estadual congêneres, ou que tenha atuação na proteção, promoção e defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente; realizar e incentivar campanhas promocionais de conscientização dos Direitos da Criança e do Adolescente; definir o cronograma de implantação dos Conselhos Tutelares, bem como elaborar conjuntamente com o Fórum Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, a Lei de criação do Conselho Tutelar.

Outra alteração bastante significante que consta em seu Art. 12º § 1º, é relacionada ao número de representantes, que nesta nova lei contempla é de 14 (quatorze) representantes, e que na lei anterior a representação eram 12 (doze) representantes por segmento.

O CMDCA divide suas atividades em comissões temáticas permanentes, compostas pelos conselheiros e colaboradores, a fim de discutirem as ações do mesmo em suas especificidades, estas comissões auxiliam o conselho em determinados temas para que suas decisões e pareceres sejam baseados em informações e análises mais profundas e fundamentadas.

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Para compreender a função das comissões temáticas existentes no CMDCA da Florianópolis, iremos explicitá-las de forma individualizada.

As Comissões Temáticas poderão ser integradas por entidades ou pessoas de notório saber, homologadas pelo CMDCA sem direito a voto. A Comissão de Políticas Públicas é responsável pelo planejamento e coordenação das Conferências Municipais, dos Seminários e das outras formas de publicização dos direitos da Criança e do Adolescente, bem como é responsável pelos encaminhamentos desses eventos, transformando os indicativos ou resultados dos eventos em estratégias e propostas de ação. Os membros desta comissão têm como função acompanhar a elaboração e a implementação do Plano Municipal para a Infância e Adolescência e propor planos para aplicação dos recursos do FIA. Os integrantes desta Comissão são responsáveis em receber e analisar os relatórios estatísticos dos Conselhos Tutelares, os quais subsidiam as deliberações do CMDCA, além de analisar e elaborar pareceres de projetos para o município considerando a sua inserção na Política da Infância e Juventude.

A Comissão de Finanças têm como principais funções discutir e encaminhar assuntos relativos à política de atenção de Crianças e Adolescentes no município; propor campanhas de captação de recursos através do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente – FIA; participar da elaboração e proposição do plano orçamentário para utilização do FIA; propor junto com a comissão de políticas e divulgação, um plano de aplicação dos recursos captados pelo Fundo.

A Comissão do Conselho Tutelar os conselheiros realizam o recebimento e encaminhamento dos assuntos relativos aos Conselhos Tutelares para as outras comissões e plenárias, mobilizam os programas Governamentais e as Organizações Não-Governamentais para o processo seletivo e realizam as eleições para a escolha dos Conselheiros Tutelares. Tem função de receber e apurar as denúncias movidas em desfavor dos Conselheiros Tutelares além de receber e providenciar encaminhamentos para os pleitos dos conselheiros tutelares e são responsáveis em viabilizar férias, licenças, substituições de Conselheiros, através do Poder Executivo. A Comissão de Normas e Monitoramento é a comissão responsável pelo processo de registro das entidades e inscrições dos programas. Primeiramente os membros analisam as documentações encaminhadas pelas entidades ou programas, posteriormente os conselheiros procedem às visitas necessárias, a fim de verificar “in loco” as condições de atendimento das instituições. Diante do

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verificado realizam os pareceres a serem apresentados em plenária, indicando a possibilidade ou não do registro, inscrição no Conselho. A plenária deliberando favorável ao registro da entidade são emitidos os certificados de registro. Esta comissão ainda é responsável em propor resoluções para a normalização dos processos de registro, estudar e sugerir ações relativas à normatização do CMDCA.

Na Comissão do FIA os conselheiros são responsáveis por analisar projetos e programas para posterior fornecimento de parecer que possibilitará a instituição a fazer a captação de recursos através do Fundo, é emitido um Certificado que credencia a captação e liberação do recurso. Esta comissão não consta da Lei, mas foi implantada através de Resolução.

A Comissão Organizadora da VII Conferência Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente foi criada em 22/04/2009 especialmente com a finalidade de organizar a conferência que aconteceu no mês de julho de 2009, não tendo caráter permanente. O objetivo geral da Conferência foi analisar definir e deliberar as diretrizes da Política Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente com vistas à elaboração do Plano Decenal. Esta comissão foi responsável por toda a elaboração da Conferência, que aconteceu no mês (julho/09) para tanto foi necessário toda uma articulação.

A Comissão Especial do Processo Seletivo dos Conselhos Tutelares de Florianópolis tem como atribuições, organizar e coordenar o processo de seleção e escolha dos membros dos Conselhos Tutelares; definir e fazer publicar em órgãos de divulgação Oficial e outros o Calendário completo do Processo de Escolha dos Conselheiros Tutelares; examinar e emitir parecer sobre a documentação das Organizações e dos seus delegados, bem como dos candidatos; apresentar ao CMDCA a relação dos candidatos selecionados, receber e emitir pareceres sobre impugnações; confeccionar as cédulas para o Processo de Escolha dos Conselheiros Tutelares. Esta comissão será extinta após a conclusão de todo o processo, assim que os Conselheiros tomarem posse.

Com relação à Comissão Organizadora da VII Conferência, esta é de suma importância, pois é ela que irá trazer as propostas e apresentam os diagnósticos relacionados à criança e o adolescente no município. Esta comissão também será extinta após o término do evento.

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A Conferência Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente é realizada a cada dois anos, e se constitui em fóruns participativos de avaliação e proposição para efetivação da política de direitos para crianças e adolescentes.

Madeira (2006) afirma que o espaço das Conferências ultrapassa os limites de mera ação de conferir e avaliar políticas, ressaltando:

Poderíamos afirmar, ainda, que é um espaço criado para constituir um ato público, com momentos de aprofundamento de debate acerca de determinada política. Temos, contudo, o entendimento de que ela vai além, já que pode ser a expressão da realidade social, e se constituir como um instrumento de mobilização social em torno das expressões sociais. (MADEIRA, 2006, p.46).

Na Conferência Municipal realizada no mês de Julho/2009, foram cinco os eixos tratados: - Promoção e Universalização de Direitos em um Contexto de Desigualdades; - Proteção e Defesa no Enfrentamento das Violações de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes; - Fortalecimento do Sistema de Garantia de Direitos; - Participação de Crianças e Adolescentes em Espaços de Construção da Cidadania; - Gestão da Política.

Nesta Conferência foi bastante significativa à participação de adolescentes, não somente como participantes, mas sim, como coadjuvantes deste processo.

O CMDCA esta elaborando um caderno onde serão publicados os questionamentos tratados durante o evento e que deverão conter os indicativos levantados.

O CMDCA do Florianópolis conta com um diferencial em relação aos demais conselhos, pois a lei que o criou instituiu também a Secretária Executiva, instância de apoio técnico-administrativo composta por dois técnicos e um assistente administrativo de diversos órgãos, especialmente convocados para o assessoramento permanente ou temporário.

Os técnicos serão comissionados, padrão Assessor Técnico, de comprovada capacidade funcional, referendados e homologados pelo Chefe do Poder Executivo Municipal.

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A Secretaria Executiva é uma peça chave para o bom andamento do conselho, pois é através dela que as informações são transmitidas para todos os conselheiros, onde é feito o controle da documentação expedida e recebida, registro de entidades, registro das plenárias, confecção de ata, enfim todo o trabalho administrativo para tornar o conselho acessível aos conselheiros.

O ECA estabelece como uma das diretrizes da política de atendimento à manutenção de fundos, em âmbito nacional, estadual e municipal, vinculados aos respectivos conselhos dos direitos das criança e dos adolescente (artigo 88, inciso IV). Estas instâncias representam um importante conjunto de mudanças, ainda em curso na sociedade brasileira.

São instrumentos poderosos criados pelo legislador para assegurar à sociedade civil o direito de participar da formulação e controle das políticas de atendimento à infância e a juventude em todos os níveis.

Em Florianópolis o FIA foi criado juntamente com a lei que criou o Conselho Municipal dos Direitos da Infância e Adolescência, atualmente contemplados na Lei Municipal nº. 7855 de 22 de abril de 2009.

Como não tem personalidade jurídica própria (CNPJ) deverá ser vinculado ao CNPJ da prefeitura.

Os recursos captados pelo Fundo são destinados ao financiamento de ações complementares. É equivocada a idéia de que todos os programas e serviços de atendimento a criança e adolescentes devam ser custeados com recursos desse fundo especial.

Segundo o art. 90 do ECA, as entidades de atendimento são responsáveis por sua própria manutenção

O abrigo é medida provisória e excepcional, utilizável como forma de transição para colocação em famílias substitutas, não implicando privação de liberdade.

Os programas de proteção e sócio educativos regulados pelas entidades de atendimento são destinados à criança e aos adolescentes, têm por finalidade proporcionar em meio aberto, colocação familiar, abrigo, bem como cuidar de questões como liberdade assistida, semiliberdade e internação (art.90).

De acordo com o art. 91 do ECA as entidades governamentais e não governamentais somente poderão funcionar depois de registradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente

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Os recursos do FIA devem ser aplicados em projetos de defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes, auxiliando no processo de inclusão destes que se encontram em situação de risco social, e contribuindo ainda para a qualificação da rede de atendimento, que são as entidades anteriormente citadas.

Atualmente o CMDCA tem registrada 93 entidades que atuam na promoção e defesa deste público.

A gestão do Fundo é responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.

A fiscalização e o controle da aplicação dos recursos do FIA, também é tarefa do CMDCA e o Ministério Público.

Qualquer cidadão pode fazer destinação de recursos ao FIA, seja contribuinte ou não do Imposto de Renda. A dedução do IR de destinação feitas ao Fundo está prevista no art. 260 do ECA e em legislação tributária específica, que regulamenta a contribuição de pessoas físicas e jurídicas.

Segundo essa legislação, pessoas jurídicas podem destinar ao Fundo até 1% (um por cento) do seu imposto devido e as pessoas físicas até 6% (seis por cento).

O CMDCA deve informar a Receita Federal às destinações recebidas, por meio da apresentação da Declaração de Benefícios Fiscais (DBF).

A mesma lei municipal que dispões sobre o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), o Fundo A Infância e Adolescência deve dispor também da criação do Conselho Tutelar – CT.

O Conselho Tutelar (CT) é um órgão inovador no contexto da sociedade brasileira, criado com a missão de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente.

A implantação desses conselhos em todos os municípios brasileiros representa uma contribuição direta para que as diretrizes de proteção dos direitos humanos das novas gerações se tornem realidade e não restritas somente ao texto da lei.

Os CT foram idealizados para que as ameaças e violações dos direitos da população infanto juvenil do município sejam rapidamente resolvidas, sem a necessidade de se acionar o Poder Judiciário.

De acordo com as definições do ECA, os CT têm como missão zelar pelo cumprimento dos direitos das crianças e dos adolescentes, agindo concretamente toda vez que houver ameaça ou violação desses direitos

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Para cumprir com esta eficácia tal missão, portanto, o conselheiro tutelar deve conhecer e executar com qualidade as atribuições que lhe são conferidas pelo ECA.

Neste sentido, a atuação do CT tem o grande potencial de contribuir para a efetivação, no município, de mudanças profundas no atendimento à infância e a adolescência.

O CT tem uma atuação restrita ao âmbito municipal, considerando-se a regra de competência definida pelos artigos 138 e 147 do ECA, isto significa que é vinculado administrativamente à prefeitura, sem prejuízo , no entanto à sua autonomia nas decisões.

Essa vinculação ao Poder Executivo exige que haja uma relação ética e responsável entre os conselhos e toda a administração municipal, além da necessidade de cooperação técnica envolvendo as secretarias, departamentos e programas municipais voltados para a criança e o adolescente.

O Conselho Tutelar (CT) é um órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregados pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei, (ECA ART. 131)

Entre as concepções que o ECA estabelece sobre o CT, especialmente, os mencionados no artigo acima, é importante destacar algumas expressões que definem a sua atuação e, portanto, precisam ser bem compreendidas.

O Conselho Tutelar é um órgão permanente, público municipal, que tem sua origem na lei, integrando-se ao conjunto das instituições públicas nacionais e subordinando-se ao ordenamento jurídico brasileiro.

Também o CT é um órgão autônomo, ou seja, não depende de autorização de ninguém para funcionar, nem do prefeito, nem do juiz para o exercício das suas atribuições legais, previstas pelo ECA.; em matéria técnica de sua competência, delibera e age aplicando as medidas protetivas pertinentes, sem interferência externa; exerce suas funções com independência, inclusive para denunciar e corrigir distorções existentes na própria administração municipal, relativas ao atendimento às crianças e aos adolescentes; suas decisões só podem ser revistas pelo Juizado da Infância e da Juventude, a partir de requerimento do cidadão que se sentir prejudicado ou do Ministério Público.

. Ainda, um órgão não-jurisdicional, exerce funções de caráter administrativo, vinculando-se ao Poder Executivo Municipal, não integra o Poder Judiciário. Sua atuação não é subordinada à Justiça da Infância e da Juventude; o juiz da infância e

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juventude não pode acionar o CT para que este cumpra as funções da equipe interprofissional prevista no art. 150 do ECA, ou para que exerça as funções dos comissários, de responsabilidade do próprio Poder Judiciário.

O CT deve contar com o acompanhamento do CMDCA, da Justiça da Infância e da Juventude, do Ministério Público, das entidades civis que trabalham com a população infanto juvenil e, principalmente, dos cidadãos em geral, todos esses autores devem zelar pelo bom funcionamento do órgão e pela correta execução das suas atribuições legais.

O município de Florianópolis conta atualmente com 3 (três) conselhos: um conselho no Norte da Ilha, um no Estreito e outro que funciona no centro denominado Conselho Insular.

De acordo com o artigo 135 do ECA, o exercício efetivo da função de Conselheiro Tutelar é caracterizado como serviço público relevante.

A regulamentação do processo de escolha é prerrogativa do CMDCA, obedecidos os limites legais. O CMDCA deverá fazer essa regulamentação por meio de uma resolução prévia e específica ou no próprio edital de abertura do processo, tudo com ampla divulgação.

O processo de escolha dos membros do CT será estabelecido em lei municipal e realizado sob a responsabilidade do CMDCA, e a fiscalização do Ministério Público.

Os procedimentos para a escolha dos membros do CT exigem o cumprimento de uma série de etapas que precisam ser executadas de forma organizada, desde a regulamentação das eleições até a mobilização da comunidade e a posse dos conselheiros.

Para que o processo seja bem sucedido e obtenham a legitimidade, é fundamental que a divulgação alcance um grande número de pessoas, de forma que atraia o máximo de candidatos.

As condições e requisitos para a candidatura devem ser expressamente previstos na lei municipal e estar em consonância com os direitos individuais estabelecidos na Constituição Federal.

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3 APRESENTANDO A EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO CURRICULAR JUNTO AO CMDCA. DE FLORIANÓPOLIS/SC

A experiência de estágio curricular no CMCDA de Florianópolis, no período de março 2008 a julho de 2009, possibilitou conhecer a sua estrutura e a organização, entender sua forma de operar, suas competências, a sua estrutura humana e a necessidade de recursos materiais e financeiros. Possibilitou ainda conhecer seus pontos fortes e detectar algumas de suas fragilidades Possibilitou ainda vivenciar experiências enriquecedoras que contribuirão significativamente na minha trajetória profissional.

Na seqüência faremos uma descrição das principais atividades desenvolvidas.

O estágio possibilitou fazer um resgate da história do CMDCA. Pesquisando a documentação disponível em seu acervo pude levantar os nomes e o perfil das pessoas que fizeram parte e foram propulsoras da implantação do Conselho em Florianópolis, entre estes destaco o das professoras Regina Panceri e a Professora Darlene de Moraes Silveira do Curso de Serviço Social da UNISUL. Isto demonstra um ativismo para além da academia e de cunho prático dos professores do curso

As atividades desenvolvidas exigiram muita pesquisa e leitura de diversos autores sobre aspectos teóricos e práticos a respeito da organização e funcionamento de conselhos.

O estágio propiciou também oportunidades de capacitação e treinamento, sobre diversos assuntos, relacionados ao conselho através da participação em fóruns de discussão, reuniões, conferências, congressos, etc.

Uma atividade enriquecedora e que auxiliou entender a complexidade do trabalho do assistente social foi à participação na montagem do processo de seleção para a escolha dos conselheiros tutelares. Definir as etapas do processo, o conjunto de atividades de cada uma, os documentos necessários para executar, registrar e monitorar cada uma, as pessoas e a estrutura física e de pessoas, os requisitos legais a serem observados, a elaboração da prova, entre outras atividades, permitiram obter uma visão da complexidade da tarefa do assistente social.

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A experiência mostrou que no exercício de sua função o assistente social tem que ir além do seu conhecimento acadêmico específico e buscar outras áreas de conhecimento ou cercar-se de pessoas que complementem a sua tarefa.

Para exemplificar a complexidade da tarefa de selecionar conselheiros tutelares descrevo as principais etapas do processo: a) nomeação de comissão paritária encarregada de preparar e acompanhar o processo; b) elaboração e publicação do edital/resolução com regulamentação e abertura do processo seletivo; c) proceder às inscrições dos candidatos; d) publicar relação dos inscritos; e) abrir prazo para impugnações; f) examinar e julgar recursos; g) publicar candidaturas definitivas; h) elaborar as provas de seleção; i) divulgar candidatos aprovados; j) submeter os aprovados a apreciação das entidades votantes; k) preparar processo de votação; l) acompanhar e apurar votação; m) proclamar os candidatos eleitos (titulares e suplentes).

Apesar da comissão e demais envolvidos na condução do processo ter entendido que atenderam os princípios da boa administração publica, ou seja, observaram a legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, e eficiência de todo o processo, o ministério público entendeu de forma diferente e anulou todo o processo. Novo procedimento foi executado desta vez com a participação do Ministério Público.

O episódio demonstrou a importância de envolver todas as partes interessadas em ações que envolvem questões sociais. Outro aspecto que ficou evidenciado nesta atividade, bem como nas demais, é a importância do apoio da Prefeitura com recursos materiais e humanos. Sem este apoio as atividades do CMDCA e do CT ficam extremamente difíceis.

Neste processo percebeu-se também que as entidades representantes da sociedade civil exigem bastante do CMDCA em vários aspectos, mas não são tão comprometidas como deveriam ser. Chamadas para escolherem através do voto os conselheiros selecionados a maioria omitiu-se, não participando do processo de apresentação e sabatina dos conselheiros para avaliarem os mais aptos. A participação na votação para a escolha dos mesmos, o que se observou foi a omissão da maioria.

No segundo processo seletivo de escolha dos conselheiros tutelares, houve a participação maciça das entidades, 73 delas compareceram para votar

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provavelmente devido à intervenção do MP muitas entidades tenham sentido receio em não participarem do processo de escolha.

Havia uma preocupação do CMDCA e também da comissão do processo seletivo em preparar estes novos conselheiros, elaborando um manual de procedimentos, e formulando curso de capacitação. Esta capacitação é fundamental para serem sanadas as dúvidas com relação a atuação, e interpretação do ECA, dos candidatos que começarão a atuar como conselheiros tutelares, alguns nunca vivenciaram esta experiência, embora todos tenham experiência no trata com crianças e adolescentes, é bem diferente atuar como conselheiro.

Os conselheiros precisam ser preparados para o exercício de suas atribuições em sua plenitude, o que não se restringe ao atendimento de crianças e adolescentes.

Os conselheiros devem conhecer o ECA, saber cumprir suas atribuições específicas, conhecer as políticas públicas, o funcionamento da administração pública municipal e tudo o que contribuir para o melhor desempenho de suas funções, a atuação do conselheiro tutelar deve ser também preventiva, identificando demandas e auxiliando o CMDCA e a prefeitura na criação e ou ampliação de programas específicos, que darão ao órgão condições de um efetivo funcionamento de programas específicos, que darão ao CT condições de um efetivo funcionamento. Este procedimento deveria ser adotado em todos os municípios, pois daria aos conselheiros uma maior facilidade na compreensão do ECA e suas reais competências.

O CMDCA é um espaço de aprendizagem para qualquer acadêmico, conforme fotos que comprovam a participação da estagiária num dos eventos promovidos pela entidade.

Para relatar a experiência vivenciada na VII Conferência Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, foram escolhidos momentos e significativos e que serão mostrados a seguir.

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Figura 1 Abertura do Evento Fonte: Arquivo CMDCA, 2009.

A Secretaria Municipal de Assistência Social e Juventude é uma das maiores parceiras nos eventos que a CMDCA realiza, pois sem este apoio, ficaria difícil realizar qualquer evento. Esta parceria esta demonstrada na foto, onde o Secretário Adjunto está fazendo parte da mesa principal.

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Figura 2: Composição da Mesa de autoridades para Abertura do Evento Fonte: Arquivo CMDCA, 2009

Nas fotos a seguir são de grupos participantes de um eixo temático, e que fizeram uma dinâmica, para demonstrar as dificuldades encontradas no dia a dia, no trato com crianças e adolescentes.

Estas dinâmicas são bastante utilizadas para que apareçam soluções criativas e que o grupo resolva os problemas apresentados.

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Figura 3: Um grupo de jovens fazendo uma dinâmica. Fonte: Arquivo CMDCA, 2009.

Figura 4: Dinâmica de grupo de um eixo temático Fonte: Arquivo CMDCA, 2009.

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3.1. CMDCA: um espaço de intervenção para o Serviço Social

O Assistente Social pode ter uma dupla inserção nesses espaços; uma essencialmente política, quando participa enquanto conselheiro, e outra que caracterizam um novo espaço sócio-ocupacional, quando desenvolve ações de assessoria aos conselhos ou a alguns de seus segmentos (usuários, trabalhadores e poder público).

O trabalho do Assistente Social nessas instâncias supõe uma dupla dimensão, analisar o controle democrático no contexto macrossocietário, que vem alterando as políticas sociais com retração dos direitos sociais, e as respostas técnico profissional e ético-políticas dos agentes profissionais.

O Assistente Social é fundamental na instituição, pois é este profissional quem irá fazer as visitas de inspeção nas entidades cadastradas, é através de seus pareceres, que o conselho delibera ou não os repasses financeiros, ou continuidade dos trabalhos nas instituições, ou ainda seu credenciamento.

Considerar os conselhos como espaço de poder e de uma forma de sociabilidade regida pelo reconhecimento do outro como sujeito de interesses válidos, valores pertinentes e demandas legítimas. (Telles 1994, p.91)

Atualmente há um grande número de assistentes sociais inseridos nos conselhos de políticas e de direitos, representando tanto a sociedade civil como o poder público e, ainda, representando uma variedade de instituições, além de assistentes sociais que exercem funções técnicas junto a esses espaços.

O trabalho da Assistente Social no CMDCA é imprescindível, pois não se concebe hoje qualquer instituição sem a presença deste profissional que pode impulsionar formas democráticas na gestão de políticas e programas, socializar informações, alargar os canais que dão voz e poder decisório à sociedade civil, permitindo ampliar sua possibilidade de ingerência na coisa pública. Por este motivo a continuidade deste profissional na composição do CMDCA é fundamental.

Referências

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