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Carcinoma epidermóide de conjuntiva bilateral: descrição de um caso

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Carcinoma epidermóide de

conjuntiva

bilateral: descrição de

um

caso

Bilateral conjuntival carcinoma: case report

Carlos

E.

Leite Arieta (1) Dr. Newton Kara José (2) Rosa Maria Reschini (3)

(1) Professor Assistente no Serviço tk Oftalmo­ logia da FCM/UNICAMP

(2) Professor Titular no Serviço tk Oftalmologia da FCM/UNICAMP

(3) Residente Titular no Serviço tk Oftalmologia da FCM/UNICAMP

Endereço para correspondência: Dr. Carlos E. Leite Arieta - R. Pedroso Alvarenga, 1 .255 - Cj. 54 - 04531 - São PauJo - SP

1 80

RESUMO

Descreve-se um

caso

raro de carcinoma epidermóide de conjunti­

va ocular por ser bilateral, em paciente exposto a fatores de

risco

por ser lavrador, portador de exoftalmo hipertiróideo com oclusão

palpebral incompleta e diminuição do ritmo de piscar.

O carcinoma epidermóide

é

a neoplasia

mais

freqüente da con­

juntiva. Seu aparecimento está relacionado a vários fatores irritan­

tes,

sendo a exposição crôDÍca à luz solar apontada como principal

etiologia.

O tratamento deste paciente consistiu em ressecção cirúrgica

das

lesões e posterior radioterapia local, sem recidiva após

6

meses de

seguimento clínico.

Palavras-chave: Carcinoma conjuntival, carcinoma epidenn6ide bilateral.

o carcinoma epidenn6ide

é

a neoplasia mais freqüente da conjun­ tiva ocular, correspondendo a

15%

das lesões epiteliais adquiridas(1 ). A localização mais comum desse ti­ po de tumor

é

na conjuntiva bulbar, na fissura interpalpebral. A maior incidência em habitantes de regiões tropicais e a baixa incidência em crianças sugerem que a radiação so­ lar por períodos prolongados seja um fator etiol6gico na pato gênese dessa doença(1 ,2) .

Na literatura pesquisada, todos os casos eram unilateraiS(1-8).

O

objetivo deste trabalho

é

a des­ crição e discussão de um caso de carcinoma epidenn6ide de conjunti­ va bilateral.

DESCRIÇÃO DO CASO CLÍNICO

JFC,

38

anos, branco, lavrador, hipertir6ideo.

Hist6ria de diminuição

progressi-va da acuidade visual há

5

anos. Fez uso de vários colCrios e medicações sistêmicas, das quais não sabia refe­ rir os nomes. Há meses notou cres­ cimento de tumoração esbranquiçada no olho esquerdo.

lnspeção: exoftalmo moderado em

ambos os olhos, oclusão palpebral incompleta e ritmo de piscar dimi­ nuído. Tir6ide de volume aumenta­ do, consistência nonnal. Acuidade visual com correção 20/80 em ambos os olhos.

Ao exame apresentava reflexos pupilares normais, movimentos ocu­ lares extrínsecos bem diminuídos com restrição à movimentação passi­ va, sensibilidade corneana muito di­ minuída no terço inferior nos dois olhos.

Biomicroscopia:

OD

lesão conjuntival no limbo inferotemporal, discretamente elevada, vasculariza­ da, com invasão da c6rnea em apro­ ximadamente

2

mm (Fig.

I);

OE

-tumoração elevada e esbranquiçada

ARQ. BRAS. OFrAL. 53(4), 1990

http://dx.doi.org/10.5935/0004-2749.19900023

(2)

Carcinoma epidenrlÓide de conjuntiva bilnteral: descrição de wn caso

Fig. 1 -Lesão conjuntival no limbo inferotemporal do olho direito, com inva­

são da córnea em aproximadamente 2 mm. Fig. 2

-Tumoração na conjuntiva inferotemporal do olho esquerdo, medin­

do aproximadamente 5 x 6 mm, infiltrando a região temporal da córnea.

na conjuntiva inferotemporal, me­ dindo aproximadamente

5

x

6

mm, com grande vascularização, infil­ trando a região temporal da c6rnea, por cerca de

5

mm (Fig.

2).

Fundo de olho:

degeneração mi6-pica e intensa rarefação de epitélio pigmentar da retina em ambos os olhos. Papila de aspecto normal.

Conduta:

as duas lesões foram ressecadas cirurgicamente, sob anestesia local, e o paciente foi sub­ metido a betaterapia. Foi feito acom­ panhamento ambulatorial peri6dico por cerca de

6

meses, com bi6psias, sem recidiva clínica.

RESULTADO DO EXAME

HISTOPATOLÓGICO

Olho direito:

fragmento de con­ juntiva apresentando epitélio pavi­ mentoso estratificado com prolifera­ ção de células de aspecto maligno em blocos irregulares que penetram o c6rion adjacente. As atipias celula­ res são moderadas, a atividade mit6-tica é marcante e notam-se pérolas c6rneas abundantes e intensa disque­ ratose. Nota-se infiltração até pr6xi­ mo das margens, porém sem compro­ metê-las totalmente. Diagn6stico:

Carcinoma epiderm6ide grau I his­ tol6gico (Fig.

3).

Olho esquerdo:

fragmento de

ARQ. BRAS. OFTAL. 53(4), 1 990

conjuntiva com epitélio pavimentoso estratificado metaplásico típico nas bordas da lesão e múltiplos focos de carcinoma epiderm6ide "in situ " , onde s e observa hipercromatismo nuclear dism6rfico e discromia, além de alteração da polaridade dos nú­ cleos. Presença de focos de microin­ vasão do c6rion subjacente. Margens

cirúrgicas livres. Diagn6stico: Car­ cinoma epiderm6ide grau II histol6-gico (Fig. 4).

DISCUSSÃO

A radiação solar por períodos prolongados é o fator apontado como

Fig. 3 -Aspecto histológico da lesão retirada do o lho direito: proliferação de células de aspecto ma­

ligno em blocos irregulares que penetram no córion subjacente.

(3)

Carcinoma epidemu1ide de conjuntiva büateraI: descrição de um caso

Fig. 4 -Corte histológico da lesão ressecada do olho esquerdo: múltiplos focos de carcinoma epi­ derm6ide.

principal responsável na etiologia do carcinoma epiderm6ide de conjunti­ va(1 ,2,3,61. A incidência desse tumor é variável em diferentes países, sendo maior nas regiões de clima tropi­ cal(1 ,21. Há maior incidência nas pes­ soas cronicamente expostas ao sol, como trabalhadores rurais(21. Outros fatores etiol6gicos descritos são: ir­ ritação e inflamações da conjuntiva, exposição crônica a raios ultraviole­ tas, agentes ambientais como o pó e o clima seco, substâncias químicas, deficiências de vitamina A(31. A irri­ tação crônica da conjuntiva pelos fatores anteriormente citados seria precursora de alguns tipos de altera­ ções histológicas, entre elas a displa­ sia, que é uma lesão pré-neoplásica.

O paciente descrito neste caso clínico apresenta vários elementos predisponentes para o desenvolvi­ mento desta patologia: exposição prolongada

à

luz solar, exoftalmo, má oclusão palpebral e diminuição do ritmo de piscar.

Carcinoma epidermóide de

con-182

juntiva ocular é de rara freqüência, no entanto este caso sugere que em casos em que se retira um tumor de conjuntiva e há presença de lesão in­ característica no outro, esta deve ser removida e submetida a exame his­ topatol6gico.

A maioria dos autores preconiza como tratamento de primeira escolha do carcinoma epidermóide de con­ juntiva a ressecção cirúrgica do tu­ mor. A radioterapia deve ser realiza­ da em casos nos quais as margens ci­ rúrgicas da lesão retirada apresentam

tecido neoplásicO'1-6I•

Outro tipo

de

conduta descrita é a remoção cirúr­ gica do tumor combinada com con­ gelamento de tecido adjacente por nitrogênio ICquido(1 ,91• Procedimentos cirúrgicos mais agressivos, como enucleação e exenteração de 6rbita estão reservados para os casos que apresentam invasão tumoral intra­ ocular ou das estruturas orbitá­ rias(1 ,2,3,51. A freqüência de recidiva do tumor após tratamento está entre

10

e

36% dos casos, diminuindo

pa-ra

5%

quando as margens da lesão estão livres de tecido neoplásico(51. O carcinoma epiderm6ide de conjunti­ va apresenta evolução lenta, sendo raro o aparecimento de metástases.

SUMMARY

One rare case of bilateral sca­ mous cell carcinoma of conjuntiva is described in a patient exposed to va­ rious risk factors as parcial lid oclu­ sion, excessive sun light exposition.

Scamous cell carcinoma is the most frequent neoplasia of ocular conjuntiva

and

the main risk factor is ultraviolet exposition.

The patient were submited to lo­ cal excision and radiotherapy. No signs of recurrence were observed on the 6 months of follow up.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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