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AVALIAÇÃO PRELIMINAR DO FUNCIONAMENTO DAS ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUAIS EM ANGOLA

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AVALIAÇÃO PRELIMINAR DO FUNCIONAMENTO DAS ESTAÇÕES DE

TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUAIS EM ANGOLA

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES João de Quinhones Levy (*)

ENQUADRAMENTO

A solicitação da Direcção Nacional das Águas (DNA) procedeu-se a uma avaliação preliminar do funcionamento das estações de tratamento de águas residuais domésticas (ETAR) em Angola com vista a obter um primeiro quadro de situação.

Dado o País estar a levar a cabo um importante programa de construção de infra- estruturas de abastecimento de água tendente a levar às populações água em boas condições de qualidade e quantidade, tal programa terá implicações ao nível das águas residuais. O abastecer as populações com água domiciliária fará aumentar as capitações de água para valores de 100 a 200 l hab-1 d-1, função da qualidade do aglomerado, que se repercutirá num acréscimo significativo dos actuais caudais de águas residuais, pois que eles são cerca de 80% da água consumida.

Por este facto é urgente acompanhar a implementação dos sistemas de abastecimento de águas, com os sistemas de drenagem e tratamento de águas residuais.

Sabendo-se que existem diversas ETAR e estão a ser construídas muitas outras no país, a DNA solicitou ao signatário um estudo preliminar do seu modo de funcionamento que apresente recomendações para garantir a boa aplicação dos investimentos que estão a ser realizados.

Concluído este estudo que se salienta ser uma primeira abordagem da questão, seguem-se as suas conclusões e recomendações.

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CONCLUSÕES

A – LEGISLAÇÃO

O dimensionamento das ETAR carece de legislação que estabeleça a qualidade do efluente em função do meio receptor e da população a servir, para que as soluções de tratamento sejam adaptadas às condições do meio envolvente.

A legislação promulgada para Luanda, DL 59/2011, é excessivamente exigente, não devendo ser estendida ao país por implicar investimentos muito elevados que não se justificam, pois que valores de concentrações um pouco superiores para o efluente final, são igualmente passíveis de serem descarregados no meio receptor.

Por sua vez, o Decreto Presidencial 261/2011 deverá ver o seu Anexo VI relativo aos valores limite de emissão na descarga de águas residuais, ajustado à população a servir. B – TIPOS DE TRATAMENTO

As estações de tratamento que se visitaram e outras cujo projecto foi analisado, baseiam-se quabaseiam-se exclusivamente no processo de lamas activadas em arejamento prolongado. Isto é, são construídas por uma obra de entrada, um tanque de arejamento e um decantador final. Ao nível das lamas, algumas das instalações têm os necessários meios para a sua desidratação, mas outras não.

Do que foi dado a conhecer, pode concluir-se que nem sempre o seu dimensionamento está correcto, pois que os seus órgãos não têm capacidade para o caudal a tratar. Quer por razões económicas, quer porque não foram devidamente avaliadas as populações a servir e as suas capitações, as áreas e os volumes dos tanques não garantem os tempos de permanência e as cargas hidráulicas adequadas, donde o caudal final é de má qualidade, poluindo o meio receptor. A generalidade das instalações não é alvo de um programa de controlo com análises laboratoriais periódicas que orientem a operação e ajuízem a qualidade do efluente. Também a inexistência de órgãos para o tratamento das lamas põe em causa o funcionamento da estação.

Ainda no relativo ao processo de tratamento, recentemente para empreendimentos turísticos e para condomínios fechados, têm sido propostas soluções complexas que

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embora vantajosas por redução da área necessária, são de difícil operação, quer por falta de equipamentos sobressalentes, quer de pessoal especializado para a sua condução. Verificando-se que muitas das estações funcionam deficientemente por questões simples como a falta de um grupo electrobomba ou de uma turbina, ou de pessoal que as saiba operar, considera-se que sistemas complexos de elevada tecnologia devem ser por agora evitados.

Em oposição, para pequenos aglomerados com área disponível poderão propor-se soluções de fácil operação, baseadas em sistemas de lagunagem ao invés de processos de lamas activadas que por razões de energia ou por falta de operação, ficam fora de serviço.

C – SITUAÇÃO DAS ETAR

Seguem vários casos encontrados no país. Uns são reveladores da falta de controlo do funcionamento das estações ou da sua construção, enquanto outros são um bom exemplo do que se pretende a nível do tratamento:

a) ETAR de uma universidade. Foi apenas efectuada a empreitada de construção civil não se tendo instalado qualquer equipamento. Os esgotos são descarregados sem qualquer tratamento numa linha de água;

b) ETAR de um parque industrial. Está sem funcionar desde a sua construção pois que em vez de tubagem em aço para o ar comprimido foi instalada tubagem em PVC que derreteu com a temperatura;

c) ETAR de uma zona urbana, bem construída e com todos os órgãos bem dimensionados que não pôde arrancar por falta de construção do emissário;

d) ETAR de uma zona urbana construída em aço mas mal dimensionada para as cargas do equipamento mecânico. As paredes do tanque dobraram com o peso pelo que teve que ser toda reabilitada;

e) ETAR de muito boa qualidade construída em meio urbano descarregando o efluente final na valeta do arruamento pois que a rede de drenagem receptora está entupida;

f) ETAR pelo sistema de lagunagem não apropriado ao efluente industrial que recebe, pelo que a eficiência é nula.

Mais estações poderiam ser apresentadas mas não alteram o quadro geral: existem boas estações que não funcionam por falta de operação e existem estações mal

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dimensionadas ou mal equipadas cujo investimento não se repercute na qualidade do efluente final. Um outo aspecto a salientar é o relativo à falta de formação específica dos técnicos, não só ao nível da engenharia mas também dos próprios operadores.

RECOMENDAÇÔES

Face às conclusões do estudo preliminar apontam-se, seguidamente, diversas recomendações com vista a requalificar algumas das estações existentes, a melhorar o dimensionamento das estações e a garantir o seu funcionamento por forma a conseguir efluentes finais passíveis de serem descarregados no meio receptor.

A – LEGISLAÇÃO

Deverá ser revista a legislação relativa aos valores limite de emissão na descarga de águas residuais para que o dimensionamento das ETAR tenha em conta o meio receptor e a população servida. Também não devem ser impostos limites demasiado exigentes que impliquem custos acrescidos e desnecessários na construção das estações.

B – Manual de dimensionamento e operação

Dada a inexistência de um guia metodológico para o dimensionamento das ETAR deverá ser elaborado um Manual de Referência para o Dimensionamento e Operação de ETAR em Angola para apoiar o Dono de Obra e empresas consultoras.

Por forma a adequar o manual de dimensionamento e operação à realidade angolana e para que o mesmo seja uma ferramenta de referência no dimensionamento de futuras ETAR, este deverá ter em conta algumas das ETAR existentes pelo que haverá que fazer o levantamento e caracterização de processos mais comuns.

Este manual deverá incluir os seguintes capítulos:

 Descrição dos sistemas de tratamento de águas residuais domésticas mais comuns;  Critérios de apreciação das condições de funcionamento de uma ETAR;

 Método para elaboração de um programa de operação e manutenção;  Descrição de todos os órgãos que constituem uma ETAR;

 Critérios de dimensionamento para cada órgão;

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 Procedimentos correntes na operação e manutenção de cada órgão.

C- FORMAÇÃO

Verificada a falta de formação dos técnicos em tratamento de águas residuais, quer ao nível do projecto, quer da operação, deverão ser realizados cursos de formação com a duração mínima de 35 horas.

Para que esta formação possa abranger o maior número de técnicos dos Governos provinciais e das Direções Nacionais considera-se que se deverão realizar três formações, uma em Luanda e duas nas províncias.

João de Quinhones Levy Angola, Agosto 2014

Referências

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