• Nenhum resultado encontrado

PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: Formação, Atuação e Compromisso Social

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: Formação, Atuação e Compromisso Social"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: Formação, Atuação e Compromisso Social

TÍTULO DO TRABALHO

A PREFEITURA MUNICIPAL EM ANÁLISE: INVESTIGANDO OS MODOS DE FUNCIONAMENTO DA GESTÃO PÚBLICA

Marita Pereira Penariol* (Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Agência de Fomento CAPES, Faculdade de Ciências e Letras de Assis – UNESP, Assis-SP, Brasil); Silvio José Benelli (Professor assistente doutor da graduação e pós-graduação da FCL/UNESP, Departamento de Psicologia Clínica, Faculdade de Ciências e Letras de Assis – UNESP, Assis-SP, Brasil).

contato: maritapenariol@yahoo.com.br Palavras-chave: Psicologia social. Análise institucional. Administração pública.

O Brasil é o país com maior número de psicólogos ativos do mundo, com aproximadamente 216 mil profissionais contabilizados até o ano de 2012, seguido dos Estados Unidos que contam com um número de 137 mil e do continente Europeu com 90 mil. Desse total, no Brasil, cerca de 60 mil psicólogos atuam nas diversas Políticas Públicas (Saúde, Educação, Assistência Social, Segurança, dentre outras), por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), da Segurança Pública e em outras áreas relacionadas ao serviço público (YAMAMOTO; OLIVEIRA, 2010), sendo que a maioria, ou seja, 49.700 estão inseridos nas áreas da Saúde e da Assistência Social, conforme as informações do Conselho Federal de Psicologia (2012).

No entanto, não é muito comum que psicólogos se ocupem com o tema da prefeitura municipal como estabelecimento institucional que cria condicionamentos e determinações para os seus funcionários, e, dentre eles, para os psicólogos. De acordo com Yamamoto (2007), o psicólogo normalmente é um executor terminal das políticas públicas sociais no município, realizando aí uma intervenção parcializada. Nesse sentido, a autonomia do profissional psicólogo é limitada e condicionada, mas o será em grau muito maior, caso ele ignore e desconheça como funciona e o que produz a prefeitura.

[...] o desafio posto para a categoria é ampliar os limites da dimensão política de sua ação profissional, tanto pelo alinhamento com os setores progressistas da sociedade civil, fundamental na correlação de forças da qual resultam eventuais avanços no campo das políticas sociais, quanto pelo desenvolvimento, no campo acadêmico, de outras possibilidades teórico-técnicas, inspiradas em outras vertentes teórico-metodológicas que as hegemônicas da Psicologia. (YAMAMOTO, 2007, p. 36).

(2)

PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: Formação, Atuação e Compromisso Social

Diante do exposto, apresentamos o presente trabalho, parte integrante de uma pesquisa de mestrado em andamento, cuja temática é a lógica de funcionamento da administração pública no nível municipal, principal contratadora de profissionais de psicologia no momento. Nosso objetivo geral consiste em realizar uma Análise Institucional da prefeitura municipal, desvendando os modos de funcionamento da gestão pública. Os objetivos específicos são: estudar, por meio de operadores teóricos e metodológicos da Análise Institucional (AI), as práticas e os saberes, os discursos e os procedimentos técnicos e administrativos, as modalidades de gestão e os problemas e impasses do cotidiano de uma prefeitura localizada num município de pequeno porte do interior do Estado de São Paulo. E ainda, contribuir com a elaboração de coordenadas e informações orientadoras para profissionais da psicologia trabalhadores do serviço público municipal.

É um estudo de caráter qualitativo e investigativo, pautado na AI. Para tanto, estamos utilizando como técnicas de investigação a revisão da literatura que versa sobre nosso objeto de pesquisa, baseando-nos nos clássicos autores da AI, a saber: René Lourau e George Lapassade; a análise de documentos oficiais, tais como cartilhas e manuais sobre gestão pública; a técnica de observação participante e a ferramenta do diário de campo.

As visitas de observação participante ocorrerão em espaços institucionais da prefeitura municipal, tais como: secretaria de Governo e Administração, de Saúde e de Assistência Social e terão duração de 20 dias úteis em cada secretaria municipal. A razão pela escolha da Secretaria Municipal de Governo e Administração é em função de ser o local responsável pela elaboração e controle da Legislação através da criação Leis, Decretos, Portarias e Editais, ainda é responsável por dar a estes atos oficias a devida publicidade. A Secretaria também é responsável pelo Departamento de Recursos Humanos, onde são elaboradas folhas de pagamento, regime jurídico, plano de cargos e salários, sindicâncias, processos administrativos, dentre outras atribuições, ou seja, é o estabelecimento o qual estão presentes todas as regras e a dinâmica de funcionamento de uma prefeitura municipal. E, com relação às Secretarias de Assistência Social e de Saúde, justificamos serem estas as secretarias que mais contratam e empregam psicólogos.

Como forma de sistematizar os dados coletados nas visitas de observação participante, recorremos à ferramenta do diário de campo em que redigiremos, diariamente, todos os analisadores, a saber: ações, fenômenos, comportamentos, diálogos e acontecimentos observados.

(3)

PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: Formação, Atuação e Compromisso Social

Tendo em vista tais procedimentos, apresentamos alguns apontamentos no que diz respeito à revisão bibliográfica, versando sobre administração pública. Podemos considerar que, de modo geral, a gestão pública municipal brasileira seria caracterizada pela falta de institucionalização da gestão, isto é, há uma ampla possibilidade de transformações políticas, o que não costuma facilitar a continuidade nas ações públicas, seja pela mudança de mandato, pela reforma da gestão, do próprio gestor ou até mesmo por “picuinhas” e interesses políticos e econômicos particulares. Esse problema está intimamente ligado às falhas existentes na gestão, impossibilitando que ela se desenvolva no sentido de garantir a expansão e a concretização de direitos à população, bem como o acesso adequado a serviços públicos municipais.

Nossa hipótese de pesquisa é de que a gestão pública, diferentemente do conceito abordado pela AI de implicação, opera em uma lógica desimplicada, uma vez que o coletivo de funcionários parece trabalhar para atender às questões burocráticas da máquina pública e para produzir publicidade para a gestão atual e não em direção à produção de cidadania e oferta de serviços de qualidade à população.

Outro ponto de análise relevante seria o fato de que os mandatos do chefe do executivo durarem apenas quatro anos, causando certo desânimo por parte dos funcionários comissionados, tendo em vista a instabilidade de sua permanência no emprego e, sobretudo, pelos de funcionários de carreira já que sabem que após este período assumirá outra gestão, com novos planos e projetos, desconsiderando, possivelmente, a continuidade do planejamento da gestão antecedente.

A partir de tais questões, partimos do pressuposto que é necessário conhecer com maior empenho o modo como a administração pública municipal está organizada, por meio das secretarias municipais de governo e administração, de assistência social e de saúde para que se possa melhorar sua efetividade, sua eficiência e a eficácia das políticas públicas brasileiras e ainda auxiliar as práticas de atuação dos profissionais psicólogos nelas envolvidas. Contudo, sabemos que o aperfeiçoamento do desempenho da gestão municipal é uma meta difícil de ser alcançada, visto que pressupõe o aumento de gastos públicos, ênfase em estratégias alternativas de prestação de serviços, maior transparência nas operações governamentais, dentre outras particularidades (VELOSO et al., 2011).

Por fim, diante desses exemplos problemáticos, pretendemos, ao longo de nossa pesquisa, contribuir com a elaboração de coordenadas e informações orientadoras para

(4)

PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: Formação, Atuação e Compromisso Social

psicólogos que já atuam e também para os que eventualmente venham a ingressar no serviço público, de modo a que eles, conhecendo bem esse universo institucional, possam desenvolver uma atuação avisada e precavida.

Referências

ALTOÉ, S. (Org.). (2004). René Lourau, analista institucional em tempo integral. São Paulo: Hucitec.

BARBIER, R. (1985). Pesquisa-ação na instituição educativa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. BAREMBLITT, G. F. (2002). O Compêndio de Análise Institucional e outras correntes: Teoria e prática. Belo Horizonte: Instituto Félix Guattari.

BENELLI, S. J. (2012). Políticas públicas, instituições e práticas clínicas no campo da Assistência Social. In: DIONÍSIO, G. H.; BENELLI, S. J. (orgs.). Políticas públicas e clínica crítica. São Paulo: Cultura Acadêmica, 63-84.

BENELLI, S. J. (2013). Análise psicossocial da formação do clero católico. São Paulo: Annablume; FAPESP.

BENELLI, S. J., & COSTA-ROSA, A. (2012). Paradigmas diversos no campo da Assistência Social e seus estabelecimentos assistenciais típicos. Psicologia USP, v. 23, n.4, 609-660. BERETTA, R. C. S. (2004). Estado, municipalização e gestão municipal. Revista Serviço Social e Sociedade. São Paulo, v. 77, 63-77.

BOCK, A. M. B. (Org.). (2003). Psicologia e o compromisso social. São Paulo: Cortez. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. (2011). Como os psicólogos e as psicólogas podem contribuir para avançar o sistema único de Assistência Social (SUAS) – informações para gestoras e gestores. Brasília: CREPOP.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. (2012). Jornal do Federal. Brasília: CFP. Ano XXIII, n. 104 – Jan./Ago.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. (2013). Referências Técnicas para a Atuação de Psicólogas(os) na Educação Básica. Brasília: CREPOP.

CREPOP - CENTRO DE REFERÊNCIA TÉCNICA EM PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS. (2007). Referências Técnicas para atuação do (a) psicólogo (a) no CRAS/SUAS. Brasília.

L'ABBATE, S., MOURÃO, L. C., & PEZZATO, L. M. (Orgs.). (2013). Análise institucional e Saúde Coletiva. São Paulo: Hucitec.

(5)

PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: Formação, Atuação e Compromisso Social

LAPASSADE, G. (1989). Grupos, organizações e instituições. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves.

LAVILLE, C., & DIONNE, J. (1999). A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas. Belo Horizonte: Editora UFMG.

LIMA, D. A., & RIANI, E. (2004). Análise e intervenção institucional. Belo Horizonte. LOURAU, R. (1993). René Lourau na UERJ: análise institucional e práticas de pesquisa. Rio de Janeiro: Ed. UERJ.

LOURAU, R. (1980). El estado y el inconsciente. Barcelona: Kairós. LOURAU, R. (1995). A análise institucional. Petrópolis, RJ: Vozes.

LOURAU, R. (2004). O instituinte contra o instituído. In: ALTOÉ, S. (Org.). René Lourau. Analista Institucional em tempo integral. São Paulo: Hucitec, 47-65.

MINAYO, M. C. S. (Org.). (2010). Pesquisa social: teoria, método e criatividade (29a ed.). Petrópolis, RJ: Vozes.

PEZZATO, L. M., & L’ABBATE, S. (2011). O uso de diários como ferramenta de intervenção da Análise Institucional: potencializando reflexões no cotidiano da Saúde Bucal Coletiva. Physis: Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.21, n. 4, oct./dec.

REZENDE, F. (1997). Federalismo fiscal: novo papel para estados e municípios – o município no século XXI – cenários e perspectivas. São Paulo: Cepam, 87-96. v. 1.

VELOSO, J. F. A. et al. (2011). Gestão municipal no Brasil: um retrato das prefeituras. Brasília: IPEA.

YAMAMOTO, O. H. (2003). Questão Social e políticas públicas: revendo o compromisso da Psicologia. In: BOCK, A. M. B. (Org.). Psicologia e o Compromisso Social. São Paulo: Cortez, 37-54.

YAMAMOTO, O. H. (2007). Políticas sociais, “terceiro setor” e “compromisso social”: perspectivas e limites do trabalho do psicólogo. Psicologia e Sociedade, Porto Alegre, v. 19, n. 1.

YAMAMOTO, O. H., & OLIVEIRA, I. F. (2010). Política Social e Psicologia: uma trajetória de 25 anos. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 26, (n.spe.), 9-24.

Referências

Documentos relacionados

Trata-se mais da possibilidade de política discricionária limitada, menos rígida à desvios da meta face à choques adversos ou do comportamento do produto; nesse sentido,

No final de sua fabricação, para melhorar a sua qualidade e trabalhabilidade, tanto na pré-tração como na pós-tração, os aços para Concreto Protendido são submetidos a um

O Sousa, pai de Raimundo Girão, possuía na Serra de Maranguape um Sítio denominado Guarani.. A produção de frutas era inicialmente vendida em Maranguape: "Não tardou que a

A autora contrapõe a tese defendida por Chasin Vasconcellos de que o Integralismo não seria propriamente uma versão do fascismo italiano, utilizando para isso

Os órgãos de proteção de crédito (SPC, SERASA e CCF), conforme já exposto no primeiro capítulo, nasceram com objetivo de aperfeiçoar custos para o empresário

Tendo em conta a ausência de autorizações relevantes de produtos fitofarmacêuticos contendo fosetil, tanto na União como em países terceiros que são exportadores

interruptores, comutadores, relés, corta-circuitos, eliminadores de onda, plugues e tomadas de corrente, suportes para lâmpadas e outros conectores, caixas de junção), para uma

Ao se observar esses dados referentes aos recursos materiais e equipamentos, considerando a UTI como um sistema abrangente e complexo, possuindo infra estrutura própria