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Funcionalismo homuncular e o problema dos qualia

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Academic year: 2021

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Funcionalismo homuncular e o problema dos qualia

André Rosolem Sant’Anna1 Resumo: O funcionalismo em filosofia da mente é a doutrina que considera os estados mentais como funções das relações causais existentes entre os inputs que um organismo recebe do ambiente em que está inserido e outputs que são repostas para estes estímulos. A determinação do papel funcional exercido por estes estados em um organismo são tomados como descrições da natureza do mental. Esta concepção ampla do funcionalismo apresenta dificuldades relativas aos aspectos qualitativos de nossos estados mentais, isto é, àquilo ao que os filósofos denominam por qualia. Em outras palavras, o funcionalismo não seria sensível ao como é (what it is like) sentir uma dor ou ouvir um som. Estas dificuldades aparecem explicitamente em duas experiências de pensamento famosas: os Qualia Invertidos e os Qualia Ausentes. De acordo com estas objeções, definições funcionais dos estados mentais deixariam de lado os qualia destes estados mentais. Neste artigo argumentarei que o funcionalismo concebido em uma forma mais restrita, o que será denominado por funcionalismo homuncular, oferece respostas para as dificuldades impostas pelos qualia à concepção ampla de funcionalismo. Para motivar esta discussão, farei uma crítica do conceito tradicional de qualia, o que nos levará a uma postura eliminativista em relação a estes últimos. Por fim, dentro deste quadro teórico, argumentarei que as duas experiências de pensamento já mencionadas, o argumento dos Qualia Invertidos e o argumento dos Qualia Ausentes, não apresentam dificuldades para o funcionalismo homuncular.

Palavras-chave: Funcionalismo. Eliminativismo. Qualia. Qualia invertidos. Qualia ausentes.

Abstract: Functionalism in philosophy of mind considers mental states to be characterized by the functions ascribed to the causal relationships between inputs an organism receives from the environment it is inserted and outputs that are a response to these stimuli. The nature of the mental is taken to be defined by means of the determination of the functional role these states play in an organism. There are some difficulties regarding this broad conception of functionalism which are closely related to what philosophers call qualia, that is, the qualitative aspects of our mental states. In other words, functionalism would not be sensible to what it is like to feel a pain or to hear a sound. These difficulties are made explicit by two famous thought experiments: the Inverted Qualia and the Absent Qualia. According to these objections, functional definitions of mental states would leave aside their qualia. In this article I will argue that functionalism conceived in a restricted sense, what will be called homuncular functionalism, can deal with the difficulties imposed by qualia to functionalism broadly conceived. To motivate this discussion, I shall provide a critique of the traditional concept of qualia, which will lead us to an eliminativist approach to these properties. Finally, I will argue that the two thought experiment mentioned above, the Inverted Qualia and the Absent Qualia, do not pose difficulties to homuncular functionalism conceived as such.

Keywords: Functionalism. Eliminativism. Qualia. Inverted qualia. Absent qualia.

* * * Introdução

1 Graduando em Filosofia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Orientadora: Profa. Dra. Patrícia Coradim Sita. Email: rosolemandre@gmail.com

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Os aspectos qualitativos dos nossos estados mentais, denominados por qualia, constituem um grande empecilho para uma abordagem materialista da mente. A abordagem do funcionalismo, a qual defenderei aqui, embora não materialista per se, não escapa a estas objeções, sendo, portanto, necessário abordá-las. Neste artigo argumentarei que é preciso que consideremos uma versão restrita de funcionalismo (funcionalismo homuncular) para abordarmos os qualia adequadamente. Assim, dentro do contexto desta proposta, tentarei demonstrar que o conceito tradicional de qualia deve ser eliminado em favor de uma melhor compreensão dos aspectos qualitativos de nossos estados mentais fornecida pelo funcionalismo homuncular.

1. Funcionalismo amplamente concebido

O funcionalismo em filosofia da mente é a doutrina que considera os estados mentais como funções das relações causais existentes entre os inputs que um organismo recebe do ambiente em que está inserido e outputs que são repostas para estes estímulos. A determinação do papel funcional exercido por estes estados em um organismo são tomados como descrições da natureza do mental, assunção teórica que traz como consequência a asserção que torna o funcionalismo forte em relação às doutrinas que o precedem: isto é, estados mentais são neutros em relação ao seu substrato, ou seja, eles não são definidos de acordo com o substrato físico em que são realizados, mas antes, eles são definidos de acordo com o papel funcional que exercem na economia de um organismo. A despeito de seu sucesso relativo em responder às objeções feitas ao behaviorismo e à teoria da identidade, especialmente por causa da sua neutralidade de substrato e por causa do holismo em relação ao papel causal de um estado mental, o funcionalismo é considerado por alguns filósofos como uma teoria que apresenta sérios problemas para explicar as características da mente de forma efetiva2.

Existem duas grandes objeções feitas ao funcionalismo, objeções que são tomadas por seus oponentes como indicadoras de suas fraquezas como teoria para se explicar a mente em sua completude. A primeira objeção feita diz respeito à aparente impossibilidade de estados mentais definidos de acordo com o seu papel funcional explicarem o fenômeno da intencionalidade, isto é, a capacidade que a mente dos seres

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humanos e de alguns animais possuem de direcionar seus estados mentais para o mundo3. Como aponta John Searle (1980), a reprodução sintática da relação lógica dos neurônios no cérebro não é uma condição suficiente para se afirmar, por exemplo, que um computador executando um programa que responde a sentenças bem formuladas em chinês como inputs realmente entenda chinês, embora o computador emita sentenças igualmente bem formuladas na mesma língua4. Isto parece indicar, argumenta Searle, que o funcionalismo não é capaz de explicar como o processo de compreensão acontece no cérebro, e, portanto, o funcionalismo não seria uma boa teoria para se explicar todos os processos mentais.

A segunda objeção que os defensores do funcionalismo devem enfrentar está relacionada aos aspectos qualitativos dos estados mentais. O funcionalismo, diz o objetor, não pode explicar efetivamente como o cérebro é capaz de produzir estados mentais com aspectos qualitativos, isto é, o funcionalismo não é sensível ao aspecto fenomenal dos estados mentais. Em outras palavras, a caracterização funcional dos estados mentais parece não ser capaz de explicar como é (what it is like) ouvir um som, sentir o sabor de uma comida ou ver uma cor5. O aspecto subjetivo das nossas experiências conscientes é denominado pelos filósofos como qualia, que são, por sua vez, propriedades intrínsecas da mente, essencialmente homogêneas e inefáveis6. A grande dificuldade apontada contra o funcionalismo como uma abordagem que possa explicar os qualia pode ser descrita em duas experiências de pensamento famosas: os

Qualia Invertidos e os Qualia Ausentes7.

3 Cf. Searle (1984, 1992 e 2004).

4 Em Minds, Brains and Programs (1980), Searle apresenta uma experiência de pensamento conhecida por Quarto Chinês, no qual um homem é situado dentro de um quarto com um livro de regras que irão guiar a sua operação de inputs (sentenças em chinês) de tal modo que ele poderá formular sentenças coerentes em chinês como outputs somente operando com as regras contidas no livro e com os símbolos em chinês. O objetivo do argumento de Searle é demonstrar que um observador externo afirmaria que o quarto entende chinês ainda que seus processos internos, isto é, o homem operando com símbolos e regras mecânicas, não entenda chinês.

5 Esta expressão é defendida notoriamente por Thomas Nagel em seu artigo What Is It Like to Be a Bat? (1974). De forma resumida, Nagel argumenta que uma ciência objetiva não pode, em princípio, explicar experiências subjetivas tais como as experiências conscientes. Assim, ainda que tenhamos uma neurociência amplamente desenvolvida, uma explicação da consciência nestes termos ainda deixará algo de fora, isto é, o aspecto qualitativo das experiências conscientes, o que é sentir (what it is like) algo. Jackson (1982 e 1986) defende um posicionamento similar no que diz respeito à possibilidade de uma neurociência desenvolvida explicar os aspectos qualitativos dos estados mentais. Estas objeções não serão tratadas diretamente neste artigo, mas ver Churchland (1985 e 1989) e Dennett (1991) para respostas a estes argumentos.

6 Ver Dennett (1988).

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A primeira experiência de pensamento nos pede para imaginarmos uma situação na qual duas pessoas são colocadas frente a uma maçã vermelha e são perguntadas sobre a cor da maçã que estão vendo. Ambas as pessoas, em condições normais, irão responder algo como a seguinte sentença: “Eu vejo uma maçã vermelha”. Ainda que ambas as pessoas se refiram à maçã como um objeto vermelho, nada nos garante que o termo intersubjetivo que elas usam para se referir ao quale de sua experiência se refere ao mesmo quale que elas estão experimentando subjetivamente. A primeira pessoa, isto é, a pessoa A, pode ter seu espectro de cores invertido de tal modo que o que ela experimenta e se refere como vermelho pode ser o que a pessoa B experimenta e se refere como verde. Nenhum relato verbal poderia explicitar a diferença nos qualia de A e B uma vez que seus espectros estão invertidos de tal modo que eles podem se referir ao mesmo objeto com um mesmo termo referente ainda que a experiência subjetiva de ambos seja essencialmente distinta. Nesse sentido, tendo em vista estas considerações, parece ser possível concluir que o funcionalismo não é sensível aos aspectos qualitativos dos estados mentais, e, por conseguinte, não pode ser uma boa teoria da mente.

A experiência dos Qualia Ausentes, por sua vez, baseia-se em pressuposições similares às quais a experiência de pensamento do Quarto Chinês está fundamentada. Ned Block (1980) argumenta que nós podemos reproduzir todas as relações funcionais da mente humana em um sistema organizado e ainda assim não teríamos um sistema consciente. Assim, diz Block, nós podemos imaginar uma situação em que a população da China esteja organizada de tal modo que cada pessoa da população seja responsável pela operação de certas relações causais dentro do sistema. Este sistema seria, portanto, uma cópia da organização funcional do cérebro humano. Neste contexto, o sistema poderia se comportar de forma semelhante a um ser humano, mas ainda assim ele não seria consciente no sentido fenomenal. Block conclui, portanto, que a consciência em seu sentido fenomenal não pode ser originada pela simples reprodução das relações funcionais do cérebro humano. Nesse sentido, embora uma certa organização funcional seja satisfeita, a consciência ou os qualia ainda estariam ausentes.

É importante notar que o argumento dos Qualia Ausentes de Block está fundamentado em algumas assunções teóricas feitas em seu artigo On a confusion about

the function of consciousness (1980). Block aduz a uma distinção entre dois sentidos

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No primeiro sentido, um fenômeno pode ser considerado um estado consciente na medida em que a informação trazida por este estado é usada pelo organismo para guiar seu comportamento em um determinado ambiente. Block chama este tipo de consciência de consciência de acesso8 (access consciousness). O segundo caso no qual

podemos falar de um fenômeno mental como estado consciente é o que Block denomina de consciência fenomenal (phenomenal consciousness), que está relacionada aos aspectos fenomenais dos estados conscientes tais como descritos acima.

Tendo em mente as distinções feitas por Block, podemos entender então como sua objeção ao funcionalismo é articulada: definições funcionais dos estados mentais podem, na melhor das hipóteses, explicar os aspectos relativos à consciência de acesso. O funcionalismo amplamente concebido, no entanto, não é uma boa teoria para explicar a consciência fenomenal. Nesse sentido, os argumentos dos Qualia Invertidos e dos

Qualia Ausentes oferecem sérios problemas para o funcionalismo, e, para que possamos

defender uma postura funcionalista em filosofia da mente, nós devemos endereçar estas objeções de modo adequado.

2. Funcionalismo homuncular

Colocado frente às objeções feitas acima, o funcionalismo parece à primeira vista não ser uma boa teoria para abordar a consciência cientificamente. Estas intuições contrárias ao funcionalismo, como vimos, fundamentam-se principalmente nas objeções concernentes à intencionalidade e aos qualia. Assim, embora tenhamos mencionado o problema relacionado à intencionalidade na primeira seção, este mesmo problema não

8 Como aponta Van Gulick (online): “Estados podem ser conscientes em um sentido de acesso bem diferente, sentido que tem mais a ver com as relações entre estados mentais [intra-mental relations]. Em relação a isso, ser um estado consciente é uma questão de estar disponível para interagir com outros estados e do acesso que o sujeito tem ao conteúdo deste estado mental. Neste sentido mais funcional, o qual corresponde ao que Ned Block (1995) chama de consciência de acesso [access consciousness], um estado visual enquanto um estado consciente não diz muito respeito ao fato de este estado ter um sentimento qualitativo de “como é ser algo” [what it's likeness], mas sim ao fato de este estado carregar ou não informações visuais que geralmente estão disponíveis para o uso do organismo.” (VAN GULICK, online, tradução nossa). Chalmers (1996) sustenta uma concepção semelhante embora ele fale de “consciência psicológica” no lugar de “consciência de acesso”: “É natural supor que talvez haja uma propriedade psicológica associada com a própria experiência, ou, com a consciência fenomenal. Na verdade, eu acredito que há tal propriedade, nós a chamamos de “consciência” [awareness]. Esta é a marca mais geral da consciência psicológica. Consciência [awareness] pode ser amplamente analisada como um estado no qual nós temos acesso a alguma informação e podemos usar esta informação para controlar nosso comportamento.” (CHALMERS, 1996, p. 28, tradução nossa)

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será abordado nesta exposição apesar de sua importância no tema aqui tratado. Isto se dá porque o escopo deste texto está restrito a uma análise de uma concepção mais restrita do funcionalismo e a relação desta concepção com os aspectos qualitativos dos estados mentais, isto é, os seus qualia9.

Tendo em vista o contexto até aqui apresentado, é possível notar que o funcionalismo tal como descrito na primeira seção é uma concepção geral e ampla de um conjunto de assunções teóricas feitas sobre a mente humana. Podemos dizer que o que nos referimos por funcionalismo até agora pode ser considerado de certo modo como uma definição geral desta posição10. Como vimos, as objeções referentes aos

qualia parecem apontar para graves problemas a esta definição. Estas dificuldades, no

entanto, não são efetivas uma vez que consideramos o funcionalismo em uma definição mais restrita, isto é, o funcionalismo utilizando o conceito de teleologia. A este funcionalismo teleológico pode-se denominar de funcionalismo homuncular.

Para entender o funcionalismo homuncular de modo mais preciso, considere o emprego de análises funcionais defendido por Robert Cummins (1975). Cummins argumenta que para explicar como um objeto ou órgão biológico realiza uma função Y, nós precisamos nos engajar em uma análise funcional destes sistemas. A análise funcional de um sistema visada por Cummins é conhecida na Inteligência Artificial como “abordagem de cima para baixo” (top-down approaches) ou abordagens de decomposição. Nestes casos, nós designamos uma função Y a um sistema complexo S e então decompomos a tarefa complexa de realizar Y no trabalho realizado pelos diversos sub-sistemas de S. A tarefa realizada por S é, nesse sentido, analisada a partir do trabalho das partes (s1, s2, s3, …, sn), o que faz com que a tarefa ou função complexa de realizar Y seja explicada pela operação de partes menores, partes que, por sua vez, realizam tarefas menos complexas do que S:

A produção [Cummins se refere aqui às linhas de montagem] aqui é quebrada em tarefas distintas. Cada ponto na linha é responsável por uma determinada tarefa e é a função dos trabalhos ou das máquinas que a tarefa seja realizada naquele ponto. Se a linha tem a capacidade de produzir o produto, ela tem essa capacidade em virtude do fato de que os trabalhadores ou as máquinas realizam as tarefas às quais eles

9 Dennett (1987) apresenta uma explicação de caráter conciliador entre funcionalismo e intencionalidade. Ver especialmente Dennett (1987, capítulo 8). Ver também Dennett (1995, capítulos 13 e 14; 1980) e Sant’anna (2012), para uma crítica do argumento de Searle apresentado aqui.

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foram designados, e em virtude do fato de que quando estas tarefas são realizadas organizadamente de um determinado modo – de acordo com um certo programa – o produto final aparece como resultado. Aqui nós podemos explicar a capacidade da linha de produzir o produto – i.e, explicar como a linha produz tal produto – apelando para certas capacidades dos trabalhadores ou das máquinas e à organização destas capacidades em uma linha de produção.11

(CUMMINS, 1975, p. 760, tradução nossa)

O funcionalismo homuncular tal como o trataremos aqui se utiliza do tipo de análise funcional proposta por Cummins. Nesta abordagem, estados mentais são considerados como entidades extremamente complexas que apresentam dificuldades para serem definidas por uma única definição funcional. Assim, tendo em mãos a análise funcional de Cummins, podemos dividir a complexidade funcional de um estado mental em muitos sub-sistemas que executam funções específicas e que são mais simples do que a função atribuída a este estado mental considerado como um bloco homogêneo.

Para compreendermos este ponto com mais clareza, considere o que William Lycan (1995) chama de “instituições” no cérebro que representariam estas divisões funcionais do fenômeno da dor. De acordo com Lycan, haveriam determinadas instituições no cérebro às quais seriam atribuídas funções, isto é, elas teriam determinado télos. Cada instituição representaria uma divisão no nível sub-pessoal, de tal modo que, por exemplo, as disposições comportamentais associadas com a dor poderiam ser analisadas por uma instituição X no cérebro. Dentro desta instituição poderíamos fazer uma análise mais detalhada das disposições comportamentais aduzindo a novas instituições, tal como X1 responsável pelo comportamento verbal, X2 responsável pelo movimento corporal, e assim sucessivamente até atingirmos um nível no qual a nossa análise seja constituída apenas pela observação de operações estritamente sintáticas.

Estas instituições são denominadas por Lycan como homúnculos, o que nos leva à denominação proposta no início desta seção, a saber, o funcionalismo homuncular.

11 “Production [Cummins is referring here to assembly-line production] is broken down into a number of distinct tasks. Each point on the line is responsible for a certain task, and it is the function of the workers/machines at that point to complete that task. If the line has the capacity to produce the product, it has it in virtue of the fact that the workers/machines have the capacities to perform their designated tasks, and in virtue of the fact that when these tasks are performed in a certain organized way – according to a certain program – the finished product results. Here we can explain the line's capacity to produce the product – i.e., explain how it is able to produce the product – by appeal to certain capacities of the workers/machines and their organization into an assembly line.” (CUMMINS, 1975, p. 760)

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Este posicionamento denomina-se funcionalismo na medida em que a análise dos estados mentais se dá através de atribuições teleológicas12, isto é, atribuições de função aos homúnculos; e homuncular no sentido em que fenômenos altamente complexos como a dor podem ser analisados em um nível estritamente mecânico e sintático, isto é, no nível dos homúnculos que não possuem nenhuma inteligência além da requerida para a operação de 0’s e 1’s13.

2.1 Eliminativismo e funcionalismo homuncular

Daniel Dennett, em Quining Qualia (1988), argumenta que o conceito tradicional de qualia referidos como propriedades intrínsecas, homogêneas e inefáveis não são compatíveis com os dados advindos da neurociência. Em face disto, Dennett sugere a eliminação da bagagem teórica trazida pelo termo qualia como caracterizador dos aspectos qualitativos de nossas experiências conscientes. Um dos motivos apresentados por Dennett para sustentar sua tese de eliminação diz respeito à falibilidade do conceito tradicional de qualia em explicar todos os aspectos envolvidos no fenômeno ao qual denominamos por dor14. Isto fica claro no caso de Chase e Sanborn, uma experiência de pensamento proposta por Dennett15. Como demonstra Dennett, nós não podemos prover uma explicação do porquê duas pessoas, Chase e Sanborn, cujos trabalhos são tomar café e avaliar o seu gosto, se sentem diferentes em relação ao gosto do mesmo café que estão tomando apenas pela avaliação de seus relatos introspectivos. A introspecção, portanto, não nos fornece os fundamentos para

12 Estas divisões na escala teleológica são o que William Lycan (1995) denomina de “Níveis da Natureza” (Levels of Nature). Ver Lycan (1995, capítulo 4). Os Níveis da Natureza são os níveis encontrados na escala teleológica das entidades físicas. Esta escala parte das entidades “mais físicas” e “menos teleológicas” como as partículas elementares da física para as entidades mais abstratas (e, neste sentido, mais funcionais) e “menos físicas” como os estados mentais.

13 Esta é uma afirmação importante para uma teoria da consciência uma vez que ela permite que a inteligência requerida no nível pessoal seja “paga” na escala teleológica até atingir um ponto no qual as operações são mecânicas e minimamente inteligentes.

14 Dennett (1978) faz uma análise minuciosa da análise funcional do caso da dor.

15 Esta experiência de pensamento é uma das “intuition pumps” apresentadas por Dennett (1988). Chase e Sanborn trabalham para uma casa de café e eles foram contratados para assegurar que o gosto do café mantenha-se constante, de modo que os donos poderiam estar seguros de que seu café mantinha a qualidade. Tanto Chase quanto Sanborn, no entanto, não estão mais gostando de seu trabalho como gostavam anteriormente, mas eles estão se sentindo deste modo por motivos diferentes. Por um lado, Chase acredita que seu descontentamento ocorre em função de alguma mudança em seu julgamento, uma vez que o gosto do café permanece o mesmo para ele. Por outro lado, Sanborn revela que seu aparelho cognitivo deve ter mudado já que o café para ele não tem o mesmo gosto de antes. Olhando para este caso, torna-se claro que nós não podemos dizer qual dos dois está certo apenas olhando para seus relatos introspectivos, uma vez que cada um relata histórias diferentes.

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determinarmos qual dos dois está correto uma vez que ambos estão relatando histórias introspectivas diferentes sobre a mesma situação. Tendo isso em vista, onde deveríamos então buscar a resposta para esta questão?

Para responder a esta questão, isto é, como podemos explicar um estado qualitativo como o quale do café ou uma dor em toda a sua complexidade, podemos recorrer a uma importante distinção que pode ser utilizada quando pretendemos estudar a consciência cientificamente. Dennett, em Content and Consciousness (1969) apresenta duas perspectivas pelas quais nós podemos abordar os fenômenos mentais: a perspectiva do agente ou do indivíduo, ou seja, a análise no nível pessoal (personal level), e a perspectiva dos níveis situados abaixo do nível do indivíduo, isto é, o nível sub-pessoal16 (sub-personal level)17.

A concepção tradicional dos qualia enquanto propriedades homogêneas, inefáveis e “brutas” é uma concepção característica da análise no nível pessoal. Assim, a dor enquanto um fenômeno singular e que aparentemente não pode ser explicado por divisões teóricas mais específicas resulta da análise no nível pessoal, análise esta que se dá especialmente pela introspecção, o que indica sua inefabilidade e seu caráter essencialmente subjetivo. Vimos, no entanto, que uma análise que se baseia na introspecção não oferece os fundamentos necessários para que possamos estudar o fenômeno da dor em toda a sua complexidade.

Tendo em vista estas dificuldades, podemos recorrer a uma análise no nível sub-pessoal dos nossos estados mentais. Uma explicação no nível sub-sub-pessoal não adota a perspectiva do agente para analisar estados mentais como dores e cócegas, mas antes, esta explicação propõe uma divisão das experiências aparentemente “brutas” percebidas no nível pessoal, associando assim determinadas peculiaridades referentes ao fenômeno da dor a funções mais específicas do processamento no cérebro – isto é, uma associação aos níveis sub-pessoais –, de modo que uma atribuição funcional seja feita a cada divisão, o que torna o grau de inteligência requerido para o funcionamento de cada parte menor18. Em outras palavras, quanto mais divisões efetuarmos das propriedades

16 Esta distinção pode ser especialmente encontrada em Dennett (1969 e 1978). Elton (2003) apresenta uma análise esclarecedora desta distinção.

17 É importante notar que as assunções teóricas de Dennett (1969) refletem o tipo de análise funcional proposta por Cummins (1975).

18 Nesse sentido, a complexidade exigida de um sistema para se explicar o fenômeno da dor no nível pessoal seria dividida em partes específicas, e, portanto, menos complexas, que explicariam determinadas peculiaridades da dor. Em outras palavras, podemos distribuir a complexidade do fenômeno para vários

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inicialmente brutas, atribuindo funções específicas para cada camada da divisão, menor será a inteligência requerida para a realização desta função, de modo que a subsequente divisão em camadas funcionalmente específicas fará com que atinjamos um ponto no qual as interações funcionais possam ser descritas em termos da troca de 0’s e 1’s. A soma destas divisões funcionais fornecerá diversos níveis de análise para o fenômeno da dor, o que aumenta significativamente nossa capacidade explicativa sobre este fenômeno.

É evidente que a proposta de Dennett endossa a abordagem do funcionalismo homuncular. Dennett, no entanto, assume que este tipo de abordagem nos leva a uma posição teórica conhecida por eliminativismo em relação aos qualia19. O eliminativismo assume que a concepção tradicional de qualia como propriedades intrínsecas e brutas não reflete de modo preciso o funcionamento do nosso cérebro, e, portanto, não é uma concepção adequada para descrever os aspectos fenomenais de nossos estados mentais.

O funcionalismo homuncular nos moldes apresentados aqui assume de fato uma postura eliminativista, já que a concepção de qualia enquanto propriedades brutas e não divisíveis é questionada. Assim, o funcionalismo homuncular tal como descrito aqui advoga em favor da eliminação do conceito tradicional de qualia visando uma melhor compreensão dos aspectos fenomenais de nossos estados mentais.

3. Qualia invertidos e qualia ausentes revisitados

Como é possível notar a partir do desenvolvimento apresentado até aqui, o funcionalismo homuncular pressupõe uma abordagem na qual estados mentais com aspectos qualitativos como a dor e as cócegas são divididos dentro de uma escala teleológica, de modo que a explicação do aspecto qualitativo dos estados mentais tem que ser dada em termos estritamente mecânicos e sintáticos. Esta concepção, todavia, parece estar suscetível à acomodação na distinção de Block apresentada na primeira seção, de modo que as operações mecânicas e sintáticas dos homúnculos poderiam explicar, na melhor das hipóteses, apenas os fenômenos relativos à consciência de acesso. Nesse sentido, o funcionalismo homuncular não escaparia das críticas

locais no cérebro, de modo que cada local seja responsável por realizar determinada função, o que exigiria um menor grau de inteligência relativo ao funcionamento destas partes caso fossemos explicar a dor como um fenômeno “bruto” e homogêneo.

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sustentadas contra o funcionalismo concebido de modo amplo, o que, a princípio, imporia sérias dificuldades a esta primeira abordagem.

Estas dificuldades, no entanto, não parecem ser dificuldades reais quando realizamos uma análise mais detalhada da relação entre consciência fenomenal e consciência de acesso. Como apontam Daniel Dennett e Michael Cohen em

Consciousness cannot be separated from function (2011), o aspecto qualitativo de

nossas experiências conscientes não é algo distinto (over and above) das capacidades cognitivas do cérebro humano, o que demonstraria, em princípio, que não existe um “abismo” entre consciência fenomenal e consciência de acesso tal como pressupõe Block. Em outras palavras, a primeira não poderia ser separada da última.

Para demonstrar seu argumento, Dennett e Cohen introduzem uma experiência de pensamento a qual eles denominam por “a experiência de pensamento perfeita” (the

perfect thought experiment) (DENNETT and COHEN, 2011, p. 361). Neste

experimento, Dennett e Cohen nos pedem para imaginar uma situação que, embora ideal, é em princípio possível, na qual temos um mapeamento minucioso das funções cognitivas do cérebro. Poderíamos identificar, neste caso, as áreas do sistema visual responsáveis por identificar cores e então isolarmos esta área de todas as outras áreas cognitivas. É importante notar que apesar de a área responsável pelo processamento de informação referente às cores tenha sido isolada de todas as outras funções cognitivas, ela ainda continua funcionando normalmente, o que, no caso de Block, significaria dizer que ainda haveria consciência fenomenal. Assim, se colocarmos o indivíduo no qual a experiência é realizada frente a uma maçã vermelha, ele seria capaz de reconhecer o objeto, sua forma, sua textura, sua luminosidade, etc., no entanto, se nós perguntarmos em seguida qual é a cor deste objeto, o sujeito da experiência responderia algo nos seguintes moldes: “Eu vejo uma maçã, mas não posso dizer de que cor ela é”:

Quando colocado frente a uma maçã vermelha, o que dirão nossos participantes hipotéticos? Eles certamente não dirão que veem alguma cor porque as áreas responsáveis pelo processamento das cores foram isoladas das áreas superiores [higher-level áreas], incluindo a área responsável pela produção de linguagem. Eles serão capazes de identificar o objeto como uma maçã, já que as áreas visuais responsáveis pelos outros aspectos da cognição da visão [visual cognition] estão intactas e conectadas às regiões superiores. Assim, eles estarão simplesmente cegos de cores. Nós podemos imaginar eles dizendo, “Eu sei que vocês dizem que as áreas responsáveis pelo processamento das cores estão ativadas em um modo singular e eu sei

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que vocês acreditam que isso significa que eu estou experimentando conscientemente alguma cor, mas eu estou olhando para a maçã, eu estou focado nela, entretanto, eu simplesmente não estou tendo nenhuma experiência de cores.”20 (DENNETT; COHEN, 2011, p. 361,

tradução nossa)  

Como Dennett e Cohen (2011, p. 362) notam, a organização funcional do cérebro exclui qualquer possibilidade do sujeito ter a experiência da cor, visto que ele não pode reportar este fato. Nesse sentido, quais são os fundamentos para afirmarmos que o sujeito está consciente da cor da maçã como afirmaríamos caso nos baseássemos na distinção de Block?21. Isto é, por que devemos dizer que o sujeito está consciente da cor em algum sentido se ele claramente relata que não consegue identificar a cor do objeto?

Tendo sido nossa análise baseada na argumentação da experiência de pensamento perfeita, podemos agora compreender de modo mais preciso por que o funcionalismo homuncular consegue evitar objeções como os Qualia Invertidos e os

Qualia Ausentes. O experimento de pensamento proposto por Dennett e Cohen sugere

que não há consciência fenomenal separada ou distinta da consciência de acesso uma vez que podemos isolar a operação dos homúnculos relacionados ao processamento da informação relativo às cores dos outros processos cognitivos. Em outras palavras, não pode haver nenhuma diferença em nossa experiência consciente sem diferenças funcionais.

Tendo isso em mente, torna-se claro por que os Qualia Invertidos e os Qualia

Ausentes não apresentam impasses para o funcionalismo homuncular. Primeiramente,

no caso dos Qualia Invertidos, simplesmente não podemos afirmar que uma inversão intrapessoal dos qualia realmente ocorreu se não olharmos para as caracterizações funcionais do cérebro. Como Dennett (1988) demonstra, no caso da inversão dos qualia,

20 “When shown a colored apple what will our hypothetical participants say? They will surely not say that they see any colors because the areas responsible for processing color have been isolated from higher-level areas, including language production. They will be able to identify the object as an apple because visual areas responsible for all other aspects of visual cognition are intact and connected to these higher-level regions. Thus, they are simply colorblind. We can imagine them saying, ‘I know you say my color areas are activated in a unique way, and I know you believe this means I am consciously experiencing color but I’m looking at the apple, I’m focused on it, and I’m just not having any experience of color whatsoever’.” (DENNETT and COHEN, 2011, p. 361)

21 “O indivíduo manifesta todos os critérios funcionais para não estar consciente de cores, então, o que sustentaria a asserção de que este indivíduo, apesar destas considerações, tenha um tipo especial de consciência: consciência fenomenal sem consciência de acesso?” (DENNET; COHEN, 2011, p. 362, tradução nossa)

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não podemos dizer somente pela introspecção se o processamento de informação foi alterado no nosso sistema visual ou se foram as vias que ligam nossos relatos verbais a nossa memória que foram desconfiguradas. Nesse sentido, teríamos que inevitavelmente olhar para o cérebro para afirmarmos se os nossos qualia realmente mudaram ou se foram as vias que ligam os relatos verbais à memória que sofreram alguma forma de desconfiguração.

A objeção dos Qualia Ausentes, por outro lado, também não oferece dificuldades ao funcionalismo homuncular. Como vimos, a experiência de pensamento perfeita sugere que não há consciência fenomenal distinta (over and above) da consciência de acesso, de modo que, se pudéssemos reproduzir todas as caracterizações funcionais do cérebro com a população da China em uma estrutura bem organizada, não haveria motivos para negarmos, no que diz respeito à constituição funcional deste sistema, a presença de consciência no sentido fenomenal22. Além disso, como Lycan (1995) demonstra, as intuições de Block em sua versão do argumento dos Qualia Ausentes parecem se sustentar em uma espécie de “chauvinismo de dimensões” 23. Considere o caso em que, em uma certa noite, nós caíssemos no sono como usualmente e então alguns cientistas malignos se aproximassem de nós e lançassem algum tipo de líquido que reduz nosso tamanho, movendo-nos então para o interior do cérebro de alguma pessoa. Quando nós acordássemos, estaríamos frente a bilhões de neurônios interagindo entre si, de modo que um dos cientistas malignos se aproxima de nós e diz que estamos dentro do cérebro de uma pessoa e que esta pessoa está experimentando o quale de vermelho naquele exato momento. Isto pareceria tão contraintuitivo quanto a versão de Block dos Qualia Ausentes, uma vez que pareceria óbvio que todas as interações elétricas ocorrendo entre os neurônios não poderiam dar origem a algo como o quale de vermelho. Ainda, como nota Lycan (1995) novamente, o que estaríamos dispostos a dizer se os cientistas malignos destruíssem os neurônios antigos e os substituíssem por

22 Aqui, é importante enfatizar que a argumentação apresentada até aqui não nos permite dizer se tal sistema será de fato consciente em um sentido fenomenal, já que, por exemplo, outros fatores deveriam ser considerados, como a velocidade de processamento da informação (ver nota 21). O ponto, por outro lado, é tentar explicitar que não há dificuldades no que se refere a uma compreensão funcionalista dos qualia.

23 Dennett (1987) apresenta um questionamento similar no que diz respeito ao tempo de processamento de informação, isto é, estaríamos dispostos a atribuir consciência a seres que tenham a mesma ou maior estrutura cognitiva comparada com a nossa, mas que processassem a informação que nós processamos em uma escala de tempo muito maior?

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neurônios idênticos organizados de forma funcional idêntica? Estaríamos dispostos a dizer que a consciência tenha-se dissipado neste sistema?

A presente argumentação parece sustentar a tese de que a consciência em seu sentido fenomenológico não pode ser distinta da organização funcional do cérebro. Esta separação parece ser algum tipo de confusão filosófica, principalmente no que diz respeito à concepção eliminativista dos qualia. Assim, o funcionalismo como apresentado até aqui, isto é, o funcionalismo homuncular, parece apresentar caminhos muito esclarecedores para o estudo científico da consciência24.

Por fim, em face das considerações feitas até aqui, alguns esclarecimentos sobre a proposta aqui defendida são necessários. A proposta do funcionalismo homuncular que explicitei aqui não nega necessariamente a realidade dos aspectos fenomenais de nossas experiências conscientes. Em outras palavras, o eliminativismo em relação aos qualia é um eliminativismo ontológico no sentido em que ele sugere apenas uma nova ontologia para compreendermos nossa “vida fenomênica”. Assim, pelas considerações feitas até aqui, é uma questão em aberto como o cérebro pode produzir estados mentais com aspectos fenomenais. Na verdade, acredito ser essa uma das questões fundamentais que uma teoria da consciência deve responder. Para concluir, portanto, gostaria de enfatizar que a proposta de conciliação aqui defendida é apenas uma conciliação no que diz respeito à ontologia das nossas experiências conscientes com a ontologia de uma teoria funcionalista da mente.

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Agradecimentos

Agradeço a minha orientadora, Profa. Patrícia Coradim Sita, e ao Prof. Max Rogério Vicentini pelas discussões que foram de muito proveito para a elaboração deste artigo. Gostaria de agradecer também ao parecerista da Revista Filogênese que fez comentários muito esclarecedores na versão final do texto.

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