Proc n° 0519/07 PLL n° 009/07
SUBSTITUTIVO N° 02
“D ispõe
sobre
a
com ercialização de partes e
acessórios autom otivos oriundos
de
veículos
sinistrados
ou
qualquer
outro
veículo
autom otivo adquirido com o fim
de desm anche, condiciona a
concessão e/ou a renovação do
alvará de funcionam ento para
esta atividade, revoga a L ei 8.753
de 29 de A gosto de 2001, e dá
outras providências .”
Art. 1°- Fica proibida a comercialização de autopeças usadas e/ou recondicionadas de veículos, sinistrados, adquiridos em leilões ou mediante compra direta, que sejam desmontados e suas peças vendidas separadas e individualmente em lojas de autopeças e similares.
§ 1° - A comercialização de autopeças usadas e/ou recondicionadas somente será permitida quando estas permanecerem montadas/acopladas nos veículos de origem.
§ 2° - As peças que serão comercializadas deverão ser desmontadas ou retiradas do veículo no ato da venda.
§ 3° - As peças que necessitam de restauro e recondicionamento deverão, após a recuperação, ser recolocadas no veículo, ou, quando impossível a recolocação, ser catalogada, indicando o veículo da qual foram retiradas e registrada no Sistema Estadual de Controle de Desmanches de Revenda de Peças Usadas ( criado conforme Decreto 45.291 de 23 de novembro de 2007).
§ 4° - O estabelecimento comercial deverá manter arquivada, para fins de fiscalização, a nota fiscal do restauro ou recondicionamento das peças de cada veículo, na qual deverá constar a identificação do número do chassi do veículo do qual a peça fora retirada.
§ 5° - Somente poderão ser destinados a comercialização de peças, os veículos automotores sinistrados ou qualquer outro veículo adquirido com o fim de desmanche, com a baixa do registro junto ao DETRAN.
Art. 2°- A comercialização de autopeças usadas e/ou recondicionadas deverá ser efetuada somente por estabelecimento comercial que disponha de Alvará de Instalação e Funcionamento para revenda de peças usadas.
§ 1° - A concessão ou renovação do Alvará de Instalação e Funcionamento referida neste artigo fica condicionada a :
I – Apresentação do credenciamento junto ao órgão estadual de trânsito. II – Apresentação de um fichário, que poderá ser eletrônico de cada veículo, com fotos tiradas no local e na data da compra, identificação de procedência e recibos e/ou notas fiscais respectivas.
III – A autorização do órgão municipal competente quanto ao potencial lesivo ao meio ambiente.
Art. 3°- A inobservância do disposto nesta Lei, acarretará ao infrator as seguintes penalidades
I – Notificação.
II – Multa de 500 (quinhentas) UFMs (Unidades Financeiras Municipais). III – Em caso de reincidência, multa de 1000(Mil) UFMs (Unidades Financeiras Municipais) e interdição do estabelecimento.
Art. 4°- O Poder Público Municipal desenvolverá medidas educativas, objetivando informar que desmanche o de veículos e a receptação são crimes, salientando que esses dois crimes são responsáveis pelo aumento do número de furtos, mortes e roubos de veículos.
Art. 5° - No período de vacância desta lei, os estabelecimentos comerciais abrangidos deverão adaptar-se aos seus dispositivos.
Parágrafo Único – Será permitida, a partir da vigência desta Lei, a revenda das peças usadas e/ou recondicionadas, constantes nos estoques dos estabelecimentos comerciais, desde que, após inventário com identificação, numeração e registro no órgão estadual competente e receba autorização específica para revenda até o término do estoque e nos termos da Regulamentação.
Art. 6° - Esta Lei poderá ser regulamentada para garantir a sua execução
Art. 7° - Fica revogada a Lei n° 8753/2001 de 29 de Agosto de 2001.
Exposição de Motivos
Senhores Vereadores, Senhoras Vereadoras, apresentamos a presente Emenda, uma vez que desde o ano de 2006 esta Casa vem tratando do tema referente à receptação e venda de peças automotivas e acumulando alguma experiência em relação ao assunto.
Considerando a importância desse tema, resolvemos, neste ano, iniciarmos sua discussão, agora, coletivamente. Esse tema ressurge, pois entendemos que, se as coisas andam mal, se há insegurança, todos nós somos um pouco culpados. Assim, apresentamos essa proposta para que possamos debater o tema e juntos encontrarmos saídas coletivas para sérios problemas sociais.
Tendo como base o Relatório da Comissão Especial, constituída em março deste ano, para averiguar a receptação e venda de peças automotivas em Porto Alegre, provenientes de roubo ou furto de veículos, a Câmara Municipal de Porto Alegre realizou um Painel, no mês de outubro do corrente ano, com o objetivo de contribuir para o aprofundamento do debate sobre o tema, afim de regulamentar a atividade de desmanches de veículos e venda de peças automotivas em nossa cidade.
Sendo a atividade criminosa, uma organização que visa lucro e se vale de todas técnicas gerenciais, podemos concluir que o enfrentamento, seja a partir de policiamento ou de legislação mais restritiva, a qualquer tipo de criminalidade e também a questão dos desmanches, que é a criminalidade do furto e roubo de veículos. As estatísticas certamente vão diminuir, mas vai aumentar a sofisticação dessas organizações.
No entanto, não temos a cultura do enfrentamento da criminalidade organizada, porque a criminalidade organizada não se enfrenta com o modelo jurídico que nós conhecemos, que enfrenta o um fato, através das regras gerais. Para o enfrentamento da criminalidade organizada nós precisamos pensar o fato inserido num contexto de acontecimentos sociais, o que requer um conhecimento mais amplo para o seu enfrentamento. Portanto, o crime organizado, hoje, deixa de ser fato e passa a ser contexto, o que implica em deixar de combater
apenas o criminoso, o fato, e passar a combater o crime. Para que isso ocorra é fundamental iniciativas do Legislativo Municipal e Estadual. O Município e o Estado não têm competência legislativa para legislar sobre o crime, que é competência exclusiva da União, no entanto, pode legislar concorrentemente e, as vezes até, exclusivamente, sobre uma série de matérias que, se não atacam o criminoso, se não atacam o fato, criam gargalos para que o crime não ocorra.
Neste sentido, a Lei Estadual 12.745/07 acertadamente estabelece a possibilidade de que criemos gargalos e dificultemos o comércio de peças.
Cumprindo seu papel legislativo e propondo aplicabilidade desta Lei no âmbito municipal, a iniciativa vem dispor sobre os procedimentos de comercialização de partes e acessórios automotivos oriundos de veículos sinistrados ou qualquer outro veículo automotivo adquirido com o fim de desmanche.
O poder de polícia municipal, se faz presente através do Alvará de Instalação e Funcionamento, pois quaisquer atividades econômicas no Município, só será legal com o devido documento expedido pela Secretaria Municipal de Indústria e Comércio – SMIC.
Outra questão a ser desenvolvida, diz respeito á necessidade de conscientização do cidadão através de campanhas educativas sobre a questão de compra de peças usadas de desmanches ilegais e suas conseqüências.
Sendo assim, esperamos urgência na aprovação da presente matéria e sua aprovação, inserindo mais este dispositivo na competência municipal no combate ao furto e roubo de veículos e outros ilícitos.
Sala das Sessões, 14 de dezembro de 2007.
Elias Vidal Vereador PPS Neuza Canabarro Vereador PDT Adeli Sell Vereador PT Ervino Besson Vereador PT