A IMPORTÂNCIA DO BALANÇO SOCIAL
Elizandro Sulzbach1 Jonas Valentim Cerri2 Leandro Giehl3 Cátia Guagadnin Rossa4 FEMA5
RESUMO
O presente artigo busca evidenciar a forma como surgiu o balanço social, o que compreende este demonstrativo, seus benefícios e sua importância tanto para o ramo corporativo como à sociedade em geral. Objetiva-se apontar o quanto as informações contidas no balanço social evidenciam a responsabilidade social da empresa, auxiliando no processo de melhorias internas e externas na medida em que são identificados os setores não atendidos, ou menos beneficiados na organização. Busca-se assim alertar os gestores sobre a necessidade da prática do balanço social, e os possíveis ganhos imediatos e em longo prazo adquiridos pela empresa.
Palavras-chave: balanço social, empresa, sociedade.
INTRODUÇÃO
Para muitos o balanço social é um mero artifício para a empresa ganhar status perante seus clientes e fornecedores. Porém, esse trabalho vem a apresentar a real utilidade desses relatórios sociais que são de suma importância para o conhecimento de como a empresa explana sua responsabilidade, a qual não é somente para um determinado beneficiário, mas para o público em geral, onde se enquadra os funcionários, consumidores, investidores, sociedade e o governo, os quais se tornam conhecedores do que a empresa tem a oferecer para a sociedade.
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Acadêmico do curso de Ciências Contábeis – 2º ano, III semestre das Faculdades Integradas Machado de Assis – Santa Rosa, RS.
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Acadêmico do curso de Ciências Contábeis – 2º ano, III semestre das Faculdades Integradas Machado de Assis – Santa Rosa, RS.
3Acadêmico do curso de Ciências Contábeis – 2º ano, III semestre das Faculdades Integradas
Machado de Assis – Santa Rosa, RS.
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Mestranda em Desenvolvimento. Orientadora. Professora do Curso de Ciências Contábeis. Faculdades integradas Machado de Assis.
Foi escolhido esse tema objetivando difundir a questão da responsabilidade social, para que esta se torne o foco das empresas, sendo aderida não por obrigação, mas por ato voluntário, não se limitando a uma estratégia de crescimento e marketing interno, mas sim, contribuir para a sociedade em geral. Espera-se, portanto, que esse assunto faça parte da visão e missão das diversas entidades de nosso país, sejam elas nacionais ou multinacionais.
O artigo que segue abordará a importância da elaboração do Balanço Social, tendo em vista ser este um novo instrumento de trabalho nas atividades empresariais. Os dados apresentados foram obtidos por meio de uma pesquisa exploratória de cunho bibliográfico, objetivando evidenciar as principais informações contidas nas obras pesquisadas. Segundo Furasté (2006, p.38) “a pesquisa exploratória é aquela que procura apenas mais informações sobre o assunto que se está estudando, pesquisando”. Assim, para alcançar esse objetivo o presente artigo divide-se em quatro partes: primeiro o inicio do balanço social, depois balanço social na contabilidade, em seguida a importância do balanço social e por fim a conclusão.
1 INICIO DO BALANÇO SOCIAL
O marco inicial das idéias sobre a responsabilidade social ainda é incerto, não se chegou à conclusão exata da data e local de onde começou o que se sabe, é que as primeiras idéias sociais vêm de muitas décadas atrás e aos poucos incorpora um formato mais atuante na vida sócio empresarial.
Devido à falta de liberdade de expressão e as restrições impostas pela ditadura essas idéias demoraram a se desenvolver e se espalhar. Essa repressão estendeu-se até o final da década de 70, vindo então a melhorar a questão político sócio econômico que se firmou nos anos 80 com a redemocratização, ou seja, fim do intervencionismo estatal, como aparece em Diniz e Boschi (1993, p.115),
Os anos 80 foram marcados pelo esgotamento do modelo de desenvolvimento insaturado no pós guerra, cujo desdobramento ao longo de quatro décadas – dos anos 40 aos anos 70 – se deu sob a égide de um estado altamente intervencionista.
No decorrer da redemocratização a participação popular aumentou, criaram-se ONGs, sindicatos, entre outros meios que foram utilizados para enfatizar a importância da parte social para toda uma sociedade. Ocorreram transformações tanto por parte dos empresários quanto o foco das empresas. A importância de indicadores sociais passou a ficar em evidência, alterando a visão de gestores, credores, investidores e também empregados, deixando a empresa com mais qualidade, o que a torna mais forte no quesito publicitário e humano social.
As empresas, então, começaram a unir-se e debater temas sociais a fim de promover melhorias para aumentar à qualidade e consequentemente a quantidade, para assegurar a sua credibilidade. As entidades mostraram-se preocupadas com a situação social no âmbito participativo frente à sociedade, e por ato voluntário passaram a publicar relatórios sociais. Servindo assim de exemplo para outras empresas começarem a adentrar em um novo modelo empresarial.
Segundo Tinoco (2001, p.26), “surgiu assim às primeiras informações sociais, que passaram a ser publicadas juntamente como o balanço patrimonial. Essas informações eram relatórios sociais, que posteriormente evoluíram em forma e conteúdo e hoje formam o Balanço Social”. Assim surge um demonstrativo que torna público toda a consciência social de uma entidade, o que lhe permite uma maior visão de todos a ela, sintonizando o ambiente corporativo ao social e ambiental.
1.1 O QUE É O BALANÇO SOCIAL?
De acordo com Tinoco (2001), “o Balanço Social é instrumento de gestão e informação que tem por objetivo mostrar, da forma mais transparente, informações econômicas e, principalmente sociais, relativas ao desempenho das entidades, para todos os seus usuários, inclusive seus funcionários”.
Essa nova ferramenta de gestão busca divulgar a preocupação que a empresa tem com seus funcionários, fornecedores, comunidade, não só melhorar sua imagem frente à comunidade, mas também, demonstrar confiabilidade aos fornecedores e investidores, bem como não somente visar lucros, mas sim, tornar o contexto sócio empresarial politicamente mais correto.
O Balanço Social é um demonstrativo contábil que apresenta dados de todos os setores da empresa, como: valor das vendas da produção, das compras de bens intermediários, o quadro funcional, e seus salários praticados, bem como qualificação de empregados, dentre outras fontes sociais. Este demonstrativo mostra os procedimentos da empresa, deixando em aberto a relação entre esta, os diretores, os funcionários e a sociedade, podendo assim a organização melhorar, quando há reivindicações internas ou externas.
1.2 OS BENEFICIÁRIOS
O balanço social engloba a sociedade como um todo, ou seja, não favorece unicamente os interesses da empresa ou do sócio, como o balanço patrimonial, mas sim, possui uma gama de beneficiários.
A publicação de um balanço social oferece uma proposta de diálogo com os diferentes públicos envolvidos no negócio da empresa que o adota: público interno, fornecedores, consumidores/clientes, comunidade, meio ambiente, governo e sociedade. A proposta é de que o relatório contenha informações sobre o perfil do empreendimento, histórico da empresa, seus princípios e valores, governança corporativa, diálogo com partes interessadas e indicadores de desempenho econômico, social e ambiental. (ETHOS, 2009).
Dentre os beneficiários, podemos explanar conforme pesquisa (IBASE, 2003) os seguintes: funcionários utilizam-se da parte que engloba as condições de trabalho e incentivos internos, isso faz com que eles sintam-se valorizados, motivando-os a produzir mais e com maior qualidade; fornecedores/investidores, para estes é de suma importância a imagem da empresa para com a sociedade, o que torna os investimentos mais seguros em entidades mais responsáveis; clientes visualizam como a empresa se preocupa com funcionários, políticas, meio ambiente, o que lhes garante a tranquilidade de aquisição de um produto ou serviço, cujo antecedente parte de uma responsabilidade humana, social e ecológica; Comunidade conhece o modo de administrar da empresa, a responsabilidade em cada setor, pessoal,
funcional e comercial; governo obtém informações para a gestão de políticas, como melhoramento e criação de normas, que estabeleçam melhorias aos demais beneficiários.
2 BALANÇO SOCIAL NA CONTABILIDADE
O Balanço social conforme Tinoco (1993) teve sua origem na contabilidade das empresas, sendo que a partir desta, que ocorre a divulgação aos seus diferenciados usuários o seu desempenho econômico e financeiro.
No Brasil, as informações que devem ser evidenciadas com relação ao balanço social e a contabilidade foram estabelecidas pela Lei das Sociedades por Ações, Lei n° 6.404/76, especificamente em seu Artigo n° 176. Caderno de Estudos nº 9 – São Paulo – FIPECAFI, Outubro/1993.
Esta lei segundo Tinoco (1993) visa reportar, de forma mais transparente possível, informações econômicas e sociais, do desempenho das entidades, aos mais diferenciados usuários, dentre estes os trabalhadores, clientes, fornecedores e governo.
Estas informações, que já são correntemente evidenciadas por muitas empresas nos países capitalistas, são esquecidas ou ignoradas na contabilidade brasileira. Devido a tal acontecimento, é de grande importância ser feito o Balanço Social, e este ser publicado conjuntamente com o Balanço Patrimonial e as outras peças contábeis e financeiras das instituições
Para Tinoco (1993) além das informações referentes a Valor Adicionado, nível de emprego e sua qualificação, bem como os salários praticados por faixa de qualificação, no Balanço Social aparece também uma série de informações de caráter qualitativo, como destaca-se: informações relativas à ecologia, onde se evidenciam os esforços que as empresas vêm realizando para não afetar a fauna, a flora e a vida humana; informações concernentes à formação profissional dos trabalhadores; condições de higiene e segurança no trabalho, onde se descreve as condições em que se desenvolve o trabalho, tudo em conformidade com as posturas legais; outras informações indicadoras das condições de vida dos trabalhadores, como alojamento, transporte entre residência e trabalho, relações profissionais e outras condições de vida dependentes das entidades.
Sendo assim, esses muitos benefícios que a contabilidade social trás a comunidade, informando-a do contexto empresarial, ou seja, do que ocorre em uma empresa, tanto administrativamente quanto o modo de produção é de grande importância para o processo de expansão de uma empresa no seu cenário de atuação. Assim, a empresa ganha novos clientes, aumenta níveis de produção, qualidade de bens e serviços e conseqüente ganho financeiro.
3 A IMPORTÂNCIA DO BALANÇO SOCIAL
Para Tinoco (2001), as empresas de um modo geral devem satisfazer as demandas trazidas por seus clientes e seus parceiros nos negócios e atividades, e, principalmente, divulgar e dar transparência aos agentes sociais e a toda à sociedade, de sua inserção no contexto das relações econômicas, financeiras, sociais, ambientais e de responsabilidade pública por meio do balanço social, que é o relatório apropriado para isso.
Dessa forma, a organização que faz uso deste demonstrativo social mostra aos seus diversos interessados que é uma empresa digna de confiança e credibilidade, o que também poderá ser avaliado pela comunidade, tanto nas ações positivas quanto negativas, pois estará expondo o que está fazendo e permitir medidas corretivas para solucionar os problemas.
Para Kroetz (2000, p. 82):
Sua contribuição para a qualidade dos negócios é essencial, pois será ele, uma demonstração que irá divulgar os investimentos e as influências da entidade para com o ambiente externo, e será, ainda, um importante instrumento gerencial, à medida que apresentar diversos indicadores e parâmetros, capazes de interferir no desenvolvimento do planejamento organizacional, em todos os seus níveis.
Pode-se dizer então, que o balanço social serve não apenas para que a organização vise o lucro ou tire vantagens, mas sim, poder ser mais responsável em todas as esferas comerciais e sociais, podendo contribuir para uma melhoria
continua na vida de toda a sociedade. E com isso, automaticamente, ganhar respeito e confiança da comunidade, o que faz com que ela sustente-se e permaneça cada vez mais atuante no mercado.
A participação social das empresas e a posterior divulgação dessas atividades para o público podem reverter em benefícios diretos como: conquista de lealdade dos clientes, aumento na estima dos colaboradores e retorno de imagem. Além disso, o governo, que é o maior comprador em termos de volume, prefere claramente negociar com empresas atuantes em causas sociais, já que é uma maneira de estimular e difundir estas práticas junto ao empresariado e diminuir a pressão social sobre ele. (TREVISAN, 2002, p.9).
Portanto, o balanço social só vem a acrescentar benefícios à empresa, pois, a partir deste, valoriza o trabalho dos seus funcionários por meio do seu reconhecimento, deixa os fornecedores e investidores a par da responsabilidade administrativa que a empresa adota já aos consumidores expõe a postura que adquiriu para impor sua marca como símbolo de qualidade dos produtos e serviços e ao governo, demonstra que cumpre com as normas legais, sejam elas trabalhistas, tributarias ou fiscais.
CONCLUSÃO
Em relação aos aspectos evidenciados no presente artigo, pode-se verificar que o Balanço Social é uma ferramenta que em breve as empresas estarão obrigadas a utilizar. Isto se deve ao fato de que ocorre uma valorização das organizações que mostram preocupações com a sociedade, com a preservação do meio ambiente, a valorização das pessoas e divulgam tais atividades através de relatórios sociais.
Portanto para acompanhar o desenvolvimento acelerado de uma sociedade ativa, a empresa divulga suas ações concretas, tornando-se mais humano social e consequentemente ganha mais visão no cenário empresarial.
Por tudo isso, conclui-se que do Balanço Social podem ser extraídas informações relativas a toda a movimentação realizada pela empresa em relação aos recursos humanos, bem como os benefícios e contribuições gerados à sociedade e ao ambiente em que ela está inserida. A partir disso, as pessoas podem dar seu apoio à empresa, repassar opiniões para melhorias bem como usufruir de bens com alto valor adicionado, frutos do importante trabalho de responsabilidade social, mantendo esta por muito mais tempo no mercado.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Brasília: MP, 1976.
DINIZ, Eli; BOSCHI, Renato R. Brasil: um novo empresariado? Balaço de
tendências recentes. Florianópolis: UFSC/Idacon, 1993.
ETHOS Instituto. Introdução ao Balanço Social. Disponível em: <http://www.ethos.org.br/docs/conceitos_praticas/guia_relatorio/default.htm>. Acesso realizado em: 27 de mar. 2010.
FURASTÉ, Pedro Augusto. Normas Técnicas para o Trabalho Científico: Elaboração e Formatação. Explicação das Normas da ABNT. 14.ed. Porto Alegre: s.n., 2006.
IBASE Instituto Brasileiro de análises sociais e econômicas. Publique seu balanço
social.Disponível em:
http://www.balancosocial.org.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=2 Acesso realizado em: 18 de abr. 2010
KROETZ, César Eduardo Stevens. Balanço Social: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2000.
TINOCO, João Eduardo Prudêncio. Balanço Social: uma abordagem da transparência e da responsabilidade pública das organizações. São Paulo: Atlas, 2001.
TINOCO, João E. P. BALANÇO SOCIAL E A CONTABILIDADE NO BRASIL. Caderno de Estudos nº 9 – São Paulo – FIPECAFI, Outubro/1993. Disponível em: <http://www.eac.fea.usp.br/cadernos/completos/cad09/balanco_social.pdf> acesso realizado em: 19 de abr. 2010
TREVISAN, Fernando Augusto. Balanço Social como Instrumento de Marketing.
RAE-eletronica v.1, n.2, jul/dez 2002. Disponível em:
<http://www.fundacaosemear.org.br/?area=13> Acesso realizado em: 03 de abr. 2010.
