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Departamento de Arquitetura e Urbanismo

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Academic year: 2021

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ESTRATÉGIAS DE APROPRIAÇÃO DOS ESPAÇOS COLETIVOS:

O CASO DO CONJUNTO HABITACIONAL ZÉ KETI – ISMAEL

SILVA, RIO DE JANEIRO

Aluno: Juliana Correia de Souza Orientador: Maira Machado Martins

Introdução

Segundo Heidegger [1], habitar é um “traço fundamental do ser”, é como o indivíduo se relaciona com o mundo. Dessa forma, quando moradores de assentamentos informais1 são reassentados em um conjunto habitacional, trazem consigo um modo próprio de habitar, ou seja, práticas cotidianas, ritmos pessoais e costumes relacionados ao antigo espaço de moradia que podem ou não encontrar formas de permanência na vida destas pessoas na nova habitação. Entretanto, o modo de vida “imposto” pelo conjunto habitacional tanto no que diz respeito às regras e condutas previstas para serem seguidas quanto à própria espacialidade, marcada pela sua rigidez e homogeneidade, possui um forte contraste com o modo de habitar observado como por exemplo, nas favelas. Nestes locais, seus moradores participam ativamente na construção e transformação do espaço, permitindo com que ele adquira um caráter dinâmico e heterogêneo.

O reconhecimento da estrutura espacial heterogênea extremamente complexa e da diversidade interna da favela permite entender que as práticas urbanas realizadas nesses locais são produtos e geradoras do espaço que as abriga, estruturando o território. Com isso, os moradores dos assentamentos informais possuem estratégias específicas para a produção do seu próprio espaço. De acordo com o arquiteto Tales Lobosco [2]:

"Apesar destas ocupações se constituírem por espaços heterogêneos e múltiplos, com fortes tensões internas e possibilidades diversas de apropriação e acesso a serviços e equipamentos urbanos, podemos identificar o surgimento de práticas específicas, organizadas de forma a possibilitar o funcionamento e desenvolvimento de uma estrutura urbana que oscila entre as possibilidades de integração com a cidade e as táticas de produção e uso do espaço, elaboradas segundo uma lógica própria, refletindo valores como necessidade, antiguidade, possibilidades construtivas, inserção em redes sociais e acesso a trabalho e serviços." (LOBOSCO, 2009, p. 27)

Com isso, a forma de apropriação do espaço nos assentamentos informais pelas camadas de renda mais baixa da população ocorre de uma maneira muito particular. Devido à baixa atuação por parte do poder público em estabelecer políticas urbanísticas que fiscalizem a produção espacial da favela, os próprios moradores tem certa liberdade de construir e transformar os espaços continuamente. Segundo Gerônimo Leitão [3], para a produção da moradia existem regras, entretanto elas são “poucas e flexíveis o suficiente para corresponder às necessidades/possibilidades de quem constrói”. Essa condição não se restringe somente à produção da habitação, mas se estende também para a construção e transformação dos espaços

1 Termo geralmente referente à favela como "áreas caracterizadas por uma ocupação aleatória, ambientalmente

precária e densa, habitadas predominantemente por população de baixa renda" (GORDILHO-SOUZA, 2008, p.28) [6]. Consideramos também nesta pesquisa outras formas de assentamentos, como as ocupações.

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da favela como um todo. Isso faz com que as possibilidades de apropriação e relação de pertencimento com o espaço sejam diversas. Ou seja, neste caso, diferentemente do ocorre na cidade dita regular/oficial, na favela o espaço público oferece mais chances para uma atuação mais direta do indivíduo no espaço.

Essa dinâmica da autoconstrução2 do espaço é uma prática usual nas favelas que responde às demandas e necessidades dessa população. Para o morador da favela, a casa é muito mais que um abrigo e sim uma possibilidade de produção de práticas que atendam suas necessidades, seja para trabalho, complementação de renda ou projetos futuros. Sendo assim, as casas permitem a adaptação/expansão para um espaço de comércio como no caso das biroscas3 e

outros serviços, ou até mesmo a ampliação da moradia para contemplar o crescimento da família ou para locação de um cômodo [3].

Além disso, nos assentamentos informais, como seus habitantes são os próprios construtores dos espaços, o significado e relação formada entre os dois possui maior valor simbólico/afetivo comparado ao conjunto habitacional, onde muitos dos moradores se mudaram por falta de alternativas.

Entretanto, percebe-se que, por meio das transformações e apropriações que estão se estabelecendo ao longo dos últimos anos no Conjunto Ismael Silva – Zé Keti, essas ações acabam demonstrando o surgimento de laços afetivos com o local, onde os moradores passam a se sentir pertencentes a ele. Como problemática de pesquisa, partimos dos seguintes questionamentos: como os espaços foram sendo apropriados/transformados ao longo do tempo? Como isso acaba, de certa forma, revelando as necessidades dos novos moradores? Quais as diferenças do modo de vida revelado pelo campo em relação ao antigo local de moradia? Respondendo a estas perguntas, o estudo parte da hipótese de que o conjunto, mesmo com suas limitações, observadas em relação à dupla "imposição" de um modo de habitar, tanto no que se refere à espacialidade quanto as regras a serem seguidas, consegue abrigar diferentes modos de vida por meio das táticas que os moradores desenvolveram de forma a produzir seu próprio espaço.

O objetivo desta pesquisa é investigar o processo de transformação dos espaços de uso comum do Conjunto Ismael Silva – Zé Keti, do Programa Minha Casa Minha Vida, assim como identificar e analisar as práticas individuais e coletivas que resultaram na valorização e criação de espaços de sociabilidade por parte dos próprios moradores do conjunto. Além disso, deseja-se investigar de que modo as formas de apropriação do espaço são influenciadas por uma determinada trajetória residencial, que passa pela vivência em assentamentos informais, lugar de origem de grande parte dos moradores do conjunto em questão. Busca-se desta forma contribuir para a ampliação da discursão acerca da produção atual da habitação social no Brasil, sobretudo do PMCMV, e entender como esses modelos de moradia popular que vêm sendo desenvolvidos pelos arquitetos e produzidos pelo poder público ao longo dos anos acabam afetando a qualidade de vida de seus moradores.

2 Referente não só à produção da moradia por seu próprio(s) morador(es) mas também a construção e

transformação do espaço comum pelos seus habitantes. Definido por Maricato (1976, p. 10) [14], como sendo “o processo através do qual o proprietário constrói sua casa sozinho ou auxiliado por amigos ou familiares [...] nos seus horários de folga do trabalho remunerado”.

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A metodologia desta pesquisa baseou-se no método etnográfico, onde foram feitas observações atentas das práticas cotidianas dos moradores do Conjunto Ismael Silva – Zé Keti através de um trabalho de campo contínuo4. Além disso, por meio de entrevistas ora abertas ora semiestruturadas [4], buscamos identificar na fala dos moradores as táticas de apropriação do espaço na nova habitação. Ademais, foi essencial a articulação do material coletado em campo e dados obtidos nas entrevistas com um referencial teórico composto por autores que tratam conceitos de antropologia e sociologia urbana. Também foi imprescindível a realização de uma pesquisa histórica acerca da produção da habitação social no Brasil, com base, principalmente, nos estudos realizados por Nabil Bonduki [5], com enfoque nos IAP’s e no BNH, além de um estudo acerca do atual modelo adotado pelo PMCMV, estabelecendo um recorte territorial para a produção dos conjuntos habitacionais no Rio de Janeiro.

Produção da Habitação Social no Brasil no Séc. XX

Ao longo da história da política habitacional brasileira, em cada período podemos perceber que a questão da habitação social foi tratada de uma forma diferente e também trouxe contribuições específicas relacionadas ao contexto em que foi pensada. Para compreender a produção atual da habitação social no Brasil é necessário não só analisar as políticas de habitação social adotadas nos últimos anos, como também analisar a produção habitacional no século anterior. Por meio disso, podemos entender as contribuições desses períodos e o trajeto que nos levou ao cenário atual, quais aspectos mudaram e quais permaneceram os mesmos, lançando um olhar crítico às políticas de habitação social atuais, sobretudo ao Programa Minha Casa Minha Vida.

Tendo como embasamento o primeiro volume do livro Os pioneiros da habitação

social de Nabil Bonduki [5], inicia-se uma investigação a respeito da história das políticas

públicas de habitação de interesse social no Brasil, em que, por meio de um distanciamento histórico, podemos perceber uma descontinuidade desses programas habitacionais. Segundo Olives [7]:

"A política habitacional brasileira passou por um longo processo de reconfigurações, alternando-se por momentos de ampliação ou redução da atuação do Estado, sendo influenciada por conjunturas sociais e econômicas do Brasil, assim como pelo cenário internacional." (OLIVES, 2017, p.19)

A pesquisa se propõe a focar a análise da produção habitacional nos seguintes aspectos: a inserção urbanística, as funções/usos do espaço e a qualidade do projeto arquitetônico, ressaltando a morfologia/espacialidade dos espaços.

A. Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAP's) – 1930-1964

A década de 30, durante o governo de Vargas, marcou o início do surgimento da habitação social no Brasil. Embora anteriormente tenha havido uma ação, ainda tímida, por parte do Estado na promoção de habitação de interesse social, somente por meio da criação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAP’s) que há o reconhecimento da habitação como uma questão social. Com isso, inicia-se uma significativa produção de habitação social, embora

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reduzida, considerando o tamanho do déficit habitacional já existente na época. No começo os IAP's foram os responsáveis por essa produção e, a partir de 1946, foi criada a Fundação da Casa Popular (FCP), que foi o primeiro órgão estatal em nível nacional, voltado para a construção de moradias populares.

Em relação aos IAP's, devido aos obstáculos proporcionados pela falta fontes estáveis e permanentes de recursos e a ausência de uma política em nível nacional, essa situação acabou limitando o avanço e alcance desse programa. Apesar dos IAP’s beneficiarem uma parcela restrita da população, isto é, era uma política limitada a categorias profissionais específicas, com carteira assinada, em que utilizava fundos dos seus contribuintes, os IAP’s trouxeram grandes contribuições:

"O resultado foi uma produção habitacional marcada pela diversidade, bons projetos arquitetônicos e uma adequada inserção urbana..."(BONDUKI, 2014, p.15)

Ademais, embora exista uma enorme desigualdade e um padrão que não se repete em toda a produção habitacional do período, refletindo os interesses específicos de cada órgão, houve uma grande inovação no que se refere a propostas urbanísticas e arquitetônicas como também em termos de processos produtivos.

"...do ponto de vista qualitativo, os conjuntos realizados no período merecem destaque pelo nível dos projetos e pelo impacto que tiveram em várias cidades brasileiras, definindo novas tipologias de ocupação do espaço urbano e tendências urbanísticas inovadoras." (BONDUKI, 2014, p.50)

Uma das contribuições trazidas pelos IAP’s foi a proposta de que o núcleo habitacional não deveria ser constituído apenas por unidades residenciais, mas sim dispor de uma série de serviços coletivos para atender os moradores, algo que não tem sido atendido nos projetos recentes. Assim, os associados, ao alugarem uma unidade habitacional de qualidade, ainda contavam com uma assistência social integral, com atendimento de saúde, educação e lazer. Com isso, mesmo quando os conjuntos não eram inseridos em áreas já consolidadas, o empreendimento já dispunha de equipamentos coletivos para suprir as necessidades internas do conjunto e até externas, criando relações com o entorno. Além disso, há uma tentativa de promover a construção dos conjuntos habitacionais próximo aos locais de trabalho e ao acesso ao transporte público.

Os IAP's representaram uma época de muita experimentação, com tipologias inovadoras, processos construtivos novos, marcando o início de avanços em termos de projetos urbanísticos e arquitetônicos.

"O resultado da produção habitacional do período mostra que o país teria condições, nos anos 1940, para implementar uma massiva produção de habitação social, de excelente qualidade, se não capaz de atender às necessidades da população de baixa renda, ao menos para limitar e conferir um outro padrão de qualidade ao incontrolável processo de favelização e periferização que tomou conta das principais cidades brasileiras a partir de então." (BONDUKI, 2014, p.50)

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A proposta da FCP foi uma tentativa fracassada da criação de uma política habitacional que objetivava uma produção massiva em escala nacional de habitação para os trabalhadores urbanos. Embora ela tenha tido a intenção de reduzir os problemas habitacionais, foi uma iniciativa frustrada, visto que não contava com fundos e orçamentos específicos para enfrentar a situação.

B. Banco Nacional de Habitação (BNH) – 1964-1986

Com o Golpe Militar em 1964, instaura-se um novo quadro político no Brasil imposto pelos militares. No mesmo ano cria-se o Banco Nacional de Habitação (BNH), o Sistema Financeiro da Habitação (SFH) e a FCP é transformada no Serviço Federal de Habitação e Urbanismo (Serfhau).

O BNH foi um programa de alcance nacional marcado por um período de criação de fontes permanentes para financiamento da casa própria e por uma produção massiva de habitação social, onde sua qualidade urbanística e arquitetônica foi muito criticada. Embora possua um sistema financeiro baseado em fontes renováveis, por se restringir apenas à produção e ao financiamento de unidades novas, sem subsídios para atender à baixa renda, acaba limitando enormemente o acesso aos recursos do Sistema Financeiro da Habitação.

De acordo com Bonduki, os projetos do BNH geraram "uma intervenção urbana equivocada, com consequências que afetaram as cidades brasileiras de modo quase irreversível" [5]. Com algumas ressalvas, há o predomínio de grandes conjuntos habitacionais localizados em áreas periféricas da cidade, onde o valor da terra era mais barato, com baixa qualidade projetual, sem respeito ao meio físico, à identidade cultural e desconsiderando o contexto urbano e as tradições construtivas.

Esse modelo de implantação dos conjuntos habitacionais "colaborou para ampliar o padrão periférico de expansão urbana, reproduzindo um modelo urbano excludente e especulativo" [5]. Essa lógica acabou contribuindo para a formação, em grande escala, de "bairros dormitórios", com uma grande concentração de habitações populares em áreas que, em sua maioria, são desprovidas de emprego, mobilidade, serviços e equipamentos coletivos e, em alguns casos, até mesmo de infraestrutura urbana básica.

"Foram empreendimentos desarticulados de uma concepção urbanística mais consistente, soluções uniformizadas e padronizadas, em que a preocupação com os aspectos da habitabilidade e da qualidade arquitetônica ficou fortemente condicionada ao processo de produção comandado pelo setor da construção civil e aos limites de custo." (BONDUKI, 2014, p.66)

Com sua lógica de estimular a construção civil e a produção em massa de moradias, há uma perda considerável da diversidade e da qualidade obtidas no período anterior com os IAP's, salvo algumas exceções relevantes, não admitindo uma grande variação tipológica. A solução encontrada para a fácil aprovação dos financiamentos foi a padronização das construções, por meio de casas idênticas de duas águas ou de blocos em forma de H comumente conhecidos como "carimbos" do BNH. Com isso, foi inibido a inovação e diversidade das tipologias, ao contrário do período anterior, associando a imagem dos conjuntos habitacionais a uma visão homogênea e uniforme, sem nenhuma identidade.

Essas espacialidades padronizadas empregadas acabaram gerando extensos espaços monótonos, onde as áreas públicas entre os blocos tornaram-se espaços residuais e não acolhedores, desencorajando o uso coletivo. Essas áreas vazias e sem utilização acabaram sendo ocupadas por construções improvisadas, conhecidas popularmente como "puxadinhos", e foram destinadas à estacionamento de veículos ou ao comércio informal. Essa situação acabou demonstrando que o modelo unifuncional de moradia concebido não conseguiu suprir as

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necessidades internas do próprio conjunto, onde começou a surgir de forma espontânea, por parte dos próprios moradores, serviços e comércios antes inexistentes no conjunto.

Outra diferença significativa entre os IAP's e o BNH foi a qualidade construtiva. Ao passo que os IAP's eram projetados para permanecerem conservados o máximo possível, visto que eram frutos dos fundos previdenciários e uma garantia dos investimentos realizados, os conjuntos construídos pelo BNH não receberam a mesma preocupação, visto que o agente promotor não estava preocupado com a qualidade dos materiais, a durabilidade e manutenção do edifício. Com isso utilizou-se em larga escala materiais de baixa qualidade, contribuindo para a precariedade construtiva das habitações.

Mesmo que a política do BNH tenha tido muitas falhas, "é necessário reconhecer que a quantidade de novas moradias produzidas com financiamento do SFH foi relevante" [5].

"Com uma estratégia que garantisse diversidade e descentralização, articulação com a política urbana, participação dos usuários na gestão e produção da moradia, autonomia para estados, municípios e cooperativas habitacionais e o apoio a processos populares de obtenção da moradia, os resultados qualitativos e quantitativos poderiam ter sido muito mais expressivos, com maior atendimento às camadas de baixa renda." (BONDUKI, 2014, p.65)

Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) – desde 2009

O Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), formulado em 2009 pelo Governo Federal, surgiu como uma resposta em grande escala ao déficit habitacional do país, ao mesmo tempo que buscou impulsionar o setor de construção civil e do mercado imobiliário brasileiro, impactados pela crise econômica que afetou o mundo a partir de 2008. O PMCMV foi criado com o objetivo de criar condições de ampliação do mercado imobiliário para famílias com renda de até dez salários mínimos.

É evidente o PMCMV é "um marco da incorporação do subsídio como um elemento indispensável de uma política habitacional inclusiva e da retomada de uma produção massiva de moradias" [5]. Assim, o PMCMV é a primeira política de alcance nacional destinada a atender famílias de baixa renda, que de outra forma não teriam acesso à casa própria, e constituem a maior parte da parcela do déficit habitacional.

Por outro lado, ao analisar a implantação dos empreendimentos construídos pelo PMCMV, embora haja exceções, verifica-se que os empreendimentos se localizam predominantemente na periferia das cidades e são, em sua maioria, conjuntos de grande porte [8]. Essa situação, muito semelhante ao que ocorreu no BNH, marcada pela desarticulação desses conjuntos com a malha urbana existente, acaba reforçando a exclusão territorial e dificultando o acesso a postos de trabalho, a serviços e equipamentos. Além disso, diferentemente do que se observa nos IAP's, o PMCMV não dispõe de serviços e equipamentos que suprem as necessidades dos moradores, sendo necessário o deslocamento para outras áreas da cidade.

O impacto urbanístico e para as famílias gerado pela implantação desses conjuntos em áreas menos valorizadas da cidade, com algum tipo de precariedade da infraestrutura urbana, em áreas que muitas vezes com baixa ou nenhuma diversidade funcional, é evidente. Sendo assim, percebe-se que seria necessária uma abordagem mais consistente no que se refere à inserção urbana, esta que vem se mostrando ao longo dos anos uma questão cada vez mais central na discussão acerca da política habitacional, visto que ela traz grandes consequências urbanísticas e sociais.

Outra questão a ser discutida é o traço mais marcante do programa, caracterizado pela ampla padronização dos empreendimentos, com projetos sem qualidade arquitetônica, visto que

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as técnicas construtivas, as espacialidades, o material empregado, padrão de implantação dos blocos e o desempenho e conforto ambiental não correspondem às diversidades urbanas, bioclimáticas, socias, culturais e a identidade local encontrada. A desconsideração dos aspectos locais é observada pela semelhança dos diferentes empreendimentos construídos pelo país, muitas vezes seguindo o modelo da planta em H que é replicado para todo o conjunto, se assemelhando novamente aos empreendimentos do BNH. Outra crítica pertinente que deve ser feita ao PMCMV é não levar em conta a concepção de casa e de espaço público que tem as famílias, muitas delas vindas de favelas ou ocupações, não permitindo a adequação para famílias fora do padrão estabelecido.

Além disso, chama a atenção a falta de importância dada às áreas públicas e coletivas de uso comum. No geral, há o predomínio de uma implantação dos prédios de forma cartesiana, criando espaços residuais entre os prédios, que no geral não são atrativos para a apropriação, ou as ruas de estacionamento que criam espaços áridos e não acolhedores. Ressalta-se ainda a falta de integração com o entorno, onde geralmente os empreendimentos são murados, com acesso em um único ponto, reproduzindo o modelo dos grandes condomínios bairros mais ricos.

Análise do Conjunto Ismael Silva - Zé Keti

A. Histórico do objeto de estudo

O Conjunto Habitacional Ismael Silva – Zé Keti, construído em 2014 no lugar do antigo Complexo Penitenciário Frei Caneca, no Estácio, na Zona Norte da cidade, faz parte do Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) do governo federal. Diferentemente dos demais conjuntos do PMCMV, o Ismael Silva – Zé Keti possui especificidades que o distingue, sendo uma dessas particularidades sua localização privilegiada na área central da cidade. O projeto conta com 998 unidades habitacionais que foram destinadas a famílias que ficaram desabrigadas pelas chuvas de 2010. Dessas famílias, de acordo com dados da prefeitura5, 65% vieram de favelas da cidade, sendo elas: o Morro dos Prazeres, a Rocinha, o Turano, Andaraí e o Morro de São Carlos. Além disso, o projeto atende os índios da Aldeia Maracanã e famílias que ocupavam prédios públicos abandonados. Esse empreendimento foi pensado para beneficiar famílias da Faixa 16 do Programa Minha Casa Minha Vida.

5 Subsecretaria de Comunicação Social. Disponível em:

http://www.rj.gov.br/web/imprensa/exibeconteudo?article-id=2143149. Acesso em: 15 nov. 2017

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Figura 1: Conjunto Ismael Silva - Zé Keti em primeiro plano, com o bairro do Estácio ao fundo. Fonte: Yasuyoshi Chiba, 2014.

O conjunto se constitui por 50 blocos de 4 pavimentos cada, distribuídos em um terreno de 66 mil metros quadrados, formando, assim, dois condomínios separados por vias de acesso e uma praça central gramada, onde se localiza uma Clínica da Família. Cada condomínio possui sua guarita própria e equipamentos coletivos como quadras esportivas, salão de festas e área de recreação para as crianças (espaço atualmente inexistente em ambos os lados devido à falta de manutenção).

Durante mais de um século o terreno do atual conjunto abrigou o mais antigo presídio do país, erguido inicialmente por D. Pedro II em 1850 como Casa de Correção da Corte. Posteriormente, o espaço foi se transformando e virou um complexo penitenciário de 8 pavilhões onde ficaram presas figuras importantes da história do país, como o escritor Graciliano Ramos, Luiz Carlos Prestes e Olga Benário. Atualmente, resta poucos vestígios do antigo presídio, como parte do muro de pedra e o portal de entrada.

O Conjunto Ismael Silva – Zé Keti se diferencia dos outros empreendimentos, principalmente por dois aspectos. O primeiro, como já dito anteriormente é sua localização na área central da cidade, com uma infraestrutura urbana consolidada, capaz de acomodar a nova população. O outro aspecto é a implantação diferenciada dos blocos de apartamento, ao invés do modelo cartesiano seguido comumente, gerando, assim, espacialidades diversas que levam a formas de apropriações variadas, além de mediar a relação entre o espaço privado da casa e o espaço público da rua.

B. Percepções do Campo

Na primeira ida a campo, sem ter nenhum conhecimento prévio sobre o conjunto ou de como chegar até ele, os espaços foram percebidos por meio do caminhar entre eles e não por uma análise vista de cima por meio da sua implantação. Com isso, logo de cara nos deparamos

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com a existência de dois condomínios separados do espaço público por meio de guaritas que faziam o controle de quem entrava e saia. Escolhemos ao acaso ir primeiramente ao Zé Keti, onde após nos identificarmos para o porteiro, nos foi permitido o acesso.

Figura 2: Implantação Conjunto Ismael Silva - Zé Keti, no Estácio. Fonte: Google Earth, 2018.

Assim que entramos, percebemos um grupo de jovens sentados no meio fio e pedimos para conversar com eles. Um dos entrevistados, antigo morador da Rocinha, é residente do outro condomínio, Ismael Silva, mas mesmo assim vem para esse lado pois considera os espaços melhores e que “tem mais gente na rua”. Por meio dessa observação feita por ele, iniciei um questionamento a respeito de quais são as diferenças entre esses dois lados e quais as relações que os moradores de cada lado mantêm.

Além disso, perguntamos a respeito das áreas coletivas e de como elas são utilizadas. Ele relatou que as crianças utilizam a rua para brincar e andar de bicicleta/patins e que a quadra quase não é mais utilizada pois não possui mais a infraestrutura necessária, visto que não foi feita nenhuma reforma/manutenção desde sua construção. Por fim, através do olhar dele atentamos pela primeira vez para os jardins feitos no térreo dos blocos de apartamentos. De acordo com ele por iniciativa dos moradores de cada bloco, eles se unem e fazem melhorias nos espaços em comum.

Nas visitas posteriores, percebemos que a planta em H dos edifícios permite com que ali se estabeleça um ponto de transição entre o espaço privado e público, visto que cada bloco possui sua entrada única nessa reentrância. Mas para além disso, esse espaço em alguns blocos ganharam um significado para seus habitantes na realização de suas atividades cotidianas, sendo reconhecido como “o lugar dos vizinhos”. Isso demonstra não só a atribuição de valores ao espaço, mas também como o fator tempo foi fundamental para que as apropriações através das atividades ocorressem [9]. De acordo com Mello e Vogel em seu artigo Lições da Rua [10], o sistema de atribuição de valores está ligado a um sistema de espaços e ambos não existem sem um sistema de atividades.

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Figura 3: Diferentes jardins encontrados nas entradas dos blocos. Fonte: Ana Carolina Trotta, 2017.

Além disso, nesse mesmo espaço da reentrância dos edifícios que foram feitos as jardineiras. Após investigar por meio das entrevistas com moradores mais antigos, descobrimos que quando a construção do conjunto ficou pronta, havia mudas de árvores e plantas. Entretanto, com o passar do tempo foi se percebendo o desaparecimento das mesmas pela falta de cuidado. Com o aparecimento de novos jardins por iniciativa dos moradores percebe-se o cuidado com o espaço externo e o sentimento de que aquele espaço pertence a eles. Com isso vai se estabelecendo uma relação afetiva ao longo do tempo, assim como o senso de responsabilidade e cuidado.

Cada morador tem uma relação com essas jardineiras, algumas por iniciativa coletiva e outras por iniciativa de um indivíduo do bloco mas sem deixar de ter o apoio e incentivo dos demais. Uma moradora por exemplo não hesitou em afirmar que aquele espaço pertencia ao bloco e que desempenhava a função de “cartão postal do prédio”, afirmando, em contrapartida, que os outros espaços residuais de grama eram de responsabilidade do condomínio. Já uma outra moradora plantou espadas de São Jorge embaixo de sua janela como uma forma evitar que pessoas se apropriassem daquele espaço, visto que estava causando grande incômodo para sua mãe doente.

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Figura 4: Jardins na frente do bloco. Fonte: Ana Carolina Trotta, 2017.

Embora este conjunto esteja inserido em um bairro na zona central da cidade, durantes as visitas de campo foram identificados aspectos semelhantes a conjuntos construídos em áreas periféricas, que não contam com essa mesma infraestrutura urbana, tais como a conversão de parte de unidades habitacionais em local de trabalho (comércio e prestação de serviços).

No que diz respeito à adaptação de parte do imóvel para o uso comercial no Conjunto Ismael Silva – Zé Keti, Ribeiro [11] relata que esta prática encontrou dificuldades, em determinado momento da gestão condominial:

Até maio de 2015, observei, no condomínio Ismael Silva, as atividades de pequenos mercados, bares, lanchonete e uma lanhouse no conjunto. Entretanto, após a eleição de Davi como síndico, as atividades diminuíram devido o mesmo ter aplicado o regimento interno do MCMV, que proibia as atividades. Outro fator que dificultou a prática se deu a partir da própria administração do condomínio ter ameaçado judicializar as atividades comerciais ilegais que estavam ocorrendo dentro do empreendimento. (RIBEIRO, 2016, p. 120)

Ao longo da pesquisa de campo, no entanto, percebeu-se o crescimento desta atividade, tanto em questão numérica (um aumento no número de estabelecimentos de vendas, principalmente de alimentos e de bebidas), quanto no sentido de exposição, uma vez que foram observadas em todo o condomínio formas de “propaganda”, principalmente de serviços prestados dentro do Conjunto.

C. Marcas no território

Segundo Christian Norberg-Schulz, o cercamento, o ato de demarcar ou diferenciar um lugar no espaço, se revela como uma marca da construção e da verdadeira origem da arquitetura [12]. Com isso, começamos a estabelecer relações com o espaço por meio da apropriação, à medida que tornamos o espaço nosso, singularizando-o para construí-lo conforme nossos desejos [1].

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"Apropriamo-nos do espaço para podermos exercer sobre ele um domínio, um controle, certo poder; é uma apropriação pela afirmação de que o espaço em jogo nos pertence. Portanto a apropriação está vinculada à "territorialidade", à "proximidade" (proxemics de Hall), ao privado (privacy)." (SEGAUD, 2016, p. 99)

Sendo assim, podemos considerar a criação dos jardins no conjunto em questão uma marca do domínio sobre o território, uma forma de estabelecer laços afetivos com o lugar. É por meio da apropriação e do cuidado com o espaço que passamos a nos relacionar com o ele, dotando o ambiente de significado mediante a criação de um lugar específico e a identificação com ele [12].

Percebe-se que a relação dos moradores com o espaço e entre eles mesmos variam muito. Alguns moradores participam ativamente das mudanças e formas de apropriação do espaço. Em relação às áreas comuns dos prédios, existem tentativas de territorialização do espaço, por meio da concretagem de espaços que antes eram de terra, destinando aquele espaço para o lazer colocando cadeiras e churrasqueiras. Além disso, alguns moradores rompem a territorialização da célula do apartamento, com o intuito de comercializar dentro de sua própria casa, criando esse caráter duplo na moradia de que do balcão para fora é comércio e para dentro é o espaço privado, a casa.

Além disso, o conceito de multiterritorialidade discutido pelo geógrafo Haesbaert [13], que diz respeito à sobreposição de diferentes territórios no conjunto, se dá por meio do emprego de diferentes significados/identidades aos espaços conforme a variação das atividades que acontecem e dos grupos que se apropriam deles. O “lugar dos meninos” (quadra de futebol) também pode ser utilizado para soltar pipa, para as garotas andarem de patins ou até mesmo para os adultos fazerem uma festa. O “lugar dos vizinhos” também é o lugar onde as crianças brincam. Sendo assim, ocorre essa sobreposição dessas camadas invisíveis que não impedem que as outras ocorram.

Conclusões

Por meio de uma perspectiva histórica da produção da habitação social no Brasil, observa-se que o preobserva-sente modelo é, em grande parte, um legado de políticas anteriores. Sendo assim, a forma de produção de habitação atual, que se concentra no Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), em muito se assemelha ao modelo desenvolvido previamente pelo BNH, caracterizando-se por uma produção massiva, sem diversidade e qualidade arquitetônica, tanto no que diz respeito ao espaço, quanto ao material construtivo empregado.

Além disso, há uma despreocupação com a inserção urbana, construindo grandes conjuntos em áreas que, em sua maioria, ficam em regiões periféricas da cidade. Assim, percebe-se que o espaço do conjunto habitacional não leva em consideração a diversidade de seus futuros moradores e o modo próprio de habitar que eles trazem consigo.

No entanto, percebemos que, por meio dos IAP's, já houve uma preocupação com a questão tanto da inserção urbana quanto da presença de serviços e equipamentos coletivos afim de suprir as necessidades dos moradores, mas isso se perdeu após o BNH.

Já o Conjunto Ismael Silva – Zé Keti, possui especificidades que o distingue dos demais conjuntos produzidos pelo PMCMV. Uma dessas particularidades é sua localização ao lado do centro da cidade. Entretanto, mesmo estando em um local central, observa-se o aparecimento de táticas para suprir as necessidades internas do conjunto, como por exemplo o surgimento de comércios e serviços informais. Considerando que, embora o conjunto faça parte do bairro do Estácio, o Ismael Silva – Zé Keti está diretamente voltado para o bairro Cidade Nova, que é majoritariamente residencial, com a presença de alguns poucos bares/restaurantes e serviços como lava-jato. Isso acaba demonstrando não só uma iniciativa dos moradores para realizar

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atividades para complementar a renda dentro do conjunto, mas também mostra uma demanda por serviços próximos ao local de moradia, que por meio dessas práticas informais

Mesmo com as limitações impostas pelo conjunto habitacional, inclusive no que diz respeito à impossibilidade de alteração do espaço físico (sejam modificações na planta do apartamento ou no espaço coletivo), seus novos habitantes encontram estratégias de apropriação e de transformação do espaço. Sendo assim, isso permite com que eles mantenham uma relação com o novo espaço de moradia semelhante a que ocorria no local em que viviam anteriormente, conforme as possibilidades.

Através dessas práticas de produção do próprio espaço, como os jardins, as pessoas conseguiram estabelecer formas de sociabilidade no novo local de habitação, demonstrando a importância desse modo de vida trazido pelos seus habitantes para gerar oportunidades das pessoas se conhecerem e passarem a criar laços comunitários.

Assim, observamos que a conformação dessas espacialidades diferenciadas do conjunto acabou contribuindo para o surgimento de usos e formas de apropriação variadas, permitindo abrigar modos de habitar anteriores, fortalecendo a relação entre os moradores e o espaço em que eles vivem.

Referências

1 - SEGAUD, Marion. Antropologia do espaço: habitar, fundar, distribuir, transformar. 1 .ed. São Paulo: Edições Sesc São Paulo, 2016. 312p.

2 - LOBOSCO, Tales. “Práticas urbanas e produção do espaço em ocupações informais.”

GeoTextos. Salvador: Universidade Federal da Bahia, Vol. 5, N. 2, pp. 25-48, 2009.

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14 - MARICATO, E. T. M. Autoconstrução, a arquitetura possível. Brasília, 1976. Tese - 28ª Reunião Nacional da SBPC.

Referências

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