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TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DAS QUEDAS SOFRIDAS POR PACIENTES INTERNADOS EM UM HOSPITAL DE GRANDE PORTE
TÍTULO:
CATEGORIA: CONCLUÍDO CATEGORIA:
ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE ÁREA:
SUBÁREA: ENFERMAGEM SUBÁREA:
INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE DE MARÍLIA INSTITUIÇÃO:
AUTOR(ES): JEAN CARLO DA COSTA REZENDE, ANGÉLICA DE ARAÚJO DOS REIS, JÉSSICA CRISTINA CAVALLARI
AUTOR(ES):
ORIENTADOR(ES): FLAVIA VILAS BOAS ORTIZ CARLI, LUIZ FERNANDO FREGATTO, TEREZA LAIS MENEGUCCI ZUTIN
Resumo
A preocupação com a segurança do paciente está diretamente ligada à qualidade do cuidado de saúde e atualmente é um tema de relevância crescente entre
pesquisadores de todo o mundo. Podemos dizer que uma assistência é de qualidade quando realizada da maneira correta, com os cuidados adequados para a pessoa certa e com o uso eficiente de recursos disponíveis, objetivando alcançar o melhor resultado possível. Esses são os princípios que fundamentam a qualidade da
assistência e que direcionam a prática de enfermeiros que se preocupam em prestar uma assistência ética e respeitosa, baseada nas necessidades do paciente e da família. Porém, eventos adversos ocorrem em qualquer local onde se prestam cuidados de saúde, como exemplo a queda de paciente em uma unidade de internação hospitalar, o que trás um grande risco a sua condição física e, algumas vezes, provoca um agravamento em seu estado de saúde, fatos que na maioria das situações são passíveis de medidas preventivas. Objetivo: Analisar a ocorrência e as características de episódios de quedas em pacientes hospitalizados. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo e de caráter quantitativo, realizado em um Hospital Universitário, através de instrumento padronizado pela instituição, o qual identifica a ocorrência de queda e sua caracterização. Considerações Finais: Pode-se concluir que ocorreu um predomínio de quedas em pacientes no leito, desacompanhados, sem uso de restrição mecânica, tendo como principais
consequências, lesões e fraturas. A pesquisa realizada revelou alguns fatores de risco para quedas, que podem servir para a prevenção desta ocorrência e de suas complicações em pacientes hospitalizados.
Palavras-Chave: Queda; Segurança do Paciente; Qualidade do Cuidado.
Introdução
Segundo o dicionário Michaelis (2011) cuidar significa: zelar pelo bem-estar ou pela saúde. Levando em conta a sua definição, entende-se o porquê cuidado está diretamente ligado à enfermagem. O ensino de enfermagem busca capacitar o profissional à prestação de cuidado de saúde ao ser humano/paciente/cliente, uma característica de envolvimento, se colocar no lugar do próximo, de fazer pelo outro o que gostaria que fosse feito para si, enriquecendo a relação interpessoal e, por consequência, propiciando o desenvolvimento mútuo, dos seres cuidados e dos
cuidadores, à realização e aperfeiçoamento de procedimentos que promovam a saúde, previnam doenças e recuperem lesões; na impossibilidade de cura ou recuperação, favoreça uma morte digna e com o menor sofrimento possível. A este profissional está assegurado um embasamento científico e o desenvolvimento de habilidades técnicas para atender às necessidades do outro, inerentes ao exercício da profissão. O cuidado profissional oferecido está alicerçado na aprendizagem obtida na escola e no exercício da profissão (BAGGIO, 2006). Por esse motivo, o cuidado com o paciente, incluindo sua segurança no decorrer da internação hospitalar, é um compromisso ético que deve ser assumido pelos profissionais de enfermagem desde a sua formação (MADALOSSO, 2000).
As instituições hospitalares estão cada vez mais preocupadas em garantir um atendimento de qualidade a seus clientes. Nesse âmbito, a segurança do paciente, por meio do gerenciamento de riscos, tem recebido destaque com a implementação de medidas de prevenção à exposição aos riscos, bem como, aos danos ao cliente decorrentes da assistência à saúde. O enfermeiro permanece a maior parte do tempo na unidade de internação e em contato com o cliente, portanto, ele é um dos principais profissionais engajados no gerenciamento de riscos (FASSINI, 2012). A maior parte dos pacientes está sujeito a sofrer quedas durante sua estadia em uma unidade hospitalar. A queda pode ser definida como a situação na qual o paciente, não intencionalmente, vai ao chão ou a algum plano mais baixo em relação à sua posição inicial (COREN, 2011).
Uma pesquisa recente publicada por graduandos do curso de Enfermagem da Universidade Grande Rio, mostra que o risco de quedas é o terceiro com maior número de ocorrências dentro de uma Unidade de Terapia Intensiva de um hospital privado, sendo superado apenas pelo risco de infecção e risco de aspiração. (PIRES, 2016).
Nesse contexto, a prevenção de queda requer o conhecimento dos fatores de risco que propiciam esse evento, pois são multifatoriais e complexos e pode resultar em transtornos como hospitalização, alto custo do tratamento e morte (PINHO, 2012). A prevenção de quedas é considerada como um dos focos de trabalho para a segurança do paciente, listado e revisado recentemente pelo National Quality Forum
(NQF), organização norte-americana que visa à melhoria da qualidade na área da saúde (CAVANCATI, 2015).
Grande parte dos riscos à segurança do paciente é decorrente de erros cometidos pela equipe de enfermagem, que podem trazer danos e prejuízos diversos a um paciente, desde o aumento do tempo de permanência em uma instituição hospitalar, necessidade de intervenções diagnósticas e terapêuticas e trazer, até, consequências trágicas, como a morte. Essas consequências são conhecidas como eventos iatrogênicos. Iatrogênia é uma palavra de origem grega e significa o resultado indesejável da ação prejudicial não intencional dos profissionais de saúde, relacionado à observação, monitorização ou intervenção terapêutica. Tradicionalmente, situações dessa natureza assumem uma conotação negativa, pois são relacionadas, com frequência, à omissão, imperícia, imprudência ou negligência (MADALOSSO, 2000).
A aplicação do processo de enfermagem tem como finalidade ajudar e priorizar os cuidados com os pacientes internados, fazendo-os manter o foco para o estado de saúde e qualidade de vida dos mesmos, além de proporcionar que os enfermeiros raciocinem a fim de obter confiança e habilidade nas rotinas hospitalares, pensando criticamente (ALFARO-LEFREVE, 2010).
Uma importante medida de prevenção a ser adotada em âmbito hospitalar, é a implementação de um programa interdisciplinar, onde o enfermeiro em conjunto com os demais profissionais adotem atribuições específicas voltadas à identificação de intervenções preventivas. (CAVANCATI, 2015)
O termo "evento adverso" tem sido aplicado para situações que podem servir de alerta para os profissionais da saúde a respeito da possível ocorrência de agravos preveníveis. Essas ocorrências, muitas vezes, podem estar associadas à má qualidade de intervenções de caráter preventivo ou terapêutico, por parte dos colaboradores do serviço de saúde.
Através dessa e outras ferramentas, é preciso despertar a consciência e o comprometimento dos profissionais para melhorar a segurança na assistência prestada, além de apoiar o desenvolvimento de práticas focadas na segurança do paciente.
Objetivos
Analisar a ocorrência e as características de episódios de quedas em pacientes hospitalizados.
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo e de caráter quantitativo. O campo de estudo será composto de unidades de internação cirúrgica, clínica médica, obstétrica e unidade de terapia intensiva (UTI) de um hospital de grande porte no município de Marília /SP, o cenário foi eleito devido à disponibilidade do local. A coleta de dados foi realizada após autorização do coordenador de enfermagem da instituição hospitalar e aprovação do projeto pelo comitê de Ética em Pesquisa, através de instrumento padronizado pela instituição (Anexo-I), o qual identifica a ocorrência de queda e sua caracterização. A população será constituída de todos os pacientes internados, que sofreram queda durante a internação, no período de junho de 2015 a maio de 2016. Como critério de inclusão será estabelecido à existência da notificação da queda, associada ao preenchimento do instrumento de caracterização do paciente. O critério de exclusão será o não preenchimento completo dos dados de identificação do paciente nos instrumentos.
Resultados
Os dados coletados foram analisados e apresentados em figuras seguindo as normas preconizadas para uma pesquisa descritiva e nos mostra a caracterização dos pacientes participantes da pesquisa.
Figura 1- Distribuição das ocorrências, de acordo com sexo dos pacientes.
58% 42%
Masculino Feminino
De acordo com a figura 1, observamos que o predomínio de ocorrências foi maior no sexo masculino, apresentando 58% do total, restando assim 42% para o sexo feminino.
Figura 2- Quantidade de reincidência de quedas.
Observando a figura 2, identificamos que o predomínio de ocorrências registradas foi de uma queda por paciente, apresentando 92% do total.
Através da pouca quantidade de reincidências de queda, podemos observar que após uma queda, foram tomadas medidas mais efetivas para se evita-las.
Figura 3- Distribuição das 26 ocorrências, de acordo com a orientação dos
pacientes.
Observamos da figura 3 que o predomínio de ocorrências foi maior com os pacientes que não apresentavam confusão, apresentando 54% do total, seguido de 46% que apresentavam confusão.
92% 8% 0% 1 Vez 2 Vezes 3 Vezes ou Mais 46% 54% Sim Não
Figura 4- Distribuição das ocorrências, de acordo com a agitação dos pacientes.
Através da figura 4, observamos que o predomínio de ocorrências foi maior com os pacientes que não estavam agitados, apresentando 85% do total, seguido do restante de 15% que apresentavam agitação.
Figura 5- Distribuição das 26 ocorrências, levantando em questão, se os pacientes
estavam acompanhados na hora da queda.
Observando a figura 5, identificamos que o predomínio de ocorrências aconteceu com pacientes desacompanhados, apresentando 73% do total, restando 27% que estavam assistidos, no momento da queda.
15% 85% Sim Não 27% 73% Sim Não
Figura 6- Pacientes estavam com restrição mecânica na hora da queda?
De acordo com a figura 6, observamos que o predomínio de ocorrências foi maior com os pacientes que não apresentavam restrição, apresentando 96% do total, seguido de apenas 4% que apresentavam contidos.
Figura 7- Distribuição ocorrências, de acordo com o local onde o paciente se
encontrava na hora da queda.
Através da figura 7, observamos que a metade do número de ocorrências ocorreu com os pacientes que estavam na cama, com 50% do total, seguido de 35% que estavam deambulando e 15% que estavam em cadeira na hora da queda.
4% 96% Sim Não 35% 50% 15% Deambulando Na Cama Na Cadeira
Figura 8- Consequências ocasionadas pela queda.
Analisando os dados da figura 8, identificamos que para 29% dos pacientes, não houve nenhuma consequência após a queda, porem 16% sofreram fraturas, 13% lesões e 13% ficaram com hematomas, seguidos de outras consequências de menor ocorrência.
Figura 9- Em qual plantão mais ocorreram quedas?
Através da figura 9, identificamos que o plantão com o maior número de ocorrências foi o diurno, com 54% do total de pacientes que sofreram queda, contra 46% que caíram durante o período noturno.
13% 13% 3% 3% 16% 10% 10% 3% 29% Hematoma Lesão
Quebra de Prótese Dentária Sacou AVP Fratura TCE Algia Local Cefaléia Nenhuma 54% 46% Diurno Noturno
Considerações Finais
Através dos dados colhidos, ainda que limitados pelo período de coleta e volume de casos descritos, constatou-se que as quedas predominaram em pacientes do sexo masculino, onde os mesmos apresentavam-se conscientes, acamados e sem uso de restrição mecânica, trazendo variadas consequências como: fraturas, lesões,
hematomas, entre outras.
De acordo com os resultados, a fim de se evitar quedas no ambiente hospitalar, fica evidente a necessidade de maior cuidado com os pacientes desacompanhados durante o período diurno, onde se constatou o maior número de quedas.
Observamos através dos registros dos eventos adversos, a identificação dos principais fatores de risco para quedas demonstrando a necessidade de se propor intervenções preventiva, promovendo com eficácia a segurança do paciente.
Referências
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