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OS IMPACTOS DAS LEIS DE REDUÇÃO DE

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MENSALIDADES ESCOLARES NO BRASIL

DEZEMBRO 2020

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Segundo a Associação Nacional das Universidades Particulares (ANUP), a substituição das aulas presenciais por aquelas que utilizem meios digitais gerou diversos ônus para as entidades de ensino e seus colaboradores, pois vem demandando a adequação, em regime de urgência, dos conteúdos das disciplinas para mídia digital, a capacitação dos docentes, o fornecimento de computadores, a criação de políticas para uso de voz e imagem de professores e alunos e, por vezes, a criação ou contratação de plataformas digitais para a veiculação de aulas, a contratação de internet com banda dedicada, sem prejuízo da manutenção das estruturas previamente organizadas para aulas presenciais.

Em paralelo a isso, surgiram diversas portarias do Ministério da Educação

(Portaria nº 343/2020; Portaria 473 e mais recentemente Ato do Presidente da Mesa do Congresso Nacional nº 42) apontando a

necessidade de prorrogação do prazo para substituição das aulas presenciais para o ensino em meios digitais.m estados

Diante das diversas mudanças decorrentes da pandemia ocasionada pelo novo coronavírus (COVID-19), tornou-se necessária a adoção de medidas que, além de evitar o colapso do sistema de saúde, impedissem a contaminação desenfreada de pessoas, tendo como principal recomendação o distanciamento social. Desse modo, muitas instituições de

ensino tiveram que se inovar e se

reinventar acerca das metodologias de ensino e desenvolver métodos que preservassem a técnica e a qualidade do ensino em outras modalidades, observando, contudo, as recomendações das autoridades e do Ministério da Saúde, bem como o disposto na Portaria nº 343/2020 do Ministério da Educação.

Houve, de forma substancial, investimentos por parte das instituições de todo o Brasil de modo a evitar a descontinuidade das atividades pedagógicas prestadas por tais organizações.

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Em estados como o Rio de Janeiro, Ceará e Maranhão, Leis Estaduais foram editadas determinando a imposição de desconto obrigatório e linear nas mensalidades pagas pelos alunos, ao fundamento de que os estabelecimentos de ensino tiveram seus custos de manutenção reduzidos por conta da suspensão das atividades presenciais. O entendimento acima é o propulsor legislativo de projetos de leis estaduais e municipais em muitos outros estados do Brasil, como o estado do Pará, que também editou lei a respeito do assunto (Lei Estadual nº 9.065/2020).

A quase totalidade dessas Leis teve sua constitucionalidade questionada perante o Supremo Tribunal Federal, por meio de Ações Diretas de Inconstitucionalidade propostas pela Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino – CONFENEN (p.ex.: ADI nº 6.448, ADI nº 6.423 e ADI nº 6.435).

Segundo a CONFENEN, houve violação à

autonomia universitária, decorrente da

invasão do Estado em assuntos referentes à gestão financeira e patrimonial de instituições de ensino superior. E, ainda, as legislações apontadas desrespeitam o devido processo legislativo, pois não apresentam adequada fundamentação para a imposição de descontos obrigatórios ou lineares nas mensalidades de instituições que mantiveram suas atividades por meio virtual ou que não reduziram o calendário acadêmico.

Além da violação das normas constitucionais, é posto em discussão o estabelecimento de sistemas assimétricos para a prestação do serviço de educação.

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equilíbrio financeiro entre as instituições de ensino e alunos da educação básica brasileira.

Ressalta-se que, em razão de tais atos legislativos serem de grande relevância nacional e causarem impacto social

direto, a Associação Brasileira de

Mantenedoras das Faculdades Isoladas e Integradas – ABRAFI; Associação Nacional dos Centros Universitários – ANACEU; Associação Brasileira de Mantenedoras do

Superior

Ensino Superior – ABMES e demais associações de âmbito nacional e regional passaram a atuar também como amici

curiae nas referidas ações constitucionais.

Diante desse cenário de discussão nacional e jurídica sobre o tema, mostrou-se imprescindível a apresentação de panoramas demonstrando os impactos sociais dessas legislações no âmbito da educação básica nacional e os efeitos econômicos que elas já trouxeram até aqui, ou trarão, se mantidas.

O teor dessas normas, segundo a Confederação, interferiram indevidamente em matéria de direito civil contratual e viola o princípio da livre iniciativa, gerando efetiva desapropriação contra as instituições de ensino de maneira desproporcional.

Dentre tantos argumentos utilizados para inaplicabilidade das leis de redução, estão as estatísticas apontando a inadimplência no ensino superior, a quantidade de estudantes impactados e as consequências para o

Segundo a União pelas Escolas Particulares de Pequeno e Médio Porte (2020), a educação básica representa mais de 9 milhões de alunos e a estimativa no cenário de pandemia era de que 30% a 50% das escolas estava sob o risco de falência.

Isso significa que, além de todas essas questões, somadas ao trabalho incessante das instituições de ensino na busca de soluções tecnológicas para manter a prestação dos seus serviços, ainda surgem sérios problemas com a inadimplência e a perda de alunos atingindo níveis nunca vistos.

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No Piauí, de acordo com o presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Piauí (SINEPE/PI), a inadimplência atingiu o patamar de 70% em agosto de 2020 e os principais fatores que potencializam a crise no setor estão relacionados ao desconto nas mensalidades, que se tornou obrigatório após a aprovação de Lei na Assembleia Legislativa daquele Estado, ao alto índice de inadimplência e aos altos custos para adaptar a estrutura física para retorno dos alunos presencialmente.

Nessa mesma linha ainda estão os Estados de Pernambuco e Rio Grande do Sul. Naquele, cerca de 40% das escolas particulares correm risco de falência; neste último, 12,8% dos proprietários já projetam o encerramento total das atividades.

Em 9 de setembro, o Senado aprovou, por 75 votos favoráveis e um voto contrário, o projeto de lei complementar (PLP 195/2020) que cria o Programa Nacional de Auxílio às Instituições de Ensino da Educação Básica (PRONAIEEB), com o objetivo de prestar auxílio financeiro às escolas privadas afetadas pela pandemia do novo coronavírus.

O projeto prevê a determinação à União do repasse de até R$ 3 bilhões aos Municípios para aplicação em ações emergenciais de apoio às instituições privadas de ensino básico e ainda será apreciado na Câmara dos Deputados.

Diante desse cenário, que envolve a apresentação e discussão de tantas consequências desfavoráveis às instituições de ensino, bem como da necessidade de preservação da prestação de seus serviços refletir diretamente na qualidade e manutenção da vida de diversas pessoas que dela dependem, somados às imposições legislativas dos últimos meses, ganhou sinais promissores a perspectiva de uma solução a ser proclamada pelo Supremo Tribunal Federal.

A ADI nº 6423, que questiona a constitucionalidade da Lei nº 17.208/2020 do Estado do Ceará, que fora uma das primeiras leis estaduais questionadas junto ao STF, teve no último dia 23/10/2020, pelos votos dos ministros Edson Fachin (Relator) e Cármen Lúcia, medida cautelar deferida para declarar a inconstitucionalidade de somente um artigo (art. 7º da Lei nº 17.208, de 11.5.2020, do Estado do Ceará), encontrando-se ainda em tramitação para julgamento definitivo.

Como se vê, a discussão sobre redução de mensalidades vai além da preservação de empregos.

A redução de custos que justificam a imposição de descontos sobre as mensalidades devidas às instituições de ensino tem contribuído de forma direta para o agravamento da crise financeira de diversas instituições de ensino.

Inegável que em tempos de crise exista perda de receita. Contudo, o que se propõe

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diante do presente cenário é que também nesses tempos de pandemia prevaleça a preservação da autonomia das instituições de ensino, para que estas se mantenham no mercado e prossigam sem a interferência adicional e profunda de determinados Estados ou dispositivos legislativos que visem anular qualquer possibilidade de sobrevivência de pequenas e médias escolas, faculdades, curso, dentre outros.

Diante disso, enquanto houver o prosseguimento das ações junto ao Supremo Tribunal Federal, as diversas consequências e efeitos decorrentes de legislações estaduais de redução de mensalidades continuarão latentes e carecendo da atenção extrema das instituições de ensino na defesa de seus interesses.

Assim, como também, a participação das associações educacionais e demais organizações e instituições educacionais de âmbito regional e nacional continuem vigilantes e atuantes para assegurar o exercício da autonomia das instituições de ensino, considerando que as consequências de qualquer interferência legislativa, mesmo no contexto de pandemia, não podem servir como propulsores do colapso do sistema de ensino privado, quando justamente o que se defende é a manutenção das instituições e a preservação de sua autônomia diante do cenário pandêmico.

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1. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Nº 6423. DISPONÍVEL EM: HTTP://PORTAL.STF.JUS.BR/PROCESSOS/DETALHE.ASP? INCIDENTE=5912216

ACESSO EM 24 DE OUTUBRO DE 2020.

2. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Nº 6435. DISPONÍVEL EM: HTTP://PORTAL.STF.JUS.BR/PROCESSOS/DETALHE.ASP?

INCIDENTE=5918103

ACESSO EM: 24 DE OUTUBRO DE 2020. 3. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Nº 6448.

DISPONÍVEL EM: HTTP://PORTAL.STF.JUS.BR/PROCESSOS/DETALHE.ASP? INCIDENTE=5930636

ACESSO EM: 24 DE OUTUBRO DE 2020.

4. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. MENSALIDADES

ESCOLARES: LEI DO RJ QUE PERMITE REDUÇÃO DURANTE A PANDEMIA É CONTESTADA EM AÇÃO. DISPONÍVEL EM: HTTP://STF.JUS.BR/PORTAL/CMS/VERNOTICIADETALHE.ASP? IDCONTEUDO=445144.

ACESSO EM 24 DE OUTUBRO DE 2020.

5. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. LEI DO PARÁ SOBRE DESCONTO EM MENSALIDADES ESCOLARES DURANTE PANDEMIA É QUESTIONADA. DISPONÍVEL EM:

HTTP://PORTAL.STF.JUS.BR/NOTICIAS/VERNOTICIADETALHE.ASP? IDCONTEUDO=444840&ORI=1

ACESSO EM 24 DE OUTUBRO DE 2020.

6. SUPREMO TRIUNAL FEDERAL. ESTABELECIMENTOS DE ENSINO QUESTIONAM LEI DO MA QUE REDUZ MENSALIDADES

EM RAZÃO DA PANDEMIA. DISPONÍVEL EM:

HTTP://PORTAL.STF.JUS.BR/NOTICIAS/VERNOTICIADETALHE.ASP? IDCONTEUDO=444164&ORI=1

ACESSO EM 24 DE OUTUBRO DE 2020.

7. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. ESCOLAS PARTICULARES CONTESTAM REDUÇÃO DE MENSALIDADES NO CE DURANTE CALAMIDADE PÚBLICA. DISPONÍVEL

EM:HTTP://PORTAL.STF.JUS.BR/NOTICIAS/VERNOTICIADETALHE.ASP? IDCONTEUDO=443570&ORI=1

ACESSO EM 24 DE OUTUBRO DE 2020.

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8. UNIÃO PELAS ESCOLAS PARTICULARES,

OBJETIVO. DISPONÍVEL EM: HTTP://UNIAOPELASESCOLAS.COM.BR/NOSSO-OBJETIVO.HTML

ACESSO EM 24 DE OUTUBRO DE 2020.

9. SOUZA, NATANAEL. SINDICATO DIZ QUE INADIMPLÊNCIA CHEGA A 70% E ESCOLAS PODEM DECRETAR FALÊNCIA A PARTIR DE 2021. TV CIDADE VERDE. 20/08/2020. DISPONÍVEL EM:

HTTPS://CIDADEVERDE.COM/NOTICIAS/330592/SINDICATO-DIZ-QUE- INADIMPLENCIACHEGA-A-70-E-ESCOLAS-PODEM-DECRETAR-FALENCIA-A-PARTIR-DE-2021.

ACESSO EM 24 DE OUTUBRO DE 2020.

10. JC. CERCA DE 40% DAS ESCOLAS PARTICULARES DE PERNAMBUCO CORREM RISCO DE

FALÊNCIA, DIZ REPRESENTANTE DOS COLÉGIOS. DISPONÍVEL EM:

HTTPS://JC.NE10.UOL.COM.BR/ECONOMIA/2020/07/11957358-CERCA-DE-40

DASESCOLAS-PARTICULARES-DE-PERNAMBUCO-CORREM-RISCO-DE-FALENCIA--DIZ-REPRESENTANTE-DOSCOLEGIOS.HTML

PUBLICADO EM 28 DE JULHO DE 2020. 11. KOSACHENCO, CAMILA E FARINA, ERIK. EFEITO DA PANDEMIA. DIÁRIO GAÚCHO. 04/08/2020. DISPONÍVEL EM:

HTTP://DIARIOGAUCHO.CLICRBS.COM.BR/RS/DIA-A-DIA/NOTICIA/2020/08/PESQUISA-

REVELA-QUE-QUASE-13-DAS-ESCOLAS-INFANTIS-PRIVADAS-DEVEM-FECHAR-NO-ESTADO-12534885.HTML

ACESSO EM 24 DE OUTUBRO DE 2020.

12. SENADO FEDERAL. SENADO APROVA AUXÍLIO A ESCOLAS PRIVADAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA; PROJETO VAI À CÂMARA. DISPONÍVEL EM

HTTPS://WWW12.SENADO.LEG.BR/NOTICIAS/MATERIAS/2020/09/09/SENADO-APROVA- PROJETO-DE-AUXILIO-A-ESCOLAS-PRIVADAS-DA-EDUCACAO-BASICA-TEXTO-VAI-A-CAMARA.

PUBLICADO EM 09 DE SETEMBRO DE 2020.

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13. DRECHSEL, DENISE. 4 ESTADOS E DF DISCUTEM REDUÇÃO DE

MENSALIDADES NAS ESCOLAS; STF JÁ JULGOU AÇÃO SIMILAR. GAZETA DO POVO. 03/04/2020. DISPONÍVEL EM:

HTTPS://WWW.GAZETADOPOVO.COM.BR/EDUCACAO/DEPUTADOS-ESTADUAIS-NAO-PODEM-REDUZIR-MENSALIDADES-ESCOLARES/

ACESSO EM 24 DE OUTUBRO DE 2020.

14. CARNEIRO, LUÍS ORLANDO. CONFENEN JÁ AJUIZOU 3 AÇÕES NO STF CONTRA

REDUÇÃO DE MENSALIDADES ESCOLARES. JOTA. BRASÍLIA/DF 06/06/2020. DISPONÍVEL EM: HTTPS://WWW.JOTA.INFO/STF/DO-SUPREMO/CONFENEN-JA-AJUIZOU-3-ACOES-NO-STF-CONTRA-REDUCAO-DE-MENSALIDADES-ESCOLARES-06062020

ACESSO EM 24 DE OUTUBRO DE 2020.

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SOBRE O NWADV

Em um país de dimensões continentais e que guarda

indiscutíveis peculiaridades regionais, a presença física do

NWADV, em cada estado brasileiro, constitui-se como

verdadeiro diferencial de sua atuação.

O NWADV possui estrutura física própria em todas as capitais

brasileiras e em algumas cidades estratégicas do interior do

país e atende toda e qualquer demanda de natureza

jurídico-empresarial, destacando-se pela maneira objetiva, correta,

moderna e eficaz que adota para assessorar clientes e

solucionar problemas.

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