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SECRETARIA DA JUSTIÇA E DA DEFESA DA CIDADANIA FUNDAÇÃO DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR

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SECRETARIA DA JUSTIÇA E DA DEFESA DA CIDADANIA FUNDAÇÃO DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR

São Paulo, 18 de setembro de 2012

Considerações da Fundação Procon São Paulo à Consulta Pública 49/2012 da Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS, que propõe sobre os princípios para a oferta de medicação de uso domiciliar pelas operadoras de planos de assistência à saúde.

Preliminarmente

Ressaltamos nossa posição em relação à necessária melhoria do processo regulatório no que diz respeito à participação social.

Nesse sentido, reiteramos que o prazo para contribuições se mostra insuficiente para elaboração de pesquisa, troca de informações e outras diligências para que sejam minimizadas eventuais assimetrias nas informações entre os atores desta peculiar relação de consumo. Para tanto, ressaltamos que em dias úteis o prazo se mostra exíguo e, portanto, consideramos razoável a ampliação para pelo menos 60 (sessenta) dias.

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medida em que não há nenhum espaço para o envio de questionamentos, dúvidas ou outros comentários que não se refiram à redação das propostas apresentadas pela Agência.

Assim, entendemos que há necessidade de a ANS reformular a forma de participação e, ainda, que divulgue

endereço eletrônico para o envio das contribuições, a exemplo de outras Agências Reguladoras.1

Quanto ao objeto desta consulta pública, consideramos imprescindível que a proposta de resolução normativa deixe claro que a oferta de medicação de uso domiciliar pelas operadoras de planos de saúde se trata de contrato acessório para coberturas adicionais, o que não pode afastar coberturas obrigatórias previstas na Lei 9.656/98, bem como normativos específicos.

Como exemplo, verificamos que atualmente, a legislação exige a cobertura de medicamentos durante tratamentos ambulatoriais, nas internações, incluindo, o tratamento em home care nos casos em que esta substituir a internação hospitalar. Neste caso, o consumidor que não contratar a assistência farmacêutica, nos termos da Consulta Pública (minuta) em análise, não poderá ser prejudicado quanto ao seu direito da cobertura de medicamentos quando o tratamento se dê em home care que substitua a internação hospitalar (artigo 13 da RN 211/2010, c.c. artigo 12, II, alíneas “c”, “d”, e “e” da Lei 9.656/98).

Não obstante, consideramos que a oferta de medicação de uso domiciliar pelas operadoras de planos de saúde, poderá contribuir de forma positiva na assistência ao beneficiário e no sistema de saúde privado, evitando hospitalizações

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e o agravamento de doenças, contribuindo para a cura ou estabilização do quadro clínico, trazendo melhoria de qualidade de vida dos consumidores.

Entretanto, em relação ao teor da minuta, destaca-se a importância na definição de regras que tornem as informações inseridas na proposta mais claras, objetivas e precisas e, dessa forma adequadas, convergindo para uma prestação de serviço efetiva e com qualidade, nos temos das normas consumeristas.

Nesse sentido, indicamos a necessidade de revisão da linguagem pois a utilização de alguns termos técnicos dificultam o entendimento do consumidor que é o destinatário final da prestação do serviço.

Destacamos também a existência de questões pendentes relacionadas aos procedimentos de orientação e acompanhamento ao paciente, no caso de assistência farmacêutica, mais ampla que “oferta de medicação de uso domiciliar”, que precisam ser claramente estabelecidas, visando a integridade do consumidor.

Ressaltamos, ainda, a necessidade de esclarecimentos acerca de outros termos da prestação de serviço, como formas de oferta ao consumidor, a possibilidade de o serviço ser prestado por liberalidade da operadora, além de informações sobre os critérios para definição do preço e dos reajustes, das coberturas, prescrições, dentre outras.

Assim sendo, com relação à Minuta da Resolução Normativa, elaborada pela ANS, apresentamos as seguintes considerações:

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1. Da terminologia adotada

Em termos formais, a ementa da minuta de resolução normativa norteia a norma a ser editada, dispõe previamente sobre o tema que será abordado, indicando o objeto a que se destina a norma e traça as diretrizes adotadas pelo órgão regulador.

Notamos que a ementa da proposta de RN adota a terminologia mais restritiva: “Dispõe sobre os princípios para a

oferta de medicação de uso domiciliar pelas operadoras de planos de assistência à saúde”; sendo que a seção I do

Capítulo II (Das Disposições Gerais) tem o seguinte título: “Da oferta do Contrato Acessório de Assistência

Farmacêutica Domiciliar”, que consideramos mais ampla, na medida em que, normalmente, o serviço farmacêutico

agrega a venda de produto(s) e uma prestação de serviços do profissional farmacêutico. O “caput” do artigo 5º preceitua que: “É facultado às operadoras de planos privados de assistência à saúde o oferecimento de assistência farmacêutica

domiciliar na forma de contrato acessório.”

Dessa forma, a fim de evitar interpretações diversas, inclusive conflitantes, sugerimos que a agência primeiramente indique se adotará prestação de serviço mais ampla (oferta de assistência farmacêutica) ou mais restritiva (oferta de medicamentos), tendo em vista que os termos utilizados não são sinônimos, bem como a sua abrangência.

2. Contrato acessório e liberalidade da operadora

Segundo o artigo 3º da minuta, as operadoras de plano de assistência à saúde poderão, facultativamente, ofertar a seus beneficiários medicação de uso domiciliar, que poderá ocorrer de duas formas: por meio de um contrato acessório ou por liberalidade da operadora (sem contrapartida financeira por parte do beneficiário).

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Nos termos dos artigos 30 e 31 do Código de Defesa do Consumidor, a operadora será obrigada a cumprir a oferta, mas para tanto a hipótese de oferta por liberalidade deverá conter todas as informações previamente. Verificamos que a minuta apenas indica que a oferta por liberalidade se dará através de programas especiais voltados para promoção de saúde e prevenção de riscos, mas não contempla a forma como esta prestação ocorrerá, quais requisitos, etc. Nesse sentido, entendemos que este ponto deve ser melhor definido.

3. Da abrangência relativa aos tipos de contratos

Art. 2º. Esta RN aplica-se a todos os contratos individuais, familiares, coletivos por adesão e coletivos empresariais celebrados a partir de 2 de janeiro de 1999, ou adaptados à Lei 9.656, de 3 de junho de 1998.

Observamos que a minuta apresenta abrangência aos contratos individuais e coletivos, novos ou adaptados à Lei nº 9.656/98.

No entanto, considerando que o contrato de oferta de medicação de uso domiciliar é acessório e facultativo ao consumidor (art. 6.º da minuta) e, em razão de nossa percepção sobre o alcance da norma proposta (condições melhores e complementares à saúde do consumidor) entendemos que a facultatividade na adesão pelo consumidor deve ser estendida aos detentores de contratos antigos, ou seja, anteriores à Lei de Planos de Saúde.

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Art. 9º. A formação de preço para o serviço poderá se dar em regime de pré-pagamento, pós-pagamento ou misto, assim considerados:...

Ao estabelecer as possíveis formas de custeio, a minuta deixa de apresentar parâmetros para sua aplicação, bem como se na pratica, a operadora poderá oferecer ao consumidor das diversas modalidades de planos de saúde (individual, coletivo, empresarial, etc), as três hipóteses de formação de preço (pós-pagamento, pré-pagamento, ou misto). Nesse sentido, a minuto deve deixar claro se a escolha de uma destas hipóteses caberá a operadora ou ao consumidor, ou mesmo a ambos.

Ademais, cabe questionar quais seriam os parâmetros para o pós-pagamento e os critérios de definição dos valores a serem praticados. A princípio, nos parece que a modalidade de pós-pagamento não garantirá informações prévias ao consumidor.

RATEIO

Outro aspecto relevante é o sistema de rateio, previsto no parágrafo único do artigo 9.º, da minuta, no qual expressa que o rateio se dará entre todos os beneficiários do plano (entenda-se plano de saúde), com o que não podemos concordar, visto que irá onerar consumidores que não contrataram o serviço acessório, que é facultativo tanto a operadora quanto ao consumidor.

O sistema de rateio proposto se mostra injusto e contraditório com a proposta de adesão facultativa pelo consumidor com relação aos serviços ofertados.

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Consideramos que somente poderá haver rateio entre os consumidores que aderiram ao contrato acessório, em decorrência do exercício de sua facultatividade nesta escolha.

Portanto a agência deve adotar sistemas (rateio) e parâmetros (facultatividade) que não ensejem vantagem excessiva ao fornecedor, resultantes de onerosidade àqueles consumidores que optarem por não aderir ao serviço acessório ofertado.

REAJUSTE

Importante também frisar que precisam ficar claros quais serão os critérios para definição dos valores para a prestação de serviço e, ainda, como serão os reajustes de tais valores. A minuta, em seu artigo 10º, traça algumas regras de reajuste a serem aplicados às mensalidades de contrato de pessoa física, contudo, não indica parâmetros ou limites claros.

5. Das Carências

Art. 12. As operadoras de planos de assistência à saúde poderão estabelecer períodos de carência para o contrato acessório de uso de medicação domiciliar.

Parágrafo único. O período máximo a ser estabelecido não poderá ultrapassar o prazo de 90 (noventa) dias corridos, contado da data de celebração do contrato acessório de medicação de uso domiciliar.

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Embora a Resolução Normativa preveja a possibilidade de carência de até 90 (noventa) dias para usufruir do programa de assistência farmacêutica, devemos lembrar que o contrato é acessório, e, segundo a Teoria Geral dos

Contratos, o acessório é subsidiário ao principal. 2

Assim, por se tratar de um contrato acessório, se o consumidor já cumpriu os prazos de carência para as mesmas patologias no contrato principal, entende-se que não são cabíveis prazos adicionais de carências.

Ademais, a obrigatoriedade do cumprimento de 90 dias de carência torna o prazo excessivo, pois corresponde a ¼ (um quarto) do período contratual, contrariando o artigo 51, inciso IV da Lei 8078/90, Código de Defesa do Consumidor, colocando o consumidor em desvantagem exagerada. Além disso, para casos de pacientes que utilizam medicamentos de uso contínuo, esse prazo pode ocasionar prejuízo manifesto no tratamento, colocando à saúde e a integridade física do consumidor em risco.

Portanto, sugerimos a supressão do referido artigo 12 da minuta.

6. Da Cobertura

Art. 13 Os contratos acessórios de medicação de uso domiciliar oferecidos pelas operadoras de planos de assistência à saúde deverão cobrir, nos contratos individuais, no mínimo, os grupos de patologias abaixo descritas, assim como 80% dos princípios ativos associados a estas enfermidades:

2 Citemos o entendimento do jurista Orlando Gomes, que, adotando a orientação de Messineo, define: “o contrato acessório segue a sorte do principal...

especialmente com respeito à nulidade, à possibilidade de resolução e a outros efeitos similares...” (Contratos – 12ª edição, Rio de Janeiro, Editora Forense, 1987, p.112/113).

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I – Diabetes Mellitus

II – DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) III – Hipertensão Arterial

IV – Insuficiência Coronariana

V – Insuficiência Cardíaca Congestiva; e VI – Asma brônquica.

Parágrafo único. Para os planos coletivos por adesão empresariais, a escolha das patologias deve se dar a partir da análise de freqüência de patologias, da massa de beneficiários a ser coberta, por parte da operadora de planos de assistência à saúde do contratante..

Observamos que foram suprimidas algumas patologias em relação à minuta da Câmara Técnica, como dislipidemias (com co-morbidade) e DORT (doenças ocupacionais relacionadas ao trabalho), Saúde Mental, Osteoporose (alto risco).

Primeiramente, manifestamos que nossa percepção sobre o intuito da ANS, através da proposta em análise, é de que a agência visa propiciar melhores condições no tratamento aos consumidores de planos privados de saúde, que estejam acometidos de doenças consideradas crônicas ou de tratamento à longo prazo, sendo que a supressão de patologias contraria a própria iniciativa desta proposta de resolução normativa.

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Entendemos que o rol mínimo de doenças, estabelecido na proposta, este rol deverá ser ampla e destacadamente divulgado para que o consumidor exercite escolha consciente se optar pela adesão ao contrato acessório, ou eventualmente na participação de programa de promoção à saúde, nos casos de oferta por liberalidade da operadora. Trata-se de informação essencial para o consumidor e, portanto, deve obedecer à legislação consumerista, especialmente aos princípios da informação, transparência, boa-fé, entre outros.

7. Dos Medicamentos

Art. 14. A operadora deverá disponibilizar a lista completa dos medicamentos a serem cobertos por patologia, classe terapêutica, princípio ativo e marcas.

Consideramos que a apresentação de uma “lista de medicamentos” pode induzir o profissional médico a indicar apenas medicamentos que constem da lista, e não exatamente o que se adequaria melhor ao tratamento, atendendo a premissa de que o médico é quem tem o conhecimento necessário para indicar o melhor tratamento ao paciente.

Dessa forma, a proposta deve conter dispositivo que assegure ao profissional médico a possibilidade de não se ater a indicação de lista de medicamentos, a fim de que sua atuação profissional não seja comprometida, bem como evitar restrições à cobertura, comprometendo o tratamento do consumidor e, consequentemente, sua integridade.

Ademais, a Lei 9656, no seu inciso III, alínea d, do artigo 12, prevê a obrigatoriedade do fornecimento de medicamentos conforme prescrição do médico assistente, administrado durante o período de internação hospitalar, o que significa que durante a internação qualquer medicamento prescrito pelo médico assistente tem cobertura obrigatória, portanto, o tratamento fora do ambiente hospitalar deve seguir as mesmas regras.

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O consumidor deve ter acesso a medicamentos indicados para sua condição, lembrando que a oferta de medicação de uso domiciliar pelas operadoras poderá envolver contrato remunerado, este deverá atender de forma satisfatória as necessidades do contratante.

8. Regras estabelecidas no contrato acessório

Art. 15. As regras de utilização da assistência farmacêutica domiciliar devem estar claramente descritas no instrumento do contrato acessório, no qual deve constar, obrigatoriamente, dentre outras exigências: ...

O artigo 15 estabelece algumas regras a serem previstas no contrato acessório para a prestação de assistência farmacêutica domiciliar. Conforme já observado, novamente foi utilizado o conceito genérico, mais amplo do que preceitua a ementa (oferta de medicação de uso domiciliar).

Consideramos que a redação do “caput” do artigo 15 deve prever que o instrumento do contrato acessório deve obedecer ao Código de Defesa do Consumidor, especialmente o disposto no capítulo VI – Da Proteção Contratual

Cumpre advertir às operadoras que não poderá ser exigido do consumidor aquilo que não for previamente regrado, nos termos do artigo 46 do CDC.

No que tange as formas de controle e utilização, demonstramos preocupação com a possibilidade da instituição dos chamados mecanismos de regulação utilizados pelas operadoras, tais como, cobertura condicionada à avaliação de

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cobertura dos medicamentos. Assim, a nosso ver, a redação proposta no referido dispositivo, que dispõe sobre as regras para utilização e controle de forma aberta e abrangente, gerará a adoção de práticas restritivas ao consumidor, em dissonância ao disposto no artigo

Salientamos que as regras para os casos da chamada adesão por liberalidade da operadora não estão traçadas de forma suficiente por esta proposta de Resolução Normativa, o que pode abrir margem às operadoras para tratarem do objeto em análise de forma discricionária e, até mesmo, com possibilidade de serem prejudiciais aos beneficiários.

Por fim, consideramos que os contratos acessórios devem observar a legislação correlata e a legislação consumerista, bem como as Resoluções e Instruções Normativas da Agência como exemplificado no item 1 desta contribuição, no qual citamos a obrigatoriedade do cumprimento ao artigo 13 da RN 211/2010 e a Lei 9.656/98.

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