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A SITUAÇÃO DEMOG RÁFICA PORTUGUE SA NO CONTEXT O DA UNIÃO EUROPE IA NO INÍCIO DOS ANOS NOVE NTA

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NO CONT EXT O DA UNIÃO EUROPE IA

NO INÍCIO DOS ANOS NOVE NTA

}. Manuel Nazareth Universidade Nova de Lisboa

1.

VOLUMES, RITMOS DE CRESCIMENTO E DENSIDADES

N o i n ício d a d é ca d a de nove nta a p o p u l a ção d a U n ião E u ro p e i a ro n dava os 346 milhões de habitantes. A primeira grande característica que encontramos é a exis­ tência de uma grande desigualdade nos volumes populacionais dos diferentes países. Na realidade, o país com o maior volume populacional é a Alemanha com 80 2 74 600 ha­ bitantes (23,2% do total). segue-se um conjunto de três países com cerca de 5 7 milhões de habita ntes - a Itália com 57 788 200 habitantes ( 1 6,7% do total), o Reino Unido com 5 7 686 1 00 habitantes ( 1 6,7% do total) e a França com 5 7 2 1 7 SOO habitantes ( 1 6,5o/o do total). A Espanha vem em quinto l ugar com 39 055 900 habitantes ( 1 1 ,3% do total). Estes cinco países, no seu conj u nto, representam 84,3% do total da população da União Europeia cabendo aos restantes sete países apenas 1 5,7% da população (ver Quadro n" 1 e Fig. n" 1 ). Um segundo bloco de países tem um volume ao qual podemos chamar de d imensão média na medida em têm um total de habitantes, em números redondos, entre os 1 O e os 1 5 milhões de habitantes. Por ordem de importância temos: a Holanda com 1 5 1 29 200 habitantes (4,4% do total), a G récia com 1 o 2 79 900 habitantes (3,0% do total), a Bélgica com 1 o 022 ooo habita ntes (2,9% do total) e Portugal com 9 846 000 habitantes (2,8% do total). Finalmente, os restantes três países - a Dinamarca, a Irlanda e o Luxemburgo - no seu conjunto, não ultrapassam os 10 milhões de habitantes.

QUADRO N.2 1-POPULAÇÃO TOTAL NOS PAÍSES DA U NIÃO EUROPEIA EM 1992

Países Po p. em 1/1/9 2 Pop. em% Densida de

(000) (Ha b./Km2) BÉLGICA 10 022,0 2,9 326,6 DINAMARCA 5 1 62 , 1 1 .5 1 1 9,4 ALEMANHA 80 2 74,6 23,2 224,6 G RÉCIA 10 2 79,9 3,0 77,4 ESPANHA 3 9 0 5 5 , 9 1 1 ,3 77,2 FRANÇA 57 2 1 7.5 1 6,5 1 0,2 I RLANDA 3 542,0 1 ,0 50,8 ITÁLIA 57 788,2 1 6,7 1 9 1 ,4 LUXEM BURGO 3 8 9,8 0 , 1 1 4 7,4 HOLANDA 1 5 1 2 9,2 4,4 364,6 REINO UNIDO 5 7 686, 1 1 6, 7 2 3 5 , 2 PORTUGAL 9 846,0 2,8 1 07.2 EUR. 1 2 346 393,3 1 00,0 1 5 2,8

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). MANUEL NAZARETH

F I G U R A N." 1 - POPULAÇÃO TOTAL DOS PAÍSES DA UNIÃO EUROPEIA EM 1992 (EM %)

R.UNIDO (16.7%)

HOLANDA <4. 4%>

LUXEMB. <O.

1%)

tMzf7ffiQ@.@Jili:.lill81J

DINAMARCA <1.5%>

GRÉCIA <3.0%)

No entanto. quando analisamos o nível de ocupação do espaço. não são os países que rêm a maior dimensão populacional que apresenram as maiores densidades (ver Quadro nQ 1 e Figura n" 2). os países com as maiores densidades populacionais pertencem claramente ao grupo que classificámos anteriormente como intermédio - a Holanda (364,6 hab./km2) e a Bélgica (326,6 hab./km2). Apenas dois países de grande d imensão

F I G U R A N." 2 -DENSI DADES NOS PAÍSES D A U N IÃO EUROPEIA EM 1992

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populacional têm uma densidade entre 200 e 300 habitantes por km2 - a Alemanha e o Reino Unido. Os restantes países têm densidades inferiores a 200 habitantes por km2, sendo a Irlanda o país da União Europeia que tem a menor densidade populacional (50,8 hab./km2) com valores muito próximos dos observados na Grécia e na Espanha (cerca de 77 habitantes por km2). Portugal, sendo um país que, em termos de volume populacional, ocupa uma posição i ntermédia, tem no entanto uma densidade popula­

cional das mais baixas no contexto da Europa dos Doze (1 07,2 hab./km2).

É verdade que a densidade populacional é um i n dicador basta nte grosseiro de ocupação de espaço visto não ter e m conta u m conj u nto d e ca racterísticas físi cas determi n a n tes mas, e m relação ao o bjectivo que p retendemos ati ngi r - compara r diferentes níveis de ocupação de espaço com as d iversas volumetrias populacionais dos países da União Europeia - podemos considerar este indicador como satisfatório.

Poré m , se a diversidade de volumes populacionais e de ocupação de espaço é

bastante acentuada na Europa dos Doze o mesmo não podemos dizer em relação aos

ritmos de crescim e n to populacional. Quando compara mos global m e nte os valores

encontrados com os observados noutras regiões do mundo a convergência pa ra um mesmo modelo é mais do que evidente. Assim, se observarmos com atenção os dados apresentados no Quadro nº 2 e na Figura nº 3 onde apresentamos, para o ano de 1 99 1 ,

a s taxas d e cresci mento anual médio natu ral, migratório e tota l verificamos que as discrepâncias se red uzem consideravelmente por não existirem as grandes assimetrias e n co ntrad a s na i n fo rmação a nteri o rm e n te comentada. o fa cto d e não existirem grandes discre pâ ncias não quer d izer que os países sejam todos iguais. Apenas se quer assinalar q u e a dinâmica de crescimento demográfico global dos diversos países da União Europeia tem mais pontos convergentes do que divergentes.

Países BELGICA DINAMARCA ALEMANHA G RÉCIA ESPANHA FRANÇA IRLANDA ITÁLIA LUXEM BURGO HOLANDA REINO UNIDO PORTUGAL EUR. 1 2

QUADRO N.º

2-

TAXAS DE CRESCIMENTO ANUAL NOS PAISES

DA UNIÃO EUROPEIA EM

1991

(EM PERCENTAGEM)

T. c. Natural T. c. Migratório T. c. Total

0,2 1 0, 1 4 0,35 0 , 1 0 0,2 1 0,3 1 - 0,09 0,6 1 0,52 0,06 0,43 0,49 0, 1 2 0,04 0 , 1 6 0,4 1 0, 1 4 0,5 5 0,60 - 0,23 0,37 0,02 0,06 0,08 0,32 1 ,08 1 ,40 0,46 0,42 0,88 0,26 0,0 1 0 , 2 7 0, 1 2 - 0,25 -0, 1 3 O, 1 5 0,2 1 0,36

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J MANUEL NAZARETH

Figura n .º 3 -TAXAS DE CRESCIM ENTO ANUAL NA UNIÃO EUROPEIA EM 199 1

1. .• �---�---, 12�··· .. ... ... . � •... j DB�···�··· .. ··N··· j

Oj�··· ··•a······· ·�w· ... �1···�··· ·-j Ví <{

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jiSISI

T.C.NAT\JlAL

T.C.t.IGRATÓRIO

T.C. TOTAL

Assim, no que diz respeito ao crescimento natural, a média da União Europeia é de

O , 1 5% e a quase totalidade dos países têm valores q u e oscilam entre

0,02%

(Itália) e

0,60%

(Irlanda). Existe ass i m uma gra n d e convergê ncia nos ritmos d e crescimento natura l - tender para um cresci mento próximo do zero. Apenas a Alemanha tem uma

taxa d e crescimento natural negativa (-0,09%) o que significa que ao existir mais óbitos

do que nasci m entos, já ultrapassou o crescimento zero. Portugal tem uma taxa d e

crescimento natural praticamente i dêntico ao da média da União Europeia ( 0 , 1 2%).

No que diz respeito ao crescimento migratório as divergências encontradas são mais acentuadas do que no crescimento natural. Na realidade, dois países têm uma taxa de cresci mento m igratório negativa - a Irlanda (-0 , 2 3%) e Portuga l (-0 , 2 5 %). Nos outros países da U n i ã o E u ro p e i a , a pesar de serem m a i s recebedores de populaçã o do q u e e x p o rta d o re s , existem a l g u m a s d i fe re n ças i m po rta ntes: o Luxe m b u rgo te m um cresci mento m igratório de 1 ,0 8 % e a Alema n ha tem um cresci mento de 0 , 6 1 %; no extre mo oposto, temos países como o Reino Unido, a Espanha e a Itália com valores próximos de zero.

Quanto ao crescimento total a situação observada em

1991

reflete necessariamente

o efeito conjugado dos outros dois tipos de crescimento. Assim, todos os países da União

Europeia têm um crescimento positivo com excepção de Portugal que é o único país

que tem um crescimento total negativo (-0, 1 3%). o crescimento natural positivo obser­

vado em Portugal, e que é próximo da Europa dos Doze, é totalmente neutralizado pelo

cresci m e n to m igrató r i o n egativo o b s e rva d o . o cresci m e nto natura l negativo da

Alemanha é compensado pelo elevado crescimento migratório positivo. O crescimento migratório negativo da Irlanda é compensado pelo crescimento natura l relativamente elevado. Sa l i e nte-se a i n d a o facto de o Luxe m b u rgo ter o maior cresci mento tota l ( 1 ,4 0%) devido á acção conjugada do forte crescimento migratório ( 1 ,08%) a nterior­ mente assinalado com um crescimento natural significativo ( o quarto em i mportância).

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Para se compreender melhor a situação observada em 1 99 1 achámos importante analisar a evolução observada nestas taxas de crescimento nos últimos vinte anos. Nos

Quad ros nºs 3 e 4 a p resentamos a evo l u ção das taxas de crescimento - natura l ,

migratória e total - no período 1 9 70- 1 99 1 - nos doze países d a União Europeia. Na

Figura nº 4 representámos graficamente a evolução do crescimento natural para uma

melhor visualização e compreensão das d iversidades encontradas.

Q U A D R O N.º 3 - TAXAS DE CRESCIM ENTO NATURAL E MIG RATÓ R I O , EM PERCENTAG EM, NOS PAÍSES DA UNIÃO EUROPEIA,

N O PERÍODO DE 1970 A 199 1

Países Taxas Cresc. Natural Taxas Cresc. Migratório

70 80 91 70 80 91 BÉLGICA 0,24 0 , 1 1 0.2 1 0.03 -0.02 0, 1 4 DI NAMARCA 0,46 0,03 0, 1 0 0,24 0.0 1 0,2 1 ALEMANHA 0,06 -0,06 -0,09 0,47 0,23 0,6 1 G RÉCIA 0,8 1 0,63 0,06 -0,53 0,52 0,43 ESPANHA 1 , 1 3 0.76 0, 1 2 -0,09 0,30 0,04 FRANÇA 0 , 6 1 0 , 4 7 0,4 1 0,35 0,08 0, 1 4 IRLANDA 1 ,04 1 ,20 0,60 -0, 1 2 -0,02 -0,23 ITÁLIA 0,7 1 0, 1 5 0,02 -0,07 0,0 1 0,06 LUXEMBURGO 0,08 0,02 0,32 0,3 1 0,37 1 ,08 HOLANDA 1 ,00 0,48 0,46 0,25 0,36 0,42 REINO UNIDO 0,45 0, 1 6 0,26 0,09 -0, 1 2 0,0 1 PORTUGAL 1 ,00 0,65 0, 1 2 - 1 ,69 0,43 -0,25 EUR. 1 2 0,58 0 , 2 7 0 , 1 5 0,20 0, 1 8 0,2 1 FONTE: CONSEIL DE L' EUROPE, Évolution Démographique récente en Europe et en Amérique du Nord, Stroasbourg, 1 993 (Pags. 34 e 35); EUROSTAT, Statistique Rapides � Population et conditions sociales 1 992-2, LUxemburgo, 1 992 (Pag. 4)

QUADRO N.º 4 - TAXAS DE CRESCI MENTO TOTAL, EM PERCENTA G E M , NOS P A Í S E S DA UN IÃO EUROPEIA, NO PERÍODO 1970 A 199 1

Países Taxas Cresc. Tota l

70 80 91 BÉLGICA 0,27 0,09 0,35 DINAMARCA 0,70 0,04 0,3 1 ALEMANHA 0,53 0, 1 7 0,52 G RÉCIA 0,28 1 ' 1 5 0,49 ESPANHA 1 ,04 1 ,06 0, 1 6 FRANÇA 0,96 0,55 0,55 IRLANDA 0,8 1 1 , 1 8 0,37 ITÁLIA 0 , 7 7 0, 1 6 0,08 LUXEM BURGO 1 , 1 6 0,39 1 ,40 HOLANDA 1 ,42 0,84 0,88 REINO UNIDO 0,46 0,04 0,27 PORTUGAL -0,69 1 ,08 -0, 1 3 EUR. 1 2 0.78 0,45 0,36

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j. MANUEL NAZARETH

F I G U RA N." 4 - TAXAS D E CRESCIMENTO NATURAL ANUAL,

NA UNIÃO EUROPEIA, EM 199 1

� � � � � � R � � � � �

PAISES

No que diz respeito ao crescimento natural a tendência global em todos os países da União Europeia, no período 1970-1991, é a existência de um acentuado declínio do ritmo de crescimento natural (o que demonstra que o declínio da fecundidade foi superior ao da morta lidade) se bem que nos ú ltimos anos o ritmo de diminuição se tenha considera­ velmente atenuado. Na realidade, em 1 9 70, na totalidade dos países da União Europeia

o excedente dos nascimentos em relação óbitos era de 1 758 700 (taxa de crescimento

natural = 0,5 8%), em 1 98 0 era de 863 500 (taxa de crescimento natural = 0,2 7%) e em 1 99 1 apenas 5 0 5 1 00 (taxa de cresci mento natural = O, 1 5%). Em todos os países da Uni ã o E u ro p e i a esta ten d ência globa l é a mesma nos ú ltimos vinte anos. Poré m , quando ana l isamos a evolução d o s ú lti mos anos verificamos q u e em alguns países existem sinais de um ligeiro aumento no crescimento natural, o que significa que num contexto de baixos níveis de mortalidade, ainda com tendência para o declínio, tal facto só pode ser devido a um l igei ro aumento dos níveis de fecundidade. Veremos mais adiante se assim se verifica. Em todo o caso, é u m facto que existem países como Alemanha, a G récia, a Espanha, a França, a I rlanda, a Itália, a Holanda e Portuga l onde o declínio é sempre contínuo no período 1 9 70- 1 99 1 . Nos restantes quatro países observa­ se um lige i ro aumento do crescimento natural no decénio 1 98 0- 1 99 1 : na Bélgica, a inversão da tendência começou em 1 98 5 , na Dinamarca em 1 989, no Luxemburgo em

1 98 8 e no Reino Unido em 1 98 7 .

Quanto ao cresci mento migratório já tínhamos assina lado que em 1 9 9 1 apenas Portugal e a Irlanda têm um saldo migratório negativo quando, nos restantes países da União Europeia, a tendência é pa ra u m a u m ento dos saldos migratórios positivos. Porém, estes dois países não têm uma evolução semelhante: na Irlanda, o crescimento migratório tem sido sempre negativo nos últimos vinte ou trinta anos; Portugal, um país de emigração, na década 70-80, ao receber centenas de milhar de imigrantes teve, sobretudo a pa rti r d e 1 9 7 5 , taxas d e cresci mento m igratório positivas, as quais vão

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diminuindo lentamente até, mais recentemente, volta r a ter mais emigrantes do que im i g rantes. D e resto , a gen e ra l i d a d e dos países d a E u ro p a Com un i tá ri a é m a i s recebedora de população do q u e exportadora s e bem q u e existam algumas diferenças na evo l u ção d o s d i fe rentes países: na Bélgica , entre 1 9 8 0 e 1 9 8 7 , o crescimento m igratório é negativo; na G récia, país tra d i ci ona lmente d e emigração, a pa rti r de meados da d éca da d e setenta passou a ter saldos positivos; a Espanha tem uma evolução i rregular - se analisarmos, ano a ano, a sua evolução encontramos entre 1 98 5

e 1 99 1 saldos migratórios sempre negativos e n o entanto em 1 99 1 o saldo aparece como positivo (fenómeno inverso ao observado em Portugal que resulta , em nosso entender, das dificuldades em estimar os movimentos migratórios anuais nos períodos inter-censitários); a França tem uma evolução bastante regular, ou seja, nos ú ltimos vinte anos o crescimento foi sempre positivo e com tendência para uma certa estabili­ zação nos seus valores; a Itália passou de um país de dominantemente de emigração para um país dominantemente de imigração; a Holanda têm vindo a aumentar progres­ s ivamente os saldos migra tórios positivos; o Reino Uni d o tem tido uma evo l u ção migratória bastante i rregular se bem que com valores pouco expressivos; finalmente, é na Alemanha, na Grécia e no Luxemburgo onde encontramos os maiores crescimentos (nos primeiros dois países devido às migrações oriundas do leste europeu, no Luxemburgo devido a migrações internas no interior da Europa dos Doze - sensivelmente um terço da população é de origem portuguesa).

Em síntese, podemos a fi rmar que, apesar da diversidade de situações apontada

anteriormente, os países da União Europeia, nos últimos vinte anos convergiam para um modelo única: o crescimento total ser fundamentalmente determinado pelas variações nos movimentos migratórios, ou seja, as variações observadas nos últimos anos serem ma i s d e t e rm in a d a s p e l a s osci l a ções d o s movim entos m i grató r i os do q u e p e l a s oscilações do movimento natural. Tal não q u e r d izer q u e o movimento natural não seja importante. Apenas se quer d izer que, com mais ou menos velocidade, o movimento natural caminha, a d i ferentes ritmos, para um nível idêntico na Europa dos Doze.

2. M O RTAL I D A D E, NATALIDADE E N U PCIALIDADE

Nos quadros n"s 5 , 6 e 7 a presentamos os principais indicadores demográficos na União Europeia em 1 99 1 . É possível que no presente momento alguns indicadores já sejam conhecidos para 1 992, em particular em Portugal. Contudo, em ordem a garantir uma ce rta uni d a d e no tratamento das fontes não q u i semos introduzi r alte rações pontuais que em nosso entender não se justificavam face aos objectivos do trabalho.

Assim, no que diz respeito à mortalidade a presentamos no Quadro nº 5 os quatro indicadores mais utilizados na sua caracterização numa óptica comparativa - a Taxa Bruta de Morta lidade, a Taxa de Mortalidade Infantil e a Esperança de Vida à Nascença para os dois sexos. As diferenças observadas no primeiro indicador - a Taxa Bruta de Mortalidade - tem pouco interesse ser comentado visto ser um instrumento de medida m u i to sensível aos efeitos d e estrutura. Apesa r d o fenómeno d o envel h ecimento demográfico ser comum a todos os países (mais adiante nos ocuparemos da análise das estruturas d emográ ficas) as d i fe renças existentes entre os doze países ainda são bastante grandes de modo a permitir uma comparação d irecta de niveis através das taxas brutas. o mesmo não acontece com a Taxa de Mortalidade Infantil que, ao relacionar os óbitos no primeiro ano de vida com os nascimentos observados nesse mesmo ano, é

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). MANUEL NAZARETH

QUADRO N.º 5 - I N D I CADO RES DE M O RTALIDADE NOS PAÍSES DA UNIÃO EUROPEIA EM 199 1

Países T. B. Mort. T. M.lnf. e (H) e(M)

(000) (000) o o BÉLGICA 1 0,5 8,4 72,7 79,4 DINAMARCA 1 1 ,6 7,3 72,0 77,7 ALEMANHA 1 1 ,3 7,2 70,2 76,9 G RÉCIA 9,1 1 0,0 73,6 78,6 ESPANHA 8,7 7,8 73,4 80,1 FRANÇA 9,2 7,4 73,0 8 1 , 1 IRLANDA 8,9 8,2 7 1 ,9 77,4 ITÁLIA 9,5 8,3 73,2 79,7 LUXEMBURGO 9,7 9,2 72,3 78,5 HOLANDA 8,6 6,5 73,7 79,8 REINO UNIDO 1 1 ,2 7,3 72,9 78,5 PORTUGAL 1 0,6 1 0,8 70,2 7 7,3 EUR. 1 2 1 0, 1 7 , 7 72,7 79,3

FONTE: EUROSTAT, Statistiques Rapides - Papulation et conditions Sociales, 1992-2, Luxemburgo, 1992 (Pag. 2 e 4).

não só um in d i ca d o r l i b e rto d o s e fe i tos d e estrutu ra como nos dá uma v i são importante das d i fe renças existentes nos níveis d e mortalidade, em pa rti cular no primei ro ano d e vida. Em 1 99 1 , Portugal e a G récia são os únicos países da Comunidade Económica Europeia a ter uma mortalidade infantil igual ou superior a 1 o por mil, se bem que a informação já conhecida para 1 99 2 nos indique que tal situação já não se verifica. se exceptuarmos estes dois casos, os restantes países têm valores que oscilam entre 7 , 2 por mil (Alemanha) e 9,2 por mil (Luxemburgo), situando-se a média da União Europeia em 7 , 7 por mil. No Quadro nº 6 e na Figura nº 5 a presentamos a evolução da

Q U A D R O N." 6 - EVOLUÇÃO DA TAXA DE M O RTALIDADE INFANTIL NA U N IÃO EUROPEIA, NO PERÍ ODO 1970-199 1

Países 1970 1980 1991 BÉLGICA 2 1 , 1 1 2 , 1 8,4 DINAMARCA 1 4,2 8,4 7,3 ALEMANHA 20, 1 1 2,3 7,2 G RÉCIA 29,6 1 7,9 1 0,0 ESPANHA 2 8 , 1 1 2 ,3 7,8 FRANÇA 1 8 ,2 1 0,0 7,4 IRLANDA 1 9 ,5 1 1 , 1 8,2 ITÁLIA 2 9,6 1 4,6 8,3 LUXEMBURGO 24,9 1 1 ,5 9,2 HOLANDA 1 2 , 7 8 , 6 6,5 REINO UNIDO 1 8 ,5 1 2, 1 7,3 PORTUGAL 5 5 , 5 2 4 , 3 1 0,8 EUR. 1 2 2 3 , 7 1 2,6 7,7

FONTE: CONSEIL DE L' EUROPE, Évoiution Démographique récente en Europe et en Amérique du Nord, Strasbourg, 1993

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F I G U RA N." 5-EVOLUÇÃO DAS TAXAS D E MO RTALI DADE INFANTIL, NA UNIÃO E U R O PEIA, 1 970- 1 99 1

� � � � � � R � � � � �

PAÍSES

Taxa de Mortalidade Infantil no período 1 9 70- 1 99 1 . Podemos verificar que, se a tendência é sempre no sentido do declínio, o declínio observado em Portugal é sem dúvida o mais significativo. Em 1 9 70, Portugal tinha uma mortalidade infantil de 5 5 , 5 por mil e nenhum país da Eu ropa dos Doze ti nha nessa altura taxas superiores a 2 9 , 6 por mil (va lores observados na G récia e na Itália).

No que diz respeito á mortalidade geral medida através das esperanças de vida à nascença encontramos algumas diferenças interessantes dentro de um mesmo modelo global d e e l evados va l o res d e esperança d e vida (todos os países têm valores de esperança de vida à nascença superiores a 70 anos). Em primeiro lugar, as diferenças observadas na mortalidade infantil não coincidem com as diferenças observadas na mortalidade geral - a Alemanha, por exemplo, tem a menor mortalidade infanti l mas não as mais elevadas esperanças de vida à nascença; no extremo oposto, Portugal e a Grécia também não tem as esperanças de vida mais baixas a pesa r de terem as taxas de mortalidade infantil mais elevadas. Em segundo lugar, a dispersão de valores é pouco acentuada - no sexo mascu l i n o , a espera n ça d e vida à nasce nça varia entre 7 0 , 2 (Alemanha e Portuga l) e 7 3 , 7 (Hola nda); no sexo feminino os valores variam entre 76,9 (Portugal) e 8 1 , 1 (França). Em tercei ro lugar, podemos observar em todos os países uma acentuada desigualdade sexual face à morte - em todos os países as mulheres duram mais seis a sete anos do que os homens. E m sín tese, podemos afirmar que, apesar das d iferen ças e n co n t ra das, a Un ião E u ro p e ia con verg i u para um modelo ún ico d e mortalidade - mortalidade infantil inferior a

10

por mil, esperança de vida à nascença masculina rondando os

73174

anos e esperança de vida à nascença feminina rondando os

78/79

anos.

No que diz respeito aos indicadores de natalidade - a Taxa Bruta de Natalidade e a Descendência Média - a penas o último tem interesse em ser analisado por se encontra r

(10)

j. MANUEL NAZARETH

liberto dos efeitos de estrutura embora seja um indicador obtido por análise transversal e não por análise longitudinal. Em 1 99 1 , Portugal, a Grécia, a Espanha, a Alemanha e a Itália têm valores a baixo da média da União Europeia ( 1 ,55) e em todos os países os valores observados são insuficientes para renova r as gerações com excepção da Irlanda (o valor necessário para renovar as gerações é de 2 , 1 ). A Figura n" 6 mostra-nos a forma acentuada como ocorreu o declínio da fecundidade, em todos os países da Europa dos Doze, nos últimos vi nte a nos: os declínios mais a centuados ocorrera m em Portuga l, Espanha, Itália e Irlanda; a estabilização do declínio observado em alguns países a que nos referimos anteriormente não nos parece resultar da emergência de um novo modelo mas d e se ter atingido um patamar de baixo nível de fecundidade mais precocemente.

F I G U RA N." 6 - EVOLUÇÃO DA D ESCEND ÊNCIA MÉD IA, NA UNIÃO E U R O PEIA, 1 970- 1 99 1

� � � OC � � R � � � �

-PAÍSES

Em síntese, podemos afirmar que na Europa dos Doze, se convergiu para um modelo único de baixos níveis de fecundidade onde as gerações não se renovam. As diferenças ainda encon tradas nos diferen tes países reflectem fundamentalmen te os diferentes ritmos com que este processo tem ocorrido nos últimos vinte anos nos diferentes países .

Finalmente existe um conjunto de indicadores no Quadro nº 7 e na Figura nº 7 que estão associados

à

nupcialidade e ao divórcio - a % de nascimentos fora do casamento, a Taxa Bruta d e Divório e a Taxa Bruta de Nupcialidade. No que diz respeito ao primeiro indicador o facto mais saliente é o elevado valor observado na Dinamarca - praticamente metade dos nasci mentos ocorrerem fora do casa mento. Embora a média da União Europeia seja d e 1 9,8% (va l o r m u i to p róx i m o do d e Portuga l - 1 5 ,6%) a dispersão observada é enorme. Podemos até afi rmar que se trata do indicador onde existem as d i fe renças mais acentuadas. Além do caso particular da Dinamarca também o Reino Unido e a Fra nça têm valores m uito elevados (cerca d e 3 0%) por oposição a países como a G récia (2,0%), a Itália (6,6%), a Bélgica e a Espanha (9, 1 %). No divórcio a dispersão é bastante m enos acentuada sendo as maiores taxas de divórcio as observadas na

(11)

QUADRO N.Q 7 - IND ICAD O R ES D E NATALIDADE E D E NU PCIALIDADE, NOS PAÍSES DA UNIÃO E U R O PEIA, EM 1 99 1

Países T. B. Mort. Descend. % Nascím. T. B. Div. T. B. Nupc.

(000) Média fora cas. (000)

BÉLGICA 1 2 ,6 1 ,5 7 9 , 1 2 , 1 DINAMARCA 1 2 ,6 1 ,68 46,4 2,5 ALEMANHA 1 0,4 1 ,3 5 1 5 ,5 2,2 G RÉCIA 9,8 1 ,40 2,0 0,6 ESPANHA 9,9 1 ,2 8 9 , 1 0,6 FRANÇA 1 3 ,3 1 , 7 7 30, 1 1 ,9 IRLANDA 1 5 ,0 2 , 1 8 1 6,6 -ITÁLIA 9 , 7 1 ,26 6,6 0,5 LUXEMBURGO 1 2,9 1 ,64 1 2 ,9 2,0 HOLANDA 1 3,2 1 ,6 1 REINO UNIDO 1 3 ,8 1 ,82 29,7 2,9 PORTUGAL 1 1 ,8 1 ,42 1 5 ,6 1 , 1 EUR. 1 2 1 1 , 5 1 ,5 5 1 9,8 1 , 7

FONTE: idem Quadro n-" 5

F I G U RA N." 7 - IND ICAD O R ES DE NUPCIALI DAD E NA UNIÃO E U R O PEIA, EM 1 99 1 � � � � � � R � � � - � PAISES (000) 6 , 1 6,0 5 , 7 6 , 1 5 , 6 4,9 4,8 5,4 6,7 6,8 7,3 5,8

Dinamarca e no Reino Unido (2,5 e 2,9 por mil respectivamente) e a menor observada na Itália (O,So/o por mil) se bem que exista o caso particular da Irlanda que apresenta um valor nulo por o divórcio não ser oficialmente permitido. Portugal tem um valor de 1 , 1 por mil, muito próximo d a média comunitária. Neste indicador, apesar dos efeitos de estrutura as variações não são muito acentuadas. Em síntese, podemos concluir que na

(12)

J MANUEL NAZARETH

Europa dos Doze em vários países a fecundidade deixou de estar relacionada com o casamen to (será que estaremos peran te um fenómeno que se irá generalizar a todos os

países?). No presente momen to apenas podemos concluir que é o indicador demográfico

com maiores diferenças de nível na Europa dos Doze (Ver Figura n"

7).

Por outro lado, se as diferenças en tre os n íveis de n upcialidade não são importan tes entre os diversos países da Europa dos Doze o mesmo não acontece com o divórcio onde as diferenças oscilam entre o e

2,9 por mil.

3.

O ENVELHECI M E NTO D E M OGRÁFICO

A forma mais correcta de anal isa rmos o envelhecimento da população portuguesa, tanto a nível gl o b a l como a nível regi o n a l e te m p o ra l, e d e compa ra rmos esse envelhecí mento com os níveis observados nos diferentes países da União Europeia é através das p i râmides de idades. Mesmo com o recurso ao trata mento informático é u m tra b a l h o m o roso e q u e não se j usti fi cava no p resente tra b a l ho. A a n á l ise da evolução temporal e espacial das estrutu ras de uma população pode ser feita através dos três grandes grupos etários conhecidos pelo nome de «grupos funcionais»: o gru po dos jovens (0- 1 9 anos ou 0- 1 4 anos), o grupo dos potencialmente activos (20-59 anos ou 1 5-64 anos) e o grupo dos idosos (60 e mais anos ou 65 e mais anos). Devido à idade da reforma variar de país para país, e persisti r a «velha polémica» - a idade da reforma deve aumentar ou diminuir? - os dois critérios de agrupamento continuam a existi r.

Assim, limitámo-nos a apresentar na Figu ra n2 9 a pirâmide de idades da população portuguesa sobreposta com a pirâmide de idades da Europa dos Doze (idade a idade e e m e s t r u t u r a s r e l a t i v a s ) . N o Qu a d ro n"8 e n a F i g u ra n" 8 a p re s e n ta m o s o envelhecimento demográfico na Europa Comunitá ria em 1 99 1 , uti lizando o segu ndo critério d e classificação a p resentado. A pa rti r deste agru pa mento ca lculámos vários

Q UAD R O N." 8 -O ENVELHECIM ENTO D E M O G RÁFICO DA POPULAÇÃO PORTU G U ESA NO CONTEXTO DA UNIÃO E U R O P E IA, EM 1 99 1

Países Ofo Popul. Ofo Popul. lnd. Ratíos depend. (2)

- 15 anos + 65 anos Env. (1) J v T

BÉLGICA 1 8 , 1 1 3 ,9 77 27 20 47 DINAMARCA 1 7,0 1 4 ,6 8 6 2 5 2 1 46 ALEMANHA 1 6,2 1 3,9 8 6 2 3 2 0 43 GRÉCIA 1 8,7 13 , 1 70 27 1 9 46 ESPANHA 1 9,4 1 2 ,6 65 29 1 9 4 8 FRANÇA 20, 1 1 3 , 1 6 5 30 20 50 IRLANDA 2 6,9 1 0,6 39 43 1 7 60 ITÁLIA 16,3 1 3 ,7 84 2 3 2 0 4 3 LUXEMBURGO 1 7,5 1 2 ,5 71 2 5 1 8 4 3 HOLANDA 1 8 ,2 1 2 ,0 66 2 6 1 7 4 3 REINO UNIDO 1 9 , 1 1 4 ,7 77 29 2 2 5 1 PORTUGAL 20,9 12,2 5 8 3 1 1 8 49 El.JR. 1 2 1 8 ,2 1 3 ,6 75 27 20 47

EUROSTA T, Statistiques Démographiques 1992, Luxemburgo; os dados em (1) e (2) [oram calculados: lnd.

(13)

F I G U RA N." 8 -O ENVELHECIMENTO D E M O G RÁFICO NA UNIÃO E U R O P EIA, EM 1 99 1

� � � � � � R � � � � �

PAISES

indicadores d e envelhecimento. Globalmente falando, a União Europeia tinha em 1 99 1 cerca d e 346 milhões d e habita ntes dos quais cerca d e 6 5 milhões têm mais d e 6 0 anos de idade e 47 m i lhões mais de 65 a nos de idade. Se utilizarmos o critério de análise

-1 5 a n o s I 6 5 e + a n o s v e r i fi c a m o s q u e , n um c o n texto d e e l e va d o s n í v e i s d e envelhecimento, sem compara ção com outras regiões d o mundo o u com outras épocas do passado, existem algumas diferenças de nível i nteressantes. No que diz respeito ao e n v e l h e c i m e n t o na b a s e , a A l e m a n h a e a I tá l i a s ã o de l o nge os p a í s e s m a i s envelhecidos ( 1 6, 2 e 16,3% d e jovens) esta ndo bastante a baixo d a média d a U n ião Europeia ( 1 8,21J!o) e a Irlanda é o país mais jovem (26,9% de jovens) o que demonstra cla ramente o efeito do declínio da fecundidade na Alemanha e na Itália ( os mais baixos do mundo) na estrutura etá ria quando comparado com o declínio tardio observado na Irlanda. Portugal com um valor de 20,9% de jovens tem ainda um valor ligeiramente superior á média da Europa dos Doze mas deixou de ser um dos países com a mais elevada proporção de jovens.

No que diz respeito ao envelhecimento no topo, os países mais envelhecidos são o Reino Unido, a Dinamarca e a Alemanha (com valores rondando os 1 4%), a média da União Europeia é de 1 3 ,6% e os menos envelhecidos são a Irlanda ( 1 0,6%), a Holanda ( 1 2 ,0%) e Portugal ( 1 2 ,2%). De qualquer forma a amplitude das diferenças no envelheci­ mento no topo é bastante menor do que a a mplitude das diferenças observadas no envel hecimento na base.

Em sín tese, podemos dizer que Portugal é um país claramen te envelhecido e que deixou de ser o país mais jovem da União Europeia aproximando-se com grande rapidez (devido ao efeito combinado do declínio da natalidade e da emigração) da média da Europe dos Doze. Tal não quer dizer que o previsível aumento na esperança de vida não tenha efeitos neste processo de natureza complexa. Pelo contrário, num contexto de baixos níveis de fecu ndidade e onde os movimentos migratórios perdera m a im

(14)

por-j. MANUEL NAZARETH

tância numérica dos tempos passados, é de prever que o futuro do envelhecimento seja determinado cada vez mais pela evolução dos níveis de morta lidade.

Na Figura n" 9 pode verificar-se como, quer na base quer no topo das pirâmides de i d a d es, as d i fe re n ça s entre Portuga l e a Europa dos Doze é mínima. As d i ferenças maiores são as observadas nas gerações nascidas entre 1 970 e 1 985 e nas gerações nascidas e ntre 1 93 0 e 1 9 5 5. Esta mos pera nte uma situação de pirâmides de idades inequivoca mente duplamente envelhecidas.

FIGURA N." 9 - PIRÂMIDES DE IDADES DE PORTUGAL E DA EUROPA DOS DOZE EM 1991 ANO ll&�O �<\00 M\o ��'lO �C\1.0 J\'\40 ""'!lO ,..qr,o ('\-lO ""''0 -','\'1:0 0.6 0.2

fonte: EUROSTAT. Statistiques Démographiques 1 993, Luxemburgo, 1 993 (Pag. 40)

4. ESTRUTURAS FAM I L I ARES

A p e s a r de no p o n to a n t e r i o r já t e r m o s s i tu a d o a l gu n s a s p e ctos d a fa m í l i a portuguesa no contexto da U n ião Europe i a , como p o r exemplo, a n u pcialidade, o d ivórcio, o envelhecimento demográfico e o declínio da fecundidade achámos que, no contexto d o conj u nto e m que este tra b a l h o se i nsere seria i m p o rta nte tecermos a lgumas considerações adicionais sobre os aspectos sociodemográficos da família em Portugal situada no contexto da União Europeia.

Assi m , p a ra a l é m d a situa ção já a p resentada para 1 99 1 , podemos observa r no Quad ro nº 9 a forma com o tem evoluído a n u pcialidade nos últimos trinta anos. A tendência é para uma inequívoca baixa generalizada dos níveis de nupcialidade sendo Portugal o país da União Europeia com o maior n ível de n upcialidade. Porém, se a i m portâ ncia d o casa m ento está e m baixa gen e ra l izada, a idade média no primeiro casamento, tan to nos homens como nas mulheres, es tá em a lta acentuada, em particular nos últimos

10 anos.

Se em 1 960, a idade média no primeiro casamento, na União Europeia, e ra de 26,9 anos para os homens e de 24, 1 anos para as mulheres, em 1 9 9 1 os va l o res s u b i ra m p ratica m e nte três a n os. Ao contrá rio da G ré c i a , Espa n h a ,

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Q U A D R O N ." 9 - EVOLUÇÃO DAS TAXAS DE N U PCIALI D A D E NOS PAÍSES DA UNIÃO E U R O P EIA, NO P E R Í O D O 1 9 6 0 - 1 9 9 1 Taxas 1960 1970 1980 1991 BÉLGICA 7,2 7,6 6,4 6,1 DINAMARCA 7,8 5,2 6,0 6,0 ALEMANHA 9,4 5,9 6,4 5 , 7 G RÉCIA 7,0 6,5 6 , 1 6 , 1 ESPANHA 7 , 7 5 ,9 5,6 5,6 FRANÇA 7,0 6,2 5,0 4,9 IRLANDA 5,5 6,4 5,0 4,8 ITÁLIA 7 , 7 5 , 7 5 , 4 5 , 4 LUXEMBURGO 7 , 1 5,9 5,8 6,7 HOLAN DA 7,8 6,4 6 , 1 6 , 3 REINO UNIDO 7,5 7,4 6,9 6,8 PORTUGAL 7,8 7,4 7 , 1 7,3 EUR. 1 2 7,8 6,3 6,0 5,8

FONTE: idem Quadro n." B

Q U A D R O N." 1 O -EVOLUÇÃO DA I D A D E M É D I A NO P R I M E I R O CASAMENTO NA U N IÃO E U R O PEIA, P E R Í O D O 1 9 6 0 - 1 9 9 1

Países Homens Mulheres

1960 1980 1991 1960 1980 1991 BÉLGICA 25,8 24,7 29,6 23,4 22,3 27, 1 DINAMARCA 26,0 2 7 , 5 3 3 , 8 2 2 ,9 24,8 3 1 , 1 ALEMANHA 2 5 ,9 2 6 , 1 3 1 ,8 24,4 23,4 2 8 ,9 G RÉCIA 28,4 2 7 , 1 28,8 24,4 22,3 24,5 ESPANHA 28,8 25,8 2 8 ,0 2 6 , 1 2 3 , 4 2 5 , 5 FRANÇA 2 6 , 1 2 5 , 2 30,5 23,5 2 3 ,0 2 8 , 1 IRLANDA 30,8 2 6 , 1 2 8 , 6 2 7 , 1 2 4 , 1 26,6 ITÁLIA 28,6 27,2 29,3 24,8 2 4 , 1 2 6 , 1 LUXEMBURGO 2 5 ,9 2 5 ,9 3 1 ,0 2 3 ,0 2 3 ,0 28,2 HOLANDA 26,6 25,4 31 '1 24,3 2 3 , 1 28,4 REINO UNIDO 2 5 , 7 2 5 , 2 2 7 , 7 2 3 , 3 2 3 ,0 25,6 PORTUGAL 26,9 2 5 , 1 28,0 24,8 22,6 2 5 , 3 E U R . 1 2 26,9 2 5 ,9 29,5 24, 1 23,3 26,9

FONTE: MERMET G., Euroscopie, Ed. Larousse, Paris, 1 992; EUROSTAT, Statistiques Démographiques 1 992, Luxemburgo

Irlanda e Itália (que já tinham valores elevados) Portugal não é uma excepção e pa rtilha com os resta ntes países e u ropeus da tendência a ltista, Tudo indica assi m , que um conj u nto de factores sociais e económicos estão a fazer com que os nossos jovens difiram cada vez mais no tempo o momento do casamento.

(16)

j. MANUEL NAZARETH

No Quadro n" 1 1 apresentamos a evolução dos níveis de divórcio também nos últimos trinta anos e verificamos que com excepção da Irlanda (onde o divórcio não é permitido) em todos os países da União Europeia o divórcio praticamente quadriplicou nos últimos trinta anos.

Q U A D R O N." 1 1 - EVOLUÇÃO DA TAXA B RU TA DE D I V Ó R C I O , N O P E R Í O D O 1 9 6 0 - 1 9 9 1 , NA U N IÃO E U R O PEIA, EM PERMILAG E M

Países 1960 1970 1980 1991 BELGICA 0,5 0,7 1 ,5 2 , 1 DINAMARCA 1 ,5 1 ,9 2 ,7 2,5 ALEMANHA 0,9 1 ,3 1 ,6 2,2 G RÉCIA 0,3 0,4 0,7 0,6 ESPANHA 0,0 0,0 0,3 0,6 FRANÇA 0,6 0,8 1 ,5 0,9 IRLANDA - - - -ITALIA 0,0 0,0 0,2 0,5 LUXEM B U RGO 0,5 0,6 1 ,6 2 ,0 HOLANDA 0,5 0,8 1 ,8 1 ,9 REINO UNIDO 0,5 1 , 1 2,8 2 ,9 PORTUGAL 0 , 1 0, 1 1 , 3 1 , 1 EUR. 1 2 0,4 0,7 1 , 3 1 ,7

FONTE: idem Quadro n . " 1 o

uma outra informação i nteressante é análise da repartição das Famílias segundo a d imensão. Os isolados, ou seja, as fa mílias apenas com uma pessoa, representam cerca de 2 5 % das Fa mílias da União Europeia. As situações extremas são a Dinamarca com 56,9% de pessoas a viverem isoladamente e Espanha e Portugal com pouco mais de 1 0%. As fa mílias com 2 pessoas representa m 2 8 , 3 % do tota l sendo a d ispersão d e valores pouco i mportante.

Q U A D R O N." 1 2 - R E PARTIÇÃO DAS FAM ÍLIAS SEG U N D O A D I M E NSÃO NA U N IÃO E U R O P E IA, EM 1 9 9 1 , EM PECENTA G E M

Países Famíl ía s com

1 pes. 2 pes. 3 pes. 4 pes. 5+pes

BÉLGICA 23,6 30,0 20, 1 1 6 ,9 9,4 DINAMARCA 56,9 2 3 ,7 8 ,9 8,2 2,2 ALEMANHA 34,4 30,0 1 7,2 1 2 ,9 5,8 GRECIA 1 6 ,0 2 5 ,9 20,3 24,2 1 3 ,5 ESPANHA 1 0 , 1 2 2 ,7 20, 1 2 2 , 5 2 4 , 6 FRANÇA 26,6 30,0 1 8,0 1 5 ,7 9,7 IRLANDA 1 8 ,5 2 1 ,4 1 4,6 1 6 ,4 29,2 ITALIA 2 1 , 1 24,3 22,5 2 2 ,0 1 0,0 LUXEMBURGO 2 3 , 1 29, 1 20, 1 1 7,9 9,7 HOLANDA 26,2 30,3 1 5 ,2 1 8 ,9 9,3 REINO UNIDO 24,4 3 2 , 3 1 6 ,6 1 7,5 9, 1 PORTUGAL 1 2 , 2 24,3 22,6 2 2 ,0 1 8 ,9 EUR. 1 2 2 5 , 3 28,3 1 8 ,4 1 7,5 1 0,4

(17)

Se junta rmos estas duas informações verificamos que na Dinamarca cerca de 80% das famílias não têm uma única cria nça. Esta situação contrasta violentamente com o observad o e m Portuga l onde temos 36% de fa mílias nesta situação. Outro aspecto curioso reside no facto de as famílias com mais de 5 pessoas só terem dois dígitos em percentagem na G récia, Espa nha, Itália, Luxemburgo e Portugal.

PAISES BELGICA DINAMARCA ESPANHA FRANÇA G RECIA IRLANDA ITÁLIA LUXEMBURGO HOLANDA ALEMANHA REINO U NIDO PORTUGAL PAÍSES BELGICA D INAMARCA ESPANHA FRANÇA G RÉCIA IRLANDA ITÁLIA LUXEMBURGO HOLANDA ALEMANHA REINO UNIDO PORTUGAL

Q U A D R O N." 1 3 - TIPO DE M O D ELO FAMILIAR PREFERIDO NA U N IÃO E U ROPEIA EM 1 9 9 1

RESPOSTAS DOS HOMENS

N." 1 N.2 N." 3 N." 4 S.R. TOTAL 2 8 3 6 2 4 9 3 1 00 5 1 2 8 1 2 6 3 1 00 46 20 28 5 1 1 00 43 29 25 2 1 1 00 3 8 29 2 8 4 1 1 00 3 1 2 2 3 8 5 4 1 00 3 6 3 1 30 2 1 1 00 1 9 29 4 3 4 5 1 00 4 2 2 8 24 4 2 1 00 2 5 3 5 29 4 7 1 00 5 1 27 1 9 2 I 1 00 40 23 29 6 2 1 00

RESPOSTAS DAS MULHERES

N." 1 N.2 N." 3 N." 4 S.R. TOTAL 39 26 26 7 2 1 00 5 5 24 2 3 5 3 1 00 4 8 1 8 2 8 4 2 1 00 47 2 8 2 2 2 I 1 00 4 8 29 1 8 3 2 1 00 3 6 1 8 40 5 I 1 00 47 30 2 1 1 I 1 00 2 1 3 1 3 6 8 I 1 00 44 2 8 29 3 2 1 00 27 3 3 34 3 3 1 00 46 34 17 2 1 1 00 46 24 2 1 6 3 1 00

Resposta nY 1 - Os dois conj uges têm uma profissão que os absorve igua lmente; as

tarefas domésticas e a assistência aos filhos é partilhada igualmente. Resposta n." 2 - A mulher tem uma profissão que os a bsorve do que o homem e assume a maior parte das tarefas domésticas e da assistência aos filhos. Resposta n.º 3 - Só o homem exerce uma profissão e a mulher ocupa-se da casa.

(18)

j. MANUEL NAZARETH

B I B L I O G RAFIA

CONSEIL D E L'EUROPE, ÉvoJution Démographique récen te en Europe et e n Amériq ue du Nord,

Strasbourg, 1 9 92.

EUROSTAT, Statistiques Rapides - Population et Conditions Sociales -1 992-2, Luxemburgo, 1 992.

EUROSTAT, Statistiq ues Démographiques 1 993, Luxemburgo, 1 99 3 .

MERMET G., Euroscopie, Ed. Larousse, Pa ris, 1 9 92.

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