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Estrutura dos Valores Pessoais: A Relação entre Valores Gerais e Laborais. Personal Values Structure: The Relationship between Life and Work Values

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Academic year: 2021

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Sage (1999) afirmam que analsar os valores pessoas em um arcabouço que consdera, smultaneamente, os valores geras e os valores laboras pode ajudar a clarficar sua m-portânca para o bem-estar pessoal. Os valores laboras são defindos como

princípios ou crenças sobre metas ou recompensas desejáveis, hierarquicamente organizados, que as pessoas buscam por meio do trabalho e que guiam as suas avaliações sobre os resulta-dos e contexto do trabalho, bem como o seu comportamento no trabalho e a escolha de alternativas de trabalho (Porto & Tamayo, 2003, p. 146).

Nos anos 1960, a relação entre valores geras e valores laboras já ocupava os estudosos. Knnane e Gaubnger (1963), atentos ao problema, realzaram um estudo para testar a hpótese de que os valores da vda têm correlação postva e sgnficatva com os valores laboras. O Inventáro de Valores Laboras de Super (ctado por Knnane & Gaubnger, 1963) e o Estudo de Valores de Allport-Vernon-Lndzey foram aplcados em 143 estudantes unverstáros. Os resultados apontaram para uma correlação entre os valores geras e Schwartz e Blsky (1987) definem valores como “(a)

princípios ou crenças, (b) sobre comportamentos ou estados de existência, (c) que transcendem situações específicas, (d) que guiam a seleção ou avaliação de comportamentos ou eventos e (e) que são ordenados por sua importância” (p. 551). Os valores guam as attudes e o comportamento das pessoas e eles podem estar relaconados a focos específicos da vda do ndvíduo, formando estruturas nter-relacona-das. As pessoas apresentam uma estrutura de valores que gua a sua vda de manera geral. Essa estrutura é ampla e nclusva, mas, para focos específicos como o trabalho, as pessoas apresentam uma estrutura de valores específica que está relaconada com aquela estrutura mas abrangente (Sage & Elzur, 1996).

A manera como as estruturas de valores se relacona permanece uma questão em aberto. Poucos estudos têm se detdo nessa questão. Entretanto, na área de valores laboras, podem-se ressaltar alguns esforços nessa dreção. Elzur e

1 Endereço: SEPS 714/914 Bloco E, Ed. Talento, Sala 107, Brasíla, DF, Brasl 70390-145. E-mail: porto.julana@gmal.com

Estrutura dos Valores Pessoais: A Relação entre Valores Gerais e

Laborais

Julana Barreros Porto1 Centro Universitário Unieuro Universidade Presbiteriana Mackenzie

Álvaro Tamayo

Universidade de Brasília Universidade Católica de Brasília

RESUMO – As pessoas apresentam uma estrutura de valores que gua a sua vda de manera geral. Essa estrutura é ampla

e nclusva, mas, para focos específicos, exste uma estrutura partcular que está relaconada com aquela estrutura mas abrangente. O objetvo deste trabalho fo testar a relação entre as estruturas de valores pessoas geras e laboras. Para sso, 995 estudantes unverstáros de ambos os sexos com méda de dade de 21 anos responderam às escalas de Valores de Schwartz (SVS) e de Valores relatvos ao Trabalho. Os resultados das equações estruturas (AMOS) apoaram a teora que relacona as estruturas de valores (GFI=0,95, RMR=0,04). Entretanto, as relações de compatbldade e conflto foram parcalmente confirmadas. Essa pesqusa responde à necessdade de ntegração dos modelos de valores geras com os modelos de valores laboras.

Palavras-chave: valores pessoas; valores do trabalho; equações estruturas.

Personal Values Structure: The Relationship between Life and

Work Values

ABSTRACT – People develop a value structure that gudes ther lves n general. Ths structure s wde and nclusve, but, for

specfic focuses, there s a partcular structure that s related to one more extensve. The objectve of the present study was to test the relatonshp between the structures of labor and general personal values. To accomplsh ths purpose, 995 unversty students of both sexes and average aged 21 years old answered to Schwartz Value Survey and the Work Values Scale. The results of structural equatons (AMOS) supported the theory that relates to the value structures (GFI=0,95, RMR=0,04). How-ever, the conflct and compatblty relatons were partally confirmed. Ths study ndcates the necessty to ntegrate general values wth labor values models.

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do trabalho com nível de sgnficânca nferor a 0,01, no entanto, os coeficentes foram baxos. Os autores mostraram que quando as pessoas são solctadas a responder à escala de valores geras, as suas respostas estão fora de contexto. Assm, teorcamente, obtém-se uma medda pura dos valo-res. No entanto, quando solctados a responder à escala de valores laboras, a stuação abstrata desaparece e as respostas passam a ser contextualzadas.

Ao se analsar as bases de dados nternaconas como Proquest e Ebsco, observa-se que nos anos seguntes o tema dexa de ser nvestgado, voltando à tona nos anos 1990 com as pesqusas de Elzur e Sage (1999) e Ros, Schwartz e Surkss (1999). Elzur e Sage nvestgaram a relação entre valores geras e valores laboras, aplcando em 165 sraelenses a Escala de Valores Laboras desenvolvda por Elzur (1991) e mas 21 tens sobre valores geras elaborados para aquele estudo. Os resultados das análses das dstâncas mínmas ndcaram uma configuração em formato de cone para a relação entre os valores geras e do trabalho. Os valores geras apresentaram-se mas espalhados no espaço multd-mensonal do que os valores laboras, o que reflete o caráter mas genérco dos valores geras e mas específico dos valores laboras. Apesar da semelhança entre as estruturas dos valores geras e do trabalho encontrada no estudo, as dferenças em relação à mportânca relatva dos tens, ndvdualmente, foram consderáves. Segundo os autores, essas dferenças ndcam que a mportânca dada aos valores pessoas não é descontextualzada, ao contráro, ela depende do ambente no qual esses valores são consderados. Os autores concluem que uma vsão mas holístca, ntegrando valores laboras e outros valores, pode ser mas produtva para a compreensão do fenômeno.

O estudo de Elzur e Sage (1999) ressalta anda que a relação entre valores geras e valores específicos, como os valores laboras, pode dar-se de duas maneras, ou por dfusão ou por compensação. No caso de dfusão, o que é valorzado de manera geral também é valorzado nas áreas específicas da vda. Por exemplo, se a pessoa valorza o sucesso pesso-al na sua vda, ela buscará no trabpesso-alho, pesso-alcançar o sucesso profissonal. No caso de compensação, o que é valorzado em um âmbto não o é em outro. Por exemplo, se a pessoa valorza novdades e desafios em sua vda, no trabalho ela buscara segurança. As pesqusas têm oferecdo apoo para a hpótese de dfusão. No entanto, Elzur e Sage sugerem que esse tópco deve ser objeto de nvestgação.

Ros e cols. (1999) examnaram a assocação entre valores geras e valores laboras. A partr do modelo de Schwartz para os valores ndvduas, os autores hpotetzaram que os tpos motvaconas de segunda ordem estaram assocados de forma dfusa com os valores laboras, assm, Valores In-trínsecos estaram assocados postvamente com Abertura à Mudança, Valores Extrínsecos com Conservação, Valores Socas com Autotranscendênca e Valores de Prestígo com Autopromoção. Partcparam do estudo 999 judeus de Israel. Os partcpantes responderam à Escala de Valores de Schwartz (1992) e ao nstrumento de valores laboras desenvolvdo e valdado para o estudo. Os resultados das correlações apresentaram suporte parcal para a hpótese de que valores geras estaram relaconados com os valores laboras da manera hpotetzada. Foram encontradas

corre-lações: 1) postva entre Valores Extrínsecos e Conservação e negatva com Abertura à Mudança; 2) postva entre Valores Intrínsecos e Abertura à Mudança e negatva com Conservação; 3) postva entre Valores Socas e Autotrans-cendênca e negatva com Autopromoção; 4) postva entre Valores de Prestígo e Autopromoção e negatva com Au-totranscendênca. Porém, os Valores Socas e de Prestígo correlaconaram-se também com a outra dmensão bpolar (Abertura à Mudança e Conservação) devendo ser esses resultados nvestgados em estudos futuros.

Em suma, fica evdente a preocupação das pesqusas atu-as em ntegrar as teoras de valores laboratu-as às teoras matu-as amplas de compreensão dos valores e nvestgar a relação entre valores geras e do trabalho. Os trabalhos têm apre-sentado resultados na dreção da ntegração, porém anda é precso dedcar esforços para a compreensão da relação entre as estruturas de valores e verficar a pertnênca das estruturas propostas em outros países.

Assm, o objetvo deste artgo é nvestgar a relação entre a estrutura dos valores pessoas e a estrutura dos valores laboras, buscando testar as relações prevstas em estudos anterores por meo de equações estruturas. As teoras que embasam este estudo são a Teora de Valores Schwartz e a Teora de Valores Laboras de Ros e cols. (1999), que serão apresentadas a segur.

Teoria dos Valores Humanos

Para Schwartz e Blsky (1987), os valores são

“repre-sentações cognitivas de três tipos de necessidades humanas universais: necessidades biológicas do organismo, neces-sidade de interação social para a regulação das relações interpessoais e necessidades sócioinstitucionais, que visam o bem-estar e sobrevivência do grupo” (p.551).

Schwartz (1992), após revsão da estrutura ncalmente proposta por Schwartz e Blsky (1987, 1990), propôs uma tpologa unversal de valores baseada na lteratura sobre as necessdades báscas dos ndvíduos. Os tpos motvaconas por eles propostos foram: Unversalsmo (Compreensão e proteção do bem-estar de todos e da natureza), Benevolên-ca (Preocupação com o bem-estar de pessoas próxmas), Conformdade (Restrção de ações e mpulsos que podem magoar outros ou volar as expectatvas socas e normas), Tradção (Respeto, compromsso e acetação dos costumes e déas de uma cultura ou relgão), Segurança (Segurança, harmona e establdade da socedade, dos relaconamentos e do self), Poder (Preservação de uma posção socal dentro de um sstema socal), Realzação (Procura do sucesso pessoal por meo de demonstração de competênca de acordo com as regras socas), Hedonsmo (Prazer e gratficação para s mesmo) e Estmulação (Novdade e estmulação na vda).

O modelo teórco de Schwartz (1992) também prevê uma estrutura dnâmca entre os tpos motvaconas de forma que as pessoas tendam a apresentar alta prordade para tpos motvaconas mutuamente compatíves e baxa prordade para tpos motvaconas confltvos. Portanto, a prordade dada aos tpos motvaconas não se estabelece de forma aleatóra, mas de forma coerente com os domínos motvaconas. Para os autores, a prorzação smultânea de alguns domínos ncompatíves levara a confltos.

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Esses 10 tpos motvaconas podem ser classficados em quatro tpos motvaconas de segunda ordem (Schwartz, 2005): 1) Autopromoção – agrega Poder, Hedonsmo e Re-alzação; 2) Autotranscendênca – agrupa Unversalsmo e Benevolênca; 3) Abertura à Mudança - agrega Hedonsmo, Estmulação e Autodetermnação; 4) Conservação – nclu Segurança, Conformdade e Tradção. Como se pode cons-tatar na classficação, o tpo “Hedonsmo” partcpa de duas dmensões de ordem superor.

Os tpos motvaconas de segunda ordem representam as relações de compatbldade dentro de cada agrupamento e também as relações de conflto entre eles. Dessa manera, formam duas dmensões bpolares: Autopromoção versus Au-totranscendênca e Abertura à Mudança versus Conservação (Schwartz, 2005). A prmera dmensão contrasta a busca de sucesso pessoal e poder sobre os outros com a busca pelo bem-estar dos outros. A segunda dmensão opõe a ênfase na ndependênca de ação e pensamento à auto-restrção que promove a preservação da establdade.

Schwartz (2005) desenvolveu uma estrutura crcular para representar a sua teora ressaltando os tpos motvaconas, os fatores de segunda ordem e as relações de compatbl-dade e conflto. Na estrutura, quanto mas próxmo um tpo motvaconal estver de um outro, maor a probabldade de compatbldade e quanto mas afastado, maor a de conflto (Fgura 1).

Estudos transculturas (Schwartz, 2005) têm demonstrado a consstênca dessa teora. Esses estudos levam à conclusão de que os 10 tpos motvaconas têm surgdo nas análses fetas em dferentes culturas. Os estudos também comprovam que a adção de valores específicos a cada cultura não tem modficado a estrutura apresentada, novos valores ncluídos têm sdo estatstcamente agregados a um tpo motvaconal já exstente.

Recentemente, Gouvea, Martínez, Mera e Mlfont (2001) testaram a estrutura e o conteúdo da tpologa de Schwartz (1992) por meo de análse fatoral confirmatóra. Os resultados permtram conclur que a teora é adequada, apesar de os índces de adequação do modelo não serem excepconas (GFI=0,87 e RMSR=0,08). Foram confirmadas

as relações de compatbldade, mas as relações de conflto foram apenas parcalmente confirmadas.

Schwartz e Boehnke (2004) também realzaram um teste do modelo por meo da análse fatoral confirmatóra, mas eles usaram um desenho específico para sso, utlzando o LISREL. Os seus resultados apontam para a confirmação da teora, nclusve das relações de conflto entre os tpos mo-tvaconas. Eles sugerem que o modelo quase-cncumplex, em que o tpo motvaconal de tradção assume uma posção perférca em relação à conformdade, é o mas adequado. Os resultados dão suporte para se trabalhar com as dmensões bpolares. Um resultado que acrescenta ao modelo teórco refere-se ao teste da relação de hedonsmo com os dos fatores de ordem superor “Abertura à mudança” e “Autopromoção”. Os dados apontam que Hedonsmo relacona-se mas forte-mente com “Abertura à mudança”. Assm, hedonsmo está focado mas na busca “livre das experiências de prazer e

menos na busca competitiva de prazer” (p. 252).

Teoria de Valores Laborais de Ros, Schwartz e Surkiss

A partr da constatação da lacuna nas pesqusas sobre valores laboras, as quas não têm consderado o desenvolv-mento teórco da área de valores, Ros e cols. (1999) revsam as estruturas sobre valores laboras presentes na lteratura e sugerem um modelo que se basea na Teora de Schwartz dos Valores Pessoas.

Segundo a teora de Schwartz, podemos dentficar quatro tpos motvaconas de segunda ordem: Autotranscendênca, Autopromoção, Abertura à Mudança e Conservação. Con-sderando os valores laboras como expressões dos valores geras no ambente de trabalho, podemos supor que os quatros tpos motvaconas propostos na teora dos valores geras podem ser encontrados para os valores laboras. Ros e cols. (1999) analsaram a lteratura e dentficaram que os modelos anterores apresentavam três dos quatro tpos propostos: 1) Valores Intrínsecos, que estaram assocados à Abertura à Mudança; 2) Valores Extrínsecos ou materas assocados à Conservação; e 3) Valores Socas ou Afetvos assoca-dos à Autotranscendênca. Porém, o tpo motvaconal de Autopromoção não consta como uma dmensão dos valores laboras, apesar de tens que o representam estarem presen-tes nos modelos anterores, tas como prestígo, autordade, nfluênca e poder. Os autores reexamnaram os resultados de Elzur (1991) e ndcaram que a dstnção desse quarto tpo podera tornar o modelo mas claro. Da mesma forma que nos valores geras, era esperada a dnâmca de compatbldade e conflto entre os valores laboras.

Os autores, portanto, apontam para quatro tpos de valores laboras: 1) Intrínseco – refere-se a metas obtdas pelo con-teúdo do própro trabalho; 2) Extrínseco – refere-se a metas obtdas pelos resultados do trabalho; 3) Socal – refere-se à busca de metas relaconas e; 4) Prestígo – refere-se à busca de poder e prestígo por meo do trabalho.

A análse do nstrumento desenvolvdo pelos autores ndcou a presença dos quatro fatores tanto por meo da SSA quanto da análse de componentes prncpas, sendo que os valores extrínsecos estavam em oposção aos ntrínsecos e os valores socas em oposção aos de prestígo.

Figura 1. Estrutura Crcular dos Valores segundo Schwartz (1992). Hedonismo Estimulação Autodeter-minação Realização Poder Segurança Conformidade Tradição Benevolência Universalismo AUTOPROMOÇÃO CONSERVAÇÃO

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Outra pesqusa que ntegrou a teora de Schwartz ao estudo dos valores laboras fo desenvolvda no Brasl por Borges (1998, 1999). Ela elaborou o Inventáro do Sgnfica-do Sgnfica-do Trabalho (IST) dstngunSgnfica-do duas classes de atrbutos: valoratvos e descrtvos. Segundo Borges (1999), os atrbutos valoratvos são os valores laboras e “consistem em uma

definição do que ‘deve ser’ o trabalho” (p.110). Esse Inven-táro tem a vantagem de nvestgar aspectos característcos da cultura braslera e também a de consderar aspectos da corrente marxsta relatvos ao trabalho como exploração, homnzação, embrutecmento e alenação. Além dsso, o IST pode ser aplcado em populações sem alfabetzação ou com baxa escolardade.

Segundo a perspectva de ntegração das teoras de valores geras às de valores laboras, a autora comparou os resultados encontrados à teora de Schwartz. Para Borges, a teora de Schwartz dá apoo aos dados. A segur, são apre-sentados os cnco fatores encontrados por meo da análse fatoral do nstrumento sobre atrbutos valoratvos e a relação de cada um deles com a estrutura de Schwartz (2005): 1)

Exigências sociais: refere-se à semelhança e repetção das tarefas e à contrbução ao progresso socal. Esse fator está assocado aos tpos motvaconas de Tradção, Conformdade e Unversalsmo; 2) Justiça no trabalho: agrega tens que de-finem o trabalho com a função de proteger o ndvíduo. Fator assocado à Segurança e Unversalsmo; 3) Esforço corporal

e desumanização: refere-se à opnão de que o trabalho deve representar esforço corporal. Fator dstnto, sem correspon-dênca como o modelo de Schwartz; 4) Realização pessoal: reúne tens sobre o prazer assocado ao trabalho. Valores esses assocados ao Hedonsmo e Realzação; 5)

Sobrevi-vência pessoal e familiar: refere-se ao papel do trabalho de garantr sustento ao ndvíduo e à famíla. Fator assocado à Autodetermnação.

As análses de ordem superor revelaram dos fatores denomnados Sócoexgêncas e Humanzação. O prmero representa as exgêncas da socedade e o segundo as expec-tatvas do ndvíduo em relação às condções almejadas para atender as prmeras. Essa estrutura representa as dmensões opostas entre Indvdualsmo e Coletvsmo.

Com base no modelo teórco de Ros e cols. (1999), Porto e Tamayo (2003) desenvolveram e valdaram uma escala de valores laboras no Brasl. Para a construção da escala, foram pesqusados nstrumentos publcados na lteratura e entrevstados trabalhadores. Os resultados da análse fatoral ndcaram os mesmos quatro fatores encontrados por Ros e cols. e foram assm denomnados: 1) Realização Profissional: refere-se à busca de prazer e realzação pessoal e profissonal, bem como de ndependênca de pensamento e ação no traba-lho por meo da autonoma ntelectual e da cratvdade; 2)

Estabilidade: refere-se à busca de segurança e ordem na vda por meo do trabalho, possbltando suprr materalmente as necessdades pessoas; 3) Relações Sociais: refere-se à busca de relações socas postvas no trabalho e de contrbução postva para a socedade por meo do trabalho; 4) Prestígio: refere-se à busca de autordade, sucesso profissonal e poder de nfluênca no trabalho.

A partr dos trabalhos relatados pode-se supor que a estrutura de valores laboras relacona-se com a estrutura de valores geras. Todava, não foram realzados testes

empírcos que relaconassem essa estrutura à dos valores pessoas no país.

Teorcamente, o modelo de Ros e cols. (1999) está asso-cado ao modelo de Schwartz (2005). A dmensão Abertura à Mudança e Conservação de Schwartz está assocada à dmensão Realzação Profissonal e Establdade, enquanto a dmensão Autotranscendênca e Autopromoção às Rela-ções Socas e Prestígo. Assm, dervam-se as seguntes hpóteses:

Hpótese 1 - Realzação Profissonal relaconar-se-á a Abertura à Mudança pela ênfase dada à mudança por meo da autonoma e cratvdade;

Hpótese 2 - Relações Socas estará assocado à Auto-transcendênca pela ênfase em proporconar o bem-estar da socedade e das pessoas próxmas;

Hpótese 3 - Prestígo estará assocado à Autopromoção pela mportânca dada à nfluênca e sucesso pessoal;

Hpótese 4 - Establdade relaconar-se-á a Conservação pela busca de segurança e manutenção do status quo.

Além dsso, os modelos de Ros e cols. (1999) e Schwartz (2005) apresentam as duas dmensões Abertura à Mudança x Conservação e Autotranscendênca x Autopromoção como ndependentes, e os pólos de cada dmensão expressam valo-res confltantes entre s. Dessa forma, geram-se as hpóteses de relações confltantes entre os pólos.

Hpótese 5 - Realzação Profissonal se assocará nega-tvamente com Conservação, vsto que o prmero busca a ndependênca de pensamento e ação e o últmo a auto-res-trção dos nteresses ndvduas em prol do grupo.

Hpótese 6 - Establdade estará assocado negatvamente com Abertura à Mudança, pos a sua ênfase é na busca de se-gurança e não na abertura a experêncas novas e varadas.

Hpótese 7 - Relações Socas estará relaconado negat-vamente com Autopromoção, pos um busca relações socas postvas com os outros, o que é ncompatível com a busca de poder e de promoção de s mesmo.

Hpótese 8 - Prestígo se assocará negatvamente com Autotranscendênca devdo a sua ênfase no sucesso pessoal em detrmento da busca do bem-estar das pessoas.

Estudos têm dscutdo se a relação entre valores laboras e valores geras é de compensação ou de dfusão. Ou seja, se os valores laboras apresentam uma herarqua em oposção aos valores geras de manera a compensar no trabalho aqulo que não é valorzado de manera geral ou, se pelo contráro, os valores geras contamnam os valores laboras de tal forma que o que é valorzado no geral também é valorzado no trabalho. A pesqusa de Elzur e Sage (1999) aponta que há uma relação de dfusão. Assm, espera-se demonstrar no presente trabalho que:

Hpótese 9 - Os valores geras do ndvíduo apresentam relação postva com os valores laboras.

Método Amostra

Fo seleconada uma unversdade do Dstrto Federal por convenênca para realzação da pesqusa. Dezoto cursos foram escolhdos aleatoramente e os alunos de dscplnas, também escolhdas aleatoramente, foram convdados a

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partcpar. No total, 995 estudantes unverstáros com méda de dade de 21 anos (d.p.=4,14) responderam o questonáro. Dos partcpantes, 51% eram do sexo femnno, 92% eram solteros, 75% moravam com os pas, 58% possuíam alguma experênca de trabalho e 45% eram católcos.

Instrumento

No estudo, foram utlzadas duas escalas de valores. A prmera vsa avalar os valores laboras e a segunda os valores geras.

Escala de Valores relatvos ao Trabalho (EVT) – desen-volvda e valdada por Porto e Tamayo (2003). A escala é composta por 45 valores laboras que devem ser avalados por uma escala de cnco pontos que vara de “nada mpor-tante” (1) até “muto mpormpor-tante” (5). A análse fatoral para a presente amostra apresentou os mesmos quatro fatores da valdação da escala, entretanto, 13 tens foram elmnados por apresentarem índces nferores a 0,45 ou por não apre-sentarem equvalênca entre os cursos unverstáros a partr de análses fatoras procrustes conforme relatado por Porto, Ros e Tamayo (2003). Os quatro fatores encontrados e seus respectvos alphas de Cronbach foram:

Fator 1 – Realzação no trabalho (α=0,87): Refere-se à busca de prazer e realzação pessoal e profissonal, bem como de ndependênca de pensamento e ação no trabalho por meo da autonoma ntelectual e da cratvdade.

Fator 2 – Relações Socas (α=0,86): Refere-se à busca de relações socas postvas no trabalho e de contrbução postva para a socedade por meo do trabalho.

Fator 3 – Prestígo (α=0,85): Refere-se à busca de autordade, sucesso profissonal e poder de nfluênca no trabalho.

Fator 4 – Establdade (α=0,84): Refere-se à busca de se-gurança e ordem na vda por meo do trabalho, possbltando suprr materalmente as necessdades pessoas.

Escala de Valores do Schwartz – Os valores geras fo-ram nvestgados por meo da Escala de Valores Humanos de Schwartz (1992), traduzda e valdada para o Brasl por Tamayo e Schwartz (1993) pela SSA (Guttman, 1968). O nstrumento apresenta 61 valores que devem ser avalados por uma escala de mportânca que vara de –1 (valores opostos aos meus valores) a 7 (valores de suprema mportânca). Para a presente amostra, foram calculadas análses de esca-lonamento multdmensonal para agrupamentos por áreas do conhecmento, conforme classficação do Mnstéro da Educação e Cultura (2002): 1) Cêncas Bológcas e Saúde, 2) Cêncas Exatas e da Terra, 3) Cêncas Humanas e Socas, 4) Cêncas Socas Aplcadas e 5) Engenhara e Tecnolo-gas. Somente os tens que estavam relaconados à mesma dmensão em todos os grupos é que foram consderados na análse. A Fgura 2 apresenta a lsta dos tens utlzados na análse. A escala avala os 10 tpos motvaconas propostos teorcamente por Schwartz (1992): Poder, Realzação, He-donsmo, Estmulação, Autodetermnação, Unversalsmo, Benevolênca, Tradção, Conformdade e Segurança. Esses tpos motvaconas podem ser agrupados em quatro facetas de segunda ordem que foram as utlzadas na presente

pes-qusa, a saber: Abertura à mudança (α=0,83), Conservação (α=0,82), Autotranscendênca (α=0,85) e Autopromoção (α=0,82).

O resultado da análse de escalonamento multdmen-sonal (Proxcal), por meo do Statistical Package for Social

Science v.13 para a presente amostra, ndcou 10 regões. No entanto, os tpos motvaconas de Conformdade e Tradção se localzaram lado a lado e não um atrás do outro como prevsto pelo modelo teórco. Os índces de adequação do modelo foram: S-Stress=0,27; Stress I=0,36; Stress II=0,89; Coeficente de congruênca de Tucker=0,93. Apesar do S-Stress ter sdo abaxo do recomendado por Schffman, Reynolds e Young (1981), para a definção do número de dmensões optou-se por uma escolha teórca e não estatístca como sugere Shye, Elzur e Hoffman (1994). Assm, decdu-se por uma estrutura bdmensonal.

Varáves demográficas e famlares – Além das escalas, os partcpantes responderam às perguntas sobre as seguntes varáves: gênero, curso de graduação, ano de entrada no curso, dade, relgão, experênca de trabalho, estado cvl, estrutura famlar (se o estudante mora ou não com seus pas; se os pas são casados, dvorcados ou vúvos; e, se os avós moram na mesma resdênca), nível de escolardade dos pas e estado cvl dos pas.

Coleta de dados

Incalmente, a pesqusa fo apresentada aos coordenado-res dos cursos seleconados aleatoramente e fo solctada autorzação para que o pesqusador contatasse os professores e agendasse com eles a data de aplcação do questonáro em sala de aula. Uma vez agendado o encontro com os professores, um membro da equpe de pesqusa convdava em sala os estudantes a partcpar da pesqusa, explctando a partcpação voluntára e a não-dentficação dos partc-pantes, conforme prevsto pelo projeto aprovado em comtê de étca. Os alunos que acetaram partcpar responderam o questonáro em sala de aula e o devolveram dretamente ao pesqusador. O tamanho das turmas varou muto, de oto a 70 alunos, e os respondentes levaram, em méda, 30 mnutos para conclur a tarefa.

Análise dos dados

Incalmente, fo realzado o estudo de sstematcdade dos casos omssos (Lttle & Rubn, 1987). Observou-se a ausênca de sstematcdade de casos omssos, o que permte o uso do método de mputação smples. Assm, os dados omssos (menos de 2%) foram substtuídos por meo da regressão. Quando o respondente dexou mas de 12 tens sem resposta, o questonáro fo elmnado (n=33).

Para nvestgar as relações entre as estruturas de valores, foram realzadas equações estruturas, utlzando o programa AMOS. Incalmente, foram realzadas análses fatoras confirmatóras de cada nstrumento e, a segur, a equação estrutural para verficar a relação entre as estruturas. As análses do grau de assmetra das varáves e do coeficente de Marda (1971) apontaram para a falta de normaldade multvarada tanto da EVT quanto da SVS. Procedeu-se, então, à transformação das varáves conforme ndcações de

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Osborne (2002). Foram realzadas transformações logarítm-cas normas e pela raz quadrada. A normaldade dos dados melhorou, mas as transformações não foram suficentes para elmnar completamente a falta de normaldade. O método de estmação utlzado, portanto, fo o dos Mínmos Quadrados Não-ponderados (ULS), apontado por Bollen (1989) como menos sensível ao efeto da falta de normaldade dos dados. Entretanto, o método não apresenta os testes de sgnficân-ca estatístca dos parâmetros estmados (Bollen, 1989). Os índces de ajuste do modelo utlzados foram o GFI, AGFI e RMR. De acordo com Ullman (2001), o GFI e o AGFI são índces de ajuste relatvos à proporção de varânca explcada pelo modelo em teste e recomendam-se valores acma de 0,90 para acetação do modelo como adequado aos dados. A mesma autora ndca que o RMR é um índce baseado nos resíduos da análse e avala a dstânca entre os valores estmados e observados na matrz de covarânca de dados. Nesse caso, espera-se um valor próxmo a zero como ndcador de ajuste próxmo.

Resultados

Os resultados das análses fatoras confirmatóras das duas escalas de valores apontaram para a boa adequação dos modelos, conforme relato a segur.

Para a EVT, a razão entre o χ2 (224,34) e os graus de lberdade (458) fo 0,49 (Klne, 1998), ndcando a acetação do modelo. Os demas índces apontaram para uma boa ade-quação do modelo de quatro fatores (RMR=0,02, GFI=0,98, AGFI=0,98) e nenhuma modficação fo realzada em rela-ção ao modelo teórco, já que os índces GFI e AGFI estão acma de 0,95 e o RMR está abaxo de 0,05. O coeficente de Marda de normaldade multvarada fo de 106,53 (valor crítco=36,02), ndcando falta de normaldade multvarada e a necessdade de se utlzar estmadores menos sensíves a esse problema.

Para a estrutura de segunda ordem da SVS, a razão entre o χ2 (3142,73) e os graus de lberdade (1218) fo 2,58, ndcando a acetação do modelo (Klne, 1998). Os demas índces aponta-ram para um bom ajuste (RMR=0,05, GFI=0,97, AGFI=0,96) e nenhuma modficação fo realzada. O coeficente de Marda de normaldade multvarada fo de 432,416 (valor crítco=92,76), ndcando falta de normaldade multvarada.

Fnalmente, a modelagem por equações estruturas para verficar a relação entre os valores geras e do trabalho apon-tou para a acetação do modelo. A razão entre χ2 (6390,33) e os graus de lberdade (3306) fo 1,93, ndcando a acetação do modelo. Os demas índces revelaram uma boa adequação (RMR=0,04, GFI=0,95, AGFI=0,95). A Fgura 2 apresenta o modelo com os parâmetros padronzados estmados pela ULS. Para facltar a vsualzação, foram elmnados os erros-padrão, os resíduos e as covarâncas entre os fatores. Foram encontradas covarâncas postvas e altas entre os pólos Abertura à mudança e Realzação profissonal, Conservação e Establdade, Autotranscendênca e Relações socas, e Au-topromoção e Prestígo. As covarâncas entre as dmensões opostas foram baxas, pratcamente nulas, entretanto, entre os pólos de Autopromoção x Relações socas e Autotrans-cendênca x Prestígo elas seguram a dreção negatva, como prevsto teorcamente. ABERTURA ,33 V54T ,57 ,29 V4T ,54 ,48 V39 ,69 ,49 V27 ,70 ,46 V10 ,68 ,32 V59T ,57 ,23 V57T ,48 ,28 V44T ,53 ,25 V33T ,50 ,21 V17T ,46 ,16 V15T ,40 ,18 V5T CONSERVAD ,19 V47T ,14 V34 ,19 V20 ,34 V50T ,35 V42T ,20 V22T ,32 V12T ,47 V60T ,30 V45T ,41 V24T ,29 V16T ,34 V9T ,43 ,37 ,43 ,58 ,59 ,45,56 ,68 ,55,64 ,54,58 ,08 V55T -,28 AUTOPROMO ,42 V29 ,44 V25T ,30 V18 ,41 V13 ,31 V3T ,26 V53T ,22 V51T ,20 V46T ,40 V41 ,37 V36T ,65 ,66 ,55 ,64 -,55 ,51 ,47 ,44 ,63 ,61 AUTO-TRANS ,18 V11T ,24 V43T ,42 V40 ,23 V37T ,30 V32T ,39 V31 ,21 V28T ,53 V26T ,29 V19T ,20 V2T ,23 V1T ,15 V21T ,42 ,49 ,65,48 ,54 ,63,46 ,73,54 ,45 ,48 ,39 ,22 V35T ,46 ,25 V48T ,50 ,27 V52T ,52 ,16 V58T ,40 ,43 ,12 REAL PROF ,47 VT13T ,35 VT5T ,50 VT4T ,46 VT39T ,43 VT24T ,56 VT30T ,36 VT16T ,51 VT12T ,33 VT10T ,35 ESTABIL ,49 VT37 ,24 VT2T ,57 VT43T ,31 VT35T ,59 VT18T ,29 VT9T ,38 VT1T ,67 PRESTIGIO ,62 VT42 ,52 VT22 ,32 VT33T ,37 VT34T ,54 VT17 ,26 VT27 ,43 VT31 ,30 VT6T ,34 REL SOC ,37 VT45T ,27 VT32T ,39 VT20 ,51 VT3 ,51 VT36T ,47 VT28 ,51 VT19T ,59 VT29T ,69 ,59 ,71 ,68 ,65 ,75 ,60 ,71 ,70,49 ,75 ,55 ,77 ,54 ,62 ,79 ,72 ,57 ,61 ,73 ,51 ,66 ,54 ,60 ,52 ,63 ,71 ,72 ,68 ,71 ,77 ,57 ,53 ,31 ,58 ,82 ,09 ,17 -,12 -,15

Figura 2. Modelo da Equação Estrutural para a relação entre Valores Gerais

e Valores Laborais.

Legenda:

ABERTURA – Abertura à Mudança CONSERVAD – Conservação AUTOTRANS – Autotranscendênca AUTOPROMO – Autopromoção REAL PROF – Realzação Profissonal

ESTABIL - Establdade REL SOC – Relações socas Vxx – Itens da SVS não transformados VxxT – Itens da SVS transformados VTxx – Itens da EVT não transformados VTxxT – Itens da EVT transformados

Discussão

Os resultados apóam a teora que aponta para a relação entre as estruturas de valores, já que os índces de ajuste do modelo foram bons. As hpóteses de 1 a 4, que prevam re-lações postvas entre: 1) Realzação Profissonal e Abertura à Mudança; 2) Relações Socas e Autotranscendênca; 3) Prestígo e Autopromoção; e 4) Establdade e Conservação foram apoadas pelos dados que apresentaram covarâncas altas entre esses fatores.

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Os resultados fortalecem a teora de valores humanos, que prevê estruturas nter-relaconadas, ou seja, os ndvíduos apresentam uma estrutura geral de valores e, a partr dela, estruturas específicas são formadas para contextos específicos e sgnficatvos da vda da pessoa como, por exemplo, o traba-lho. Os resultados são congruentes com aqueles encontrados por Elzur (1991) e Ros e cols. (1999).

Com relação às hpóteses de conflto entre os tpos motvaconas, hpóteses de 5 a 8, os resultados apresentam apoo parcal. A hpótese 5, que preva assocação negatva entre Realzação Profissonal e Conservação e a hpótese 6, que preva assocação negatva entre Establdade e Abertura à Mudança foram refutadas, já que não foram encontradas covarâncas sgnficatvas entre essas dmensões. As h-póteses 7 e 8 foram parcalmente confirmadas, pos foram encontradas covarâncas negatvas entre Relações Socas e Autopromoção, e ente Prestígo e Autotranscendênca.

A procura por sucesso pessoal e nfluênca socal dficulta a busca de relações socas postvas no trabalho e, prncpal-mente, a contrbução para a socedade por meo do trabalho, pos o ndvíduo que está preocupado em persegur os seus nteresses pessoas dá menos mportânca aos do grupo so-cal. Devdo à ênfase dada ao trabalho na socedade atual, o ambente de trabalho é, por excelênca, o local para o alcance das metas pessoas de autopromoção, enquanto o outro pólo da dmensão pode ser alcançado em outros contextos socas como as atvdades de voluntarado, partcpação em ações comuntáras e outras. Além dsso, fica evdente que os nteresses de autopromoção são ncongruentes com a vsão do trabalho como nstrumento de contrbução postva para a socedade.

Em contraposção, a busca do bem-estar de todos e das pessoas próxmas dficulta a busca de prestígo no trabalho. Apesar de as metas de autotranscendênca poderem ser ob-tdas em outros contextos, a procura de prestígo no trabalho pode ter um mpacto negatvo sobre a preocupação com o bem-estar dos outros. A procura de prestígo pode mplcar tempo e atenção reduzdos às pessoas próxmas, competção com colegas e, às vezes, ações que prejudquem a socedade de forma ampla. Dessa forma, o prestígo tera conseqüêncas negatvas para a busca da autotranscendênca.

Dferentemente do proposto para os valores geras, no caso dos valores laboras, a relação entre estes tpos mot-vaconas Abertura à Mudança e Establdade e entre Con-servação e Realzação Profissonal não é ncompatível. As metas de Abertura à Mudança são compatíves com a busca de segurança no trabalho, bem como as metas de Conservação são compatíves com a busca de ndependênca no ambente de trabalho, apesar dessa últma relação ser bastante fraca.

É possível que, para a amostra pesqusada, a estab-ldade no trabalho proporcone o alcance do hedonsmo, estmulação e autodetermnação, pos somente a partr do momento em que são suprdas as necessdades materas é que se torna possível buscar essas outras metas. Além dsso, o fator Establdade só possu tens que refletem segurança e não conformdade e tradção que poderam ser vstos como ncompatíves com as metas de Abertura à Mudança. As-sm, ao menos no que dz respeto à segurança, a busca de establdade no trabalho não é ncompatível com Abertura à Mudança, mas pode ser, nclusve, stuação necessára para

que a outra se realze. Por exemplo, para que o ndvíduo exercte a sua cratvdade, pense em cosas novas ou faça cosas dferentes, é mportante ter ndependênca financera e establdade no trabalho para se sentr lvre e ter condções materas para persegur os seus nteresses pessoas.

Por outro lado, é mportante ressaltar que o estudo de Gouvea e cols. (2001) também não encontrou confltos em 7 de 12 correlações possíves para o Inventáro de Valores de Schwartz. Os autores argumentam que, na análse fatoral confirmatóra, as dspersões podem ser mnmzadas em função do agrupamento dos tens e, assm, serem errone-amente nterpretadas como ausênca de “conflto”. Uma solução sera testar a relação entre valores pessoas geras e valores laboras, utlzando a técnca proposta por Schwartz e Boehnke (2004).

Fnalmente, os resultados respondem à necessdade de ntegração dos modelos de valores geras com os modelos de valores laboras, contrbundo para a compreensão do sstema de valores dos ndvíduos. Os resultados também mostram que o mecansmo de dfusão (Elzur, 1991) pode ser o mas aproprado para explcar a relação entre os valo-res geras e os valovalo-res laboras, conforme a hpótese 9. Ou seja, os valores geras guam os valores pessoas específicos relatvos ao mundo do trabalho, sendo que, quanto mas os valores geras são mportantes para a pessoa, mas ela buscará esses valores no contexto do trabalho. Não fo encontrado um mecansmo compensatóro em que o que é valorzado na vda em geral sera menos valorzado na vda profissonal. É possível, entretanto, que exsta um mecansmo compensatóro entre os domínos específicos dos valores, por exemplo, entre valores laboras e valores de lazer. Esses resultados apontam para a mportânca do trabalho no alcance das motvações dos ndvíduos, já que o trabalho permte atngr metas que são mportantes de manera geral para as pessoas.

O estudo corroborou a nter-relação entre os valores pes-soas geras e os valores laboras. Os resultados obtdos são coerentes com o trabalho de Sage e Elzur (1996), que hava apontado a exstênca de uma estrutura nter-relaconada para os valores de dversos domínos da vda. O presente trabalho também encontrou relação entre as dferentes estruturas de valores, embora tenha utlzado outro modelo teórco e outra técnca de análse de dados. A semelhança encontrada entre os resultados dos dos estudos dá mas suporte para a necessdade de que as correntes de estudo de valores laboras e as de valores pessoas geras sejam ntegradas. Essa nte-gração, provavelmente, poderá aumentar a compreensão dos antecedentes e conseqüentes do fenômeno, além de propcar o desenvolvmento demodelos teórcos mas sóldos para compreender os valores.

O modelo teórco de valores pessoas geras de Schwartz (2005) fo adequado para compreender os valores laboras, exceto no que se refere às relações de conflto da dmensão Abertura à Mudança e Conservação com a dmensão Re-alzação Profissonal e Establdade. É possível que, dado o contexto socal em que se nsere a amostra, as relações de conflto não são percebdas. Além dsso, é mportante ressaltar que exste uma lmtação na análse de dados que pode ter nfluencado esse resultado. Não fo possível utlzar o método de estmação Satorra-Bentler, que é apontado por Foulad (2000) como o mas efetvo no caso de varáves

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não-Recebido em 12.08.2005 Primeira decisão editorial em 09.03.2006 Versão final em 21.08.2006 Aceito em 09.10.2006

normas, porque o programa utlzado, AMOS, não realzava esse tpo de análse. O uso dessa técnca é relevante para a análse desses dados que apresentaram consderável desvo da normaldade.

Com relação ao modelo teórco utlzado, vale lembrar que ele não aborda a dmensão “esforço corporal e desu-manzação”, proposto por Borges (1999). Estudos futuros deveram testar o modelo teórco da autora e dentficar a pertnênca da nclusão dessa dmensão para compreender os valores laboras de ndvíduos provenentes de dferentes classes socoeconômcas.

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