EMPRESA JÚNIOR – UMA PROPOSTA DE INTEGRAÇÃO ENTRE
UNIVERSIDADE E SOCIEDADE EMPRESARIAL
1PACHECO, Jean Alves2; CARDOSO, Fernando Assunção3; YAMANAKA, Lie4
Palavras-chaves: Empresa Júnior, extensão, sociedade empresarial.
Introdução
A extensão é concebida, presentemente, como um importante fator na formação universitária atual. Seus ganhos consistem, principalmente, em estabelecer uma conexão que permite o fluxo de conhecimento, em ambos os sentidos, entre o meio acadêmico, mais especificamente entre os alunos de graduação (em sua maioria), e o ambiente social, no qual se encontra inserida a universidade (COLOMBO et al., 2012) .
Segundo o Plano Nacional de Extensão (1999 apud COLOMBO et al., 2012, p. 8):
A Extensão Universitária é o processo educativo, cultural e científico que articula o Ensino e a Pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre universidade e sociedade. A Extensão é uma via de mão-dupla, com trânsito assegurado à comunidade acadêmica, que encontrará, na sociedade, a oportunidade de elaboração da práxis de um conhecimento acadêmico. No retorno à Universidade, docentes e discentes trarão um aprendizado que, submetido à reflexão teórica, será acrescido àquele conhecimento.
Ou seja, a sociedade não mais é tida por expectadora, mas coparticipante na produção de conhecimento e formação universitária.
Dentro deste contexto de extensão universitária, pode-se destacar as Empresas Juniores - EJ. Estas, por sua vez, surgem sob a finalidade de estabelecer um “laço” mais estreito entre teoria e prática, através da integração do aluno ao seu meio profissional mais precocemente.
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Resumo revisado por Lie Yamanaka. Proposta de Integração entre Universidade e Sociedade Empresarial através de uma Empresa Júnior. CAC-525.
2 Universidade Federal de Goiás –jean.alves.pacheco@gmail.com 3 Universidade Federal de Goiás – cardosoeng.prod@gmail.com 4
Segundo Oliveira (2005), Empresa Júnior é uma organização gerida, quer seja nos aspectos técnicos – relacionados à prestação de serviço e projetos, quer seja na gestão da mesma, por alunos e que está ligada a uma IES (Instituição de Ensino Superior). Matos (1997) sinaliza EJ como um projeto de extensão.
Por sua vez, Cunha (2012) sugere que há duas formas de se definir Empresa Junior: uma sob enfoque jurídico (favorecendo sua apresentação à IES) e outra enfatizando as atividades envolvidas na gestão (o que facilita a sensibilização de outros alunos, parceiros e clientes).
Pretendendo, ainda, esclarecer a cerca da relevância da existência da EJ, Cunha (2012, p. 3) a defini “Informalmente, [...] como um grande laboratório prático do conhecimento técnico e em gestão empresarial”.
Ainda de acordo com Guimarães, Senhoras e Takeuchi (2003) a EJ tem por objetivos: a) proporcionar ao estudante a aplicação prática de conhecimentos teóricos, relativos à área de formação profissional específica, b) desenvolver o espírito crítico, analítico e empreendedor dos alunos, contribuir com a sociedade através de prestação de serviços acessível ao micro, pequeno e médio empresário, d) intensificar a relação universidade-empresa, e) facilitar o ingresso de futuros profissionais no mercado, colocando-os em contato direto com o seu mercado de trabalho e; e) valorizar a imagem da instituição de ensino superior.
Assim, é possível perceber o grau de importância da EJ na formação universitária de profissionais de caráter técnico e de gestão, uma vez que permite a inserção destes em seu âmbito profissional, permitindo a consolidação e aplicação do conhecimento adquirido a um nível acadêmico e, por outro lado, contribuir com a sociedade à medida que torna as atividades de consultorias acessíveis às empresas de menor porte, possibilitando melhorar a competitividade dessas.
Objetivo
Este projeto está sendo executado sob o objetivo de desenvolver atividades pertinentes à criação de uma EJ, no curso e Engenharia de Produção – UFG –
Campus Catalão, para aplicação das teorias de gestão, planejamento e
empreendedorismo – adquiridos no decorrer do curso, através de projetos desenvolvidos no âmbito da EJ.
Secundariamente, o trabalho objeta:
Desenvolver capacidades de negociação, comunicação oral, escrita e gráfica, além de senso crítico, flexibilidade e espirito empreendedor; Aplicar conhecimentos de gestão empresarial;
Capacitar os alunos – envolvidos no projeto – a desenvolver portfólio e serviços de consultoria;
Contribuir para o desenvolvimento empresarial de Catalão - GO e região;
Integrar o aluno à sociedade empresarial da região.
Metodologia
Primeiramente foi reunido o grupo de alunos interessados em participar da criação da EJ, posteriormente, marcaram-se reuniões com a finalidade de estabelecer as metas e objetivos da mesma, discutindo os temas mais diversos. O objetivo de todos os reunidos era de aplicar tudo o que foi visto na universidade no mercado de trabalho através de consultorias, desenvolvendo ainda mais os seus conhecimentos e criando um network com os empresários da região.
Em seguida partiu-se para a criação de um estatuto, que foi avaliado e aprovado, em uma reunião agendada com uma semana de antecedência, pela maioria simples do corpo docente e discente do curso de Engenharia de Produção. Na próxima atividade foi criado o plano de negócios, o qual teve como objetivo identificar os riscos e propor ações para minimizá-los e até mesmo evitá-los; identificar os pontos fortes e fracos da EJ em relação à concorrência e o ambiente de negócio; reconhecer as particularidades de seu mercado de atuação e definir estratégias de marketing para produtos e serviços.
A próxima etapa foi a elaboração da Estrutura Organizacional, que se deu da seguinte forma:
Conselho diretor: Presidente e diretores são os responsáveis por representar a empresa, sendo o presidente obrigatoriamente do curso de Engenharia de Produção;
Conselho fiscal: Formado por dois alunos que não são membros efetivos e um professor, com o objetivo de fiscalizar o que os membros da EJ estão desenvolvendo.
Membros efetivos: São alunos escolhidos por processo seletivo, tem o direito a voto e cooperam nos projetos.
Membros honorários: São convidados a participar de algum projeto com o intuído de ajudar no desenvolvimento do mesmo, podem ser tanto do corpo docente quanto do discente – porém não integram o corpo de membros efetivos.
Todos os cargos citados acima estão sendo ocupados por alunos e professores (que, por sua vez, ocupam um cargo no Conselho Fiscal, segundo o estatuto da EJ) do curso de Engenharia de Produção, porém, futuramente tem-se o objetivo de abrir para participação dos demais cursos de engenharia do Campus.
Após a aprovação do estatuto – relativo ao curso de Engenharia de Produção, realizou-se um Processo Seletivo, composto por duas etapas, triagem de currículos e entrevista, no qual teve como função manter a dinâmica da Empresa Junior. Esses novos membros foram colocados a par da situação e contextualizados sobre o papel que deveriam desempenhar na mesma, pelo fato de muitos membros antigos estarem terminando sua graduação e deixando a EJ.
Resultado e discussão
No início encontrou-se muita dificuldade pelo fato da universidade não ter normativas próprias com relação à questão legal de formação da EJ, dificultando o acesso à informação do que seria necessário para a criação da mesma. Conseguiu-se ultrapassar essas dificuldades utilizando os recursos humanos do projeto de extensão; buscando informação com EJs já existentes, tanto na própria universidade como em outras, além do auxilio do Conselho Nacional de Empresa Junior.
Atualmente a EJ esta a espera da aprovação nos Conselho da Universidade para começar a angariar projetos junto às empresas locais, enquanto isso não ocorre, ela esta organizando a III Semana de Engenharia de Produção, previsto para o segundo semestre de 2012, com o objetivo de se divulgar à Catalão e região, além de oferecer minicursos e palestras aos participantes.
Considerações Finais
Verifica-se que a experiência de participar da constituição da EJ, tem trazido diversas habilidades aos participantes, conforme já mencionada na teoria a respeito. Tais habilidades se referem à capacidade de trabalhar em grupo com diferentes visões, capacidade de planejamento e organização, capacidade de liderar pessoas e compartilhar experiências, capacidade de desenvolver o espírito profissional, buscando assim o aperfeiçoamento contínuo no contexto profissional.
Por meio da EJ é possível identificar falhas, oportunidades e demais características do mercado antes mesmo de fazer parte desta realidade. O estudante é capacitado muito além da graduação.
Além disso, espera-se que por meio do funcionamento da EJ possa-se atender a demanda local contribuindo para o desenvolvimento da região de forma a assessorar empresários na busca de qualificação e melhoria na participação das empresas no mercado.
Referências
OLIVEIRA, Edson Marques. Empreendedorismo social e empresa júnior no
Brasil: o emergir de novas estratégias para formação profissional. In: II
SEMINÁRIO DE GESTÃO DE NEGÓCIOS, 2005, CURITIBA. II SEMINÁRIO DE GESTÃO DE NEGÓCIOS. CURITIBA: UNIFAE. v. 1. p. 1-2.
CUNHA, F. A. Gomes de. Diretoria de desenvolvimento – DNA Júnior. Disponível em: <http://www.brasiljunior.org.br/site/>. Acesso em: 16 mar. 2012.
GUIMARAES, C. L.; TAKEUCHI, K. P.; SENHORAS, E. M. Empresa Junior e
Incubadora tecnológica: Duas facetas de um novo paradigma de interação empresa - universidade. In: X SIMPEP, 2003, Bauru. Anais do X SIMPEP, 2003.
COLOMBO, C. R; et al. Reflexões e ações para formação de engenheiros de
produção social e ambientalmente responsáveis. In: Tópicos emergentes e
desafios metodológicos da engenharia de produção: casos, experiências e proposições. Vol. 5, Rio de Janeiro: ABEPRO, 2012. No prelo.
FORPROEX, Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras. Plano Nacional de Extensão Universitária. 1999.
MATOS, Franco de. A empresa Júnior: no Brasil e no mundo. São Paulo: Ed. Martin Claret, 1997.