• Nenhum resultado encontrado

VI Congreso ALAP Dinámica de población y desarrollo sostenible con equidad

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "VI Congreso ALAP Dinámica de población y desarrollo sostenible con equidad"

Copied!
11
0
0

Texto

(1)

VI Congreso ALAP

Dinámica de población y desarrollo sostenible

con equidad

Características Demográficas e Socioeconômicas das

Adolescentes e Jovens por Parto Normal em São Paulo

Paulo Henrique Viegas Martins; Ana Paula de Andrade Verona

(2)

Características Demográficas e Socioeconômicas das

Adolescentes e Jovens por Parto Normal em São Paulo

Paulo Henrique Viegas Martins Ana Paula de Andrade Verona

RESUMO

Este estudo investigou o perfil demográfico e socioeconômico de adolescentes que tiveram parto normal no Estado de São Paulo, Brasil. Realizou-se um estudo descritivo, incluindo todas as adolescentes e jovens em idade entre 15 e 24 anos, que tiveram parto normal no Estado de São Paulo durante o ano de 2011. O instrumento utilizado foi os dados coletados no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC). Constatou-se que as características das adolescentes que tiveram parto normal são de certa forma, semelhantes às que tiveram cesárea para quase todas as variáveis. Ressaltam-se as diferenças marcantes quanto à escolaridade e número de consultas de pré-natal.

Palavras Chaves: Adolescentes, Parto Normal, Brasil.

ABSTRACT

This study investigated the demographic and socioeconomic profile of adolescents who had normal birth in the State of São Paulo, Brazil. We conducted a descriptive study, including all adolescents and young people aged between 15 and 24 years, who had normal birth in the State of São Paulo during the year 2011. The instrument used was the data collected in the Information System on Live Births (SINASC). It was found that the characteristics of adolescents who had normal birth are similar to those who had cesarean delivery for almost all variables. We highlight the major differences in schooling and number of prenatal consultations.

Keywords: Adolescent, Natural Childbirth, Brazil.

CEDEPLAR/UFMG. paulomartins@cedeplar.ufmg.br

(3)

Características Demográficas e Socioeconômicas das

Adolescentes e Jovens por Parto Normal em São Paulo

Paulo Henrique Viegas Martins Ana Paula de Andrade Verona

INTRODUÇÃO

Os partos normais representam menos da metade de todos os partos realizados no Brasil todo ano (BARROS e BEHAGHE, 2009; POTTER, 2001). Dessa forma, a maioria dos partos são casarias, o que contraria as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), a qual estabeleceu que esses sejam, no máximo, 15% do total, limitando-se a situações de risco tanto da mãe quanto da criança (OMS, 1996). O Ministério da Saúde tem incentivado a escolha pelo parto normal na maioria dos casos, devido às questões relacionadas à saúde da mãe e da criança (BRASIL, 2012).

O Brasil vem experimentando sucessivos declínios nos níveis de fecundidade desde a metade da década de 1960, quando a taxa de fecundidade total (TFT) era mais de 6,0 filhos por mulher, chegando em 2010 a apresentar TFT de 1,90, estando abaixo do nível de reposição populacional de 2,1 filhos por mulher (IBGE, 2010). Um dos mais importantes aspectos da fecundidade brasileira nas últimas décadas é a concentração das taxas específicas de fecundidade nas idades mais jovens do período fértil (15 a 24 anos), caracterizando um rejuvenescimento do padrão da fecundidade. Enquanto os níveis de fecundidade entre as adolescentes (15 a 19 anos) aumentavam no Brasil, entre 1990 e 2000, as taxas de fecundidade caíram para todos os outros grupos etários (BERQUÓ e CAVENAGHI, 2005; RIOS-NETO, 2005). Além disso, deve-se considerar que uma parte significativa da fecundidade total brasileira (cerca de 20%) encontrava-se entre mães adolescentes (RIOS-NETO, 2005; IBGE, 2010).

O rejuvenescimento do padrão da fecundidade brasileira tem chamado a atenção de vários estudiosos para a situação da gravidez na adolescência. Isso porque muitas dessas adolescentes grávidas não estão preparadas ou não se programaram para esse acontecimento (HEILBORN e CABRAL, 2009). Elas são, muitas vezes, de segmentos de extrema pobreza e carência educacional, os quais ainda mostram altos níveis de fecundidade (RIOS-NETO, 2005; IBGE, 2000). Além disso, ter um filho na adolescência pode levar a consequências negativas posteriormente, como piorar seu desempenho escolar e no mercado de trabalho.

Os artigos e estudos sobre a questão do parto normal entre as adolescentes e jovens são poucos e ainda limitados. Entretanto, é necessário conhecer e estudar as características

CEDEPLAR/UFMG. paulomartins@cedeplar.ufmg.br

(4)

desse grupo etário devido à sua importante contribuição para os níveis da fecundidade total brasileira. Neste sentido, este estudo buscou descrever as características demográficas e socioeconômicas das adolescentes entre 15 e 19 anos e jovens entre 20 e 24 anos de idade, que tiveram parto normal no Estado de São Paulo, Brasil, em 2011.

1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Há poucos estudos sobre partos normais entre as adolescentes e jovens no Brasil. Apresenta-se nesta seção uma revisão preliminar a respeito dessa temática. Os temas são assim divididos: Gravidez na adolescência no Brasil, a escolha pelo tipo de parto e a questão do parto normal no Brasil.

1.1 Gravidez na Adolescência no Brasil

Inúmeros estudos confirmam que uma das características mais importantes relacionadas ao regime da fecundidade brasileira nas últimas três décadas está ligada ao seu rejuvenescimento. Isso porque os dados censitários entre 1980 e 2000 demonstraram que as taxas específicas de fecundidade caíram em todos os grupos etários, mas de forma desigual entre os grupos. A queda foi muito maior entre os grupos mais velhos e menor para o grupo etário adolescente (15 a 19 anos) (BERQUÓ e CAVENAGHI, 2004; RIOS-NETO, 2005). Dessa forma, o padrão de fecundidade das brasileiras se tornou tipicamente jovem, com maior taxa específica da fecundidade entre as mulheres de 20 a 24 anos (BRASIL, 2009).

Berquó e Cavenaghi (2004), concluem que o comportamento reprodutivo varia segundo grupos sociais. Além disso, sabe-se que há diferenças quanto à estrutura etária da fecundidade conforme a condição socioeconômica das mulheres (RIOS-NETO, 2005; BERQUÓ e CAVENAGHI, 2004). Esse tema é muito importante em um contexto histórico de ampliação da participação da mulher no mercado de trabalho, nos níveis educacionais, nas decisões políticas e nas suas escolhas sobre o seu comportamento reprodutivo, fruto de decisões importantes como a conferência do Cairo em 1994 (BRASIL, 2009).

A gravidez é uma fase muito importante da vida de uma mulher, pois traz muitas implicações para a sua trajetória futura. Quando a gravidez ocorre na adolescência as consequências para seu trajeto no futuro podem ser muito negativas, conduzindo, muitas vezes, ao abandono escolar e diminuição da renda da família, além da formação de um lar desestruturado (LEVINE e PAINTER, 2010). Neste sentido, a gravidez na adolescência pode ser caracterizada como um “problema social” (DIAS e AQUINO, 2006).

O contexto da gravidez na adolescência no Brasil mostra que, devido ao fato de não estar preparada social ou economicamente para a maternidade, muitas adolescentes permanecem morando com seus pais ou familiares, mesmo após o nascimento dos filhos, caracterizando uma extensão familiar (MARTELETO e DONDERO, 2013; DIAS e AQUINO, 2006). Um estudo realizado em três capitais brasileiras demonstra que cerca de 71% das adolescentes que tem um filho sem estar em uma união marital residem com

(5)

algum dos seus familiares (DIAS e AQUINO, 2006). Essas adolescentes não formam um novo lar, principalmente por causa das restrições na renda familiar.

Marteleto e Dondero (2013) apresentam um estudo comparando as características de crianças nascidas de mães adolescentes no Brasil e aquelas que são filhas de mães que não são adolescentes. Elas afirmam que, na região Sudeste as crianças nascidas de mães adolescentes possuem um perfil socioeconômico menos favorável, pois as mães adolescentes possuem menor renda familiar e menor nível educacional, quando comparado com mães que não são adolescentes.

1.2 A Escolha pelo tipo de Parto

A literatura sobre a escolha do tipo de parto demonstra que essa decisão está ligada a vários fatores e determinantes. Dentre esses fatores, pode-se citar: dor durante ou após o parto, saúde da mãe e da criança, histórico pregresso de partos, idade e escolaridade da mãe, além do importante papel do médico na decisão (OSIS, 2001; POTTER, 2001; HOPKINS, 2000).

Segundo as recomendações da Organização Mundial de Saúde o parto normal idealmente deveria ser predominante, ocorrendo a cesárea apenas em casos especiais, ou seja, no máximo, 15% de todos os partos (OMS, 1996). Entretanto, a maioria dos partos nos hospitais brasileiros são cesarianos, o quais representam cerca de 80 a 90%de todos os tipos de partos realizados, principalmente em hospitais privados (HOPKINS, 2000) .

Muitas pesquisas estudam quais são as preferências das mulheres em relação ao tipo de parto e quais fatores influenciam esta decisão. Uma pesquisa realizada por Hopkins (2000), usando dados coletados a partir do pós-parto e entrevistas em profundidade, afirma que as mulheres brasileiras preferem o parto normal. Essas preferências estão relacionadas principalmente à segurança durante o parto normal, recuperação mais rápida e menor dor após o parto (OSIS, 2001; POTTER, 2001). Além disso, elas acreditam que mulheres que fazem parto normal, após o esse procedimento, ficam mais bonitas que aquelas que tiveram partos cenários. Muitas mulheres que tiveram cesárea inicialmente desejavam o parto normal, mas foram influenciadas pelos seus médicos a realizarem a cesárea (OSIS, 2001; HOPKINS, 2000). Portanto, a autora concluiu que, mesmo desejando o parto normal, as mulheres são influenciadas pelos médicos a optar pela casaria.

Barros e Behague (2009), por outro lado, analisaram as razões por que as mulheres preferem o parto cesáreo e o que influencia suas opções em Pelotas, Brasil. Eles relataram, em seu estudo, que 17% das mães possuíam menos de 20 anos de idade, sendo que 30% de todos os nascimentos foram cesáreas. Além disso, verificou-se que os partos normais são mais comuns entre mulheres com menor renda e escolaridade (OSIS, 2001; HOPKINS, 2000).

As mulheres, muitas vezes, consideram o parto normal como um risco para sua saúde, podendo trazer uma experiência negativa para elas (OSIS, 2001, BARROS e BEHAGUE, 2009). Elas relatam preferência por cesáreas devido à excessiva dor, trauma e risco de mortalidade fetal durante o parto normal (OSIS, 2001). Elas relatam que um parto normal traumático muitas vezes ocorre em decorrência da negligência médica. Algumas explicam que mulheres pobres e pouco escolarizadas, mães jovens, mulheres com poucos pré-natais,

(6)

muitos filhos e mães com gravidez indesejada recebem, durante o parto normal, pouco ou nenhum tipo de atenção médica, incluindo intervenções (BARROS e BEHAGUE, 2009).

1.3 A Questão do Parto Normal no Brasil

A questão do parto normal no Brasil tem sido pouco explorada pela literatura. Isso por que os estudos sobre partos geralmente concentram-se nas cesarianas, pois elas são mais frequentes e representam maiores proporções. Os partos normais são mais frequentes entre mulheres de classes sociais mais baixas, enquanto os partos casarios entre mulheres de melhores condições socioeconômicas (OSIS, 2001; BARROS e BEHAGUE, 2009).

O parto normal oferece menor risco de infecções e complicações maternas (OMS, 1996). Segundo um estudo recente do ministério da saúde as mulheres submetidas ao parto normal tiveram 3,5 vezes menor probabilidade de morrer (entre 1992-2010) e 5 vezes menos de ter infecção puerperal (entre 2010 e 2011) que as de parto normal (BRASIL, 2012). Entre 2010 e 2011, a proporção de prematuros se elevou mais nas cesáreas que nos partos normais, sendo 7,8% nas cesáreas e 6,4% nos partos normais, em 2010.

O Ministério da Saúde tem tentado modificar essa situação, tendo em vista as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS, 1996). Os dados do Ministério da Saúde indicam que as cesarianas já representam 43% dos partos realizados no Brasil, tanto no setor público quanto privado (BRASIL, 2009). Ao analisar os planos de saúde privados constatou-se que essa proporção é ainda maior (POTTER, 2001). Nesses planos esse contingente de cesarianas alcança cerca de 70% do total de partos, enquanto no SUS as cesarianas representam cerca de 40% (BRASIL, 2012).

2. METODOLOGIA

Os dados utilizados neste estudo são provenientes do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) do DATASUS. Esse sistema é gerido pelo Departamento de Análises de Situação de Saúde, da Secretaria de Vigilância em Saúde. As Secretarias de Saúde coletam as Declarações de Nascidos Vivos (DN) nos estabelecimentos de saúde e nos cartórios (para partos domiciliares). O SINASC coleta aproximadamente 30 variáveis dessas declarações e atingiu em 2006, cobertura de 91,8% dos registros no Brasil(BRASIL, 2009). Esses dados são divulgados para pesquisas no site do DATASUS. Optou-se por essa base de dados devido à qualidade das informações coletadas, principalmente para a região sudeste, onde o sub-registro de nascimentos é um dos menores do Brasil (BRASIL, 2009). Essas informações permitem uma análise global dos nascimentos por fornecerem as características da gestação, do parto, do recém-nascido e da mãe. Ainda possibilita recortes por idade e escolaridade, entre outros aspectos (BRASIL, 2009). O registro de nascidos vivos em São Paulo é muito completo, o que viabilizou a analise dos dados.

Do ponto de vista metodológico, este estudo divide-se em duas etapas. Na primeira etapa foram realizadas a coleta e tabulação das informações na base de dados do SINASC no site do DATASUS. Já na segunda fase, os dados foram alocados em uma única tabela com valores absolutos e proporcionais que possibilitassem a análise dos dados. Foram coletadas informações de 237.387 mulheres entre 15 e 24 anos com parto normal e cesárea

(7)

do Estado de São Paulo, Brasil, sendo 124.478 (52,43%) com parto normal e 112.909 (47,57%) com cesárea. Os dados são apenas de nascidos vivos, em 2011. As variáveis escolhidas objetivaram traçar um perfil das mães adolescentes e jovens.

As variáveis utilizadas foram: idade da mãe, nível de escolaridade, cor/raça, estado civil e número de consultas de pré-natal. Os nascimentos por ocorrência são o número de nascidos vivos, contados segundo o local de ocorrência do nascimento. A idade da mãe foi coletada por faixa etária. Para este estudo foram utilizadas as informações das adolescentes do grupo etário entre 15 e 19 anos e jovens entre 20 e 24 anos.

Quanto ao ano de nascimento, neste estudo os dados foram coletados apenas para o ano de 2011, pois são os dados disponíveis mais recentes. Eles podem refletir com mais fidelidade à realidade do Estado. A instrução da mãe (escolaridade ou grau de estudo) foi distribuída de acordo com as seguintes categorias: nenhuma escolaridade, 1 a 3 anos de estudo, 4 a 7 anos de estudo, 8 a 11 anos de estudo, 12 anos e mais anos e estudo. Essa estratificação é feita pelo SINASC. O estado civil da mãe foi distribuído de acordo com as seguintes categorias: solteira, casada, viúva, separada judicialmente e união consensual. Os tipos de parto foram selecionados segundo as seguintes categorias: normal e cesárea. Por fim, o número de consultas de pré-natal foi dividido conforme as seguintes categorias: nenhuma, de 1 a 3 consultas, de 4 a 6 consultas, de 1 a 6 consultas, e 7 e mais consultas.

3. RESULTADOS

As notificações de nascidos vivos diminuíram entre 2000 e 2010, porém em 2011 observou-se um ligeiro aumento. Esse fato pode estar ligado ao novo formulário de nascidos vivos, disponível no segundo semestre de 2010. Foram realizadas 610.222 notificações de nascidos vivos no estado de São Paulo em 2011 (SINASC, 2011).

Neste estudo, foram analisadas as características de 236.399 adolescentes mães de filhos nascidos no Estado de São Paulo em 2011 (Tabela 1). Elas representam 38,7% de todas as mães que foram notificadas nesse ano em todo o Estado. Os partos foram divididos entre normal e cesariana. Foram contabilizados 114.561 partos cesáreos e 121.838 partos normais, representando respectivamente 48,5% e 51,5% do total de partos analisados nesta pesquisa.

Em relação à faixa etária percebe-se que entre as adolescentes (15 a 19 anos) a proporção de partos normais é maior comparadas com o grupo etário jovem (20 a 24). Isso pode estar relacionado com a posse de plano de saúde e renda familiar diferenciada nos dois grupos. As adolescentes, geralmente, engravidam sem estar preparada economicamente para este acontecimento. Dessa forma, na maioria das vezes, não possuem nenhum tipo de plano de saúde e realizam os partos em serviços de saúde público, onde ocorre uma quantidade inferior de partos cesáreos se comparados com os serviços privados. A partir da análise da escolaridade constatou-se que 66,6% dentre as adolescentes e jovens com 12 anos ou mais de estudo teve parto cesáreo comparado com 33,4% que tiveram parto normal. Já dentre as menos escolarizadas ocorre exatamente o oposto, pois dentre aquelas entre 1 e 3 anos de estudo 57,3% tiveram parto normal e 42,7% tiveram

(8)

cesárea. Tais proporções podem sugerir que adolescentes e jovens com menos escolaridade possuem menor renda familiar, além de outras restrições econômicas como posse de plano de saúde e, por isso, realizam o parto em serviços públicos de saúde.

Tabela 1: Características das adolescentes por tipo de parto em São Paulo, Brasil, em 2011

Variável Normal Cesário Total

n % n % Faixa Etária 15 a 19 anos 49867 57,4 36947 42,6 86814 20 a 24 anos 71971 48,1 77614 51,9 149585 Escolaridade Nenhuma 184 62,8 109 37,2 293 1 a 3 anos 2158 57,3 1610 42,7 3768 4 a 7 anos 25577 60,6 16616 39,4 42193 8 a 11 anos 86289 51,4 81519 48,6 167808 12 anos e mais 6945 33,4 13844 66,6 20789 Ignorado 685 44,3 863 55,7 1548 Estado Civil Solteira 91718 55,5 73517 44,5 165235 Casada 21066 38,0 34325 62,0 55391 Viúva 78 50,3 77 49,68 155 Separada judicialmente 474 43,3 622 56,75 1096 União consensual 7409 61,4 4650 38,56 12059 Ignorado 1093 44,4 1370 55,62 2463 Cor/Raça Branca 76848 47,5 84862 52,5 161710 Preta 2837 57,4 2103 42,6 4940 Amarela 219 53,2 193 46,8 412 Parda 40121 60,8 25824 39,2 65945 Indígena 288 82,5 61 17,5 349 Ignorado 1525 50,1 1518 49,9 3043 Consultas Pré-Natal Nenhuma 2510 74,6 855 25,4 3365 De 1 a 3 consultas 8177 71,6 3241 28,4 11418 De 4 a 6 consultas 28738 59,6 19477 40,4 48215 7 ou mais consultas 81478 47,4 90254 52,6 171732 Ignorado 935 56,0 734 44,0 1669 Total 121838 51,5 114561 48,5 236399 Fonte: MS/SVS/DASIS - Sistema de Informações Sobre Nascidos Vivos - SINASC

(9)

Em relação ao estado civil nós percebemos que as adolescentes e jovens casadas e separadas, apresentam menores proporções de realização de partos normais, os quais representam respectivamente 38,0% e 43,3%. Dentre as solteiras observou-se maior proporção de partos normais comparados aos cesáreos.

Dentre as adolescentes e jovens que se declararam negras 57,4% realizaram partos normal. O parto normal também foi mais frequente dentre as adolescentes pardas, representando 60,8% dos partos. Logo, as adolescentes e jovens negras e pardas realizaram proporcionalmente mais partos normais comparados com os cesáreos, enquanto as brancas apresentaram ligeiramente maior proporção de cesáreas.

O número de consultas de pré-natal é um importante indicador para avaliar o risco de uma gestação e do parto. Nós observamos que os partos normais foram muito mais frequentes dentre as adolescentes que realizam menor número de consultas pré-natais. Isso pode estar relacionado com a posse de plano de saúde, uma vez que as adolescentes e jovens com plano de saúde possuem mais acesso as informações e serviços de saúde.

4. DISCUSSÃO

A escolha pelo tipo de parto é influenciada por diversos fatores. Quando a gravidez é na adolescência a escolha pelo tipo de parto é ainda mais difícil, uma vez que é uma fase de indecisões e falta de informações. Neste caso, nem sempre, há um planejamento, pois a gravidez é muito precoce e inesperada.

Este estudo sobre as características demográficas e socioeconômicas chama atenção para a falta de planejamento e programação, tanto da gravidez quanto do parto. Dentre as questões relevantes deste estudo ressalta-se a alta proporção de adolescentes solteiras, tanto das adolescentes com parto normal quanto daquelas com cesárea. Além disso, observou-se que muitas das gravidezes na adolescência não são de mulheres que já constituíram uma família, o que pode influenciar as escolhas pelos cuidados pré-natal e pelo tipo de parto.

É importante ressaltar que mesmo após as campanhas do Ministério da Saúde, a proporção de partos normais ainda é baixa em relação às recomendações da Organização Mundial de Saúde. No Brasil, o número de cesáreas parece estar muito relacionado à utilização de plano de saúde e aos possíveis riscos presentes durante os partos normais. Novos estudos sobre essa relação são necessários.

Também merece destaque neste trabalho o número de consultas pré-natal para ambos os grupos. A maioria das adolescentes, tanto com parto normal e cesárea, fizeram 7 ou mais consultas pré-natal. Essa elevada proporção de adolescentes que relataram 7 ou mais consultas de pré-natal pode estar relacionada à melhora no acesso aos serviços de saúde. Além disso, esse fato também pode estar relacionado ao grande número de pessoas que atualmente utilizam planos de saúde no Brasil.

Por fim, ao descrever as características dessas adolescentes deve-se ressaltar que as que tiveram parto normal apresentam, de certa forma, algumas características diferentes daquelas que tiveram cesárea. Essas diferenças são mais claras em ao acesso a consultas

(10)

pré-natal e a escolaridade das adolescentes. A próxima etapa desse trabalho será estudar o relacionamento entre a escolaridade e o número de consultas pré-natal e o tipo de parto.Novos estudos são necessários para que haja maior conhecimento sobre as escolha pelo tipo de parto e os fatores que determinam essas escolhas.

5. REFERÊNCIAS

Behague DP, Victora CG, Barros F. Consumer Demand for caesarean sections in Brazil: informed decision making, patient Choice, or social inequality? A population based birth cohort study linking ethnographic and epidemiological methods. BMJ 2002;324:942-5. BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde Brasil 2011: uma análise da situação de saúde e a vigilância da saúde da mulher. Brasília: Ministério da Saúde, 2012, v. 1, p. 371-397 2012. Disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/arquivos/pdf/2013/Fev/21 /saudebrasil2011_parte2_cap16.pdf>. Acesso em: 17 de abril de 2013.

Dias, A.B. and Aquino, E.M.L. (2006). Maternidade e paternidade na adolescência: Algumas constatações em três cidades do Brasil. Teenage motherhood and fatherhood: Observations in three cities of Brazil. Cadernados de Saúde Pública 22(7): 1447-1458. HEILBORN , MariaLuiza and CABRAL, Cristiane S., “A New Look at Teenage Pregnancy in Brazil,” Obstetrics and Gynecology, vol. 2011. Disponível em:

<http://www.hindawi.com/isrn/obgyn/2011/975234/cta/>. Acesso em: 15 de Jun. de 2013. Hopkins K.Are Brazilian women really choosing to deliver by cesarean?SocSci Med, 2000;51:725-740.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estudos e Pesquisas. Informação Demográfica e Socioeconômica número 25 – Indicadores Sociodemográficos e de Saúde no Brasil. Rio e Janeiro; 2009. Disponível em:<http://www.ibge.gov.br/home /estatistica/ populacao/indic_ sociosaude/2009/indicsaude.pdf>. Acesso em: 05 de maio de 2013. IBGE. Censo Demográfico 2010. Nupcialidade, Fecundidade e Migração. Resultados da Amostra. Disponível em < ftp://ftp.ibge.gov.br/Censos/Censo_Demografico_2010

/Nupcialidade_Fecundidade_Migracao/censo_nup_fec_mig.pdf>. Acesso em 14 de Março de 2014.

Levine, D.I. and Painter, G. (2003). The schooling costs of teenage out-of-wedlock childbearing: Analysis with a within-school propensity-score-matching estimator. Review of Economics and Statistics 85(4): 884-900.

Marteleto, Letícia J. and Molly Dondero. 2013. “Maternal Age at First Birth and Adolescent Education in Brazil.” Demographic Research 28:793-820.

Osis MJD, Padua KS, Duarte GA, et al. The opinion of Brazilian women regarding vaginal labor and caesarean section.Int J Gynecol Obstet. 2001;75:S59 –S66.

(11)

Potter JE, Berquo E, Perpetuo IH, et al. Unwanted caesarean sections among public and private patients in Brazil: prospective study. BMJ 2001;323:1155–8.

RIOS-NETO, E. L. G. Questões emergentes na análise demográfica: o caso brasileiro. Revista Brasileira de Estudos de População, v. 22, n. 2, p. 371-408, 2005.

WHO (World Health Organization), 1996. Care in Normal Birth: A Practical Guide. Report of a Technical Working Group. Geneva: WHO.

Referências

Documentos relacionados

A Secretaria da Educação do Estado da Bahia (SEC) possui uma estrutura de informática que atende a um ambiente descentralizado, composta não apenas pela sua sede no CAB

Se por um lado encontramos essa grande dissonância, e 52%, na primeira coleta, e 86%, na segunda coleta, dos participantes da pesquisa afirmam ter adquirido

O estudo apresenta os diferentes métodos adotados para realizar a avaliação da aderência aos procedimentos de higienização das mãos e aponta seus pontos fortes e fragilidades, a fim

Como trabalhos futuros destacam-se: permitir que os classificadores locais classifiquem um documento em mais de uma categoria da tabela de semelhança; realizar experimentos

Dependendo da linha eleita teremos uma punição exagerada ou ex- cessivamente branda, em descompasso com a realidade. Se a lei penal considerasse o delito continuado como

A história dos trabalhadores estrangeiros na Alemanha Ocidental (os “Gastarbeiter”) não pode ser transposta para a dos migrantes na RDA (onde eram denominados

Vimos que, em termos históricos, as políticas territoriais indígenas no Rio Grande do Sul tiveram três momentos distintos: no início do século XX, quando o

Para determinação da categoria pela idade mínima será observado o ano em que completa a idade mínima, por exemplo, na classe MX3 fca estabelecido que os Pilotos devam ser nascidos até