Uma produção dos alunos do 9ºano

Uma produção

dos alunos do 9ºano

Projeto Literário Coletâneas Sepam Edição 2020

TEXTOS PROFESSORA ORIENTADORA REVISÃO CAPA ILUSTRAÇÕES SUPERVISÃO DE ARTE PROJETO GRÁFICO Alunos do 9º ano

Marcela Marabeli Pagano de Oliveira Marcela Marabeli Pagano de Oliveira Camila de Souza Jacques

João Pedro Chaves Taets Garcia Laura Moscardi Milléo

Luciano Prestes Junior Valentina Copack Muniz Jéssyka Fipke

EY Comunicação Paulo Diego Kuzar

Todos os direitos reservados à Sociedade Educacional Professor Altair Mongruel Ltda.

Colégio Sepam

Rua General Carneiro, 1171, Centro 84010-370 - Ponta Grossa-PR - Brasil

(42) 3225-2677 sepam.com.br

O58 Nas ondas da radionovela: uma produção dos alunos do 9º. Ano [livro eletrônico]/ Marcela Marabeli Pagano de Oliveira (profa. orient.); Camila de Souza Jacques (ilust. Capa); João Pedro Chaves Taets Garcia et al (ilust.). Ponta Grossa: Sepam, 2020. (Projeto Literário Coletâneas Sepam, 2020).

71 p.; il.; E-book PDF

1.Literatura brasileira – textos. 2. Radionovela. I. Oliveira, Marcela Marabeli Pagano de (profa. orient.). II. Jacques, Cami-la de Souza (ilust. capa); III. Garcia, João Pedro Chaves Taets et al. (ilust.). IV. T.

CDD: B869.3

Ficha Catalográfica Elaborada por Maria Luzia F. Bertholino dos Santos – CRB 9/986

As radionovelas, durante décadas, fizeram parte dos momentos de entretenimento da nossa sociedade, a qual envolvia-se nos dramas narrados por meio dos rádios, o único meio de comunicação da maioria das casas, naquele tempo.

Sabemos que a primeira radionovela brasileira foi ao ar no início dos anos 40, tratava-se de uma história cubana adaptada por Gilberto Martins e intitulada Em busca da felicidade.

A partir deste momento, as tramas novelísticas jamais cessaram, sendo “a queridinha” das casas brasileiras.

Algumas décadas se passaram e as radionovelas, nos dias de hoje, entram em cena novamente, com uma nova roupagem, mas com a mesma essência e encantamento centrado na imaginação e na criatividade. A ferramenta primordial hoje é a tecnologia e, para o desenvolvimento eficaz destes scripts e gravações, embarcamos nela com o intuito

de produzir as nossas radionovelas no contexto escolar.

Nossos alunos do 9º ano foram apresentados ao gênero supracitado durante as aulas de Produção de Texto e as conversas informais em casa junto aos pais e os avós por meio de pesquisas de campo.

Eles receberam um desafio: escrever scripts de radionovelas, seguindo de gravações em

grupo. Não estávamos falando de textos sem embasamento ou livres de direcionamentos, ao contrário, eles deveriam ter como base os capítulos do livro Vidas Secas, de Graciliano

Ramos; ademais deveriam adicionar um elemento atual, a fim de dialogar 1938, ano de publicação da obra regionalista em questão, e 2020.

A tarefa não foi simples, tão pouco simplória, e os resultados irão surpreendê-los. Venham surfar conosco nas ondas do nosso rádio e (re)viver a Era do Ouro desta mídia por meio das nossas radionovelas.

Boa leitura!

Marcela Marabeli Pagano de Oliveira Professora de Produção Textual

CAPÍTULO:

MUDANÇA

Alex Balzer Charrouf Guilherme Dugonski Gustavo Nadolny Lorenzoni Lucas Lalik de Souza

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SONOPLASTIA LOCUTORES

MÚSICA DE FUNDO _{NARRADOR: NAS TERRAS AVERMELHADAS SERTANEJO /} ONDE SE FORMAVA UMA POÉTICA HARMONIA ENTRE O CHÃO AVERMELHADO E O AZUL CINTILANTE DO CÉU / SOBRE UM SOL IRRADIANTE / FABIANO / SINHÁ VITÓRIA / MENINO MAIS VELHO / SEGUIDOS PELO PAPAGAIO E A CACHORRA CUJO NOME ERA BALEIA ESTAVAM EM UMA CAMINHADA À PROCURA DE UMA SOMBRA DE JUAZEIRO // O MENINO MAIS VELHO ESTAVA CANSADO E RECLAMANDO DE TANTO ANDAR//

FABIANO:

SONS DE CANSAÇO FABIANO: ANDA DIABO, NÃO VOU TE CARREGAR/ PARE _{DE SER FRESCO//} NARRADOR: O MENINO SE VIA MUITO CANSADO / MAL CONSEGUIA ABRIR OS OLHOS // A CAATINGA SE ESTENDIA O CÉU COMEÇOU A FICAR AVERMELHADO, COM MANCHAS BRANCAS QUE ERAM OSSADAS. SINHA VITÓRIA: OXI FABIANO / TÔ COM UMA CANSEIRA DO DIABO DE CARREGAR ESSA CRIANÇA //

SINHA E FABIANO:

SONS DE CANSAÇO FABIANO: VAMOS DEIXAR ESSE MENINO AÍ E JÁ VAMOS// NARRADOR: FABIANO POR DÓ NÃO CONSEGUINDO DEIXAR A CRIANÇA ALI CARREGOU-O NO OMBRO. FABIANO: BRAVO FABIANO: VOU CARREGAR ESSA CRIANÇA/ E PARTIREMOS _{AINDA HOJE//}

SONS DE ÁGUA

CORRENTE NARRADOR: APÓS O FABIANO CARREGAR O FILHO MAIS VELHO / A CACHORRA SEM COMPANHEIRO FOI NA FRENTE // AINDA NA VÉSPERA HAVIAM SEIS/ CONTANDO COM O PAPAGAIO E A CACHORRA // MAS NÃO DUROU MUITO / O PAPAGAIO MORREU NA AREIA DO RIO / A FOME ESTAVA AUMENTANDO E A CACHORRA BALEIA COMEU O PAPAGAIO // APÓS ALGUM TEMPO DO ACONTECIMENTO / A SINHA VITÓRIA E O FABIANO ESTAVAM PREOCUPADOS COM A COMIDA E O DINHEIRO.

SONS DE FOGO

SINHA VITÓRIA: FFABIANO / NOSSA FARINHA ACABOU E NÓS NÃO VAMOS MAIS USAR ESSES BANCOS / EU ACHO MELHOR TACAR FOGO / PARA NOS AQUECER PELO MENOS ESSA NOITE / JÁ QUE NÃO ESTAMOS CONSEGUINDO RECEBER O AUXÍLIO EMERGENCIAL HÁ MAIS DE DOIS MESES //

FABIANO: É/ VOCÊ TEM RAZÃO//

FABIANO: AI/ QUE DOR / MAS QUE PORCARIA / SINHA OLHA UM CERCADO / TALVEZ TENHA UM JUAZEIRO ALÍ// NARRADOR: CHEGANDO LÁ OBSERVARAM QUE O PÁTIO DA FAZENDA ESTAVA SEM VIDA // SINHA VITÓRIA ESTAVA CANSADA E LOGO ACOMODOU OS FILHOS / FABIANO ENTROU EM UM CERCADO DE PLANTAS E CHEGOU AO FUNDO E SE DEPAROU COM UM BOSQUE QUE ERA UMA PROLONGAÇÃO DO CERCADO // FABIANO PENSOU EM ABRIGAR SUA FAMÍLIA ALI / FEZ UMA FOGUEIRA // E LOGO FORAM DORMIR / ACORDARAM / E VIRAM A CACHORRA COM UMA PREÁ E SUA BOCA ESTAVA COMPLETAMENTE ENSANGUENTADA / SINHA VITÓRIA COMEÇOU A LAMBER O SANGUE DA BOCA DA CACHORRA QUANDO FOI INTERROMPIDA PELA CRIANÇA//

FILHO MAIS VELHO: O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO? SINHA VITÓRIA:

GAGUEJANDO

SINHA VITÓRIA: AH / ISSO?! EU / EU ESTOU LIMPANDO A BOCA DO CACHORRO //

FILHO MAIS VELHO: OK.

NARRADOR: FABIANO FOI À PROCURA DE ÁGUA / POIS TODOS ESTAVAM COM MUITA SEDE / INDO LÁ ACHOU O BEBEDOURO DOS ANIMAIS E CAVOU A AREIA COM AS UNHAS / ESPEROU A ÁGUA SUBIR E BEBEU / SACIADO / DEITOU E OBSERVOU AS ESTRELAS E O CÉU / PERCEBEU QUE IA CHOVER / LOGO APARECEU UM HOMEM// VAQUEIRO: : BOM DIA / SENHOR!//

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SONOPLASTIA LOCUTORES

COMEÇA OS SONS DE VACAS

FABIANO: ACHO QUE É UM BOM DIA! //

VAQUEIRO: ÁGUA BOA/ NÉ? GARANTO PARA VOCÊ QUE ESTA NÃO TEM COVID-19//

FABIANO: OBRIGADO//

VAQUEIRO: E FALANDO DISSO / VOCÊ TEM MÁSCARA? // FABIANO: EU NÃO TENHO MÁSCARA//

VAQUEIRO: POR ISSO AQUI É BOM / PORQUE TEM POUCAS PESSOAS / TAMBÉM DÁ MUITO DINHEIRO TRABALHAR POR AQUI// BOM / AGORA VOU ALIMENTAR MINHAS CRIANÇAS// VOCÊ TEM?//

FABIANO: É // EU TENHO//

VAQUEIRO: PRAZER EM CONHECÊ-LO // ENTÃO TCHAU!// TERMINA OS SONS DE

VACAS

NARRADOR: APÓS O VAQUEIRO SAIR TEVE UMA IDEIA / ELE SERIA O VAQUEIRO DAQUELA FAZENDA MORTA // IMAGINOU OS SEUS MENINOS BRINCANDO NO CHIQUEIRO DAS CABRAS / SUA MULHER USANDO SAIA DE RAMAGENS VISTOSAS // AS VACAS NO CURRAL E A CAATINGA TODA VERDE // LOGO LEMBROU QUE A FAMÍLIA ESTAVA ESPERANDO COM SEDE // ENCHEU A CUIA E LEVOU PARA A SUA FAMÍLIA//

NARRADOR: A LUA CHEIA ERGUIA-SE NO CÉU ALI PERTO A NUVEM ESCURECIA O MORRO // FABIANO SERIA O DONO DO MUNDO / OS SEUS EQUIPAMENTOS MINGUADOS / AS CRIANÇAS BRINCAVAM NA LAMA DO CHIQUEIRO / BALEIA AGITAVA O RABO OLHANDO AS BRASAS COM PACIÊNCIA NA HORA DE MASTIGAR OS OSSOS//

CAPÍTULO:

FABIANO

Enzo Luiz Henrique Lemos João Guilherme Dalle Carbonare

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SONOPLASTIA LOCUTORES

BARULHO CALMO DE ONDAS E AVES

NARRADOR: FABIANO TENTA PROCURAR POR SUA RAPOSA COM A INTENÇÃO DE FAZER UM CURATIVO NA SUA FERIDA PORÉM/ APENAS ACHA SUA PEGADA NA AREIA / ELE ABAIXA-SE E MARCA A LOCALIZAÇÃO NO CELULAR / PARA QUE VOLTE A BUSCAR POR ELA OU NA ESPERANÇA DE QUE A RAPOSA VOLTE POR CONTA PRÓPRIA // FABIANO SUSPIRA PROFUNDAMENTE, BARULHO DE NOTIFICAÇÃO DE MENSAGEM ENVIADA

NARRADOR: ELE COMEÇA A VOLTAR PARA SUA CASA E À BEIRA DO RIO COMEÇA A PENSAR EM SUA VIDA E SUA FAMÍLIA QUE PRECISAVA SUSTENTAR / ELE PEGA O CELULAR DE SEU BOLSO E ENVIA UMA MENSAGEM PARA SUA FAMÍLIA / AVISANDO QUE JÁ VAI CHEGAR // NARRADOR: A CACHORRA BALEIA CORRIA PELA FRENTE / PROCURANDO PELA RAPOSA / FABIANO FINALMENTE CHEGA EM CASA E FALA PARA SI MESMO:

FABIANO: FABIANO / VOCÊ É UM HOMEM?// DONO DA FAZENDA: VOCÊ É UM BICHO / FABIANO// NARRADOR: PARA FABIANO ISSO ERA MOTIVO DE ORGULHO / FEZ UM CIGARRO COM PALHA DE MILHO E COMEÇOU A FUMAR //

SOM DA FACA CORTANDO O MILHO E

FABIANO FUMANDO

FABIANO: SIM SENHOR / UM BICHO CAPAZ DE VENCER DIFICULDADES//

DONO DA FAZENDA: UM BICHO / FABIANO//

NARRADOR: VIERA A TROVOADA / E COM ELA / O DONO DA FAZENDA O EXPULSARA //

NARRADOR: FABIANO OFERECE SEUS PRÉSTIMOS EM TROCA ELE E SUA FAMÍLIA FICARIA NA FAZENDA // O DONO ACEITA E ENTREGA A ELE AS MARCAS DE FERROS //

FABIANO RESMUNGA E

COÇA OS QUEIXO NARRADOR: AGORA FABIANO ERA VAQUEIRO / E _{NINGUÉM O TIRARIA DALI //} O BARULHO DAS AVES

E AS ONDAS COMEÇA A DESAPARECER E SÓ A

DO VENTO CONTINUA

NARRADOR: VIVIA LONGE DOS HOMENS / SÓ SE DAVA BEM COM ANIMAIS // OS SEUS PÉS DUROS QUEBRAVAM ESPINHOS E NÃO SENTIAM A QUENTURA DA TERRA // BARULHO NA TELEVISÃO

DAS FALAS DOS PERSONAGENS DE DESENHO ANIMADO

NARRADOR: UMA DAS CRIANÇAS / QUE ESTAVA ASSISTINDO DESENHO ANIMADO NA TELEVISÃO / APROXIMOU-SE E PERGUNTOU QUALQUER COISA // FABIANO / ACHANDO A CRIANÇA MUITO CURIOSA / DISSE://

FABIANO: VOCÊ TÁ FICANDO MUITO CURIOSO MENINO / SE CONTINUAR ASSIM / METIDO COM O QUE NÃO É DA SUA CONTA COMO IRÁ ACABAR?//

MÚSICA REFLEXIVA COMEÇA A TOCAR

NARRADOR: FABIANO / ARREPENDIDO DE TER TRATADO AS CRIANÇAS DAQUELA FORMA / CHAMOU OS PARA BRINCAREM COM A CACHORRA / PARA DISTRAÍ-LOS // ERA COMO SE NA SUA VIDA TIVESSE APARECIDO UM BURACO / PRECISAVA FALAR COM A SUA MULHER PARA SE ACALMAR //

NARRADOR: DESISTIU DE ENCONTRAR A RAPOSA E DEIXOU ESSA TAREFA PARA A CACHORRA / SE MORRESSE / NÃO SERIA SUA CULPA // A CACHORRA ENERGÉTICA CONTINUOU A BRINCAR COM AS CRIANÇAS //

NARRADOR: FABIANO SENTIU CERTO ALÍVIO VENDO AQUELA CENA / PORÉM ELE QUERIA CONVERSAR COM SINHA VITÓRIA A RESPEITO DA EDUCAÇÃO DAS CRIANÇAS / E COMO ELAS FICARAM TÃO ENXERIDAS E INSUPORTÁVEIS // ELE ENVIA UMA MENSAGEM PELO CELULAR PARA QUE OS DOIS SE ENCONTRASSEM //

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SONOPLASTIA LOCUTORES

FABIANO EMITE UM SOM DE ALÍVIO

NARRADOR: FALANDO SOBRE CURIOSIDADE / FABIANO LEMBRA-SE DE SEU TOMÁS DA BOLANDEIRA // POR QUÊ? PORQUE LIA DEMAIS E ERA MUITO INFORMADO COM TECNOLOGIAS / FABIANO MUITAS VEZES O PERGUNTARA: FABIANO: SEU TOMÁS / VOSSEMECÊ NÃO REGULA // PARA QUE TANTO PAPEL? QUANDO A DESGRAÇA CHEGAR / VOCÊ VAI TER O MESMO DESTINO DE TODO MUNDO// SONS DE CAVALO

GALOPANDO, COM SEU TOMÁS EM CIMA, E SUA MOCHILA FAZENDO

BARULHO

NARRADOR: POIS VIERA A SECA / O VELHO / TÃO ÁVIDO LEITOR / PERDE TUDO / ANDAVA POR AÍ / SEM TER PRA ONDE IR //

NARRADOR: PORÉM / MESMO ASSIM FABIANO TINHA RESPEITO POR SUA SABEDORIA / EM CERTAS VEZES ELE ATÉ TENTAVA O IMITAR: PESQUISAVA SINÔNIMOS EM SEU CELULAR / DIZIA PALAVRAS DIFÍCEIS / GAGUEJANDO / PORÉM SE CONVENCENDO DE QUE MELHORAVA // TOLICE // VIA-SE QUE UM SUJEITO COMO ELE NÃO TINHA NASCIDO PARA FALAR CERTO //

NARRADOR: SEU TOMÁS SEMPRE FOI CORTÊS / NUNCA MANDAVA / SEMPRE PEDIA // OS OUTROS BRANCOS ERAM DIFERENTES / O PATRÃO ATUAL / POR EXEMPLO / BERRAVA SEM PRECISÃO // MESMO QUANDO O GADO AUMENTAVA / O SERVIÇO IA BEM / AINDA O INSULTAVA // NARRADOR: OUVIA AS DESCOMPOSTURAS COM O CHAPÉU EM MÃO / E SEMPRE DESCULPAVA-SE / MENTALMENTE ELE SABIA QUE O PATRÃO APENAS TINHA UM DESEJO DE MOSTRAR AUTORIDADE A ALGUÉM //

NARRADOR: FABIANO NÃO ESPERAVA MAIS VIVER NO LUXO PARA SEMPRE / ELE ACEITOU QUE ENQUANTO O DONO DA FAZENDA NÃO OS BOTARIA PRA FORA / ELES ESTAVAM APENAS DE PASSAGEM //

NARRADOR: QUALQUER DIA O PATRÃO OS BOTARIAM PRA FORA / E ELES ANDARIAM O MUNDO / SEM RUMO / NEM TERIAM MEIO DE CONDUZIR OS CACARECOS // VIVIAM DE TROUXA ARRUMADA E / DORMIRIAM BEM DEBAIXO DE UM PAU //

NARRADOR: ELE MARCHANDO PARA CASA / TREPANDO A LADEIRA ESPALHANDO SEIXOS COM AS ALPERCATAS // ELA SE AVIZINHANDO A GALOPE / COM VONTADE DE MATÁ-LO //

LEGIÃO URBANA - FAROESTE CABOCLO

COMEÇA A TOCAR

A MÚSICA PARA

NARRADOR: VIROU O ROSTO PARA FUGIR À CURIOSIDADE DOS FILHOS / BENZEU-SE // NÃO QUERIA MORRER // AINDA DESEJAVA CORRER MUNDO / VER TERRAS / CONHECER GENTE IMPORTANTE COMO TOMÁS DA BOLANDEIRA // ERA UMA SORTE RUIM / MAS FABIANO DESEJAVA BRIGAR COM ELA / SENTIR-SE COM FORÇA PARA BRIGAR COM ELA E VENCÊ-LA // NÃO QUERIA MORRER // ESTAVA ESCONDIDO NO MATO COMO TATU // DURO / LERDO COMO TATU // MAS UM DIA SAIRÁ DA TOCA / ANDARIA COM A CABEÇA LEVANTADA / SERIA HOMEM //

CAPÍTULO:

FABIANO

Camila de Souza Jacques Catharina Litzinger Gomes Leffers Luciano Prestes Junior

MÚSICA DE ABERTURA

NARRADOR: ÓH PANDEMIA / ONDE SE DIZIA QUE O DIA SE ASSEMELHAVA COM UM AMANHECER AGRADÁVEL / AGORA DEIXARA DE SER UM PELA DOENÇA E POBREZA // CONSECUTIVAMENTE / FABIANO / TERMINARA DE CURAR A DOENÇA NO RASTO DA NOVILHA RAPOSA / POR FIM / AINDA NÃO TINHA ENCONTRADO O ANIMAL / MAS SE ACHASSE / FARIA DUM CURATIVO / A SOLUÇÃO DA BICHEIRA DO SER. // PARA TERMINAR / FEZ UMA ORAÇÃO NA BUSCA QUE O PEQUENO VOLTASSE / CASO AINDA VIVO//

PLANTAS SE MEXENDO FABIANO: UFA! SENTI A DOR NISSO / MAS TENHO QUE _{“VORTAR” PRA CASA //}

SOM DO VENTO

NARRADOR: LEVANTOU-SE / FIZERA SUA OBRIGAÇÃO E VOLTOU COM SUA CONSCIÊNCIA TRANQUILA// A NATUREZA FAZIA SUA PARTE POR TRÁS / AQUELA BRISA E SOLO / COM CERTEZA FAZIAM DELE RACIOCINAR// NARRADOR: ASSIM COMO SE DESABROCHAR PELA VIDA E ESQUECER DO SURTO EXISTENTE NO MUNDO // NA VOLTA / SUAS SANDÁLIAS SE MOVIMENTAVAM JUNTAMENTE AO SOM EXTERNO DO AMBIENTE / CAUSANDO UM SOM CERTAMENTE AGRADÁVEL//

SOM MELANCÓLICO / TRISTE, COM UM TOQUE

DE SUSPENSE EM SUA REFLEXÃO

NARRADOR: AO PASSAR DO TEMPO / MURMURAVA SOZINHO EM DIREÇÃO AO LOCAL / DIZENDO COM SUA EMOÇÃO / O QUE DESEJAVA CERTO DIA ENTÃO// FABIANO: PUXA! ME CUSTO A FOME... / MAS NÃO ME CUSTA NADA APOSTAR / ALGUM DIA SAIR DESSE ESTRANHO / RICO E AO MESMO TEMPO POBRE CHÃO PARA QUE ENFIM PODER VIVER NUM TRIZ DE ALEGRIA// NARRADOR: FABIANO SUPOSTAMENTE COM CARÁTER DE UM SER DECIDIDO / CHEGARA NAQUELE ESTADO COM A FAMÍLIA / PASSANDO FOME E COMENDO APENAS RAÍZES // PARECIAM ATÉ MESMO RATOS// APÓS O TRABALHO / QUANDO CONSEGUIRA PREPARAR UM FUMO COM A PALHA DO MILHO / DIALOGOU EXCLAMANDO COM VONTADE DE LIBERDADE A SI MESMO:

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SONOPLASTIA LOCUTORES

FABIANO: FABIANO / VOCÊ É UM HOMEM//

NARRADOR: ELE PERCEBEU QUE OS FILHOS O OUVIRAM FALANDO A SÓS / PORTANTO NUM MOMENTO DE INDAGAÇÃO / PERCEBEU QUE NÃO PASSAVA DE UM FUNCIONÁRIO / E REPETIU A FRASE RETRUCANDO-A / UTILIZANDO A PALAVRA BICHO AO INVÉS DE HOMEM / MAS EM SEU INTERIOR QUERIA SIMPLESMENTE A LIBERDADE // DE REPENTE /O MOMENTO SE ROMPERA NUM TRIZ//

TOSSE FORTE _{FAZENDEIRO: DESCULPA PELO INCÔMODO FABIANO} / MAS VOCÊ SABE COMO É ESSA FASE DE PANDEMIA / MINHAS CONTAS COM A FAZENDA ESTÃO SUBINDO // SÓ VIM TE DIZER QUE TALVEZ DEVA O EXPULSAR / MAS NÃO FIQUE MUITO ASSUSTADO//

NARRADOR: DITO DITO ISSO / O FAZENDEIRO PROVAVELMENTE IRIA EXPULSÁ-LO POR CAUSA DO NOVO VÍRUS / MAS FABIANO FIZERA-SE DE DESENTENDIDO E OFERECERÁ OS SEUS EMPRÉSTIMOS / PORQUE NO MEIO DE UMA PANDEMIA O ÚNICO JEITO ERA FICAR // O PATRÃO COM CERTA PERCEPÇÃO ACEITOU / MAS PEDINDO PARA TOMAR TODOS OS CUIDADOS / MESMO SENDO DIFÍCIL NAQUELAS SITUAÇÕES DE SERTÃO// ENTÃO// FABIANO DEU UM SUSPIRO E FALOU//

SUSPIRO

FABIANO: MAS JUSTAMENTE POR ESSA DOENÇA / NÃO TENHO CERTEZA SE IREI AGUENTAR// EHH! TE AGRADEÇO A OPORTUNIDADE DE SER UMA VAQUEIRO DE VERDADE SENHOR//

FAZENDEIRO: SÓ FAÇA A SUA PARTE / COM MOLEZA NÃO VIVO//

SONS DE CORUJA

"VIOLINO TRISTE" BEM BAIXO

NARRADOR: APÓS UMA PAUSA EM SEU PENSAMENTO NATIVO / ONDE SUA IMAGINAÇÃO BORBULHAVA NA BUSCA DE UMA RESPOSTA PARA A SOBREVIVÊNCIA // QUEM DERA FABIANO MORTO / ELE PENSAVA // NÃO OBSTANTE / SEU FILHO ROMPE SEU PENSAMENTO// FILHO: OOO PAI// E AQUELE NEGÓCIO QUE AS CRIANÇAS "VAI"// É / ACHO QUE É A “TAR” DA ESCOLA / "NOIS" NÃO "VAI" PARA LÁ ESTUDAR TAMBÉM ALGUM DIA?//

NARRADOR: FABIANO / O PAI / FICOU EM CHOQUE / JÁ NÃO SE LEMBRAVA AO CERTO DO QUE O FILHO PERGUNTOU / SERÁ QUE ERA UMA CURIOSIDADE DO GAROTO OU ERA PURAMENTE VERDADE / SE PERGUNTAVA// ELE QUERIA DEIXAR OS FILHOS ROBUSTOS QUE RESISTEM À SECA / QUE SOUBESSEM CORTAR MANDACARU / CONSERTAR CERCAS // FILHOS DUROS E ROBUSTOS QUE FOSSEM IGUAIS TATUS // O HOMEM NÃO QUERIA QUE ELES TIVESSEM O MESMO FIM DE SEU TOMÁS DA BOLANDEIRA QUE LEU MUITO / MAS MORREU POR CONTA DO ESTÔMAGO FRACO // ENTÃO FABIANO FICA NERVOSO/ PORQUE NÃO SABIA AO CERTO SOBRE A EDUCAÇÃO E MESMO ACHANDO QUE ELA É JUSTA/ ACHAVA QUE O ÚNICO LUGAR QUE HAVIA DINHEIRO ERA TRABALHANDO NA FAZENDA// COMO A PANDEMIA FECHOU AS ESCOLAS/ DEIXANDO ESSA DECISÃO MAIS DIFÍCIL//

FABIANO: NÃO “PRENDI” MUITO A EDUCAÇÃO// MAS SEI QUE O DINHEIRO TÁ AQUI NA MATA/ SÓ BASTA ENCONTRAR // NÃO ENCONTRÁ LENDO// [FABIANO FALA FORTE// MAS COM UM TOQUE DE NERVOSISMO]

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SONOPLASTIA LOCUTORES

MÚSICA SUAVE

NARRADOR: FABIANO OBSERVA QUE O FILHO FICA TRISTE / TALVEZ COM ESPERANÇA NA TESTA / MAS COM LÁGRIMAS ESCONDIDAS // SERÁ QUE ELE FEZ O CERTO? O CONTO DE UM CANTOR JÁ NÃO VALIA O MESMO / O FILHO JÁ ESTAVA A PENSAR EM ROUBAR UM LIVRO.... // BRINCAR NA LAMA/ FEITO UM PORCO JÁ NÃO ERA UM PASSATEMPO LEGAL PARA ELE // FABIANO ENTÃO COMEÇA A REFLETIR MAIS UMA VEZ SOBRE A VIDA // ATÉ LEMBROU DE SEU TOMÁS NOVAMENTE// ELE ACHAVA QUE SEU TOMÁS ACREDITAVA NA EDUCAÇÃO E TINHA UMA GRANDE SABEDORIA POR CONTA DISSO// SE ARREPENDEU DE TER FALADO COM O FILHO DAQUELE JEITO // ESSA SITUAÇÃO O DEIXOU MAIS PREOCUPADO COM FUTURO DE SEUS FILHOS/

NARRADOR: CLARAMENTE / FABIANO ESTAVA MUITO CANSADO / AINDA TINHA DE TRABALHAR POR MAIS HORAS // ALÉM DE PROCURAR A CACHORRA BALEIA PARA QUE DE CERTA FORMA SE ACALMAR E TER UM MOMENTO DE PEQUENA ALACRIDADE //

APÓS UMA SESSÃO DE TRABALHO COM A NATUREZA AO REDOR / A NOITE TOMOU O LUGAR / FABIANO TINHA QUE VOLTAR PARA CASA. // COM UM SUSPIRO PROFUNDO DE ALÍVIO NA CHEGADA //

NARRADOR: ELE VERIFICA QUE AS CRIANÇAS E A SINHÁ ESTÃO BEM, / QUANDO MENCIONADOS NUM CONTEXTO DE PANDEMIA // CASO NÃO ESTIVESSEM COM A DOENÇA JÁ SERIA UM GRANDE ALÍVIO / MESMO COM A POBREZA E DESGRAÇA FAZENDO PARTE DO COTIDIANO DA FAMÍLIA //

NARRADOR: ENTÃO FABIANO ENTRA NA CASA// RESPONDE A TODOS//

SINHÁ: COMO FOI?//

FABIANO: ESTOU BEM PREOCUPADO COM AS CRIANÇAS// MAS NO DEMAIS / TÔ BEM//

NARRADOR: O HOMEM SABIA QUE SINHÁ QUERIA UMA BOA EDUCAÇÃO PARA AS CRIANÇAS / PORÉM QUERIA PROLONGAR ESSA SITUAÇÃO PARA DEPOIS E ENFIM PODER COMER APÓS UMA BAITA MISÉRIA NA BARRIGA E MENTE // ENTÃO A BELA NOITE TORNA DAQUILO / MAIS UM DIA NA PANDEMIA // UMA QEUSTÃO // CADÊ A SOLUÇÃO? // O QUE FARÁ AGORA E APÓS A PANDEMIA? // ERAM QUESTÕES SOFRIDAS PELA CABEÇA DE FABIANO // PARA FINALIZAR A NOITE / AMBOS DISCUTIAM SOBRE COMO CARREGAR A VIDA NAS COSTAS E A DOR NAS CUSTAS // POSTERIORMENTE FABIANO FOI CONVERSAR COM O MENINO APÓS A SINHA INSISTIR//

SINHÁ VITÓRIA FALA CALMAMENTE, PRINCIPALMENTE NA

ÚLTIMA FRASE (MAIS DEVAGAR)

SINHÁ VITÓRIA: VÁ ATRÁS DELE SE DESCULPAR E TENTAR CONVERSAR DIRETAMENTE COM ELE // O PIÁ TEM MEDO DA DOENÇA // E VOCÊ IMAGINA QUE TUDO ISSO AOS OLHOS DE UMA POBRE CRIANÇA//

CAPÍTULO:

FABIANO

Lucas de Oliveira Magraf Rafael Trentin Weigert Victor Severich Vinícius Pohl Natal

SOM DE VENTO FORTE E ORAÇÃO, COM O CLÁSSICO BARULHO DE

AREIA CORRENDO NO CHÃO

NARRADOR: FABIANO CUROU NO RASTO A BICHEIRA DA NOVILHA RAPOSA// LEVAVA NO AIÓ UM FRASCO DE CREOLINA / E SE HOUVESSE ACHADO O ANIMAL / TERIA FEITO O CURATIVO ORDINÁRIO // NÃO O ENCONTROU / MAS SUPÔS DISTINGUIR AS PISADAS DELE NA AREIA/ BAIXOU-SE/ CRUZOU DOIS GRAVETOS NO CHÃO E REZOU//

FABIANO: DEUS QUE ESTÁ NO CÉU POUPE A VIDA DESSA CRIATURA OU LEVE-A A UM LUGAR MELHOR// SE O BICHO NÃO ESTIVESSE MORTO/ VOLTARIA PARA O CURRAL/ QUE A

ORAÇÃO ERA FORTE//

SOM DE PASSOS GRUDANDO NA LAMA COM ÁGUA CORRENTE

NO FUNDO COM BARULHOS DE ENXADAS

E CHOCALHOS, COM FUNGADAS

DEMORADAS

NARRADOR: CUMPRIDA A OBRIGAÇÃO/ FABIANO LEVANTOU-SE COM A CONSCIÊNCIA TRANQUILA E MARCHOU PARA CASA// CHEGOU-SE À BEIRA DO RIO// A AREIA FOFA CANSAVA-O/ MAS ALI/ NA LAMA SECA/ AS ALPERCATAS DELE FAZIAM CHAPE-CHAPE/ OS BADALOS DOS CHOCALHOS QUE LHE PESAVAM NO OMBRO/ PENDURADOS EM CORREIAS/ BATIAM SURDOS// A CABEÇA INCLINADA/ O ESPINHAÇO CURVO/ AGITAVA OS BRAÇOS PARA A DIREITA E PARA A ESQUERDA// FABIANO: ESSES SERÃO OS PASSOS QUE OS MEUS FILHOS PERCORRERÃO COMO TODAS AS NOSSAS GERAÇÕES//

SOM DE PASSOS GRUDANDO NA LAMA E

ENXADAS NA TERRA

NARRADOR: CHAPE-CHAPE// OS TRÊS PARES DE ALPERCATAS BATIAM NA LAMA RACHADA/ SECA E BRANCA / POR CIMA/ PRETA E MOLE POR BAIXO// A LAMA DA BEIRA DO RIO/ CALÇADA PELAS ALPERCATAS/ BALANÇAVA//

SOM DE PASSOS E LATIDOS

NARRADOR: A CACHORRA BALEIA CORRIA NA FRENTE/ O FOCINHO ARREGAÇADO/ PROCURANDO NA CAATINGA A NOVILHA RAPOSA//

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SONOPLASTIA LOCUTORES

ALGUNS LATIDOS

NARRADOR: : FABIANO IA SATISFEITO// SIM SENHOR/ ARRUMARA-SE// CHEGARA NAQUELE ESTADO/ COM A FAMÍLIA MORRENDO DE FOME/ COMENDO RAÍZES// CAÍRA NO FIM DO PÁTIO/ DEBAIXO DE UM JUAZEIRO/ DEPOIS TOMARA CONTA DA CASA DESERTA// ELE/ A MULHER E OS FILHOS TINHAM-SE HABITUADO À CAMARINHA ESCURA/ PARECIAM RATOS – E A LEMBRANÇA DOS SOFRIMENTOS PASSADOS ESMORECERA// ESPOSA: NÃO SE COBRE TANTO AMOR/ DIAS MELHORES PARA OS QUE TRABALHAM SEMPRE VIRAM//

SOM DE PASSOS

NARRADOR: FABIANO PISOU COM FIRMEZA NO CHÃO GRETADO/ PUXOU A FACA DE PONTA/ ESGARAVATOU AS UNHAS SUJAS// TIROU DO AIÓ UM PEDAÇO DE FUMO/ PICOU-O/ FEZ UM CIGARRO COM PALHA DE MILHO/ ACENDEU-O AO BINGA/ PÔS-SE A FUMAR REGALADO// VOZ ALTA FABIANO: VOCÊ É UM HOMEM//

SOM DE GATO MIANDO

NARRADOR: CONTEVE-SE/ NOTOU QUE OS MENINOS ESTAVAM PERTO/ COM CERTEZA IAM ADMIRAR-SE OUVINDO-O FALAR SÓ// E/ PENSANDO BEM/ ELE NÃO ERA HOMEM: ERA APENAS UM CABRA OCUPADO EM GUARDAR COISAS DOS OUTROS// VERMELHO/ QUEIMADO/ TINHA OS OLHOS AZUIS/ A BARBA E OS CABELOS RUIVOS; MAS COMO VIVIA EM TERRA ALHEIA/ CUIDAVA DE ANIMAIS ALHEIOS/ DESCOBRIA-SE/ ENCOLHIA-SE NA PRESENÇA DOS BRANCOS E JULGAVA-SE CABRA/ OLHOU EM TORNO COM RECEIO DE QUE ALÉM DOS MENINOS / TIVESSEM PERCEBIDO A FRASE IMPRUDENTE // CORRIGIU-A / MURMURANDO// FABIANO: UM BICHO/ FABIANO//

NARRADOR: ERA// APOSSARA-SE DA CASA PORQUE NÃO TINHA ONDE CAIR MORTO/ PASSARA UNS DIAS

MASTIGANDO RAIZ DE IMBU E SEMENTES DE MUCUNÃ// VIERA A TROVOADA// E/ CO M ELA/ O

FAZENDEIRO/ QUE O EXPULSARA// FABIANO FIZERA-SE DESENTENDIDO E OFERECERÁ OS SEUS PRÉSTIMOS/ RESMUNGANDO/ COÇANDO OS COTOVELOS/ SORRINDO AFLITO// O JEITO QUE TINHA ERA FICAR// E O PATRÃO ACEITARA-O/ ENTREGARA-LHE AS MARCAS DE FERRO// PATRÃO: AGORA VOCÊ É VAQUEIRO FABIANO/ CUIDE DESSAS TERRAS//

NARRADOR: AGORA FABIANO ERA VAQUEIRO/ E NINGUÉM O TIRARIA DALI// APARECERÁ COMO UM BICHO/ ENTOCARA-SE COMO UM BICHO/ MAS CRIARA RAÍZES/ ESTAVA PLANTADO// OLHOU AS

QUIPÁS/ OS MANDACARUS E OS XIQUEXIQUES// ERA MAIS FORTE QUE TUDO ISSO/ ERA COMO AS CATINGUEIRAS E AS BARAÚNAS// ELE/ SINHA VITÓRIA/ OS DOIS FILHOS E A CACHORRA BALEIA ESTAVAM AGARRADOS À TERRA// FILHO: PAI / É AQUI QUE FICAREMOS AGORA? / ESSE HOMEM É UM POUCO MAL COM AS PESSOAS QUE NÃO SÃO DA NOSSA COR//

FABIANO: NÃO QUESTIONE / FILHO / ELE É MAU MAS ESTÁ FAZENDO UM FAVOR//

CAPÍTULO:

CADEIA

Matheus Estevão Andreatta Oliveira Pedro Miguel Canedo da Silva

SOM DE PORTA ABRINDO E FECHANDO

FABIANO: SINHA VITÓRIA/VOU À FEIRA//

SINHA VITÓRIA: NÃO SE ESQUEÇA DE COMPRAR NOSSA MÁSCARA/ COMO ESTAMOS EM UM SURTO DE COVID / ESTAMOS PRECISANDO DELAS//

SOM DE CAMINHADA NARRADOR: FABIANO/ENTÃO/ CAMINHA EM DIREÇÃO _{AO BAZAR DE MÁSCARAS//} SOM DE PORTA COM

SINO ABRINDO

SOM DE COISAS CAINDO

INÁCIO: FALA/SEU FABIANO!

FABIANO: É/HÃ/EU QUERO MÁSCARAS//

NARRADOR: FABIANO/ ENTÃO/ OLHA ATRAVÉS DE UMA JANELA E PERCEBE O FORTE SOL QUE FAZ//

FABIANO: ESSAS ‘’COISA’’ ESTÃO CARAS//

INÁCIO: REALMENTE/ AS COISAS AQUI NÃO VALEM A PENA//

FABIANO: ÔO! ME VÊ UM COROTE// SOM DA AÇÃO BEBER/

ENGOLIR NARRADOR: APÓS TOMAR SUA BEBIDA/UM SOLDADO _{AMARELO APROXIMA-SE E FALA COM FABIANO//} SOLDADO AMARELO: COMO É CAMARADA/ VAMOS JOGAR UM POKER ONLINE NO MEU TABLET/ LÁ DENTRO? FABIANO: (RESMUNGA) / ISTO É/ VAMOS E NÃO VAMOS QUER DIZER/ENFIM/PODE PÁ//

NARRADOR: ELES/PORTANTO/ ENTRAM NO BAR /PORÉM TODAS AS MESAS ESTAVAM OCUPADAS//

25

SONOPLASTIA LOCUTORES

SOM DE TAPA NA MESA

NARRADOR: POR INFELICIDADE DE FABIANO/ELE PERDE LOGO NOS PRIMEIROS MINUTOS/ERGUEU-SE FURIOSO E SAIU DA SALA//

SOLDADO AMARELO: ESPERA AÍ/ PAISANO/O SENHOR NÃO VAI SE DESPEDIR?

NARRADOR: FABIANO COM AS ORELHAS ARDENDO NÃO SE VIROU/E FOI EM DIREÇÃO A LOJA DE INÁCIO PEGAR SUAS COISAS//

SOM DE PESSOAS SE TROMBANDO

MENINO: SAI DO MEU CAMINHO!

FABIANO: HÃ! QUÊ! VOLTA AQUI SEU FILHO DE UMA RAPARIGA//

SOLDADO AMARELO: O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI? O SENHOR NÃO TEM NENHUM DIREITO DE OFENDER E DESMERECER A FAMÍLIA DE NINGUÉM/AINDA MAIS/ O SENHOR NÃO SE RETIROU DA MESA DE FORMA CORRETA/ VOCÊ ESTÁ PRESO//

BARULHO DE BATIDA DE

BASTÃO NO CORPO NARRADOR: NA PRISÃO/FABIANO ESTAVA MOÍDO. E SEU _{PENSAMENTOS VARIAVAM ENTRE: TENTAR ENTENDER O} QUE ACONTECEU/ PORQUE ESTAVA ALI/ E SINHA VITÓRIA/ QUE DEVERIA ESTAR ANSIOSA AGUARDANDO A SUA VOLTA COM AS COMPRAS// E CHEGOU À CONCLUSÃO DE QUE LHE PRENDERAM POR ELE NÃO SABER FALAR E ISSO LHE PARECIA INJUSTO//

FABIANO: HÃ/É/AH/MEU DEUS/O QUE EU FIZ?

NARRADOR: ENQUANTO ELE PENSAVA NO OCORRIDO/ UM PRESIDIÁRIO BÊBADO CHAMADO JOSEFINO SE APROXIMA E ENTÃO COMEÇAM A PAPEAR//

SONS DE CAMINHADA JOSEFINO: O QUE TE FAZ PENSAR QUE ÉS INOCENTE? TODOS ESTAMOS AQUI PORQUE FIZEMOS ALGO// FABIANO: É É É/ EU TENHO FAMÍLIA/NÃO SOU MAU/NEM MUITO DE FALAR//

JOSEFINO: O SENHOR NÃO É MAU? EU JÁ SEI DE TUDO/ SEI O QUE TODOS FIZERAM NESSA CADEIA/ O SENHOR DESRESPEITOU UM SOLDADO IMPORTANTE E AINDA MAIS DESMERECEU A MÃE E A FAMÍLIA DE UMA JOVEM CRIANÇA/ ACHO QUE O SENHOR DEVE REPENSAR SEUS ATOS//

SOM DO ATO DE ENGOLIR UM WHISKY

FABIANO: (RESMUNGOU) O SENHOR É MEIO LOUCO/ MAS ESTÁ CERTO//

JOSEFINO: NÃO SE PREOCUPE/ MAS POR AGORA VAMOS BEBER UM POUCO COM OUTROS PARA RELAXAR// FABIANO: HÁ/É/ TÔ PRECISANDO MESMO//

NARRADOR: APÓS JUNTAR-SE AOS OUTROS / FABIANO SENTA E PENSA CONSIGO MESMO QUE SE NÃO FOSSE PELA SUA FAMÍLIA/ ELE TERIA FEITO ALGO PIOR// PORÉM TOMA UMA PINGA E COMEÇA A RELAXAR//

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CAPÍTULO:

INVERNO

Matheus Menezes Garcia de Barros Cordeiro Pedro Henrique de Oliveira

PLIC, PLIC, PLIC… (SOM DE ÁGUA CAINDO LEVEMENTE PELAS

GOTEIRAS)

NARRADOR: DEPOIS DE ALGUMAS HORAS, FABIANO FOI SOLTO / CHEGANDO EM CASA, INVENTOU UMA HISTÓRIA QUALQUER PARA EXPLICAR SUA DEMORA / EM UM OUTRO DIA, A FAMÍLIA ESTAVA REUNIDA EM TORNO DO FOGO. FABIANO ESTAVA SENTADO NO PILÃO CAÍDO / SINHÁ VITÓRIA ESTAVA DE PERNAS CRUZADAS / COM AS COXAS SERVINDO DE TRAVESSEIROS AOS FILHOS / A CACHORRA BALEIA, COM O TRASEIRO NO CHÃO E O RESTO DO CORPO LEVANTADO / OLHAVA PARA AS BRASAS QUE SE COBRIAM DE CINZA //

IRMÃO MAIS NOVO: FAZIA MUITO FRIO E AS GOTEIRAS PINGAVAM LÁ FORA. / FABIANO E SINHÁ VITÓRIA FALAVAM FRASES SOLTAS E OS FILHOS ESCUTAVAM //

NARRADOR: FABIANO INICIOU UMA HISTÓRIA BASTANTE CONFUSA //

FABIANO: UMA VEZ, EU TAVA//

NARRADOR: SEU FILHO MAIS VELHO NÃO CONSEGUIA ENTENDER A HISTÓRIA, POR ISSO / LEVANTOU-SE E BUSCOU UMA BRAÇADA DE LENHA PARA O FOGO //

FABIANO: QUE FALTA DE RESPEITO /MENINO! //

SOM DE CHUVA FORTE

NARRADOR: FABIANO E SINHÁ VITÓRIA MEXERAM NO FOGO PARA AUMENTÁ- LO //

FABIANO CONTINUAVA CONTANDO SUAS FAÇANHAS/ COM HISTÓRIAS FANTÁSTICAS / ONDE ELE ERA UM GRANDE HERÓI / ENQUANTO ISSO / A TEMPESTADE CONTINUAVA FORTE//

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SONOPLASTIA LOCUTORES

UHUM! (APROVAÇÃO DO ATO DO MENINO)

NARRADOR: SINHA VITÓRIA ABANAVA O FOGO / ENQUANTO AS CRIANÇAS / SEM CONSEGUIR DORMIR POR CAUSA DO FRIO / OUVIAM AS HISTÓRIAS DO PAI / DE REPENTE / ELAS COMEÇARAM A DISCUTIR SOBRE UM TRECHO QUE NÃO ENTENDERAM // FABIANO FICOU NERVOSO / MAS DEPOIS SE ACALMOU / CONTANDO NOVAMENTE O TRECHO COM OUTRAS PALAVRAS// O MENINO MAIS NOVO BATEU PALMAS / MAS O MENINO MAIS VELHO ESTAVA DESCONTENTE / POIS FABIANO HAVIA MODIFICADO A HISTÓRIA // ENQUANTO ISSO, A CHUVA CONTINUAVA FORTE / O BARREIRO TAMBÉM SE ENCHEU / ATINGIA A PAREDE DA COZINHA //

IRMÃO MAIS NOVO: OS SAPOS CANTAVAM / MAS A CANTIGA DOS SAPOS E O RUMOR DAS GOTEIRAS CAUSAVAM ESTRANHEZA // POIS TUDO ESTAVA MUDADO POR CAUSA DA CHUVA //

NARRADOR: BALEIA CONTINUAVA IMÓVEL / INDIFERENTE ÀS HISTÓRIAS DE FABIANO / O QUAL JÁ ESTAVA SE CANSANDO //

NARRADOR: SINHÁ VITÓRIA ESTAVA CANSADA E DEPOIS DE TER VARRIDO O CHÃO E SE LIVRADO DAS PULGAS / IRIA DORMIR JUNTO AO CALOR DO FOGO / OUVINDO O TIQUE-TAQUE DAS GOTEIRAS / A CANTIGA DOS SAPOS E AS HISTÓRIAS DE FABIANO //

CAPÍTULO:

INVERNO

Giovanna Lourenço de Brito Leonardo Henrique Bonfanti Lucas Zampieri Travasso

Manuela Celano Menezes de Almeida Pedro Henrique de Souza

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SONOPLASTIA LOCUTORES

SOM BEM BAIXO DE CHUVA SEM PARAR

NARRADOR: EM UMA NOITE DE INVERNO/ A FAMÍLIA AO REDOR DO FOGO/ UM FRIO DE LASCAR/ GOTEIRAS PINGAVAM LÁ FORA E O RIO ESTAVA COM UMA CORRENTEZA FORTE//

NARRADOR: FABIANO ESFREGAVA AS MÃOS/ SATISFEITO E EMPURROU OS TIÇÕES COM A PONTA DA ALPERCATA// UM CÍRCULO DE LUZ ESPALHOU-SE EM REDOR DA TREMPE DE PEDRAS/ CLAREANDO VAGAMENTE OS PÉS DO VAQUEIRO/ OS JOELHOS DA MULHER E OS MENINOS DEITADOS. QUANDO ELES IAM PEGANDO NO SONO/ ARREPIAVAM-SE// FABIANO: AGORA IREI CONTAR UMA HISTÓRIA SOBRE UM MENINO QUE ANDAVA PELAS RUAS DO... //

NARRADOR: FABIANO INICIA UMA NARRATIVA/ PORÉM APENAS AS SUAS ALPERCATAS ESTÃO ILUMINADAS/ ENTÃO OS GESTOS PASSAM DESPERCEBIDOS// O MENINO MAIS VELHO INTERROMPE A HISTÓRIA/ LEVANTA E FALA// MENINO MAIS VELHO: VOU TRAZER MAIS LENHA DO CANTO DA COZINHA//

SINHA VITÓRIA: TUDO BEM//

NARRADOR: QUANDO O MENINO VOLTA/ FABIANO ESTICA O BRAÇO E FALA//

FABIANO: QUE FALTA DE RESPEITO É ESSE? QUER LEVAR PALMADA?//

MENINO MAIS VELHO: NÃO/ POR FAVOR//

NARRADOR: O GAROTO SE ENROLOU NA SAIA DA MÃE/ A QUAL O DEFENDEU//

SINHA VITÓRIA: QUE BRABEZA É ESSA/ HEIN? ESTOURADO//

SOM DE LENHA QUEIMANDO

NARRADOR: A MÃE REMEXEU AS BRASAS COM O CABO DE QUENGA DE COCO/ ARRUMOU ENTRE AS PEDRAS ACHAS DE ANGICO MOLHADO E PROCUROU ACENDÊ-LA// FAZENDO ISSO/ ACABOU SE QUEIMANDO//

FABIANO: EITA/ VOCÊ “TÁ” BEM?//

SINHA VITÓRIA: MAIS OU MENOS/ "TÁ" DOENDO BASTANTE/ MAS JÁ PASSA//

FABIANO: SIM/ DAQUI A POUCO JÁ MELHORA// MENINO MAIS NOVO: MAMÃE/ VOCÊ ESTÁ BEM?// SINHA VITÓRIA: SIM FILHO/ A MAMÃE VAI TER QUE TRATAR OS FERIMENTOS SOZINHA/ SE DEPENDESSE DO SUS EU “TAVA” LASCADA//

SOM DE SOPRO

SOM DE CHUVA

NARRADOR: FABIANO SOPRA O CARVÃO COM BASTANTE FORÇA E O CÍRCULO DE LUZ AUMENTOU// E COMENTA// FABIANO: A GENTE TEM QUE TOMAR MAIS CUIDADO MESMO/ NÃO TEMOS PLANO DE SAÚDE//

MENINO MAIS NOVO: O QUE É PLANO DE SAÚDE?// MENINO MAIS VELHO: COISA DE RICO//

SINHA VITÓRIA: NÃO É DE RICO/ É DE PESSOA QUE ESTÁ ESTÁVEL FINANCEIRAMENTE//

FABIANO: O PLANO DE SAÚDE É UM SEGURO DE PROTEÇÃO DAS PESSOAS CONTRA O RISCO DE TEREM QUE VIR A RECORRER EM DESPESAS MÉDICA//

MENINO MAIS NOVO: NÃO ENTENDI// FABIANO: DEIXA “PRA” LÁ//

SOM BEM BAIXO DE CHUVA SEM PARAR

NARRADOR: APÓS UM TEMPO/ OS TROVÕES SE TORNAM MAIS FORTES/ A ÁGUA ALCANÇOU A LADEIRA / E OS FILHOS ESTAVAM AMEDRONTADOS COM O BARULHO DA CHEIA/ DOS TROVÕES/ DA CHUVA E DOS VENTOS FORTES//

33

SONOPLASTIA LOCUTORES

MENINO MAIS NOVO: A GENTE VAI FICAR BEM?// FABIANO: FIQUE TRANQUILO//

MENINO MAIS VELHO: ESTOU COM MEDO// SINHA VITÓRIA: ISSO JÁ VAI PASSAR// SONS LEVES DE

GOTEIRA E ANIMAIS NO FUNDO

NARRADOR: ENTÃO ELES ADORMECERAM COM OS BARULHOS DO TIQUE-TAQUE DAS PITANGUEIRAS/ A CANTIGA DOS SAPOS, O SOPRO DO RIO CHEIO E O CHEIRO DAS CABRAS MOLHADAS//

NARRADOR: QUANDO OS MENINOS JÁ HAVIAM ADORMECIDO/ SINHÁ VITÓRIA COMEÇOU A DEMONSTRAR MAIS SUA PREOCUPAÇÃO//

SINHA VITÓRIA: ESSA ENCHENTE PODE ALAGAR NOSSA CASA MUITO EM BREVE/ FABIANO?//

FABIANO: A FAUNA E A FLORA JÁ ESTÃO QUASE TODA ALAGADA/ E A ÁGUA ESTÁ QUASE CHEGANDO NO JUAZEIRO//

SINHA VITÓRIA: FABIANO/ O QUE SERÁ DE NÓS COM TANTA COISA?//

SONS MAIS FORTES DE VENTO

NARRADOR: NARRADOR: FABIANO FICA EM SILÊNCIO/ APENAS O SOM DO INTENSO VENTO ESTAVA PRESENTE, SE ENROLARAM EM UMA COBERTA/ MAS AINDA NÃO ERA O SUFICIENTE PARA SE AQUECER//

FABIANO: BOM/ SE A GENTE FOSSE RICO/ ALÉM DE TER O PLANO DE SAÚDE/ NÃO TERÍAMOS NOS PREOCUPADO QUANDO TEVE A SECA/ JÁ QUE ERA SÓ PAGAR E RECEBEMOS ÁGUA QUE FALTA PARA OS POBRES// SINHA VITÓRIA: E AINDA NÃO TERÍAMOS QUE NOS PREOCUPAR AGORA NESSA ENCHENTE//

CAPÍTULO:

INVERNO

Cayenne Dias

Felipe Seixas Bonfanti Hugo Salvadori

Laura Checon Lima Torres Vitória Hauagge

35

SONOPLASTIA LOCUTORES

BARULHO DE GOTEIRAS E VENTO FIM DO BARULHO

NARRADOR: EM UMA CERTA NOITE/ EM UM FRIO MEDONHO/ TODA FAMÍLIA ESTAVA AO REDOR DO FOGO/ SINHA VITÓRIA COM AS PERNAS SERVINDO DE TRAVESSEIRO AOS DOIS FILHOS/ FABIANO SENTADO NO PILÃO QUE ESTAVA CAÍDO E A CACHORRA BALEIA SENTADA NO CHÃO//

NARRADOR: MAS APENAS O FOGO NÃO CONSEGUIA ESQUENTÁ-LOS COMPLETAMENTE/ ENTÃO SINHA VITÓRIA JÁ ESTAVA A UM TEMPO PROCURANDO POR UM AQUECEDOR PEQUENO E BARATO/ POIS COM A PANDEMIA FABIANO ACABOU PERDENDO O EMPREGO E/ COM ISSO/ ESTAVAM TENDO QUE ECONOMIZAR DINHEIRO PARA COMPRAR COMIDA//

NARRADOR: NESSA MESMA NOITE QUANDO OS MENINOS SE VIRAVAM NO COLO DA MÃE ACABAVAM SE ESFRIANDO/ O QUE FEZ COM QUE ACORDASSEM E ESCUTASSEM A CONVERSA DOS PAIS / QUE ERAM APENAS FRASES SOLTAS E SEM MUITA IMPORTÂNCIA/ POIS UM NÃO ESCUTAVA AO OUTRO// DEPOIS DE UM TEMPO FABIANO INICIOU UMA HISTÓRIA MUITO CONFUSA NA QUAL ERA COMPREENDIDA COM A AJUDA DE SEUS GESTOS/ E FOI AÍ QUE O MENINO MAIS VELHO ABRIU OS OUVIDOS ATENTAMENTE POIS NÃO CONSEGUIA VÊ-LO// FABIANO: (BRAVO) ESSE MENINO NÃO TEM EDUCAÇÃO/ NÃO? FICA ESCUTANDO A CONVERSA DOS OUTROS! SINHA VITÓRIA: NÃO FAÇA NADA COM ELE / FABIANO/ É APENAS UM MENINO!

MENINO MAIS VELHO: (COM MEDO) PAI NÃO FAÇA NADA COMIGO/ NÃO ESCUTAREI MAIS AS SUAS CONVERSAS! PASSOS FORTES E PORTA

BATENDO FABIANO: (BRAVO) QUER SABER/ EU VOU É PARA O MEU QUARTO ONDE NÃO SE TEM TAGARELICES!!

MENINO MAIS NOVO: MÃE// POR QUE ELE ANDA TÃO BRAVO NESSES ÚLTIMOS DIAS?//

SINHA VITÓRIA: NÃO SE PREOCUPE COM ISSO MEU FILHO/ SÃO OS PROBLEMAS QUE ESTAMOS PASSANDO ATUALMENTE//

NARRADOR: NO OUTRO DIA//

FABIANO: HOJE ACORDEI PENSANDO// (SURPRESO) NÃO TEREMOS A SECA IMEDIATA!//

SINHA VITÓRIA: (TRISTE) MAS COM ESSA INUNDAÇÃO/ VAMOS PERDER MUITOS ANIMAIS//

NARRADOR: MAIS TARDE// BARULHO DE

RELÂMPAGO FIM DO BARULHO

NARRADOR: A VENTANIA ESTAVA MUITO INTENSA E O BARULHO DOS RELÂMPAGOS ESTAVAM CADA VEZ MAIS FORTES, ENTÃO SINHA VITÓRIA AGARROU OS FILHOS PELO BRAÇO E FOI SE ESCONDER NA CAMARINHA// NARRADOR: SINHA VITÓRIA ESTAVA COM MEDO/ SABIA QUE A CASA ERA FORTE/ MAS MESMO ASSIM FICAVA COM SUAS DÚVIDAS/ POIS SE A ENCHENTE CHEGASSE NA CASA/ ELES TERIAM QUE SE MUDAR PARA O MEIO DO MATO/ E PODERIAM VOLTAR APENAS QUANDO A ÁGUA ABAIXASSE//

NARRADOR: FABIANO VIVIA CONTANDO FAÇANHAS/ CONTAVA COM EXAGERO E OTIMISMO// ALGUNS DIAS ANTES O SOLDADO AMARELO PROVOCOU-O NA FEIRA/ DERA-LHE UMA SURRA DE FACÃO E METERA-O NA CADEIA// FABIANO PASSOU DIAS/ SEMANAS/ FANTASIANDO VINGANÇAS E VENDO A CRIAÇÃO DEFINHAR NA CAATINGA // SE A SECA CHEGASSE/ FABIANO ABANDONARIA OS FILHOS/ A MULHER/ E DEPOIS MATARIA O SOLDADO AMARELO/ O JUIZ/ O PROMOTOR E O DELEGADO//

37

SONOPLASTIA LOCUTORES

BARULHO DE GOTEIRA NARRADOR: ENQUANTO O RIO SUBIA A LADEIRA/ FABIANO NARRAVA HISTÓRIAS ONDE SAÍA VENCEDOR//

NARRADOR: AGORA A ÁGUA TINHA CHEGADO/ AS CERCAS, O PÉ DE TURCO/ TUDO ESTAVA DENTRO DA ÁGUA// AS GOTEIRAS PINGAVAM E ESSE BARULHO APENAS CAUSAVA ESTRANHEZA// ESTAVA TUDO MUDADO, CHOVIA NOITE E DIA//

NARRADOR: CHEGAVA FIM DE TARDE E A BALEIA/ IMÓVEL/ OLHAVA OS CARVÕES E APENAS ESPERAVA A FAMÍLIA SE RECOLHER// SINHA VITÓRIA DEVIA TIRAR AS CINZAS E OS CARVÕES / VARRER O CHÃO E DEITAR//

NARRADOR: E NA MANHÃ SEGUINTE / ANIMAIS MIÚDOS E SEM DONOS IAM VISITÁ-LA//

CAPÍTULO:

INVERNO

39

SONOPLASTIA LOCUTORES

NARRADOR: FABIANO E SUA FAMÍLIA ESTÃO PASSANDO POR UMA DIFICULDADE FINANCEIRA/ E COMO FABIANO É O HOMEM DA CASA/ ELE TEM QUE SE RESPONSABILIZAR PELAS OBRIGAÇÕES// POR ISSO ELE ESTAVA INDO ATÉ A CIDADE MAIS PRÓXIMA PARA SABER DAS NOTÍCIAS/ PROCURAR EMPREGO/ COMPRAR ROUPAS DE INVERNO// POIS ESTAVA FICANDO MUITO FRIO/ E PEGAR ALIMENTOS// QUANDO FINALMENTE CHEGA// DEPOIS DE OITO HORAS DE VIAGEM/ FABIANO FOI ATÉ UM MERCADO/ NÃO ENTENDENDO O MOTIVO PELO QUAL O MERCADO ESTAVA FECHADO/ENTÃO BATEU NA PORTA// FABIANO: POR QUE VOSMECÊ FECHOU A LOJA? DONO DO ESTABELECIMENTO: ESTAMOS FECHANDO NOSSOS ESTABELECIMENTO/ FECHAR AS PORTAS/ TODOS ESTÃO EM CASA/ NÃO PODE SAIR//

FABIANO: MAS O QUE TÁ ACONTECENDO?

DONO DO ESTABELECIMENTO: UMA PRAGA/ MEU SENHOR//

NINGUÉM SABE AO CERTO O QUE É/ MAS AS PESSOAS ESTÃO ADOECENDO EM MASSA//

CACHORRA BALEIA LATINDO

NARRADOR: FABIANO FOI EMBORA DALI MUITO CONFUSO COM O OCORRIDO// PENSOU ELE QUE ERA MELHOR PEGAR MANTIMENTOS E VOLTAR PARA CASA/ CUIDAR DE SUA FAMÍLIA// SINHA VITÓRIA ACHA ESTRANHO ELE TER CHEGADO TÃO CEDO/ POIS NAS OUTRAS VIAGENS/ FABIANO LEVOU 3 DIAS/ SEM EXPLICAR AINDA NADA/ FABIANO SE BANHOU/ ENQUANTO SUA FAMÍLIA ESTAVA EM VOLTA EM VOLTA DO FOGO CONVERSANDO E OS MENINOS MAIS NOVOS BRINCANDO NAS ÁRVORES//

CACHORRA BALEIA CHORANDO

MENINO MAIS NOVO: CHEGUEI ANTES!!! MENINO MAIS VELHO: MÃE/ ELE ROUBOU//

NARRADOR: SINHA VITÓRIA ESTAVA PREOCUPADA COM A MANEIRA QUE FABIANO ESTAVA AGINDO/ APÓS UM TEMPO FABIANO CHEGA EM VOLTA A FOGUEIRA// FABIANO: ALGO MUITO ESTRANHO OCORREU HOJE NA MINHA IDA À CIDADE//

NARRADOR: DE CERTA FORMA / BALEIA CONSEGUIA SENTIR A MÁ ENERGIA QUE VINHA DA SITUAÇÃO// SINHA VITÓRIA: DIGA LOGO O QUE FOI??

MENINO MAIS VELHO: AS CHUVAS IRÃO ACABAR? VOLTAREMOS COMO ESTÁVAMOS ANTES??

MENINO MAIS NOVO: OU VAI CHOVER MAIS? HAVERÁ INUNDAÇÃO?

SINHA VITÓRIA: OH MEU DEUS//

FABIANO: NÃO TENHO NOTÍCIAS SOBRE ISSO/ HOJE NA MERCEARIA DESCOBRI QUE UM TIPO DE PRAGA ESTÁ INVADINDO A CIDADE/ PESSOAS ESTÃO MUITO DOENTES/ ALGUMAS ATÉ MORRENDO//

41

SONOPLASTIA LOCUTORES

FABIANO: EU ACHO QUE SIM/ MAS A SITUAÇÃO NA CIDADE NÃO ESTAVA BOA//

NARRADOR: SURGIRAM MUITAS DÚVIDAS E PERGUNTAS NA CABEÇA DA FAMÍLIA/ MAS QUE FABIANO NÃO SABIA RESPONDER/ NESSES MOMENTOS ENQUANTO ESTÃO EM VOLTA DO FOGO/ A BALEIA FICAVA EM SILÊNCIO OBSERVANDO COM UM OLHAR MELANCÓLICO/ COMO SE SOUBESSE DE ALGO E NÃO CONSEGUISSE FALAR/ DEPOIS DE CERTOS MINUTOS/ OUVINDO A CONVERSA/ ADORMECEU RAPIDAMENTE// O INVERNO ESTAVA MUITO RIGOROSO/ E POR CONTA DISSO FABIANO CHEGOU A CONCLUSÃO QUE O INVERNO PODERIA ESTAR DEIXANDO A PRAGA MAIS FORTE//

FABIANO: ESPERO QUE A SITUAÇÃO MELHORE, NÃO ACHO QUE IRÁ DURAR TANTO TEMPO ESSE DESESPERO QUE CIRCULA PELAS RUAS//

CAPÍTULO:

FESTA

43 SONOPLASTIA LOCUTORES BARULHOS DE AUTOMÓVEIS PASSANDO, ATÉ A CHEGADA NO RIO SONS DE PASSOS VINDOS DA FAMÍLIA SONS DE PÁSSAROS AO FUNDO

NARRADOR I- FORAM PELA ESTRADA/ FABIANO/ SINHA VITÓRIA E OS MENINOS PARA A FESTA DE NATAL DA CIDADE//

FABIANO- VOCÊ TEM CERTEZA DE QUE VAI COM ESSES SAPATOS SINHA? //O CAMINHO É LONGO//

SINHA- COM CERTEZA// EU TENHO QUE ME VESTIR COMO AS MOÇAS DA RUA//

FABIANO- ENTÃO VAMOS VER QUANTO TEMPO VOCÊ VAI FICAR COMO AS "MOÇAS DA RUA" //

NARRADOR I- O CAMINHO PARECIA NÃO ACABAR/ O SOL ESTAVA RACHANDO E TODOS ESTAVAM EXAUSTOS/ FABIANO E OS MENINOS HAVIAM TIRADO OS SAPATOS E ATÉ SINHA VITÓRIA TINHA DESISTIDO DA POSE DE MOÇA DA RUA//

MENINO MAIS NOVO- EU OUVI DIZER QUE/ NA CIDADE AS CRIANÇAS GANHAM PRESENTES NO NATAL/ POR QUE SERÁ QUE O PAPAI NOEL NUNCA VEM PARA NÓS?// MENINO MAIS VELHO- DEIXA DE SER BESTA// PAPAI NOEL NÃO EXISTE//

MENINO MAIS NOVO- EXISTE SIM//

FABIANO- QUANTO MAIS VOCÊS DISCUTEM/ COM MAIS CEDE VÃO FICAR//

SOM LEVE E CALMO DE ÁGUA CORRENTE

NARRADOR I- AO AVISTAREM O RIO/ ELES FORAM LIMPAR OS PÉS E SE REFRESCAR/ POIS A CIDADE JÁ ESTAVA PERTO//

CIDADE-BARULHOS DE AUTOMÓVEIS

NOVAMENTE

NARRADOR II- ACHO QUE VOCÊS JÁ CANSARAM DELA FALANDO / NÉ?// ENTÃO A PARTIR DE AGORA DEIXE EU CONTAR A HISTÓRIA DO MEU JEITO/ POIS/ NINGUÉM CONHECE A CIDADE MELHOR DO QUE EU//

MENINO MAIS NOVO- AQUI É BEM ILUMINADO/ NÉ? VOCÊS VIRAM AS ESTRELAS CADENTES?//

MENINO MAIS VELHO- ISSO SÃO APENAS LAMPIÕES!// (FALA O MENINO COM DEBOCHE)

MENINO MAIS NOVO- MAMÃE/ PAPAI/ NÃO DEEM BOLA PARA MEU IRMÃO/ VOCÊS TOPAM FAZER UM DESEJO JUNTO COMIGO? //

SINHÁ - É CLARO/ MEU FILHO/ TUDO É POSSÍVEL SE VOCÊ REALMENTE ACREDITAR// NÃO É MESMO?// NARRADOR II- MESMO FABIANO E O MENINO MAIS VELHO NÃO ACREDITANDO QUE SEUS DESEJOS SE REALIZARIAM/ TODOS FIZERAM UM/ O MAIS SINCERO E INTRIGANTE FOI O DESEJO DO MENINO MAIS NOVO// “SENHORA ESTRELA / MEU DESEJO É APENAS DESCOBRIR QUAL É A SENSAÇÃO DE GANHAR UM PRESENTE NO NATAL / SE A SENHORA NÃO PUDER / EU ENTENDO POIS/ VOCÊ DEVE TER MUITOS DESEJOS PARA REALIZAR / AGRADEÇO DESDE JÁ”//

FABIANO- SINHA/ PRECISAMOS ACABAR COM ISSO LOGO// NUNCA ME SENTI TÃO DESCONFORTÁVEL EM UM LUGAR// (COCHICHOU PARA SINHA)

45

SONOPLASTIA LOCUTORES

SINHÁ- QUERIDO/ ESPERE MAIS UM TEMPO/ NÓS NUNCA SAÍMOS DE CASA/ OS MENINOS ESTÃO ADORANDO/ PRINCIPALMENTE O MAIS NOVO//OLHE COMO ELE ESTÁ ENCANTADO!

SONS DE PESSOAS CONVERSANDO E

COCHICHANDO

NARRADOR II- UM TEMPO DEPOIS/ COMEÇARAM A FICAR CANSADOS E SENTARAM NA CALÇADA/ TODOS EM VOLTA OS OLHAVAM COM EXPRESSÃO DE NOJO E DÓ// PARECIA QUE ERAM DE MUNDOS DIFERENTES. APÓS OS OLHARES/ FABIANO NÃO AGUENTOU E RESOLVEU SAIR DAQUELE LUGAR//

NARRADOR II- FABIANO ESTAVA ANSIADO E QUERIA FICAR SOZINHO COM A FAMÍLIA// ELE SE CERTIFICOU QUE TODOS ESTAVAM ACOMODADOS E UM TEMPO DEPOIS ADORMECEU//

NARRADOR I- JÁ SINHA VITÓRIA ESTAVA PENSATIVA// REFLETINDO SOBRE A VIDA E TUDO QUE JÁ PASSOU/ TAMBÉM ESTAVA INDECISA, NÃO SABIA SE DEIXARIA FABIANO E OS MENINOS OU NÃO//

NARRADOR II- ENQUANTO ISSO OS MENINOS TROCAVAM OLHARES / POIS NÃO SABIAM ONDE ESTAVA SUA CACHORRINHA//

NARRADOR I- ELES ESTAVAM PREOCUPADOS ONDE ELA ESTAVA/ SE ALGO HAVIA ACONTECIDO/ SE ELA ESTAVA BEM OU SE ESTAVA À PROCURA DELES//

MENINO MAIS NOVO – IRMÃO// ONDE SERÁ QUE ESTÁ A BALEIA?

CAPÍTULO:

FESTA

André Ingechak Dallabona Bruno Rodrigues Di Mario Eduardo Pazini Sari

Henrique Kravchychyn Rodrigues João Pedro Chaves Taets Garcia Rafael Moreira Martins

47

SONOPLASTIA LOCUTORES

SOM DE BATIDA NO CHÃO

NARRADOR: ERAM TRÊS HORAS DA TARDE/ FAZIA UM GRANDE CALOR/ ACOMPANHADO DE UM VENTO QUENTE DA CIDADE// FECHARAM A CASA E FORAM TODOS BEM VESTIDOS/ TENTANDO AGIR COMO PESSOAS CIVILIZADAS/ EM DIREÇÃO AO RIO/ PARA SE BANHAREM// A CACHORRA BALEIA/ QUE SEMPRE ACOMPANHAVA A FAMÍLIA/ DECIDIU PASSAR A FESTA JUNTO ÀS CABRAS// FABIANO SOPRAVA ARRELIADO/ TENTANDO CALÇAR UMA DAS BOTINAS/ ENQUANTO SINHA VITÓRIA DAVA PITACOS QUE O IRRITAVAM// ELE CHEGOU A USAR TANTA FORÇA QUE ARREBENTOU A ALÇA DE TRÁS DE SUA BOTINA/ COM RAIVA EXCESSIVA/ DEU UMA PATADA VIOLENTA NO CHÃO/ SOLTANDO UM SUSPIRO LARGO/ SATISFATÓRIO/ E DOLOROSO// EM SEGUIDA TENTOU PRENDER O COLARINHO DURO/ MAS OS DEDOS TRÊMULOS NÃO REALIZARAM A TAREFA//

SINHÁ VITÓRIA: O BOTÃO ENTROU NA CASA ESTREITA E A GRAVATA AMARROU-SE//

FABIANO: TÁ CERTO!//

NARRADOR: NAS RUAS/ SINHA VITÓRIA CAMINHAVA AOS TOMBOS POR CAUSA DOS SALTOS DOS SAPATOS// OS MENINOS ESTAVAM COM MEDO DE CHAMAR A ATENÇÃO DAS PESSOAS// AQUILO TUDO ERA MUITO ESTRANHO PARA ELES// APROXIMANDO DA IGREJA/ FABIANO SE DEPAROU COM UM IDOSO MALTRAPILHO// O HOMEM/ AO VER FABIANO/ SE APROXIMANDO PERGUNTOU// SOM DO SINO DA

IGREJA

MENDIGO: VOCÊ TERIA ALGUNS TROCADOS? ESTOU MORRENDO DE FOME// EU VIM DA VENEZUELA E ESTOU MORANDO NO BRASIL HÁ 9 ANOS// VIM TENTAR UMA VIDA MELHOR/ MAS MINHA VIDA SÓ PIOROU//

FABIANO: EU NÃO TENHO NADA PRA VOCÊ//

NARRADOR: AO ENTRAR NA IGREJA/ FABIANO OLHAVA AS IMAGENS E AS VELAS ACESAS// A MULTIDÃO APERTAVA-O: MÃOS E BRAÇOS ROÇAVAM-LHE O CORPO/ PARECIA QUE IRIAM ESPREMÊ-LO NUM CANTO DA PAREDE// LENTAMENTE CONSEGUIU SAIR DA MULTIDÃO/ E CHEGOU NA PIA DE ÁGUA BENTA/ ONDE PAROU RECEOSO DE PERDER DE VISTA A MULHER E OS FILHOS// ERGUEU-SE NAS PONTAS DOS PÉS/ MAS ISTO LHE ARRANCOU UM GRUNHIDO/ POIS ESTAVA COM OS CALCANHARES MACHUCADOS// FINALMENTE AVISTOU SINHA VITÓRIA/ QUE SE ESCONDIA ATRÁS DE UMA COLUNA// COMPARANDO-SE AOS TIPOS DE PESSOAS DA CIDADE/ FABIANO RECONHECIA-SE INFERIOR/ POR ISSO DESCONFIAVA QUE OS OUTROS ZOMBAVAM DELE// FABIANO: PREGUIÇOSOS/ LADRÕES/ FALADORES/ MOFINOS//

NARRADOR: FABIANO PROCUROU UMA CARA AMIGA NA MULTIDÃO// SE ENCONTRASSE UM CONHECIDO/ IRIA CHAMÁ-LO PARA A CALÇADA/ E DEPOIS FALARIA SOBRE GADO// PRECISAVA TER CUIDADO PARA NÃO SE DISTANCIAR DA MULHER E DOS FILHOS// NO MOMENTO EM QUE A IGREJA COMEÇOU A ESVAZIAR FABIANO OS ALCANÇOU/ E CONVIDOU PARA IR NOS CAVALINHOS/ ONDE SE DISTRAIU VENDO-OS RODAREM// EM SEGUIDA FOI BEBER CACHAÇA E VOLTOU/ PEDINDO ATÉ COM OS OLHOS PARA MULHER/ SE PODERIA ARRISCAR DINHEIRO NO BOZÓ/ MAS SINHA VITÓRIA FEZ UM GESTO DE REPROVAÇÃO/ E FABIANO VOLTOU A BEBER/ ENVERGONHADO//

49

SONOPLASTIA LOCUTORES

NARRADOR: ESTAVA RESOLVIDO A FAZER UMA ASNEIRA SE TOPASSE COM O SOLDADO AMARELO// ANDOU ENTRE AS BARRACAS/ PISANDO FIRME NO CHÃO/ QUERIA ERA DESGRAÇAR-SE// NÃO DAVA IMPORTÂNCIA À MULHER E AOS FILHOS QUE O SEGUIAM//

FABIANO: APAREÇA UM HOMEM!//

SOM DE MULTIDÃO

NARRADOR: NO BARULHO QUE ENCHIA A PRAÇA/ NINGUÉM NOTOU A PROVOCAÇÃO/ E FABIANO FOI ESCONDER-SE ATRÁS DAS BARRACAS// ESTAVA DISPOSTO A ESBAGAÇAR-SE/ MAS HAVIA NELE UM POUCO DE PRUDÊNCIA// ELE SABIA QUE AQUELA EXPLOSÃO DE RAIVA ERA PERIGOSA// TEMIA QUE O SOLDADO AMARELO SURGISSE DE REPENTE/ E VIESSE PLANTAR-LHE NO PÉ A REIÚNA// FABIANO ESTIMULADO PELA CACHAÇA/ GRITAVA//

FABIANO: CADÊ O VALENTE? QUEM É QUE TEM CORAGEM DE DIZER QUE EU SOU FEIO? APAREÇA UM HOMEM!// NARRADOR: LANÇAVA O DESAFIO NUMA FALA ATRAPALHADA/ COM O VAGO RECEIO DE SER OUVIDO// NINGUÉM APARECEU //

FABIANO: VOCÊS SÃO TODOS UNS FROUXOS//

NARRADOR: SUPÔS QUE HAVIA ALI PERTO HOMENS ESCONDIDOS COM MEDO DELE// INSULTOU-OS// FABIANO: CAMBADA DE …//

NARRADOR: SUANDO FRIO/ELE SE PERGUNTAVA// FABIANO: CAMBADA DE QUÊ?//

NARRADOR: TINHA O NOME DEBAIXO DA LÍNGUA// FABIANO CUSPIA/ FIXAVA NA MULHER E NOS FILHOS COM OS OLHOS VIDRADOS// RECUOU ALGUNS PASSOS/ E SENTOU NA CALÇADA DE UMA LOJA// ESTAVA DESANIMADO// REPETIA A PERGUNTA SEM SABER O QUE PROCURAVA// OLHOU DE PERTO A FEIÇÃO DE SUA MULHER/ E NÃO CONSEGUIU DISTINGUIR-LHE OS TRAÇOS// HAVIA ALI OUTROS MATUTOS CONVERSANDO/ E FABIANO ENJOOU-OS// SE NÃO ESTIVESSE TÃO BÊBADO/ BRIGARIA COM ELES // ELE SÓ QUERIA QUE O DEIXASSEM COM A MULHER/ OS FILHOS E A CACHORRINHA// FABIANO: CAMBADA DE QUÊ? CAMBADA DE CACHORROS//

PALMAS

RESPIRAÇÃO FORTE

NARRADOR: DESCOBERTA A EXPRESSÃO TEIMOSA/ ALEGROU-SE// EVIDENTEMENTE OS MATUTOS COMO ELE NÃO PASSAVAM DE CACHORROS // CERTIFICOU-SE DE QUE ELES ESTAVAM ACOMODADOS/ E RESPIROU COM FORÇA// ESTAVA TONTO/ PESADO/ E COM SONO// ENQUANTO ANDAVA TROPEÇANDO COM CABEÇA CHEIA DE AGUARDENTE/ ESQUECEU ATÉ AS ESFOLADURAS DOS PÉS// TIROU AS MEIAS/ O COLARINHO/ A GRAVATA/ E O PALETÓ / ENROLOU TUDO/ E FEZ UM TRAVESSEIRO// ADORMECEU/ COM O ESTÔMAGO EMBRULHADO// SINHA VITÓRIA TIROU DO BOLSO O CACHIMBO DE BARRO/ LARGOU ALGUMAS BAFORADAS LONGAS DE SATISFAÇÃO// OLHOU AO SEU REDOR PERCEBENDO QUE A VIDA NÃO ERA MÁ// AFASTOU TODA LEMBRANÇA RUIM E ATENTOU NAS COISAS BOAS/ E ENTÃO FICOU COM OS OLHOS E OS OUVIDOS MUITO ABERTOS PARA NÃO PERDER A FESTA// OS MENINOS TROCAVAM IMPRESSÕES COCHICHANDO// AFLITOS COM O DESAPARECIMENTO DA CACHORRA / PUXARAM A MANGA DA MÃE//

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SONOPLASTIA LOCUTORES

CÃO

FILHO MAIS NOVO E FILHO MAIS VELHO: ONDE ESTÁ A BALEIA?//

NARRADOR: DEPOIS DE UM TEMPO BALEIA REAPARECE/ SOBE NA CALÇADA ANDANDO POR BAIXO DAS MULHERES/ CHEGA EM CIMA DE FABIANO E JUNTO AOS DOIS IRMÃOS// O MENINO MAIS VELHO ABRAÇOU-A/ ELA ESTAVA BEM// BALEIA LATIA PARA EXPRESSAR OPOSIÇÃO AO LUGAR EM QUE ESTAVAM/ MAS PERCEBEU QUE NÃO CONVENCERIA NINGUÉM/ BAIXANDO A CAUDA// OS MENINOS COMEÇARAM A VER QUE HAVIA MUITAS PESSOAS NO MUNDO ENQUANTO OBSERVAVAM UMA ENORME QUANTIDADE DE OBJETOS// O MENINO MAIS NOVO TEVE UMA DÚVIDA E DISSE//

FILHO MAIS NOVO: SERÁ QUE ISSO FOI FEITO POR GENTE?//

NARRADOR: O MENINO MAIS VELHO HESITOU/ ESPIOU AS LOJAS/ E SOPROU NO OUVIDO DO IRMÃO//

FILHO MAIS VELHO: PROVAVELMENTE AQUELAS COISAS TÊM NOMES//

NARRADOR: O MENINO MAIS NOVO INTERROGOU-O COM OS OLHOS E PENSOU/ COMO PODIAM OS HOMENS GUARDAR TANTAS PALAVRAS? ERA IMPOSSÍVEL// ADMIRANDO OS OBJETOS/ FALAVAM BAIXO PARA NÃO SEREM NOTADOS// BALEIA COCHILAVA/ DE QUANDO EM QUANDO BALANÇAVA A CABEÇA E FRANZIA O FOCINHO// SINHA VITÓRIA ENXERGAVA NA VITRINE/ ATRAVÉS DAS BARRACAS/ A CAMA IGUAL DE SEU TOMÁS DA BOLANDEIRA/ UMA CAMA DE VERDADE// POR FIM/ FABIANO RONCAVA DE BARRIGA PARA CIMA ENQUANTO SONHAVA COM O SOLDADO AMARELO QUE O AMEAÇAVA//

CAPÍTULO:

BALEIA

Cauê Buffara Mongruel Laidane Luiz Antonio Venancio Junior Pedro Júlio Bernardi Fedrigo Rafael Garcia Nicolau

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SONOPLASTIA LOCUTORES

CHORO DE CACHORRO

NARRADOR: BALEIA ESTAVA MUITO MAL DE SAÚDE/ PRESTES A MORRER/ESTAVA COM DIARRÉIA INTENSA/ VÔMITO/NÃO COMIA/NÃO TOMAVA ÁGUA E ESTAVA COM UMA DEPRESSÃO PROFUNDA//FABIANO DEPOIS DE TANTO PENSAR ACHOU UMA SOLUÇÃO PARA O PROBLEMA DE BALEIA//

FABIANO: ACHEI O JEITO DE RESOLVER/VAMOS MATAR A CADELA QUE ELA VAI PARAR DE FICAR ZANZANDO CHEIA DE DOR PELOS CANTO//

ESPINGARDA SENDO CARREGADA

(VOZ DE CHORO) SINHA VITÓRIA: NÃO VAI NÃO/SEM ESSAS IDEIAS DE MATAR A BALEIA//

NARRADOR: FABIANO PEGA SUA ESPINGARDA E RESOLVE SACRIFICAR A BALEIA//

(VOZ DE CHORO) SINHA VITÓRIA: AS CRIANÇAS NÃO MERECEM VER UMA COISA DESSAS//

CHORO DE CACHORRO

NARRADOR: SINHA VITÓRIA LEVA AS CRIANÇAS PARA A CAMARINHA/

SINHA AOS POUCOS PERCEBEU A DOR DE BALEIA E ENTENDEU QUE A MELHOR OPÇÃO ERA A MORTE// CHORO DE CACHORRO NARRADOR: SINHA VITÓRIA OCULTAVA UMA PARTE

DE SUA CABEÇA COM UM DOS BRAÇOS/ ENQUANTO FABIANO CORRIA ATRÁS DA BALEIA//

ESPINGARDA SENDO CARREGADA

NARRADOR: FABIANO PULA A JANELA E SE ESGUEIRA PELA CERCA DO CURRAL E APONTA SUA ARMA NOVAMENTE A BALEIA//

FABIANO: AGORA PEGUEI VOCÊ/ É MELHOR FICAR QUIETA//

CHORO DE CACHORRO NARRADOR: BALEIA CONSEGUE ESCAPAR/ PERDENDO MUITO SANGUE BALEIA/ ANDOU COMO GENTE/ EM DOIS PÉS / CHORANDO DE DOR E/ ARRASTANDO COM DIFICULDADE A PARTE POSTERIOR DO CORPO// SE ARRASTAVA ESPONJAVA ALI COBRINDO SE DE POEIRA/ EVITAVA AS MOSCAS E OS MOSQUITOS/ E QUANDO SE LEVANTAVA/ TINHA FOLHAS SECAS E GRAVETOS COLADOS AS FERIDAS/ ERA UM BICHO DIFERENTE DOS OUTROS// TENTOU ERGUER-SE/ ENDIREITOU A CABEÇA E ESTIROU AS PERNAS DIANTEIRAS/ MAS O RESTO DO CORPO FICOU DEITADO DE BANDA// ESTAVA COM UMA SEDE HORRÍVEL //REALMENTE NÃO LATIA / UIVAVA BAIXINHO/ E OS UIVOS IAM DIMINUINDO / TORNAVAM-SE QUASE IMPERCEPTÍVEIS// COMO SE O SOL A ENCANTASSE / CONSEGUIU ADIANTAR-SE UMAS POLEGADAS E ESCONDEU- SE NUMA NESGA DE SOMBRA QUE LADEAVA A PEDRA// SENTIU O CHEIRO BOM DOS PREÁS QUE DESCIAM DO MORRO / O CHEIRO VINHA FRACO E ARREGAÇOU O FOCINHO/ ASPIROU O AR LENTAMENTE/ COM VONTADE DE SUBIR A LADEIRA E PASSOU A LÍNGUA PELOS BEIÇOS TORRADOS E NÃO EXPERIMENTOU NENHUM PRAZER // DE REPENTE ESQUECEU E VEIO O DESEJO DE MORDER FABIANO/ QUE LHE APARECEU DIANTE DOS OLHOS MEIO VIDRADOS/ COM UM OBJETO ESQUISITO NA MÃO//

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SONOPLASTIA LOCUTORES

FABIANO: AGORA EU TERMINO O QUE EU JÁ HAVIA COMEÇADO//

NARRADOR: BALEIA ASSUSTADA NÃO CONHECIA O OBJETO/ MAS PÔS-SE A TREMER / CONVENCIDA DE QUE ELE ENCERRAVA SURPRESAS DESAGRADÁVEIS// A VONTADE ERA DE MORDER FABIANO / MAS

NÃO PODERIA// TINHA NASCIDO PERTO DELE/ NUMA CAMARINHA/ SOB A CAMA DE VARAS/ E CONSUMIRÁ A EXISTÊNCIA EM SUBMISSÃO/ LADRANDO PARA JUNTAR O GADO QUANDO O VAQUEIRO BATIA PALMAS// CONTEVE A RESPIRAÇÃO/ COBRIU OS DENTES / ESPIOU O INIMIGO POR BAIXO DAS PESTANAS CAÍDAS// OS CHOCALHOS DAS CABRAS TILINTAVAM PARA OS LADOS DO RIO/ O FARTUM DO CHIQUEIRO ESPALHOU-SE PELA VIZINHANÇA// NARRADOR: ESTAVA IMPOTENTE E MESMO ASSIM NEM PERCEBIA QUE ESTAVA LIVRE RESPONSABILIDADES/ UMA ANGÚSTIA APERTOU SEU CORAÇÃO/ PRECISAVA VIGIAR AS CABRAS: ÀQUELA HORA MUITAS SUÇUARANAS DEVIAM ANDAR PELAS RIBANCEIRAS/ RONDAR AS MOITAS//

SOM DE NATUREZA

NARRADOR: UMA NOITE DE INVERNO/ GELADA E NEVOENTA/ CERCAVA A CRIATURINHA/O GALO VELHO NÃO CANTAVA NO POLEIRO/ NEM FABIANO RONCAVA NA CAMA DE VARAS//

NARRADOR: NARRADOR: ESTES SONS NÃO INTERESSAVAM BALEIA/ MAS QUANDO O GALO BATIA AS ASAS E FABIANO SE VIRAVA/ EMANAÇÕES FAMILIARES REVELAVAM-LHE // O ESTRONDO/ A PANCADA QUE RECEBERA NO QUARTO E A VIAGEM DIFÍCIL DO BARREIRO AO FIM DO PÁTIO DESVANECERAM-SE NO SEU ESPÍRITO// NARRADOR: ANTES DE SE DEITAR, SINHA VITÓRIA RETIRAVA DALI OS CARVÕES E A CINZA/ VARRIA COM UM MOLHO DE VASSOURINHA O CHÃO QUEIMADO/ E AQUILO FICAVA UM BOM LUGAR PARA CACHORRO DESCANSAR// E/ FINDOS OS COCHILOS/ NUMEROSOS PREÁS CORRIAM E SALTAVAM/ UM FORMIGUEIRO DE PREÁS INVADIA A COZINHA//

NARRADOR: MAS O RESTO DO CORPO SE ARREPIAVA/ ESPINHOS DE MANDACARU PENETRAVAM NA CARNE MEIO COMIDA PELA DOENÇA// AS CRIANÇAS SE ESPOJARIAM COM ELA/ ROLAVAM COM ELA NUM PÁTIO ENORME/ NUM CHIQUEIRO ENORME//

CAPÍTULO:

BALEIA

Helena Pedroso Pavesi Julia Pedroso Gorte Laura Moscardi Milléo Maria Augusta Gomes Nadal

SOM DE CACHORRO

CHORANDO NARRADOR: BALEIA ESTAVA PRESTES A MORRER / SEUS _{PELOS HAVIAM CAÍDO / MOSCAS VOAVAM EM TORNO} DELA/ TINHA EMAGRECIDO / NÃO CONSEGUIA MAIS COMER E BEBER//

BALEIA: (CHORA)

SINHA VITÓRIA: A CACHORRA MELHOROU?//

FABIANO: TENTEI AMARRAR UM ROSÁRIO DE SABUGOS DE MILHO QUEIMADOS / NÃO FUNCIONOU / INFELIZMENTE TEREI QUE SACRIFICÁ-LA//

SOM DE ARMA SENDO CARREGADA

NARRADOR: ENTÃO / FABIANO FOI BUSCAR A ARMA / LIMPOU-A / CARREGOU-A BEM PARA BALEIA SOFRER MENOS//

SINHA VITÓRIA: VOU ME FECHAR NA CAMARINHA COM OS MENINOS//

MENINOS: SENHORA MINHA MÃE / VOCÊS IRÃO SUMIR COM A NOSSA BALEIA?//

CRIANÇAS CHORANDO

BARULHO DE TIRO - ESPINGARDA

NARRADOR: AS CRIANÇAS ESTAVAM AFLITAS / NÃO PARAVAM DE CHORAR / FICAVAM REVIVENDO OS MELHORES MOMENTOS QUE TIVERAM COM A CACHORRA // SINHA VITÓRIA ESTAVA FAZENDO O MÁXIMO PARA QUE OS MENINOS NÃO OUVISSEM O TIRO / ENTÃO / APROVEITANDO A BRECHA / FABIANO CORREU PARA A COZINHA / PEGOU BALEIA E FOI RAPIDAMENTE PARA O QUINTAL / MIROU EM SEU PEITO / MAS ACABOU ACERTANDO SUA PATA / O QUE FEZ COM QUE A CACHORRA E OS MENINOS CAUSASSEM UM GRANDE ESCÂNDALO / CHAMANDO ATENÇÃO DA VIZINHANÇA//

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SONOPLASTIA LOCUTORES

MÚSICA DE TENSÃO SINHA VITÓRIA: SERÁ QUE OS VIZINHOS ESCUTARAM? NÃO ESQUEÇA DO PORTE ILEGAL DE ARMAS. A LEI FOI APROVADA MÊS PASSADO//

NARRADOR: BALEIA FOGE DA FAMÍLIA / CORRENDO EM TRÊS PATAS / PERDENDO MUITO SANGUE / FINALMENTE CAIU NO CHÃO / JÁ NÃO AGUENTAVA MAIS

CACHORRO CHORANDO BALEIA: (LATE E CHORA)

NARRADOR: A CACHORRA JÁ ESTAVA COM MUITA SEDE / FICAVA PENSANDO EM MORDER FABIANO / ACHAVA QUE DEVERIA AJUDÁ-LO COM AS TAREFAS // ELA APROVEITAVA SEUS ÚLTIMOS MINUTOS DE VIDA NAS PEDRAS DA COZINHA / AS QUAIS ESTAVAM AQUECENDO-A E AFASTANDO AS PULGAS // A ÚNICA COISA QUE QUERIA NAQUELE MOMENTO ERA DORMIR E ACORDAR FELIZ NO OUTRO DIA PARA BRINCAR COM OS MENINOS / MAL SABIA QUE NA VERDADE / NÃO ACORDARIA//

SIRENE DE POLÍCIA BARULHOS DE ALGUÉM

BATENDO NA PORTA FORTEMENTE

(UMA HORA DEPOIS)

XERIFE: ABRAM A PORTA AGORA!//

FABIANO: QUEM ESTÁ BATENDO EM MINHA PORTA À ESSAS HORAS?//

XERIFE: EXIJO QUE ABRA OU ENTÃO A DERRUBAREI// NARRADOR: POUCOS MINUTOS ANTES DE BATEREM / JÁ SABIAM QUEM ERA SÓ POR CONTA DO BARULHO DA SIRENE / E QUE ESTAVA METIDO EM CONFUSÃO // ELE REALMENTE HAVIA FEITO ALGO DE ERRADO E SABIA QUE HAVERIAM CONSEQUÊNCIAS / ENTÃO / PARA ACABAR MAIS RÁPIDO COM SEU SOFRIMENTO / DECIDIU ABRIR LOGO A PORTA AO INVÉS DE TENTAR FUGIR//

XERIFE: RECEBI DIVERSAS LIGAÇÕES ALEGANDO QUE NESTA CASA ESTÁ SENDO FEITO USO DE ARMAS DE FOGO / AS QUAIS FORAM PROIBIDAS PELA LEI HÁ MAIS DE UM MÊS//

SINHA VITÓRIA: NÃO HÁ USO DE ARMA NENHUMA AQUI EM NOSSA CASA / SENHOR / SOMOS UMA FAMÍLIA E DEVEMOS ENSINAR O MELHOR PARA NOSSOS FILHOS / ME ESPANTA QUE O SENHOR PENSE ALGO ASSIM DE NÓS//

SOM DE PASSOS

SOM DE PORTA SENDO TRANCADA

XERIFE: TEREI QUE REVISTAR O LOCAL//

NARRADOR: POR SORTE FABIANO JÁ HAVIA SE LIVRADO DO OBJETO/ ENTERROU-O NO QUINTAL//

XERIFE: O LOCAL ESTÁ LIMPO / TENHAM UMA BOA NOITE / DESCULPA PELO INCÔMODO//

FABIANO: BOA NOITE / MEU SENHOR / ESPERO NÃO SER ACUSADO DESSA FORMA NOVAMENTE//

CAPÍTULO:

SOLDADO

AMARELO

Matheus Augusto Roncada Becker Pedro Oliveira Billerbeck

PASSOS ALGUÉM CAINDO NO CHÃO. PEDRA DESLIZANDO. RESPIRAÇÃO OFEGANTE. PASSOS. MÃO BATENDO NA MESA.

NARRADOR: FABIANO ESTAVA ANDANDO PELO MORRO DE SUA FAZENDA EM BUSCA DA ÉGUA QUE ESTAVA PERDIDA/ PORÉM NO CAMINHO ACABOU ACHANDO ALGUÉM MUITO INDESEJÁVEL/ O SOLDADO AMARELO/ CUJO O PRENDEU E O MALTRATOU HÁ ANOS ATRÁS// QUANDO O VIU/ PERCEBEU QUE ELE ESTAVA EM APUROS/ MAS SE PERGUNTOU SE AJUDARIA OU NÃO/ E O PORQUÊ// PORÉM/ COMO ELE ERA UMA BOA PESSOA RESOLVEU LO/ MAS COM RAIVA NO CORAÇÃO// AO AJUDÁ-LO O SOLDADO ESCORREGOU E QUASE PUXOU FABIANO JUNTO/ OS DOIS EM DESESPERO GRITARAM//

FABIANO: SOCORRO!// SOLDADO: SOCORRO!//

NARRADOR: PERTO DALI DOIS HOMENS OUVIRAM OS GRITOS E SE APROXIMARAM PARA AJUDAR/QUANDO CHEGARAM NO LOCAL VIRAM QUE UM DOS HOMENS QUE ESTAVA PEDINDO AJUDA ERA SEU AMIGO FABIANO/ RAPIDAMENTE VÃO SOCORRÊ-LO//

JULIO: FABIANO/ O QUE ACONTECEU// ESTÁ TUDO BEM / COM VOCÊ?//

ROBSON: AMARELO/ O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI?//

FABIANO: UMA LONGA HISTÓRIA/ DEPOIS EU TE CONTO! PRIMEIRO ME TIRE DAQUI!//

NARRADOR: APÓS TIRAREM O SOLDADO E FABIANO DAQUELA SITUAÇÃO/ FABIANO FALA//

FABIANO: EU ESTAVA PROCURANDO A MINHA ÉGUA QUE SE PERDEU/ MAS ACABEI ACHANDO O SOLDADO NAQUELA SITUAÇÃO QUASE CAINDO DO PENHASCO / FUI TENTAR AJUDÁ-LO/ MAS ACABEI ESCORREGANDO E FIQUEI NA MESMA SITUAÇÃO QUE O SOLDADO//

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SONOPLASTIA LOCUTORES

NARRADOR: APÓS EXPLICAR O OCORRIDO FABIANO SE DÁ CONTA DE QUEM ESTAVA ALI JUNTO ERA O SOLDADO DE QUEM HAVIA SIDO MALTRATADO / E SE

PERGUNTA O QUE ELE ESTAVA FAZENDO ALÍ// FABIANO: O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI?// SOLDADO: CALMA CALMA// EU ESTAVA SÓ ANDANDO PELA REGIÃO //

JULIO: MAS AQUI É UMA ÁREA PRIVADA// ROBSON: PARE DE MENTIR//

NARRADOR: FABIANO EXTREMAMENTE FURIOSO COLOCA AS DUAS MÃOS NO PESCOÇO DO SOLDADO/ E FALA//

FABIANO: FALE AGORA OU EU VOU DEIXAR VOCÊ ALEIJADO//

SOLDADO: TÁ BOM, VOU FALAR/ O CAPITÃO NASCIMENTO ME DISSE//

CAPITÃO NASCIMENTO: TEM UM JEITO DE VOCÊ SE CURAR FACILMENTE DO COVID, VÁ ATÉ A FAZENDA DO FABIANO/ ELE FAZ UM REMÉDIO QUE CURA QUALQUER DOENÇA//

FABIANO: ELE PENSA QUE EU VOU TE AJUDAR DEPOIS DO QUE VOCÊ FEZ COMIGO ANO PASSADO?// VOCÊ ME PRENDEU E ME MALTRATOU SÓ PORQUE EU SOU POBRE/ E SÓ PORQUE EU ESTAVA BRIGANDO COM VOCÊ// NARRADOR: FABIANO REFLETINDO PENSA QUE SE ELE NÃO O AJUDAR ELE SERÁ IGUAL AO SOLDADO/ POR ISSO ELE E SEUS AMIGOS LEVARAM O SOLDADO PARA A CASA// FABIANO: VOCÊ TEM SORTE POR EU SER UMA PESSOA DIFERENTE DE VOCÊ/ MESMO DEPOIS DE TUDO QUE VOCÊ FEZ COMIGO EU AINDA ESTOU TE AJUDANDO//

BARULHO DA NATUREZA À NOITE

SOLDADO: VOCÊ ESTÁ CERTO / EU NÃO SEI SE EU FARIA O MESMO SE EU ESTIVESSE NO SEU LUGAR/ PROVAVELMENTE EU IRIA TER TE MATADO LÁ MESMO / NO MORRO//

ROBSON: CONCORDO COM O FABIANO/ ELE PODERIA MUITO BEM TER TE MATADO MAS RESOLVEU TE AJUDAR PORQUE É UMA BOA PESSOA//

JULIO: ROBSON ESTÁ CERTO / VOCÊ DEVE REVER SEUS IDEAIS//

FABIANO: DEIXEM-O DESCANSAR O REMÉDIO DEVE FAZER EFEITO DAQUI UNS 20 MINUTOS//

NARRADOR: APÓS O REMÉDIO TER FUNCIONADO / FABIANO VAI À DELEGACIA/ FALAR COM O CAPITÃO NASCIMENTO//

FABIANO: CAPITÃO / QUERO FALAR COM VOCÊ SOBRE O SOLDADO AMARELO/ VOCÊ ACHOU MESMO QUE EU IA AJUDAR ELE DEPOIS O QUE ELE FEZ COMIGO ANO PASSADO?//

CAPITÃO NASCIMENTO: EU ACHEI POUCO PROVÁVEL/ MAS ME DIGA/ VOCÊ O AJUDOU?//

FABIANO: EU O AJUDEI! PORQUE SOU DIFERENTE DE VOCÊS / SEUS POLICIAIS RACISTAS E PRECONCEITUOSOS// NARRADOR: APÓS ESSA CONVERSA COM O CAPITÃO NASCIMENTO/ ELE VOLTOU PARA A SUA CASA/ ONDE ESTAVAM SEUS AMIGOS E O SOLDADO/ QUE JÁ ESTAVA RECUPERADO DO COVID-19/ APÓS UM LONGO TEMPO FABIANO SE RECONCILIOU COM O SOLDADO AMARELO / QUE HAVIA MUDADO MUITO DEPOIS DESSA EXPERIÊNCIA//

CAPÍTULO:

O MUNDO COBERTO

DE PENAS

Giovana Brazelis Gruska Izabela Bereza Cray da Costa Luis Gustavo Boratto de Oliveira Pedro Henrique Cavalcante Renan Antonio Naumann

MÚSICA TÍPICA DO SERTÃO

FABIANO: IIIH / TÁ NA HORA DE SE ACOITAR/ LÁ VEM UM NOVO PESADELO//

SINHÁ VITÓRIA: OXE/ SERÁ QUE IREMOS VIVER O QUE A AMAZÔNIA VIVEU NO COMEÇO DO ANO?//

NARRADOR: ESTAVAM FABIANO/ VITÓRIA E O MENINO MAIS VELHO A OLHAR A TERRA SECA/ QUANDO O MENINO MAIS NOVO CHEGOU //

MENINO MAIS VELHO: ONDE “CÊ” TAVA / MOLEQUE?//

SOM DE PASSOS COMO SE ESTIVESSE

CORRENDO

MENINO MAIS NOVO: TAVA BATENDO SETE FREGUESIAS// SINHA VITÓRIA: AVES MATAREM BOIS E CABRAS QUE LEMBRANÇA//

NARRADOR: FABIANO APENAS FRANZIU O CENHO E RESMUNGOU/ SEM ENTENDER O QUE A MULHER DIZIA// FABIANO: TU TÁ É TRESVARIANDO / CABRITA//

SOM DE PASSOS FORTES E RESMUNGOS BAIXOS.

SEGUIDO DE FORTE SOM DE BATER DE ASSAS

NARRADOR: FABIANO PEGOU UM CIGARRO E DEU UMA TRAGADA/ FICOU OLHANDO O HORIZONTE E PENSANDO NO QUE VITÓRIA DISSE//

FABIANO: CHI! QUE FIM DE MUNDO//

NARRADOR: FABIANO DEPOIS DE MUITO SE ATUCANAR COM O QUE A VITÓRIA HAVIA FALADO/ ENFIM ENCONTROU O SIGNIFICADO//

FABIANO: AS ARRIBAÇÕES BEBIAM A ÁGUA/ BEM/ O GADO CURTIA A SEDE E MORRIA//

NARRADOR: FABIANO COMEÇOU A RIR DA SABEDORIA DA MULHER//

SINHA VITÓRIA: DO QUE TÁ RINDO / HOMI?//

FABIANO: NADA/ ESTAVA APENAS PENSANDO CÁ COM MEUS BOTÕES COMO TU TEM MUITA COISA NO MIOLO MUIÉ//

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SONOPLASTIA LOCUTORES

SOM DE RISADA, APÓS O NARRADOR SOM DE LEMBRANÇA, NO MOMENTO EM QUE

O NARRADOR FALA ALGUNS DIAS ANTES

NARRADOR: FABIANO DESCEU O COPIAR/ COM A ESPINGARDA DE PERNEIRA E O CHAPÉU DE COURO/ PENSANDO NA CACHORRA BALEIA// ALGUNS DIAS ANTES//

MARIA TEREZA: O SENHOR REALMENTE ME FEZ PRESENCIAR ESSA CENA?//

FABIANO: O QUE QUE SE TEM COM ESSA HISTÓRIA?// MARIA TEREZA: NÃO SEI SE O SENHOR TEM CIÊNCIA/ MAS ACABOU DE COMETER UM DELITO/ UMA INJÚRIA// MALTRATO AOS ANIMAIS É ALGO TOTALMENTE INACEITÁVEL E / SEGUNDA A LEI / É UM CRIME//

FABIANO: NÃO SE META/ QUE ESSA NÃO É TUA LOMBA/ NEM SEI O QUE É ESSE TROÇO DE INJÚRIA//

MÚSICA DRAMÁTICA, COM O PONTO ALTO NO

FIM DA FALA DE MARIA TEREZA.

MARIA TEREZA: SAIBA APENAS QUE É UMA COISA ERRADA/ E PODERÁ SE ARREPENDER DE TÊ-LA FEITO// FABIANO: TIVE QUE MATAR A CACHORRA! ELA ESTAVA DOENTE FIQUEI COM MEDO DE EXPOR AS CRIANÇAS A HIDROFOBIA//

MARIA TEREZA: ISSO NÃO É UMA JUSTIFICATIVA COERENTE/ DEVERIA TÊ-LA LEVADO AO VETERINÁRIO/ VOCÊ FOI O ÚNICO RESPONSÁVEL PELA MORTE DELA// NARRADOR: UM SENTIMENTO DE CULPA E REMORSO ATINGIU FABIANO/ NUNCA HAVIA PARADO PARA PENSAR SOBRE AQUILO ANTES// ENTÃO UMA FÚRIA LHE ATINGIU// FABIANO: SEU BICHO INFELIZ/ ISSO É TUDO CULPA SUA/ VOCÊ VAI ACABAR MATANDO TODOS NÓS//

NARRADOR: EM UM IRROMPER DE FÚRIA/ FABIANO COMEÇA A ATIRAR NOS PASSARINHOS/ MATANDO MAIS DE DEZ DELES//

FABIANO: MORRAM TODOS SEUS INFELIZES// SOM DE TIROS E DE

BATER DE ASAS

NARRADOR: FABIANO SE ESTAGNOU E SE ARREPENDEU DO QUE TINHA FEITO/ LEMBROU-SE DA FALA DE MARIA TEREZA//

MARIA TEREZA: MALTRATO AOS ANIMAIS É ALGO TOTALMENTE INACEITÁVEL E SEGUNDO A LEI É UM CRIME//

MÚSICA DE LEMBRANÇA ANTES DA FALA DE

MARIA TEREZA

NARRADOR: FABIANO APÓS SE LEMBRAR DE MARIA TEREZA/ PENSOU MELHOR//

FABIANO: TEMOS COMIDA PARA DOIS OU TRÊS DIAS/ SE EU USAR A MUNIÇÃO COM ESSAS PRAGAS/ MAS SE EU NÃO USAR/ TEREI COMIDA PARA SEMANAS E MESES// O MEU PAI COMO VAI FICAR AS COISAS COM O SOLDADO AMARELO//

NARRADOR: FABIANO/ ENCAIPORADO/ FECHOU A MÃO E DEU MURROS NA COXA// ESFORÇAVA-SE PARA ESQUECER UMA INFELICIDADE/ PORÉM NÃO CONSEGUIA/ SÓ LEMBRAVA DE OUTRAS// PENSOU QUE DEVERIA TER FERIDO SEU PATRÃO QUANDO TEVE A OPORTUNIDADE//

FABIANO: TODO TRABALHO FOI EM VÃO/ TEREMOS QUE SE MUDAR// TALVEZ A SECA NÃO VENHA/ TUDO CULPA DESSES MALDITOS ANIMAIS//