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ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DA PRECIPITAÇÃO DE EVENTOS EXTREMOS EM VAZÕES

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Academic year: 2021

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ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DA

PRECIPITAÇÃO DE EVENTOS EXTREMOS EM VAZÕES

Tatiane Souza Rodrigues Pereira 1*; Fernando Carvalho da Silva 2; Hugo José Ribeiro³;

Thiago Augusto Mendes 4 & Klebber Teodomiro Martins Formiga5

Resumo – O objetivo deste estudo é analisar a distribuição espacial e temporal de eventos de chuva extremos nas vazões registradas nas bacias hidrográficas dos córregos Botafogo e Cascavel, no município de Goiânia - GO, por meio de Sistema de Informações Georreferenciadas – SIG. Foram utilizados dados do monitoramento hidrológicos de dezoito estações pluviográficas e de duas estações fluviométricas para análise de dois eventos extremos ocorrentes nos anos de 2013 e 2014 para uma área de 65,15km². O método Multiquadric foi aplicado para interpolação dos dados das dezoito estações pluviograficas e para a obtenção das superfícies de chuva para diferentes tempos e eventos. Os resultados demostraram que existe forte variabilidade na dinâmica de precipitação dos eventos extremos ocorrentes na região. Isso indica que há diferenças significativas nos valores de vazões para uma determinada seção dependendo da distribuição espaço-temporal das precipitações associadas a intensidade. Nesse caso, para as regiões, não são indicadas a concepção de projetos de drenagem e adoção de mecanismos de gestão e manejo de águas pluviais baseadas em condições de uniformidade espacial e temporal das chuvas.

Palavras-Chave – chuvas extremas, método Mutiquadric, vazão.

ANALYSIS OF THE SPACE-TEMPORAL DISTRIBUTION OF

PRECIPITATION OF EXTREME EVENTS IN RUNOFF

Abstract– The objective of this study is to analyze the spatial and temporal distribution of extreme rainfall events in the hydrological runoff of the Botafogo and Cascavel streams, in the city of Goiânia - GO, through a Georeferenced Information System (GIS). Hydrological monitoring data of eighteen rainfall stations and two fluviometric stations were used to analyze two extreme events occurring in the years of 2013 and 2014 for an area of 65.15 km². The Multiquadric method was used to interpolate the data of the eighteen rainfall stations and to obtain the rain surfaces for different times and events. The results showed that there is a strong variability in the precipitation dynamics of extreme events occurring in the region. This indicates that there are significant differences in runoff values for a given section depending on the spatio-temporal distribution of precipitation associated with intensity. In this case, the design of drainage projects and the adoption of rainwater management and management

1* Afiliação: Doutoranda em Ciências Ambientais pela Universidade Federal de Goiás – CIAMB/UFG, Campus II, Avenida Esperança, s/n, Goiânia-GO, 74690-900, (062) 3521-1024, tatiane.srp@hotmail.com.

2 Afiliação: Engenheiro Ambiental e Sanitarista pela Universidade Federal de Goiás – EECA/UFG, Campus I, Avenida Universitária, Quadra 86, Lote Área, 1488 - Setor Leste Universitário, Goiânia - GO, 74605-220, (062) 3209-6084, valho.fernando@gmail.com.

3 Afiliação: Doutorando em Ciências Ambientais pela Universidade Federal de Goiás – CIAMB/UFG, Campus II, Avenida Esperança, s/n, Goiânia-GO, 74690-900, (062) 3521-1024, hgribeirogeo@gmail.com.

4 Afiliação: Mestre em Engenharia do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Escola de Engenharia, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG) e Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás), Goiânia, Brasil engenhoaugusto@gmail.com. 5 Afiliação: Dr. Professor da Escola de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Federal de Goiás - EECA/UFG, R. 235, s/n - Setor Leste Universitário, Goiânia - GO, 74605-050, (62) 3209-6084, klebber.formiga@gmail.com.

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mechanisms based on conditions of spatial and temporal uniformity of rainfall are not indicated for the regions.

Keywords – Extreme rainfall, Mutiquadric method, runoff.

1 INTRODUÇÃO

A determinação da vazão de projeto, isto é, a vazão máxima (crítica) nas seções de um curso d’água proveniente de eventos extremos associada a uma probabilidade de ocorrência e/ou período de retorno, é geralmente, obtida com base em registros de precipitação observados pontualmente a partir da estimativa da chuva de projeto (Asquith e Famiglietti, 2000; Pruski et al., 2001; Barbalho e Formiga, 2013).

Normalmente, as vazões de projeto em estudos hidrológicos, bem como a concepção de projetos e adoção de mecanismos de gestão e manejo das águas pluviais, assumem condições como uniformidade espacial e temporal das precipitações para o dimensionamento de estruturas e obras hidráulicas, em que se considera a situação mais desfavorável (TUCCI, 2005). No entanto, ao se assumir que a precipitação é homogênea sobre a bacia, não se está considerando a pior situação possível, pois a direção da precipitação pode aumentar ou atenuar o pico de vazão em uma seção.

Para a precipitação, a situação que resultaria no maior valor da vazão seria uma chuva que caminharia de montante para jusante na bacia (Burguete et al., 2002), mas na maioria dos casos, essa informação não é conhecida devido à ausência ou insuficiência no número de estações pluviométricas. Dessa forma, devido principalmente a essa ausência de informações sobre como seria o real comportamento das chuvas, condições de uniformidade espacial e temporal das precipitações são consideradas como aceitas quando se trabalha com bacias pequenas (Molin et al., 1996). As bacias do Botafogo e Cascavel se enquadram dentro dessa classificação de pequenas bacias e, que nos últimos anos, têm registrado falhas frequentes no que tange as suas capacidades de drenagem, logo, presume-se que a variabilidade espaço-temporal dos eventos extremos têm papel significativo no formato dos hidrogramas gerados.

Assim, esse consenso em se trabalhar com condições de uniformidade espacial e temporal das precipitações não pode ser aplicado com segurança e confiabilidade, possuindo nível de incerteza elevado, pois sabe-se que a não uniformidade das chuvas é refletida em fortes alterações nos valores dos hidrogramas gerados (Abreu et al., 2017). Assim, para a concepção de projetos e estudos hidrológicos mais seguros e confiáveis, é necessária uma rede pluviográfica suficientemente densa para a região de interesse.

Dessa forma, diante o exposto, é objetivo deste estudo avaliar a distribuição espaço-temporal da precipitação dos eventos extremos nos valores de vazões nas bacias hidrográficas dos córregos Botafogo e Cascavel, uma vez que a densidade espacial e temporal dos dados coletados permitem conhecer as características das precipitações, mesmo aquelas ocorrentes em pequenas áreas.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 Descrição da área de estudo

As bacias hidrográficas dos córregos Botafogo e Cascavel estão localizadas no Estado de Goiás, especificamente nas porções das regiões sul e central no município de Goiânia, conforme Figura 1, e possuem respectivamente: área de drenagem de 30,88 km² e 34,27km²,

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comprimento de rio principal de 11,3 e 20,16 km e exutórios sob as coordenadas UTM 8159099.01; 685079.10 e 8157899.56; 682117.43. As bacias foram delimitadas por geoprocessamento, pela utilização dos dados do LiDAR (Light Detection and Ranging), com resolução de um metro.

Figura 1 – Mapa de localização das áreas de estudo e estações pluviógraficas e fluviométricas.

2.2 Modelo de Espacialização da Precipitação

Para a espacialização e cálculo da precipitação média sobre as áreas em estudo, foi utilizado o Método Multiquadric (MQ) proposto por Shaw e Lynn (1972), em que se empregam superfícies quádricas para interpolação de dados pontuais.

Foram utilizados dados do monitoramento pluviográfico e fluviométrico dos anos de 2013 e 2014 realizados para as bacias dos córregos Botafogo e Cascavel, conforme Figura 2 e 3, que consistem em dados de precipitação (mm/min) e vazão (m³/s).

Os dados pluviográficos das dezoito estações foram tratados em MATLAB (Tabela 1), em seguida normalizados, sendo geradas séries sincronizadas com intervalos de um minuto para todos os postos com as durações de: 10, 20, 30, 40, 50, 60, 70 e 80 minutos, com cálculo da chuva média.

Os dados dos linígrafos para os mesmos eventos foram tratados e utilizados para obtenção das vazões, em que para isso, fez-se uso do Modelo Hidrodinâmico já calibrado para os canais principais dos córregos Botafogo e Cascavel (Pereira, 2015).

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Figura 2 – Estações utilizadas em campo (a) Pluviógrafo digital tipo báscula (Rainfall Sensor Onset® com Data

logger HOBO®) (b) Interior do pluviógrafo e (c) Linígrafo (Water Level Logger U20 Onset® com Data logger

HOBO®).

Figura 3 – Estações fluviométricas (a-b) Seção de instalação da estação 1 (c-d) Seção de instalação da estação 2.

Tabela 1 - Eventos selecionados com as precipitações por estação.

Estação Pluviográfica Evento 1 12/12/2013 (19:09 - 20:30) Evento 2 24/01/2014 (16:10 – 17:30) Total (mm) Intensidade máxima (mm/h) Total (mm) Intensidade máxima (mm/h) 1 0,80 12 4,80 24 2 30,20 84 18,60 96 3 28,60 84 0,60 12 4 56,40 132 5,00 24 5 74,00 180 19,80 96 6 52,40 96 2,60 12 7 70,80 144 7,00 48 8 61,60 108 7,60 36 9 49,20 132 23,00 108 10 78,20 204 38,00 96 11 30,40 96 28,00 84 12 24,80 60 26,00 156 13 0 0 33,80 156 14 61,00 156 12,60 84 15 70,20 168 28,00 72 16 77,00 180 43,00 144 17 55,00 180 48,80 144 18 31,80 84 87,60 180 Intensidade média (mm/h) 116 87

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3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os evento 1 e 2 tiveram precipitação média relativamente alta em toda a região das bacias do Botafogo e Cascavel, com valores de 52,3 e 25,5mm, com as maiores precipitações registradas nas estações 10 (78,2mm) e 18 (87,6mm), respectivamente. De acordo com a Figura 4, pode-se verificar que para ao Evento 1, a chuva ocorreu praticamente em toda a extensão das bacias, com exceção da porção norte, apresentando direcionamento no sentido Sudoeste-Nordeste e região de máxima precipitação próximo ao centro, no tempo de 20 a 40 minutos. Já para o Evento 2, a chuva ocorreu basicamente na bacia do Botafogo, com baixa intensidade no Cascavel, apresentando direcionamento no sentido Sudeste-Noroeste e região de máxima precipitação próximo ao centro do Botafogo, no tempo de 40 a 60 minutos, permanecendo a chuva na maior parte do tempo sobre esta bacia.

Figura 4 – Distribuição espaço-temporal da chuva no dos eventos 1 (a-h) e 2 (i-p).

Figura 5 – Gráficos da Precipitação x Vazões nos tempos estabelecidos para os eventos 1 e 2 para os córregos Botafogo e Cascavel.

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Verifica-se na Figura 5, que a variabilidade espaço-temporal da chuva, associada a intensidade desta, influencia diretamente nos hidrogramas de vazões para as bacias dos córregos Botafogo e Cascavel.

O Evento 1 é uma chuva de maior intensidade (116,67mm/h), em que as maiores precipitações registradas contribuíram, em forma de escoamento, mais para a bacia do Cascavel (início no tempo 20 minutos após início da chuva) do que para a do Botafogo (início no tempo 20 minutos após início da chuva), gerando picos de vazões superiores a 140m³/s, em que a onda de cheia alcançou a seção de controle no tempo de 50 minutos após início da chuva. Nessas condições, o Botafogo só foi apresentar picos máximos de vazões cerca de 15 minutos após o tempo das vazões máximas registradas para o Cascavel, ficando entono de 65m³/s. Para este evento, houve transbordamento do córrego Cascavel, na Avenida T-2 no Setor Jardim América (Figura 6a), a 3km a jusante da seção de monitoramento, que possui capacidade de projeto da calha no trecho de aproximadamente 280m³/s.

O Evento 2 é uma chuva de menor imensidade (87,33mm/h), em que a precipitação ocorreu na maior parte do tempo na bacia do Botafogo, gerando escoamento no tempo 10 minutos após início da chuva, com vazões máximas entono de 60m³/s. Já no córrego Cascavel, somente houve aumento da vazão no tempo 40 minutos, ficando estas entono de 40m³/s. Nestas condições, houve transbordamento da calha do canal somente para o Botafogo, no trecho da Marginal Botafogo (Viaduto da Avenida Independência) no Setor Central (Figura 6b), cerca de 4km a jusante da seção de monitoramento, que possui capacidade de projeto da calha no trecho de aproximadamente 250m³/s.

Figura 6 – Principais pontos de transbordamento (a) Córrego Cascavel e (b) Córrego Botafogo.

4. CONCLUSÕES

A precipitação ocorreu principalmente na direção Sul-Norte das bacias, de acordo com os eventos analisados. Isso indica uma tendência maior de provocar cheias, pois a direção das tormentas é a mesma do escoamento nas bacias. Verificou-se também, que as vazões nos córregos podem ser influenciadas pela concentração das chuvas em determinadas regiões das bacias. A análise dos dois diferentes padrões de distribuição espacial das chuvas permitiram verificar que a dinâmica fluvial comporta-se de diferentes maneiras perante os padrões de distribuição temporal das precipitações observadas, sofrendo maior influência das precipitações de cabeceira associadas a intensidades maiores. Dessa forma, para maior segurança na concepção de projetos de drenagem e adoção de mecanismos de gestão e manejo de águas pluviais, recomenda-se que condições de não uniformidade espacial e temporal das chuvas sejam consideradas.

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AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem aos seguintes órgãos e seus respectivos funcionários, pelo apoio institucional, financeiro e/ou logístico: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Fundação de Apoio a Pesquisa (FUNAPE) e Fundação de Desenvolvimento da Unicamp (FUNCAMP).

REFERÊNCIAS

ABREU, F. G.; SOBRINHA, L. A.; BRANDAO, J. L. B. (2017). Análise da distribuição temporal das chuvas em eventos hidrológicos extremos. Eng. Sanit. Ambient 22(2), pp. 239-250.

ASQUITH, W. H.; FAMIGLIETTI, J. S. (2000). Precipitation areal-reduction factor estimation using an annual-maxima centered approach. Journal of Hydrology 230(1–2), pp. 55 - 69. BARBALHO, F. D.; FORMIGA, K. T. M. (2013). Novo Métodos para Determinação do Fator de Redução de Área Aplicado em Chuvas de Projeto. Science & Engineering Journal 22(2), pp. 83 – 93.

BURGUETE, J.; NAVARRO, P. G.; ALIOD, R. (2002). Numerical simulation of runoff from extreme rainfall events in a mountain water catchment. Natural Hazards and Earth System Sciences, 2, pp.109 – 117.

MOLIN, P.; DEVILLA, I.; GOULART, J. P.; MAESTRINI, A. P. (1996). Distribuição Temporal de Chuvas Intensas em Pelotas, RS. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, 1(2), pp.43-51.

PEREIRA, T. S. R. (2015). Modelagem e Monitoramento Hidrológico das Bacias Hidrográficas dos Córregos Botafogo e cascavel, Goiânia – GO. in: Dissertação de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Engenharia do Meio Ambiente. Universidade Federal de Goiás – UFG, Goiânia – GO, pp.1-133.

PRUSKI, F. F.; RODRIGUES, L. N.; DEMETRIUS D. S. (2001). Modelo hidrológico para estimativa do escoamento superficial em áreas agrícolas. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, 5(2), pp. 301 - 307.

SHAW, E. M.; LYNN, P. P. (1972). Areal Rainfall Evaluation Using Two Surface Fitting Techniques. Bulletin of the International Association of Hydrological Sciences 17(4), pp. 419-433.

TAVARES, P. R. L. (2014). Desenvolvimento de equações Intensidade-Duração-Frequência sem dados pluviográficos em regiões semiáridas. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, 18(7), pp.727–734.

TUCCI, C. E. M. (2005). Modelos Hidrológicos. 2ª ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 678 p.

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