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Algumas características do cemento acelular com fibras extrínsecas em humanos e cães

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Academic year: 2021

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Maurício G. ArAújo*, Flávia SukekAvA*, Elena Linder**

Palavras-chave Cemento. Cães. Humanos.

resumo

O objetivo deste estudo foi avaliar características do cemento acelular com fibras extrínsecas em humanos e em cães. Cinqüenta e dois pré-molares, 22 de humanos com média de idade de 14 anos e 30 pré-molares de cães di-vididos em 3 grupos etários (1, 2 e 8 anos de idade), foram incluídos no estudo. Os pré-molares foram cuidadosamente extraídos e preparados para análise histológica. O cemento acelular com fibras extrínsecas da porção mais coronal da raiz foi descrito e medidas histométricas foram realizadas. Os resul-tados demonstraram que o cemento acelular é morfologicamente semelhante em humanos e cães. Os resultados também mostraram que o número de fi-bras colágenas inseridas por 100µm de superfície radicular e a velocidade de deposição do cemento (crescimento em espessura) foram similares entre as espécies. O presente estudo sugere que o cão pode representar um modelo experimental adequado para a avaliação da formação de cemento após terapia regenerativa.

Algumas características do cemento acelular

com fibras extrínsecas em humanos e cães

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inTroduÇÃo

A doença periodontal em cães é uma desor-dem que pode ocorrer naturalmente e que pos-sui muitas características da doença periodontal em humanos4. Conseqüentemente o cão tem

sido usado como modelo experimental para o estudo de fatores envolvidos na etiologia e pa-togênese da periodontite. O cão também tem sido utilizado como um modelo experimental para estudar o potencial regenerativo dos te-cidos periodontais após a aplicação de diver-sas técnicas cirúrgicas2. Araújo et al.1 usaram o

cão como animal experimental para avaliar os tecidos periodontais formados após o uso de barreira mecânica, utilizada de acordo com o princípio da regeneração tecidual guiada (RTG). Os autores observaram que a técnica de RTG promoveu a formação de novo periodonto, mas que o cemento radicular formado era diferente do cemento observado em tecidos que não ha-viam sofrido qualquer episódio de doença. Além disso, os autores usaram este modelo experi-mental para sugerir que não é possível obter regeneração dos tecidos periodontais após a técnica de RTG.

Apesar do grande número de estudos uti-lizando cães, não há até o momento nenhum trabalho comparando o cemento humano com o cemento canino. Em realidade, pouco se sabe sobre as características do cemento radicular em cães. No entanto, é antecipado que um mo-delo experimental animal deva apresentar um comportamento biológico semelhante ao de humanos, para que tenha uma aplicação clínica direta.

O cemento radicular pode ser classificado de acordo com a presença ou ausência de cé-lulas (celular ou acelular) e quanto ao tipo de fibra colágena (extrínseca ou intrínseca). Dessa forma, Owens12 classificou o cemento em

ace-lular com fibras extrínsecas, ceace-lular com fibras intrínsecas, celular misto estratificado, acelular com fibras mistas e afibrilar acelular. O cemen-to acelular com fibras extrínsecas é a variedade de cemento mais importante para o suporte do dente. Este tipo de cemento possui as fibras co-lágenas que ligam o elemento dentário ao osso, permitindo a sustentação do dente e a distri-buição e neutralização de forças oclusais. Além disso, as fibras colágenas que se inserem no cemento acelular acima da crista alveolar pro-movem uma forte união da gengiva ao dente. O objetivo deste trabalho foi descrever e analisar as características do cemento acelular com fi-bras extrínsecas em humanos e cães.

MATeriAL e MÉTodoS

Este estudo incluiu 52 pré-molares obtidos de humanos e cães. Vinte e dois destes foram pré-molares de humanos, que foram extraídos por razões ortodônticas de 14 indivíduos perio-dontalmente saudáveis (7 homens e 7 mulhe-res), com idade média de 14 anos e 7 meses (Tab. 1). Os outros 30 dentes estudados eram terceiros pré-molares inferiores obtidos de 15 cães Beagle periodontalmente saudáveis. Estes cães foram divididos em 3 grupos, contendo 5 cães cada e representando idades diferentes: grupo A= 1 ano de idade, grupo B= 2 anos de idade e grupo C= 8 anos de idade.

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dente idade (ano.mês) espessura do cemento fibras/100µm 14 13.06 21,1 14,2 14 14.06 38,7 17,8 14 14.07 21,2 14,8 14 14.09 23,2 15,6 14 15.01 13,8 19,6 14 16.01 21,7 16,1 24 14.08 28,9 16,2 24 15.01 15,7 15,7 24 12.09 10,4 16,6 24 14.06 19,2 17 24 16.01 18,1 16,8 15 15.04 17,8 15,4 15 14.08 20,2 17,1 25 14.08 15,2 16,9 34 14.03 19,4 15,6 34 16.01 21,7 16 34 12.09 15,8 14,9 35 14.09 25,1 17,3 45 15.04 28,2 14,2 45 13.01 12,9 14,6 45 14.09 14,7 18,7 45 15.03 28,4 16,3

dente n idade (variação) média (d.p.) média (d.p.)

14/24 11 12.9 - 16.01 21,1 (7,6) 16,4 (1,5)

15/25 3 14.04 - 15.04 17,3 (2,5) 17,3 (1,2)

34 3 12.09 - 16.07 15,8 (3,5) 15,4 (0,5)

35/45 5 13.01 - 15.04 21,9 (7,5) 16,2 (1,9)

Tabela 1 - Valores médios e desvio-padrão da espessura do cemento acelular com fibras extrínsecas e número de fibras colá-genas inseridas no cemento por 100µm de superfície radicular em pré-molares humanos.

Tabela 2 - Valores médios e desvio-padrão da espessura do cemento acelular com fibras extrínsecas e número de fibras colá-genas inseridas no cemento por 100µm de superfície radicular nos diferentes grupos de cães. Média(d.p.).

grupo n espessura do cemento fibras/100µm

A 5 0,8 (0,3) 18,8 (1,3)

B 5 4,5 (0,5) 14,3 (0,5)

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Em humanos, após a extração, os dentes foram imediatamente imersos em solução fixa-dora de Karnovsky, onde permaneceram du-rante 24 horas. Ao final deste período, os den-tes foram rapidamente enxaguados com água e expostos à solução descalcificadora contendo 0,15mol/l EDTA, 25% de glutaraldeído, com ou sem suplementação, com 0,2mol/l de sacarose. A solução descalcificadora foi mantida em cons-tante agitação e trocada uma vez por semana. Após a descalcificação, 2mm da porção mais coronal da raiz em direta continuidade com a junção cemento-esmalte foram seccionados e separados do restante da raiz. Em seguida este fragmento coronal de raiz foi dividido em porção vestibular e lingual. A porção vestibular foi selecionada como a unidade experimental. A seguir, o fragmento vestibular foi rapidamen-te lavado em 0,185M de cacodilato de sódio tamponado, pós-fixado em 1,33% OsO4, tam-ponado em 0,067M s-collidine por 2 horas e desidratado em concentrações crescentes de etanol e 1,2 óxido de propileno e embebido em EPON®(Miller-Stephenson Products,

Cali-fórnia, EUA). Nos três grupos de cães, os pré-molares foram extraídos e tratados da mesma forma anteriormente descrita. Em seguida, um fragmento de 2mm da porção vestibular da raiz mesial foi obtido de maneira idêntica ao realizado no grupo de humanos. Após os fragmentos experimentais estarem embebidos em EPON®, cortes histológicos foram obtidos

no plano vestíbulo-lingual, paralelo ao longo eixo da raiz. O micrótomo foi calibrado em 2µm. Três cortes histológicos, representando

as porções centrais do lado vestibular, foram corados com azul de toluidina e selecionados para análise histológica.

O cemento acelular com fibras extrínsecas ao longo da superfície radicular foi descrito através de microscopia de luz transmitida. Além disso, as seguintes medidas histométri-cas foram obtidas: (i) espessura do cemento em três pontos; 100, 200 e 300µm apical-mente à junção cemento-esmalte e (ii) núme-ro de fibras colágenas inseridas no cemento nos 300µm mais coronais da raiz e expressos como número de fibras por 100µm de superfí-cie de cemento acelular com fibras extrínsecas. As análises foram feitas em um microscópio LEITZ DM-RBE (Leica, Wetzlar, Alemanha) equipado com uma unidade LEICA Q500MC (Leica, Wetzlar, Alemanha). Valores médios e desvios-padrão das diferentes variáveis foram calculados para cada indivíduo, cão e grupo de cães.

reSuLTAdoS

A superfície radicular das amostras obtidas de humanos e animais com 1 e 2 anos de ida-de estava completamente coberta por cemento acelular com fibras extrínsecas. No grupo de cães com 8 anos de idade somente a porção coronal estava coberta por cemento acelular com fibras extrínsecas, enquanto a superfície remanescente estava revestida por cemento celular misto estratificado. O cemento acelular com fibras extrínsecas em humanos e em cães era composto por fibras extrínsecas e substân-cia fundamental amorfa (Fig. 1-4).

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Figura 1 - Corte vestíbulo-lingual da porção central da raiz do pré-molar de humano. d: dentina; C: cemento acelular com fibras extrínsecas. Setas indicando fibras colágenas inseridas na raiz (fibras extrínsecas). Colora-ção com azul de toluidina; aumento de 1.000X.

Figura 2 - Corte vestíbulo-lingual da porção central da raiz do pré-molar de cão grupo A (1 ano de idade). d: dentina; C: cemento acelular com fi-bras extrínsecas. Setas indicando fifi-bras colágenas inseridas na raiz (fifi-bras extrínsecas). Coloração com azul de toluidina; aumento de 1.000X.

D C

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Figura 3 - Corte vestíbulo-lingual da porção central da raiz do pré-molar de cão grupo B (2 anos de idade). d: dentina; C: cemento acelular com fibras extrínsecas. Setas indicando fibras colágenas inseridas na raiz (fi-bras extrínsecas). Coloração com azul de toluidina; aumento de 1.000X.

Figura 4 - Corte vestíbulo-lingual da porção central da raiz do pré-molar de cão grupo C (8 anos de idade). d: dentina; C: cemento acelular com fibras extrínsecas. Setas indicando fibras colágenas inseridas na raiz (fi-bras extrínsecas). Coloração com azul de toluidina; aumento de 1.000X.

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A quantidade de substância fundamental amorfa exibida pelo grupo mais velho de cães pareceu, no entanto, ser maior do que nos grupos de cães remanescentes e humanos. A camada cementóide em todos os grupos estava composta por fibras colágenas inse-ridas no cemento, substância fundamental amorfa e projeções citoplasmáticas revestin-do a superfície radicular. As fibras colágenas inseridas na raiz apresentavam uma aparên-cia morfológica similar, entretanto, no grupo de cães com 1 ano de idade as fibras eram freqüentemente mais finas que nos grupos remanescentes.

Em humanos, a camada de dentina peri-férica imediatamente lateral ao cemento ace-lular com fibras extrínsecas exibiu poucos ca-nalículos dentinários, enquanto nas amostras provenientes dos cães, um grande número de canalículos dentinários em continuidade com o cemento acelular com fibras extrínsecas pôde ser identificado.

Uma camada de cemento acelular afibrilar foi ocasionalmente observada cobrindo a por-ção mais cervical do esmalte das amostras provenientes de humanos. Esse tipo de ce-mento, todavia, não pôde ser identificado no grupo de cães. No grupo de cães com 8 anos de idade, a porção apical do epitélio juncional estava consistentemente localizada abaixo da junção cemento-esmalte. Neste grupo, uma camada de cutícula dentária relativamente es-pessa pode ser esporadicamente observada entre a camada basal de células desse epité-lio e a superfície de cemento.

Medidas histométricas

As medidas histométricas estão descritas nas tabelas 1 e 2. A espessura média do ce-mento acelular com fibras extrínsecas em hu-manos com idade variando de 12,09 a 16,01 (ano, mês) foi 20,14µm, enquanto nos cães a mesma aumentou gradativamente de 0,8µm (1 ano de idade) para 4,5µm (2 anos de idade) e 16,9µm (8 anos de idade). O nú-mero médio de fibras colágenas inseridas no cemento acelular com fibras extrínsecas por 100µm de superfície radicular em humanos foi 16,2, enquanto em cães ele variou entre 18,8 (1 ano de idade), 14,3 (2 anos de ida-de) e 15,3 (8 anos de idaida-de).

diSCuSSÃo

O presente trabalho avaliou características do cemento acelular com fibras extrínsecas em humanos e em cães. Os resultados demons-traram que o cemento acelular das 2 espécies estudadas possui várias características morfo-lógicas diferentes, porém também apresenta alguns aspectos em comum. Dessa forma, a porção coronal das raízes dos cães apresentou características que não puderam ser identifica-das nas raízes correspondentes de humanos, como: (i) presença de cemento celular misto estratificado, (ii) presença de cutícula dentária sobre a superfície radicular, (iii) grande número de canalículos dentinários em evidente e dire-to contadire-to com o cemendire-to e (iv) ausência de cemento acelular afibrilar. Por outro lado, o nú-mero de fibras colágenas inseridas no cemento e a espessura do cemento foram similares nos

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é lícito concluir que o tempo de função signifi-cantemente maior nos dentes de animais de 8 anos do que nos grupos remanescentes possa justificar esta formação de cemento misto es-tratificado.

Em todos os grupos estudados, o cemento acelular com fibras extrínsecas era composto por um agregado denso de fibras colágenas po-sicionadas perpendicularmente ao eixo longitu-dinal do dente e substância fundamental amor-fa. Esta observação está de acordo com acha-dos feitos por diversos estuacha-dos em humanos e cães5,6,7,8,9,11,12,13,14,18. Bosshardt e Schroeder7

estudaram, através de microscopia eletrônica, a formação do cemento acelular com fibras extrínsecas em dentes humanos extraídos por motivo ortodôntico. Os autores observaram que as fibras colágenas do cemento se interdigitam com as fibras colágenas da dentina e subse-qüentemente se calcificam estabelecendo uma forte união do cemento com a dentina.

A observação feita pelo presente estudo, a respeito do cemento acelular com fibras extrín-secas na porção mais coronal da raiz de cães, no entanto, difere dos achados de Owens14.

Este autor estudou histologicamente a porção coronal de raízes de pré-molares extraídos de 3 cães de 2 raças diferentes. O autor concluiu que não há qualquer tipo de cemento sobre esta superfície radicular e que a mesma é coberta por uma matriz colágena contendo túbulos dentinários. Esta discrepância entre os resultados descritos acima e os do presente estudo pode ser explicada pelas diferenças metodológicas entre os dois estudos. Owens14 utilizou: (i) várias raças,

dentes com mesma idade cronológica em hu-manos e cães.

No presente experimento, a porção cervical avaliada da raiz (2mm) em humanos e cães estava coberta por cemento radicular predomi-nantemente do tipo acelular com fibras extrín-secas. Amostras de dentes humanos, no en-tanto, exibiam ocasionalmente uma camada de cemento acelular afibrilar sobre a porção mais cervical do esmalte. Esta observação é confir-mada por autores que avaliaram a presença de cemento sobre o esmalte8. O cemento acelular

afibrilar tem sido considerado um produto do te-cido conjuntivo15. Nos locais próximos à junção

cemento-esmalte e após a formação da coroa, o esmalte pode ficar desprotegido da barreira epitelial. O tecido conjuntivo entra em contato com o esmalte e deposita um tecido semelhan-te ao cemento constituído por substância fun-damental amorfa, sem nenhuma ocorrência de fibras colágenas. Este material não tem função definida, porém a ausência de células ou fibras parece indicar que este tecido mineralizado não está relacionado com a inserção do elemento dentário no alvéolo15. Nos grupos de cães

ava-liados no atual estudo, este tipo de cemento não foi observado.

Cães com 8 anos de idade exibiram cemento celular misto estratificado nas áreas radiculares experimentais. Este tipo de cemento não foi en-contrado na região experimental das amostras de dentes humanos ou de dentes de cães dos grupos A e B. É sugerido que essa ocorrência seja devida a demandas adaptativas ocorridas durante a vida de um indivíduo5. Baseado nisso,

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(ii) idades diferentes e (iii) cortes relativamente espessos (10µm). Além disso, Owens14

utili-zou microscopia eletrônica para avaliar a raiz e concluiu que a matriz colágena que recobre a raiz não pode ser cemento, já que contém canalículos dentinários. No presente estudo não foi possível observar tais estruturas dentro do cemento e outros estudos corroboram esta in-formação5,6,7,8,9,18.

Uma porção do epitélio juncional foi cons-tantemente visualizada sobre a porção radicular nos cães do grupo C (cães com 8 anos de ida-de). A migração apical do epitélio juncional sem associação com infecção observada nestes ani-mais é provavelmente devida à erupção passiva dos dentes12,15. Nas amostras radiculares destes

cães, também foi esporadicamente encontrada uma camada de cutícula dentária entre a raiz e a camada basal do epitélio juncional. Pouco se sabe sobre a natureza deste material, porém o mesmo parece estar relacionado ao acúmulo de microexsudato do fluido gengival que seria adsorvido à superfície do dente15.

As medidas histométricas realizadas revela-ram que a espessura média do cemento em hu-manos é de 20µm. Este achado está de acordo com o estudo de Sequeira et al.17, que avaliram

a espessura do cemento acelular com fibras extrínsecas em indivíduos de 12 a 14 anos. Os autores mediram a espessura do cemento na porção coronal da raiz e obtiveram um va-lor médio de 10 a 20µm. Nos grupos de cães, a espessura do cemento variou de 1 a 17µm, respectivamente no grupo A= 1µm, no grupo B= 4,5µm e no grupo C= 16,9µm. As

diferen-ças entre a espessura do cemento em humanos e os grupos A e B pode ser explicada pelo tempo de formação da raiz nestes grupos. A formação da raiz dos pré-molares humanos é iniciada por volta dos 5 anos e 6 meses5,enquanto em cães

começa por volta dos 5 meses3. Portanto,

obser-vando-se a espessura do cemento em humanos e em cães no grupo C pode-se afirmar que em pré-molares com mesmo tempo de formação radicular a espessura do cemento foi similar.

A velocidade de deposição do cemento pode ser determinada dividindo-se os valores de es-pessura do cemento pelo número de meses em que a raiz iniciou a sua formação5. Dessa forma,

a velocidade de deposição do cemento na por-ção coronal da raiz em humanos no presente es-tudo foi de aproximadamente 2,4µm/ano. Este valor está em concordância com o estudo de Zandler e Hürzeler19, que avaliou o crescimento

de cemento em 233 dentes humanos extraí-dos, periodontalmente saudáveis. Dos valores obtidos pelos autores é possível concluir que o crescimento de cemento acelular é: (i) contínuo por toda a vida, (ii) diretamente proporcional à idade e (iii) aumenta em espessura com uma média de 2,3µm/ano. Aplicando-se a mesma metodologia para determinar a velocidade de crescimento da espessura do cemento acelular nos cães dos grupos A, B e C, foi obtido um va-lor médio de 2,2µm/ano. Portanto, é sugerido que a velocidade de formação do cemento ace-lular com fibras extrínsecas na porção coronal da raiz é similar em humanos e cães.

A densidade média de fibras colágenas inse-ridas na raiz em humanos foi de 16/100µm de

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Some characteristics of acellular extrinsic fiber

cementum in humans and dogs

ABSTrACT

The aim of the study was to evaluate the characteristics of the acellular extrinsic fiber cementum in humans and dogs. 52 premolars, 22 of humans about 14 years old and 30 premolars of dogs divided in 3 groups (1 year old, 2 years old and 8 years old) were used in the study. The premolars were carefully extracted and prepared to histological analysis. The acellular extrinsic fiber cementum at the most coronal portion of the root was described and histological measurements were performed. The results demonstrated that the acellular extrinsic fiber cementum in humans and dogs was morphologically similar. It was also showed that the number of inserting collagen fibers per 100µm of root surface and the cementum growth rate (thickness growth) were similar between both specimens. The present study suggests that the dog may represent an adequate experimental model for the analysis of cementum formation following regenerative therapy.

KEY WORDS: Cementum. Dogs. Humans.

superfície. Estes achados estão em concordância com os resultados apresentados na literatura por diversos estudos5,6,7. Nos grupos de cães A, B e

C os valores médios obtidos foram respectiva-mente 19, 14 e 15 fibras/100µm. O grupo A (cães com 1 de idade) apresentou substancial-mente mais fibras colágenas inseridas no cemen-to do que os grupos remanescentes. Iscemen-to pode ser explicado pelo fato das fibras colágenas nes-te grupo parecerem ser significannes-temennes-te mais finas do que nos grupos restantes. Desta forma, um maior número de fibras no grupo A pôde ser observado nos 100µm de superfície. Portanto, baseado nos valores obtidos, é sugerido que o número de fibras colágenas inseridas no

cemen-to acelular com fibras extrínsecas é similar em humanos e em cães.

ConCLuSÃo

1) O cemento acelular com fibras extrínse-cas em humanos e cães apresenta característi-cas em comum.

2) A composição, o número de fibras colá-genas inseridas na raiz (fibras extrínsecas), a espessura relativa e a velocidade de formação do cemento acelular com fibras extrínsecas em humanos e cães são similares.

3) O cão parece ser um modelo animal adequado para estudar a formação de cemento acelular com fibras extrínsecas.

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ReFeRêncIAs

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Maurício Guimarães Araújo

Rua Silva Jardim, 15 - sala 3 - CEP: 87.013-010 Maringá - Paraná

E-mail: mauricio@cicli.com.br

Referências

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