• Nenhum resultado encontrado

Correcção de Altos Astigmatismos com uma Lente Intra-Ocular Tórica com os Hápticos em Z (Microsil Toric 6116 TU HumanOptics AG, Erlangen, Germany

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Correcção de Altos Astigmatismos com uma Lente Intra-Ocular Tórica com os Hápticos em Z (Microsil Toric 6116 TU HumanOptics AG, Erlangen, Germany"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

Correcção de Altos Astigmatismos com

uma Lente Intra-Ocular Tórica com

os Hápticos em Z (Microsil Toric 6116 TU

– HumanOptics AG, Erlangen, Germany

V. Fernandes 1, S. Ribeiro 1, S. Fonseca 1, P. Brito 1, M. Domingues 2, R. Santos-Silva 2,

L. Coentrão 3, F. Falcão-Reis 4

1 – Interno do Internato Complementar de Oftalmologia 2 – Assistente Hospitalar de Oftalmologia

3 – Chefe de Serviço de Oftalmologia 4 – Director de Serviço

Serviço de Oftalmologia do Hospital de São João, EPE vitorarfer@gmail.com

RESUMO

Objectivo: Avaliar a eficácia e estabilidade da lente intra-ocular (LIO) Microsil Toric

6116 TU na correcção de altos astigmatismos (≥3,0D) através de uma incisão límbica de 3,4 mm durante a cirurgia de facoemulsificação. Material e Métodos: 10 olhos de 10 doentes (idade média 56±9,7 anos, 43 a 72) foram submetidos a cirurgia de facoemul-sificação e implante de LIO Microsil Toric 6116 TU através de incisão límbica de 3,4 mm. Todas as cirurgias foram realizadas pelo mesmo cirurgião (MD) sob anestesia tópica. A potência da LIO implantada foi calculada com o IOLMaster (Carl Zeiss Meditec), Pentacam (Oculus) e um programa interno do fabricante baseado na tecnologia de

ray-traicing desenvolvido pela Universidade de Erlangen e a HumanOptics. Intervenções

cirúrgicas prévias incluíram: queratoplastia penetrante (1 olho); queratotomia arqueada (1 olho); queratotomia radiária (2 olhos) e queratectomia fotorrefractiva (1 olho). O follow-up médio foi de 12 meses (6 a 18 meses). Resultados: Todos as cirurgias ocor-reram sem complicações. O astigmatismo corneano pré operatório médio foi de 3,9±4,3D (-10,0 a 3,75). O cilindro médio das LIOs implantadas foi de 5,5±4,9D (-7,0 a 12,0). A esfera e cilindro pós operatórios médios foram de -0,08±0,16D (0 a -0,5) e 0,17±1,12D (-1,5 a 2,5) respectivamente. A melhor acuidade visual corrigida com óculos (MAVC) pré-operatória média foi de 0,45±0,12 Snellen (0,4 a 1,0). Em nenhum caso ocorreu dimi-nuição da MAVC. A acuidade visual sem correcção (AVSC) pós operatória média foi de 0,82±0,11 (0,6 a 1,0). Nenhum dos casos necessitou de reposicionamento da LIO devido a descentramento ou rotação. Conclusões: O implante da LIO Microsil Toric 6116 TU é um método seguro, previsível e estável para corrigir altos astigmatismos durante a facoemul-sificação.

(2)

Introdução

E

ntre 15 e 29% dos doentes com cataratas têm astigmatismo corneano superior a 1,5 dioptrias (D)1,5. As expectativas crescentes

dos doentes submetidos a cirurgia de catarata, que cada vez mais esperam uma independência de óculos após a cirurgia, obrigam à correc-ção de astigmatismos queratométricos asso-ciados. A queratotomia arqueada5, as incisões

relaxantes límbicas (IRL)7, a queratectomia

por laser excimer 8-10, a escolha selectiva da

posição da incisão de facoemulsificação 11-20

e o implante de LIOs tóricas 21-31 têm sido

técnicas utilizadas na redução do astigmatis-mo corneano em doentes submetidos a cirur-gia de facoemulsificação. Todas estas técni-cas têm limitações5-7,32-37. O efeito refractivo

das IRLs depende de várias factores tais como idade, sexo, magnitude e eixo do astigmatismo,

número, profundidade e comprimento das inci-sões. Os nomogramas para LRIs tratam até 4,0D de astigmatismo; no entanto em astigma-tismos superiores o seu efeito é menos previsí-vel. Outras possíveis desvantagens são a insta-bilidade mecânica a longo prazo, desconforto ocular e aumento da susceptibilidade do globo ocular a ruptura em caso de traumatismo3,7,35.

A utilização de LIOs tóricas é um método mais previsível e estável de correcção de astig-matismos corneanos em doentes submetidos a cirurgia de facoemulsificação. A eficácia deste tipo de LIOs depende do alinhamento preciso e estável do cilindro da mesma com o meri-diano corneano mais curvo 32,36-38. O número

crescente de modelos de LIOs disponíveis no mercado permite correcção de astigmatismos corneanos cada vez maiores. A rotação das LIO tóricas após implante é o principal problema associado a esta modalidade de tratamento39,40.

ABSTRACT

High astigmatism correction with a Z-haptic toric intraocular lens (Microsil Toric 6116 TU IOL - HumanOptics AG, Erlangen, Germany)

Objective: To evaluate the efficacy and stability of Microsil Toric 6116 TU intraocular

lens (IOL) for the correction of high astigmatism (≥3.0D) through a 3.4 mm limbic incision during phacoemulsification. Methods: 10 eyes of 10 patients (median age 56±9.7 years, 43 to 72) underwent phacoemulsification and Microsil Toric 6116 TU IOL implantation through a 3.4 mm limbic incision. All surgeries were performed by the same surgeon (MD) under topical anesthesia. IOL power was calculated with IOLMaster (Carl Zeiss Meditec), Pentacam (Oculus) and an internal company program based on

ray-traicing developed by the University of Erlangen and HumanOptics. Previous ocular

procedures included: penetrating keratoplasty (1 eye); arcuate keratotomy (1 eye); radial keratotomy (2 eyes) and photorefractive keratectomy (1 eye). Mean follow-up was 12 months (6 to 18 months). Results: All surgeries were performed without any complications. The mean preoperative corneal astigmatism was -3.9±4.3D (-10.0 to 3.75). The mean IOL cylinder was 5.5±4.9D (-7.0 to 12.0). Mean postoperative sphere was -0.08±0.16D (0 to -0.5) and cylinder 0.17±1.12D (-1.5 to 2.5). Mean preoperative best spectacle corrected visual acuity (BSCVA) was 0.45±0.12 Snellen (0.4 to 1.0). No eyes had loss of BSCVA. Mean postoperative uncorrected visual acuity was 0.82±0.11 (0.6 to 1.0). None of the cases needed IOL repositioning due to descentration or rotation.

Conclusions: Implantation of Microsil Toric 6116 TU IOL is a safe, predictable and stable

method to correct high astigmatism during phacoemulsification.

No commercial relationship.

Palavras Chave: Catarata; Facoemulsificação; Astigmatismo; LIO Tórica; Emetropia. Keys Words: Cataract; Phacoemulsification; Astigmatism; Toric IOL; Emmetropia.

(3)

No entanto, os novos designs deste tipo de len-tes têm-se mostrado bastante estáveis (4 graus de rotação) 31,41. O reposicionamento cirúrgico

das LIO aumenta o risco de complicações tais como edema macular cistóide, ruptura capsular e endoftalmite 24.

A lente Microsil Toric 6116 TU IOL (HumanOptics AG, Erlangen, Germany) é uma LIO de 3 peças com uma óptica de silicone com 6 mm de diâmetro e 2 hápticos de polimetilme-tacrilato. Os hápticos apresentam um design em Z, que segundo o fabricante confere maior esta-bilidade rotacional (Fig. 1). Está disponível com potências esféricas entre -3,0 e 31,0D (incre-mentos de 1,0 de -3,0 a 14,0 e 26,0 a 31,0D; incrementos de 0,5 de 15,0 a 25,0D) e potências cilíndricas entre 1,0 e 30,00 D (incrementos de 0,5 de 1,0 a 3,0 e de 1,0 de 4,0 a 30,0D). A disponibilidade de cilindros está dependente do valor da esfera em cada caso particular.

Este estudo retrospectivo teve como objec-tivo avaliar a eficácia e estabilidade da LIO Microsil Toric 6116 TU IOL na correcção de altos astigmatismos (≥3,0D) através de uma incisão límbica de 3.4 mm durante a cirurgia de facoemulsificação.

Material e Métodos

Este estudo retrospectivo incluiu 10 olhos de 10 doentes com catarata visualmente significa-tiva e com astigmatismo corneano ≥3,0D submetidos a cirurgia de facoemulsificação e implante de LIO Microsil Toric 6116 TU (HumanOptics AG, Erlangen, Germany) entre 1 de Janeiro e 31 de Dezembro de 2008.

Foi feita uma análise retrospectiva dos pro-cessos dos doentes tendo sido recolhidos os seguintes dados: idade; sexo; lateralidade; comorbilidades oculares; melhor acuidade visual corrigida com óculos pré-operatória, refracção e queratometrias pré-operatórias; parâmetros da LIO implantada (esfera, cilindro e eixo); acuidade visual sem correcção, refracção e queratometrias pós operatórias; complicações intra ou pós operatórias; e rotação da LIO.

O comprimento axial e a queratometria foram medidos com o IOLMaster (Carl Zeiss Meditec) e o Pentacam (Oculus). O cálculo das potências esférica e cilíndrica da LIO Microsil Toric a implantar, tendo como objectivo a emetropia, foi realizado pelo fabricante usando um programa interno baseado na tecnologia de ray-traicing desenvolvido pela Universidade de Erlangen e a Human Optics.

Todas as cirurgias foram realizadas pelo mesmo cirurgião (MD). Após anestesia tópica com gotas de oxibuprocaína a 4 mg/ml, o doente era sentado na lâmpada de fenda e o limbo corneano era marcado no meridiano 0-180º com uma caneta de marcação estéril, tendo o cuidado de manter um preciso alinhamento ver-tical da cabeça. No início da cirurgia, o meri-diano mais curvo era marcado com o auxílio de um anel de calibração para LIOs tóricas (Geuder G-33760®) e uma caneta de marcação estéril. Os doentes eram então submetidos a cirurgia de facoemulsificação através de uma incisão corneana de 3,2 mm a 80 graus(º) inde-pendentemente do eixo do astigmatismo. No final da facoemulsificação e aspiração do crista-lino, a incisão principal era alargada para 3,4 mm para implante da LIO, que era de seguida rodada até um alinhamento visual perfeito entre as marcas do cilindro da lente e o meridiano

cor-Fig. 1 – LIO Microsil Toric 6116 TU IOL (HumanOptics

(4)

neano mais curvo. Após aspiração completa do viscoelástico e hidratação dos bordos das portas de entrada corneanas a posição da LIO era confirmada e corrigida se necessário. Todos os doentes fizeram antibioterapia e corticoterapia tópicas durante o período mínimo de 15 dias após a cirurgia, sendo observados em consulta às 24-48h, 1 semana, 1, 3 e 6 meses após a cirurgia.

A posição das LIO foi confirmada em todas as consultas de pós operatório com o auxílio de um anel de calibração Geuder G-33760® e sob midríase farmacológica com tropicamida.

Resultados

A idade média dos doentes operados foi de 56±9,7 anos (43 a 72). Seis doentes (60%) eram do sexo masculino e 4 (40%) do sexo feminino. Foram operados 7 olhos direitos (70%) e 3 olhos esquerdos (3%) [tabela 1].

Quatro dos olhos operados tinham sido submetidos a cirurgias oculares prévias: quera-toplastia penetrante (1 olho); queratotomia arqueada (1 olho); ceratotomia radiária (2 olhos) e queratectomia fotorrefractiva (1 olho) [tabela 1].

Tabela 1 – Sexo, lateralidade e comorbilidades/cirurgias

oculares prévias para além de catarata. M – masculino. F – feminino. OD – olho direito. OE – olho esquerdo. RK – queratotomia radiária. PRK – queratectomia fotorrefractiva. AK – queratotomia arqueada. DP – desvio padrão.

Caso n.º Idade Lateralidade Co-morbilidades / / cirurgias prévias oculares 1 62 OD Não 2 55 OD Não 3 72 OD RK 4 51 OE Não 5 52 OD Não 6 52 OE Não 7 44 OE CPP 8 69 OD Não 9 43 OD RK + PRK 10 60 OD AK Média 56 DP 9,7

O follow-up médio foi de 12 meses (6 a 18). A melhor acuidade visual corrigida com óculos (MAVC) pré operatória média foi de 0.45±0.12 Snellen (0.4 a 1.0) [tabela 2].

O astigmatismo corneano pré operatório médio foi de -3.9±4.3D (-10.0 to +3.75) [tabela 2].

A esfera e cilindro médios das LIOs implan-tadas foram de 11,55±11,43 (-15,5 a +24,0) e de 5,5±4,9D (-7,0 a +12,0) respectivamente [tabela 3].

Tabela 2 – Melhor acuidade visual corrigida (MAVC) e

refracção pré operatórias. DP – desvio padrão. MAVC (Snellen); esfera e cilindro (dioptrias) e eixo (graus).

Caso n.º Pré-operatório

MAVC Esfera Cilindro Eixo

1 0,3 5,0 -9,0 160 2 1,0 -5,0 -3,0 150 3 0,4 0,5 3,75 150 4 0,8 -3,0 -5,0 25 5 0,3 -1,0 -3,75 0 6 0,4 0,0 -5,0 0 7 0,4 -7,0 -10,0 140 8 0,7 -5,0 -6,0 0 9 0,4 0,0 3,5 160 10 0,5 2,0 -5,0 10 Média 0,45 -1,35 -3,95 DP 0,12 3,46 4,30

Tabela 3 – Potências esférica e cilíndrica (dioptrias) e

eixo (graus) do cilindro da LIO Microsil Toric 6116 TU IOL implantada em cada um dos 10 olhos. DP – desvio padrão.

Caso n.º IOL

Esfera Cilindro Eixo

1 15,5 11,0 67 2 -15,5 4,0 152 3 24,0 5,0 150 4 17,0 6,0 114 5 12,0 6,0 102 6 14,0 7,0 90 7 -1,0 12,0 38 8 7,0 7,0 0 9 20,5 4,0 160 10 22,0 -7,0 63 Média 11,55 5,5 DP 11,43 4,88

(5)

A esfera e cilindro pós operatórias médios foram de -0.08±0.16D (0 a -0.5) e 0.17±1.12D (-1.5 a 2.5) respectivamente (tabela 4). A figura 2 ilustra um gráfico scatterplot da distribuição dos astigmatismos pré e pós operatórios. À exce-pção do caso n.º 7, todos os olhos terminaram com um astigmatismo final inferior a 2 dioptrias.

Fig. 2 – Scatterplot do astigmatismo refractivo pré

operatório versus pós operatório (doptrias).

Em nenhum caso ocorreu diminuição da MAVC. A acuidade visual sem correcção (AVSC) pós operatória média foi de 0.82±0.11 (0.6 a 1.0) [fig. 3 e tabela 4].

Tabela 4 – AVSC (Snellen) e refracção pós operatórias.

DP – desvio padrão.

Caso n.º Pós-operatório

AVSC Esfera Cilindro Eixo

1 0,8 0 -1,5 10 2 1,0 0 0,5 40 3 0,6 0 1,5 140 4 0,7 0 -1,0 110 5 0,9 0 -0,25 10 6 0,9 0 -0,25 70 7 0,9 0 2,5 80 8 1,0 -0,25 0 0 9 0,8 0 0,75 160 10 0,8 -0,5 -0,5 30 Média 0,82 -0,08 0,17 DP 0,11 0,16 1,12

Fig. 3 – AVSC (Snellen) 6 meses após cirurgia.

Comparando as MAVC pré operatórias com as AVSC pós operatórias verificou-se um ganho médio de 3,30±1,91 (0 a 6) linhas (tabela 5).

Não ocorreram quaisquer complicações intra-operatórias ou pós operatórias. Os doentes mantiveram o posicionamento da LIO tórica dentro de 5 graus do desejado em todas as con-sultas de pós operatório. Não foi necessário proceder ao reposicionamento cirúrgico da LIO por descentramento ou rotação em nenhum caso.

A análise vectorial mostrou que o astigma-tismo queratométrico médio induzido pela cirurgia foi de 0,464±0,171D (tabela 7).

Tabela 5 – Número de linhas ganhas com a cirurgia

quando comparadas as AVSC pós operatórias e as MAVC pré operatórias (Snellen). DP – desvio padrão.

Caso n.º MAVC pré-op pós-opAVSC N.º linhas ganhas

1 0,3 0,8 5 2 1,0 1,0 0 3 0,4 0,6 2 4 0,8 0,7 0 5 0,3 0,9 6 6 0,4 0,9 5 7 0,4 0,9 5 8 0,7 1,0 3 9 0,4 0,8 4 10 0,5 0,8 3 Média 0,45 0,83 3,30 DP 0,12 0,11 1,91

(6)

Tabela 6 – Queratometrias (dioptrias) pré operatórias

e 6 meses após cirurgia.

Caso n.º Pré-operatório Pós-operatório

K1 K2 Eixo K1 K2 Eixo 1 39,0 47,9 67 39,2 47,8 65 2 48,3 45,4 150 48,0 44,9 10 3 36,0 40,2 151 36,12 40,12 66 4 43,2 47,4 115 43,26 46,7 110 5 53,1 48,6 102 52,73 48,65 17 6 46,1 51,1 89 45,98 51,15 85 7 45,2 52,8 35 44,8 52,5 38 8 44,2 49,5 0 44,0 49,3 90 9 47,0 43,0 160 37,5 33,9 75 10 47,0 40,5 13 47,2 40,7 75

Tabela 7 – Análise vectorial do astigmatismo corneano

induzido pela cirurgia. Potência em dioptrias e eixo em graus. DP – desvio padrão.

Discussão e Conclusão

O sucesso de uma LIO tórica pode ser avaliado pela sua capacidade de reduzir o astigmatismo imediatamente após a cirurgia e manter uma posição estável no saco capsular a longo prazo 41. O uso de LIOs tóricas para

correcção de astigmatismos corneanos é

fre-quentemente complicado pela rotação da lente no saco capsular que é habitualmente de maior amplitude em olhos com maior comprimento axial. Por cada grau de rotação relativamente à posição desejada, ocorre uma perda de 3,3% do efeito da LIO 41. Assim uma rotação de 10,

20 ou 30 graus resulta na perda de 1/3, 2/3 ou a totalidade da potência cilíndrica respec-tivamente. Adicionalmente cerca de 3% da potência cilíndrica da LIO é perdida no interior do olho (menos de 0,12D) 41.

A maior parte das rotações ocorre no período pós operatório precoce. Uma vez fundidas as cápsulas anterior e posterior, a rotação da LIO é menos frequente. Nesta série todos os doentes têm um follow-up superior a 6 meses (média de 12 meses, 6 a 18 meses), período após o qual é improvável ocorrer rotação significativa da LIO. Os doentes mantiveram sempre o posicionamento da LIO tórica dentro de 5 graus do desejado. Diferenças inferiores a 5 graus estão dentro da margem de erro na marcação do eixo na lâmpada de fenda, não correspondendo necessariamente a uma rotação real da LIO no saco capsular 30. Note-se que o

valor médio de esfera da LIO implantada foi de 11,55±11,43 (-15,5 a 24)D, o que mostra uma boa estabilidade rotacional mesmo em olhos com maior comprimento axial, onde a rotação das LIOs tóricas é potencialmente maior. Nesta série de casos não foi necessário proceder ao reposicionamento cirúrgico da LIO em nenhum caso.

No tratamento destes 10 olhos foram tidos uma série de cuidados que para além das características da LIO poderão ajudar a justificar a eficácia e estabilidade dos resultados: (1) biometria cuidadosa; (2) marcação prévia do meridiano corneano 0-180º com o doente sentado e cabeça verticalizada; (3) marcação do meridiano corneano mais curvo utilizando um anel de calibração adequado; (4) capsulorréxis centrada e cubrindo pelo menos em 0,5 mm o bordo da lente em todos os quadrantes; (5) aspiração completa do viscoelástico; (6) verificação final do posicionamento da LIO; e (7) repouso na primeira semana de pós operatório.

Caso n.º Astigmatismo corneano induzido

Potência Eixo 1 0,428 68,5 2 0,289 125,7 3 0,410 177,3 4 0,843 49,5 5 0,562 27,2 6 0,393 22,6 7 0,413 112,5 8 0,555 3 9 0,518 32,8 10 0,227 76 Média 0,464 DP 0,171

(7)

Em nenhum caso ocorreu diminuição da MAVC (indicador de segurança). A MAVC pré operatória média foi de 0.45±0.12 (0.4 a 1.0). A acuidade visual sem correcção (AVSC) pós operatória média foi de 0.82±0.11 (0.6 a 1.0). Comparando as MAVC pré operatórias com as AVSC pós operatórias verificou-se um ganho médio de 3,30±1,91 (0 a 6) linhas, o que constitui um indicador de eficácia.

A análise vectorial mostrou que o astigma-tismo queratométrico médio induzido pela inci-são límbica de 3,4 mm a 80º foi de 0,464±0,171D valor muito inferior à diferença entre as médias dos astigmatismos pré e pós operatórios (4,12D), o que mostra que a significativa redução do astigmatismo com a cirurgia se deveu principalmente à LIO tórica implantada. Apenas em 1 dos casos (caso n.º 7) o astigma-tismo refractivo final excedeu as 2,0D. Note-se no entanto que neste caso o astigmatismo pré operatório era de -10,0D.

Em conclusão o implante de LIO Microsil Toric 6116 TU (HumanOptics AG, Erlangen, Germany) é um método eficaz, previsível, estável e seguro na correcção de altos astigma-tismos corneanos (≥3,0D) durante a cirurgia de facoemulsificação aumentando assim a independência de óculos após a cirurgia. Estudos adicionais, envolvendo um maior número de doentes e erros refractivos são necessários para confirmar estas conclusões.

Bibliografia

1. HOFFER KJ.: Biometry of 7500 cataractous eyes. Am J

Ophthalmol 1980; 90:360-368; correction, 890

2. NINN-PEDERSEN K, STENEVI U, EHINGER B.: Cataract

patients in a defined Swedish population 1986-1990. Preoperative observations. Acta Ophthalmol (Copenh) 1994; 72:10-15

3. TILL JS, YODER PR JR, WILCOX TK, SPIELMAN JL.:

Toric intraocular lens implantation: 100 consecutive cases. J Cataract Refract Surg 2002; 28:295-301 4. PATEL CK, ORMONDE S, ROSEN PH, BRON AJ.:

Postoperative intraocular lens rotation; a randomized comparison of plate and loop haptic implants. Oph-thalmology 1999; 106:2190-2195; discussion by DJ Apple, 2196

15. GRABOW HB.: Intraocular correction of refractive

errors. In: Kershner RM, ed, Refractive Keratotomy for Cataract Surgery and the Correction of Astigma-tism. Thorofare, NJ, Slack, 1994; 79-1156. 6

16. INOUE T, MAEDA N, SASAKI K, WATANABE H, INOUE

Y, NISHIDA K, INOUE Y, YAMAMOTO S, SHIMOMURA Y,

TANO Y.: Factors that influence the surgical effects of

astigmatic keratotomy after cataract surgery. Ophthal-mology 2001; 108:1269-1274

17. MÜLLER-JENSON K, FISHER P, SIEPE U.: Limbal

relaxing incisions to correct astigmatism in clear cor-neal cataract surgery. J Refract Surg 1999; 15:586-589

18. NOROUZI H, RAHMATI-KAMEL M.: Laser in situ

Kerato-mileusis for correction of induced astigmatism from cataract surgery. J Refract Surg 2003; 19:416-424

19. CHOI DM, THOMSON RW JR, PRICE FW JR.: Incisional

Refractive Surgery. Curr Opin Ophthalmology 2002; 13-237-241

10. AYALA MJ, PÉREZ-SANTONJA JJ, ARTOLA A,

CLARAMONTE P, ALIÓ JL.: Laser in situ keratomileusis

to correct residual myopia after cataract surgery. J Refract Surg 2001; 17:12-16

11. KAWANO K.: Modified corneoscleral incision to

reduce postoperative astigmatism after 6 mm diameter intraocular lens implantation. J Cataract Refract Surg 1993; 19:387-392

12. KOHNEN T, DICK B, JACOBI KW.: Comparison of the

induced astigmatism after temporal clear corneal tunnel incisions of different sizes. J Cataract Refract Surg 1995; 21:417-424

13. NEUMANN AC, MCCARTY GR, SANDERS DR, RAANAN

MG.: Small incisions to control astigmatism during cataract surgery. J Cataract Refract Surg 1989; 15:78-84 14. KOCH DD, LINDSTROM RL.: Controlling astigmatism in

cataract surgery. Semin Ophthalmol 1992; 7:224-233 15. KOHNEN T, KOCH DD.: Methods to control

astigma-tism in cataract surgery. Curr Opin Ophthalmol 1996; 7(1):75-80

16. MÜLLER-JENSON K, BUCHHOLZ A, BARLINN B.:

Stability of astigmatism over 3 years after corneal stretch incision. J Refract Surg 1998; 14:455-459 17. ROMAN SJ, AUCLIN FX, CHONG-SIT DA, ULLERN

MM.: Surgically induced astigmatismwith superior and temporal incisions in cases of with-the-rule preoperative astigmatism. J Cataract Refract Surg 1998; 24:1636-1641

18. AKURA J, KANEDA S, HATTA S, MATSUURA K.:

Con-trolling astigmatism in cataract surgery requiring relatively large self-sealing incisions. J Cataract Refract Surg 2000; 26:1650-1659

19. PFLEGER T, SKORPIK C, MENAPACE R, SCHOLZ U,

WEGHAUPT H, ZEHETMAYER M.: Long-term course

of induced astigmatism after clear corneal incision cataract surgery. J Cataract Refract Surg 1996; 22:72-77 20. HAYASHI K, HAYASHI H, NAKAO F, HAYASHI F.: The

correlation between incision size and corneal shape changes in sutureless cataract surgery. Ophthalmology 1995; 102:550-556

(8)

21. SHIMIZU K, MISAWA A, SUZUKI Y.: Toric intraocular

lenses: correcting astigmatism while controlling axis shift. J Cataract Refract Surg 1994; 20:523-526 22. GRABOW HB.: Early results with foldable toric IOL

implantation. Eur J Implant Refract Surg 1994; 6:177--178

23. GRABOW HB.: Toric intraocular lens report. Ann

Ophthalmol 1997; 29:161-163

24. SUN X-Y, VICARY D, MONTGOMERY P, GRIFFITHS M.:

Toric intraocular lenses for correcting astigmatism in 130 eyes. Ophthalmology 2000; 107:1776-1781; discussion by RM Kershner, 1781-1782

25. RU H S W U R M I, SC H O L Z U, ZE H E T M AY E R M,

HANSELMAYER G, VASS C, SKORPIK C.: Astigmatism

correction with a foldable toric intraocular lens in cataract patients. J Cataract Refract Surg 2000; 26:1022-1027

26. LEYLAND M, ZINICOLA E, BLOOM P, LEE N.:

Prospective evaluation of a plate haptic toric intra-ocular lens. Eye 2001; 15:202-205

27. TILL JS, YODER PR JR, WILCOX TK, SPIELMAN JL.:

Toric intraocular lens implantation: 100 consecutive cases. J Cataract Refract Surg 2002; 28:295-301 28. GILLS JP, VANDER KARR M, CHERCHIO M.: Combined

toric intraocular lens implantation and relaxing incisions to reduce high preexisting astigmatism. J Cataract Refract Surg 2002; 28:1585-1588

29. CHANG DF.: Early rotational stability of the longer

Staar toric intraocular lens; fifty consecutive cases. J Cataract Refract Surg 2003; 29:935-940

30. DE SILVA DJ, RAMKISSOON YD, BLOOM PA.:

Eva-luation of a toric intraocular lens with a Z-haptic. J Cataract Refract Surg 2006; 32:1492-1498

31. MENDICUTE J, IRIGOYEN C, ARAMBERRI J, ONDARRA A,

MONTE’S-MICO’ R.: Foldable toric intraocular lens for

astigmatism correction in cataract patients. J Cataract Refract Surg 2008; 34:601-607

32. TEHRANI M, DICK HB.: Incisional keratotomy to toric

intraocular lenses: an overview of the correction of

astigmatism in cataract and refractive surgery. Int Ophthalmol Clin 2003; 43(3):43-52

33. BUDAK K, YILMAZ G, ASLAN BS, DUMAN S.: Limbal

relaxing incisions in congenital astigmatism: 6 month follow-up. J Cataract Refract Surg 2001; 27:715-719 34. LEVER J, DAHAN E.: Opposite clear corneal incisions

to correct preexisting astigmatism in cataract surgery. J Cataract Refract Surg 2000; 26:803-805

35. GILLS JP.: Cataract surgery with a single relaxing

incision at the steep meridian [letter]. J Cataract Refract Surg 1994; 20:368–369

36. TEHRANI M, STOFFELNS B, DICK HB.: Implantation of

a custom intraocular lens with a 30-diopter torus for the correction of high astigmatism after penetrating keratoplasty. J Cataract Refract Surg 2003; 29: 2444- -2447

37. TEHRANI M, DICK HB, SCHWENN O, et al.:

Postope-rative astigmatism and rotational stability after Artisan toric phakic intraocular lens implantation. J Cataract Refract Surg 2003; 29:1761-1766

38. GERTEN G, MICHELS A, OLMES A.: Torische

Intraoku-larlinsen; klinische Ergebnisse und Rotationsstabiliät. Ophthalmologe 2001; 98:715-720

39. VIESTENZ A, SEITZ B, LANGENBUCHER A.: Evaluating

the eye’s rotational stability during standard photo-graphy; effect on determining the axial orientation of toric intraocular lenses. J Cataract Refract Surg 2005; 31:557-561

40. WEINAND F, JUNG A, STEIN A, PFÜTZNER A, BECKER

R, PAVLOVIC S.: Rotational stability of a single-piece

hydrophobic acrylic intraocular lens: new method for high-precision rotation control. J Cataract Refract Surg 2007; 33:800-803

41. Refractive lens exchange with foldable toric intra-ocular lens. RUÍZ-MESA R, CARRASCO-SÁNCHEZ

D, DÍAZ-ALVAREZ SB, RUÍZ-MATEOS MA, FERRER

-BLASCO T, MONTÉS-MICÓ R.: Am J Ophthalmol. 2009

Referências

Documentos relacionados

O TBC surge como uma das muitas alternativas pensadas para as populações locais, se constituindo como uma atividade econômica solidária que concatena a comunidade com os

Todavia, nos substratos de ambos os solos sem adição de matéria orgânica (Figura 4 A e 5 A), constatou-se a presença do herbicida na maior profundidade da coluna

Como se pode observar pela Tabela 7.5 , a avaliação deste indicador consiste numa aferição do número de aeronaves da frota da companhia aérea, onde a classificação

For a better performance comparison, and due to the difficulty in categorizing ML approaches in a simple way, we began by characterizing them in agreement with Caret’s

13 Além dos monômeros resinosos e dos fotoiniciadores, as partículas de carga também são fundamentais às propriedades mecânicas dos cimentos resinosos, pois

Este trabalho se justifica pelo fato de possíveis aportes de mercúrio oriundos desses materiais particulados utilizados no tratamento de água, resultando no lodo

Essas discussões abertas tinham como objetivo levantar perspectivas sobre o futurovislumbrado para o ISE e a sus- tentabilidade nas empresas, respondendo à mesma per-

Na concepção de Rodó para a definição de uma América Latina livre de acordo com o espírito de Ariel para rechaçar a mania de ser como os Estados Unidos, ou melhor, a