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Influências no comportamento sexual dos universitários: o uso do preservativo.

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CUNHA, E. V. & SILVA, L. L.1

Resumo

A influência de campanhas da AIDS sobre o comportamento sexual dos jovens é algo ainda pouco discutido, não encontramos na literatura dados sobre esse tema. Deste modo, essa pesquisa teve como objetivo verificar se havia influência positiva no comportamento sexual do universitário. Os questionários foram aplicados em jovens universitários do campus de Bauru dos cursos de Jornalismo, Engenharia Civil e Educação Física. Os resultados obtidos evidenciaram maior percentual relativo à formação/educação familiar a que esses jovens têm acesso, deste modo este se mostrou ser o fator de influência determinante no comportamento sexual do universitário. Em relação às campanhas, os dados demonstraram a ocorrência de um empate, pois houve uma diferença de 2 votos e, de acordo com o desvio padrão, não podemos afirmar que de fato elas imprimem influência. Como justificativa ao não-uso do preservativo, foram citados os fatores duração e estabilidade do relacionamento amoroso. Essa pesquisa visou um maior conhecimento a cerca do comportamento sexual do jovem universitário.

Introdução

A AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) é uma doença que se manifesta após a infecção do organismo pelo vírus HIV (Vírus da imunodeficiência humana). É classificada como uma síndrome porque possui uma variedade de sintomas e manifestações, que, em conjunto, caracterizam uma doença. Embora um indivíduo apresente resultado positivo para a infecção do HIV, ele pode não estar com AIDS, pois esta representa um estágio mais avançado da infecção. O período entre a contaminação pelo HIV e as manifestações dos primeiros sintomas da AIDS serão determinadas, principalmente, pelo estado de saúde do indivíduo.

Além disso, o modo como a AIDS se manifesta pode assumir formas variadas, entretanto, os primeiros sintomas costumam ser semelhantes e comuns a outros tipos de doenças, ocasionando dificuldades no diagnóstico. Normalmente, os sintomas apresentados

1 Acadêmica do 2º ano de Psicologia. Faculdade de Ciências. Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho. UNESP, campus de Bauru, 2008.

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são febres persistentes, calafrios, dores de cabeça, dores de garganta, dores musculares, manchas na pele, suores noturnos, diarréias, gânglios embaixo do braço, pescoço ou virilha, entre outros sintomas. Com o progresso da doença, o sistema imunológico do indivíduo fica comprometido, colaborando para o surgimento de doenças oportunistas como a pneumonia, a tuberculose, alguns tipos de câncer, toxoplasmose, meningite, entre outras.

A contaminação pelo vírus HIV ocorre apenas no indivíduo que apresentar contato com sangue, sêmen, secreção vaginal ou leite materno soropositivo. Este contato pode ocorrer por meio de relações sexuais vaginal, anal ou oral sem preservativo; uso compartilhado de seringas; transfusões de sangue; gravidez, parto e amamentação; ou ainda por instrumentos perfuradores ou cortantes não esterilizados.

O primeiro caso de AIDS diagnosticado no Brasil ocorreu em 1980 em um indivíduo do sexo masculino infectado por exposição bissexual, com idade entre 13 e 49 anos, a literatura não apresenta dados mais específicos sobre este caso. Segundo as informações do Ministério da Saúde, desde esta contaminação até junho de 20072, foram notificados 474.273 casos de AIDS de Brasil. Em 2006, considerando apenas dados preliminares, foram registrados 32.628 casos da doença. Os dados do Boletim Epidemiológico 20073 apontam que as regiões Sul e Sudeste, atualmente, concentram 80% dos casos.

Desde a primeira contaminação o país acumulou 192.709 mil óbitos por AIDS até 2006, considerando que os dados de 2006 são preliminares. Ainda em relação ao número de óbitos, o Norte também apresenta aumento na taxa de mortalidade, entre 2002 e 2006, houve um aumento de 42,4% em relação ao período anterior. Contudo, após a introdução da política de tratamento anti-retroviral observou-se queda na taxa de mortalidade da AIDS, fato que se evidencia a partir do ano 2000 quando houveram por volta de 63,3 óbitos a cada 100 mil habitantes. Além disso, observou-se, entre 1993 e 2003, um aumento de cinco anos na média de idade entre os óbitos, em ambos os sexos, revelando um aumento na sobrevida dos pacientes. Segundo o Boletim de 2007, após cinco anos do diagnóstico da doença cerca de 90% das pessoas com AIDS no Sudeste, ainda estavam vivas, o menor percentual de sobrevida foi encontrado no Norte onde 78% estão vivas após esse período.

O Brasil conta com 314.294 casos de AIDS diagnosticados em homens, desde 1980, e 159.793 em mulheres. A partir de 1998 houve uma inversão na proporção de casos de AIDS entre homens e mulheres com idades entre 13 a 19 anos, em 1985 registrou-se 15 casos em

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Fonte dos dados: Portal do Ministério da Saúde, na seção Programa Nacional de DST e AIDS

3 Apresentado no auditório Emílio Ribas, na sede do Ministério da Saúde, em Brasília, dia 21 de novembro de 2007.

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homens para 1 em mulheres, atualmente, os dados revelam que a relação é de, respectivamente, 1,5 para 1. O Ministério da Saúde verificou que, em ambos os sexos, os casos da doença concentram-se na faixa etária dos 25 aos 49 anos e um aumento dos casos em pessoas com mais de 50 anos.

Os dois primeiros casos de AIDS na população feminina datam do ano de 1983, sendo que, um deles decorreu por exposição heterossexual e o outro, por exposição sanguínea a partir da subcategoria de UDI (Usuários de Drogas Injetáveis). Todavia, embora o primeiro caso entre mulheres tenha sido diagnosticado 3 anos após os homens, verifica-se o aumento dos casos entre a população feminina, esse processo é denominado feminização da AIDS (NARDI, 2005).

Em homens com mais de 13 anos, verifica-se o aumento da epidemia em heterossexuais, estabilização entre os homos e bissexuais e uma redução entre UDIs, mas há uma ressalva que em homo/bissexuais jovens há uma tendência ao aumento. Nas mulheres, em 1996, foram notificados 86,1% dos casos em heterossexuais e 12,6% em UDI. No ano de 2007 o percentual em heterossexuais aumentou para 95,7% e cai para 3,5% em UDI.

Para a diminuição das taxas apresentadas, o Ministério da Saúde aposta na prevenção, a qual se dá, fundamentalmente, na recomendação da prática de sexo seguro, onde se entende por sexo seguro: relação monogâmica com parceiro HIV negativo e uso de preservativo em todas as relações sexuais. Além do cuidado no manejo de sangue (uso de seringas descartáveis, exigir que todo sangue transfundido seja previamente testado para a presença do HIV e uso de luvas). Tais procedimentos preventivos são divulgados através da mídia escrita e falada, por meio de propagandas e campanhas preventivas.

Ao longo de mais de vinte anos de epidemia, o Brasil foi um dos primeiros países do mundo a deixar de associar em suas campanhas a AIDS à morte, focalizando a valorização da auto-estima, a informação, o incentivo ao uso do preservativo e o respeito aos direitos humanos. Apresentou também nas campanhas, alguns tabus como relações homossexuais entre homens (2002), mulheres adolescentes que não se envergonham na compra de preservativos (2003), um homem que conversava com seu próprio pênis (1994), sendo todas consideradas polêmicas.

A construção das campanhas é pautada, principalmente, nas pesquisas de comportamento, participação da sociedade civil e dados epidemiológicos.4A campanha mais recente divulgada pelo portal do Ministério da Saúde, que foi lançada no “Dia mundial de

4 Os dados estão disponíveis no Portal do Ministério da Saúde, na seção Programa DST e AIDS, no link Campanhas.

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Luta contra a AIDS” (01/12/07), tem como foco principal os jovens entre 14 e 24 anos, faixa etária abarcada pelo objetivo da presente pesquisa. A campanha trata da questão da afirmação dos direitos dos jovens de viver a sua sexualidade e ter acesso ao preservativo e à informação.

Ainda em relação ao comportamento sexual dos adolescentes/jovens, uma pesquisa coordenada pelo médico psiquiatra Jairo Bouer traz considerações importantes acerca dos mesmos, a pesquisa foi realizada com indivíduos entre 13 e 17 anos, totalizando 7520 alunos do Estado de São Paulo. Seu objetivo foi mapear o conhecimento e as atitudes dos jovens com relação à sexualidade e à prevenção. Os resultados obtidos demonstram que, apesar do jovem ter um bom nível de informação, eles dispensam o uso do preservativo quando julgam estar em uma relação estável.

Outro dado apresentado pela pesquisa diz respeito às informações sobre prevenção, que segundo os dados obtidos tem conseguido chegar aos jovens. Contudo, mesmo munido da informação o uso do preservativo diminui com a idade, a prática sexual e a estabilização dos namoros.

Além disso, a taxa de preocupação com a gravidez se mostrou alta, podendo justificar o uso inadequado dos métodos de contracepção, e até mesmo, o não uso dos métodos. Verificou-se ainda que a utilização do preservativo é maior como método contraceptivo, correspondendo a 74% dos entrevistados, enquanto que a pílula, corresponde a apenas 20%. A taxa dos participantes que declararam que abandonariam o uso do preservativo caso vivessem um relacionamento estável foi de 28%.5.

Alguns dados estatísticos revelam a relação entre número de casos de ocorrência de AIDS com o nível de escolaridade (NARDI, 2005). Indivíduos de escolaridade superior e com o 2º grau representavam a totalidade dos casos de AIDS até 1982, passando a apresentar menores percentuais ao longo dos anos.

Inversamente, houve um aumento no número de casos em indivíduos com menor grau de escolaridade, constatando-se em 1994, que a maioria dos casos, 69,9%, correspondia a indivíduos analfabetos e com o primeiro grau. Segundo o panorama apresentado pelo Exame Nacional de Cursos referente aos anos de 1996 a 2002, aplicado em alunos concluintes de 24 cursos de graduação, observa-se que, apesar da gradativa participação de estudantes da faixa etária superior a 35 anos, a predominância está na faixa etária jovem, apontando uma concentração de 49,7% de estudantes com até 24 anos.

5 A pesquisa encontra-se citada no portal do Ministério da Saúde, na seção Programa DST e AIDS na mídia, no link notícias (comportamento sexual).

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“O estudante universitário é, ainda, alvo de uma caracterização que lhe é atribuída socialmente. Os universitários são referidos como mais intelectualizados (PIRROTA, 2003), culturalmente privilegiados (PICCOLI, 1999), socialmente diferenciados (MAGALHÃES et al, 1997), pertencentes a estados sociais de maior instrução ( PIRROTTA e SCHOR, 2002), detentores do conhecimento (LIMA, 2001)”. (NARDI, 2005, pp. 25).

Objetivo

Tendo em vista as inúmeras situações que o universitário experiencia, como acesso facilitado à produção científica, participação ativa na construção do próprio conhecimento, ênfase no processo de autonomia, aprimoramento profissional, convívio social intensificado, entre outros (NARDI, 2005), esta pesquisa pretende verificar a influência de campanhas preventivas da AIDS, realizadas pelo Ministério da Saúde e mídia em geral, no comportamento de uso do preservativo entre os universitários. Além disso, também faz parte do objetivo analisar se haverá diferenças nos percentuais obtidos, entre os alunos da Faculdade de Ciências, Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação e Faculdade de Engenharia de Bauru, todas do corpo da UNESP (Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”).

Pudemos observar que pesquisas voltadas para a relação do universitário com o universo da AIDS são de suma importância, tanto para que se possa contribuir com a ciência quanto com a sociedade, visto que pelos dados aqui apresentados, os jovens constituem o maior grupo de risco. Houve dificuldades para encontrarmos estudos que evidenciassem a AIDS nesse contexto, principalmente estudos recentes.

Método

Participantes:

A presente pesquisa foi realizada com estudantes universitários da UNESP – campus de Bauru, universidade pública do interior de São Paulo, nas Faculdades de Artes, Arquitetura e Comunicação (FAAC), Faculdade de Engenharia de Bauru (FEB) e Faculdade de Ciências (FC), que assim foram escolhidas propositalmente, visando evidenciar uma possível diferença que possa ocorrer entre as diferentes áreas. Os dados foram obtidos por meio de uma amostragem na proporção de uma sala por faculdade, com estudantes do 2º, 3º e 4º ano da graduação. A pesquisa engloba ambos os sexos, sendo 39 mulheres e 37 homens, totalizando uma média de 76 acadêmicos: 27 participantes da FAAC, 28 da FEB e 21 da FC.

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A média de idade dos participantes na FAAC foi de 22,3 anos, com variação entre 20 a 27 anos, na FC a média foi de 20,3 anos, com variação de 18 a 31 anos e na FEB foi de 22,7 anos, com variação entre 20 a 27 anos.

Material:

A coleta de dados foi obtida através da aplicação de um questionário composto por 7 questões, sendo 6 objetivas e 1 discursiva (Anexo 1), o qual continha questões que visaram constatar se a hipótese sobre as influências das campanhas preventivas da AIDS no comportamento de uso de preservativo nos estudantes era positiva. Além disso, analisar a freqüência no uso do preservativo, os motivos que os levam a usar, e ainda a ocorrência do uso do mesmo em relações homossexuais.

Procedimento:

Os questionários foram aplicados nos meses de maio e junho do ano de 2008, no campus da Unesp de Bauru. Os dados obtidos na FAAC e FC são do curso de Jornalismo e Educação Física do período noturno e na FEB do curso de Engenharia Civil do período integral. Ele abrange tanto questões sobre a influência das campanhas de prevenção, quanto outras que possam interferir na relação campanha x uso do preservativo, como a formação/educação familiar, dados estatísticos da ONU (Organização das Nações Unidas) e OMS (Organização Mundial de Saúde), assim como a prevenção da gravidez. Dessa forma, esses fatores constituem um conjunto de possíveis variáveis estranhas.

A dificuldade de busca por técnicas de controle de possíveis variáveis ocorre devido à limitação que o procedimento de coleta escolhido, o questionário, apresenta com relação à fidedignidade das respostas obtidas. Assim, faz-se necessária a aplicação deste em um recorte da população universitária, visto que é um projeto piloto, com a finalidade de checar a pertinência de sua eficácia no que diz respeito ao objetivo da pesquisa.

Resultados

Quanto à utilização do preservativo pelos universitários da UNESP, campus de Bauru, os dados obtidos e expostos na Tabela 1, abaixo, demonstram que a maior parte dos universitários da FC, 42,85%, utiliza o preservativo em todas as relações sexuais, 4,76% utilizam freqüentemente e 28,57% somente às vezes. Do total apurado 23,80% dos

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universitários dessa faculdade ainda não tiveram sua primeira relação sexual. Todos os dados aqui totalizados se referem a relações heterossexuais.

Os dados obtidos na FAAC demonstram maior distribuição das respostas em relação às alternativas, sendo que 33,33% revelou usar o preservativo em todas as relações e, 7,40% dos entrevistados revelou nunca utilizar o preservativo, desta parcela obtivemos que 11,11% dos estudantes não tiveram a primeira relação sexual, também foi registrado 3,70% de abstenções.

O menor percentual obtido com essa pesquisa foi verificado na FEB, onde apenas 28,57% dos entrevistados relataram sempre utilizar o preservativo e 28,57% relataram utiliza-lo freqüentemente, 7,14% disseram nunca utilizar e 28,57% ainda não tiveram a primeira relação sexual. Do total obtido na FEB 0,28%, relatou ter tido relação homossexual e não faz uso do preservativo.

Da totalidade dos dados obtivemos a média de 34,91% de uso em todas as relações, 4,84% nunca utilizam e atribuíram ao fato da parceira fazer uso de pílula contraceptiva e ainda a estabilização do relacionamento amoroso, evidenciando assim que a preocupação primeira, no caso desses entrevistados é a gravidez e não as DST/AIDS. 21,16% revelaram que não tiveram a primeira relação sexual e as abstenções quanto a essa questão totalizaram 1,23%.

Tabela 1: Uso do preservativo

 FC: Faculdade de Ciências

 FAAC: Faculdade de Artes, Arquitetura e Comunicação.

 FEB: Faculdade de Engenharia de Bauru

Alternativa FC FAAC FEB Média

Sempre 42,85% 33,33% 28,57% 34,91%

Freqüentemente 4,76% 25,92% 28,57% 19,75%

Às vezes 28,57% 3,70% 7,14% 13,13%

Raramente 0 14,81% 0 4,93%

Nunca 0 7,40% 7,14% 4,84%

Ainda não tive 23,80% 11,11% 28,57% 21,16%

Abstenções 0 3,70% 0 1,23%

Quanto à finalidade do uso do preservativo, os dados podem ser visualizados na Tabela 2, 52,38% dos universitários da FC disseram que o utilizam com a finalidade primeira de evitar DST/AIDS e em segundo uma gravidez. Dos dados obtidos na FAAC, 51,85% disseram utilizar primeiro para evitar uma gravidez e segundo as DST/AIDS e 3,70%

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disseram que outros, justificando que utiliza o preservativo para os dois fins, não alocando em nenhuma ordem. Os dados da FEB demonstram que 46,42% utilizam primeiro para evitar as DST/AIDS e em segundo lugar para evitar uma gravidez. A média dos resultados obtidos totalizam 39,10% que utilizam com a finalidade primeira de evitar as DST/AIDS e em segundo lugar uma gravidez. Devemos frizar que nessa questão houve um número significativo de abstenções, 11,24%. Ainda em relação a FEB 17,85% dos participantes relataram utilizar o preservativo apenas com a finalidade de evitar uma gravidez. O item evitar DST não obteve nenhuma resposta.

De acordo com os dados obtidos fica evidente que na FAAC a preocupação determinante no uso do preservativo é evitar uma gravidez e em segundo lugar uma DST/AIDS.

Tabela 2: Finalidade do uso do preservativo.

Alternativa FC FAAC FEB Média

Evitar gravidez 9,52% 7,40% 17,85% 11,59% Evitar DST’s 4,76% 7,40% 0 4,05% Evitar uma gravidez em primeiro lugar e DST’s em segundo 28,57% 51,85% 17,85% 32,75% Evitar as DST’s em primeiro lugar e uma possível gravidez em segundo 52,38% 18,51% 46,42% 39,10% Outro fator 0 3,70% 0 1,23% Abstenções 4,76% 11,11% 17,85% 11,24%

No caso das participantes que não utilizam o preservativo ou deixariam de utilizá-lo em algum momento, obtivemos 63,15% de abstenções. O alto número de abstenção, segundo nossa análise, pode ser atribuído ao erro de método, a falta da instrução correta das respostas no ato do preenchimento do questionário. A finalidade desta pergunta era evidenciar se no caso do participante não utilizar o preservativo qual seria o motivo. Dos participantes que responderam à questão 22,36% disseram que deixariam de utilizar em caso de estabilização/duração do relacionamento amoroso, 7,89 disseram que não utilizam devido ao

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incomodo, 1,31% responderam ter vergonha de usar ou pedir para o parceiro usar, 1,31% responderam que é devido à falta de preparação prévia (não tem o preservativo à mão, não comprou) e 3,94% responderam “outros” e como justificativa obtivemos as respostas: custo e uso de pílula contraceptiva pela parceira.

Quanto ao fator de influência no uso do preservativo, obtivemos os resultados expostos na Tabela 3. Podemos verificar que dos universitários questionados na FC, 66,66% indicam que a formação/educação familiar é o principal fator de influência, essa opção também foi a maioria na FAAC, totalizando 70,37% e na FEB 75 %. Quanto à propaganda e campanhas preventivas da DST/AIDS veiculadas na mídia, 28,57% dos entrevistados da FC, 25,92% da FAAC e 25% da FEB disseram ser esse o fator de influência, assim as campanhas e propagandas preventivas vem em segundo lugar quando tratamos do grau de influência exercido. Os dados estatísticos divulgados na mídia sobre a atual situação da AIDS no Brasil e no mundo obtiveram 14,28% e 14,81% na FC e na FAAC respectivamente. As abstenções totalizaram 3,70% na FC e 3,57% na FAAC.

Tabela 3: Fator de Influência.

Alternativa FC FAAC FEB Média

Formação/ Educação Familiar 66,66% 70,37% 75% 70,67% Propagandas/ Campanhas veiculadas na mídia 28,57% 25,92% 25% 26,49% Dados estatísticos 14,28% 14,81% 0 9,69% Caso de óbito 0 0 0 0 Abstenções 0 3,70% 3,57% 2,42%

A Tabela 4, abaixo, foi apresentada de acordo com as respostas obtidas a partir da análise do discurso da questão discursiva (aberta), os valores expostos correspondem à totalidade das respostas e não a percentuais. A categoria correspondente ao Sim e do Não representam os totais de respostas, e as linhas sucessivas dizem respeito ao porquê explicitado na resposta. Em alguns casos os participantes não apresentaram argumentos que

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fundamentassem a resposta, portanto foi contabilizado apenas na categoria “sim” ou “não”, de acordo com a resposta dada.

Com relação às respostas obtidas na FC, 14 participantes relataram que sim, as campanhas/propagandas influenciam o uso do preservativo, sendo que desse valor 7 atribuíram a respostas a conscientização e esclarecimentos que a campanha proporciona, 2 relataram que elas trazem mais informações a cerca das doenças, 2 participantes disseram apenas que elas são importantes, não especificando sua resposta, 1 participante disse que elas fazem o papel que os pais deveriam fazer, ou seja, orientar e 2 participantes disseram apenas que sim, não fundamentando sua resposta.

Dos participantes da FAAC apenas 9 relataram que sim, as campanhas influenciam, e 12 participantes da FEB disseram o mesmo. Da totalidade de respostas obtidas nas três faculdades, 35 pessoas relataram que as campanhas/propagandas veiculadas na mídia influenciam seu comportamento no uso do preservativo.

Apenas 6 participantes da FC disseram que as campanhas/propagandas não influenciam no seu comportamento, onde 3 disseram apenas que não, sem justificativas e os outros 3 atribuíram à educação/formação recebida, estratégia ruim e ao tempo insuficiente que as campanhas permanecem no ar.

Na FAAC os dados obtidos a favor do não representam 17 participantes, desses 11 disseram que a educação/formação familiar é o fator determinante no comportamento de uso do preservativo. Dos dados apurados na FEB, 14 participantes disseram não há influência por parte das campanhas em seu comportamento, o motivo do por quê elas não interferem ficou distribuído entre a educação/formação familiar, estratégia ruim, tempo de campanha insuficiente e outros. Do total de dados apurados 3 pessoas não responderam a essa questão.

Tabela 4: Análise de Discurso.

Resposta FC FAAC FEB Total

SIM 14 9 12 35 Conscientização/ Esclarecimento/ Mostra os riscos 7 3 5 15 Traz mais informações/ Conhecimento 2 3 1 6 Importância 2 1 1 4 Divulgação de dados sobre os 1 2 3

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casos de DST’s Faz o papel dos

pais 1 1 Outros 1 1 NÃO 6 17 14 37 Formação e educação familiar é mais relevante 1 11 3 15 Estratégia ruim 1 4 2 7 Tempo da campanha é insuficiente 1 2 3 Depende do grau de instrução 2 2 Outros 2 3 5 Não responderam 1 2 3

Analisando a totalidade de respostas à questão discursiva pudemos perceber que dente as três faculdades apenas a FC obteve um total de respostas positivas maiores que as negativas, ou seja, evidenciando que as campanhas influenciam no comportamento. As outras duas universidades, FAAC e FEB obtiveram maior número de respostas negativas relativas a essa questão. Embora a resposta negativa tenha ocorrido em maior número, não podemos afirmar que de fato as campanhas/propagandas preventivas das DST/AIDS não influenciam no comportamento de uso do preservativo nos universitários, pois a diferença (a margem) entre o sim e o não foi de apenas 2 votos, o que não pode garantir essa afirmação.

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0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 Sim Não

Gráfico da resposta sobre a influência

das campanhas preventivas da

AIDS/DST

FC FAAC FEB

Essa pesquisa proporcionou o conhecimento a cerca de que a educação/formação familiar, ou seja, a família em si, exerce grande influência sobre o comportamento sexual do universitário, o grau de instrução também foi por eles citados. A pesquisa pode mostrar também que os universitários ainda não fazem uso do preservativo em todas as relações, conseguimos evidenciar que a maioria faz, mas ainda há um grande percentual que o utiliza apenas às vezes, concluímos que apesar dos universitários terem informações sobre os riscos do contágio de uma DST/AIDS, segundo eles adquiridas predominantemente através da educação/formação familiar, eles ainda não se previnem em todas as relações, como deveria ocorrer, visto que a AIDS tem aumentado entre os jovens, fato já explicitado nessa pesquisa. Possivelmente esse é o fator que faz com que eles sejam a parcela da população onde a AIDS mais cresce e sejam o chamado grupo de risco. O governo federal tem investido em campanhas que tem como alvo o jovem, mas nessa parcela da população, a qual nos dispusemos estudar, as campanhas não têm surtido o efeito desejado, pois eles revelam não ser esse o fator que mais influencia no seu comportamento. Quanto aos dados estatísticos sobre a situação da AIDS no Brasil, apenas 9,69% revelaram que esse também é um fator de influência, logo esses dados também não se mostrou relevante nesse aspecto.

Em relação à questão sobre relações homossexuais na totalidade dos dados obtidos, houve 97,36% de respostas negativas, 1,31% de respostas positivas e 1,31% de abstenção. Nesse percentual de 1,31% de respostas positivas obtivemos como resposta em relação à

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pergunta do uso do preservativo na relação homossexual a alternativa “nunca”. Segundo o Ministério da Saúde os casos de AIDS entre homossexuais tende ao crescimento, isso demonstra que é necessária maior conscientização dessa parcela da população, pois se evidencia aqui a despreocupação em relação ao uso de preservativo nas relações homossexuais.

Pudemos observar que o uso do preservativo está mais presente no repertório comportamental da mulher universitária do que do homem. Segundo a análise, 38,46% das mulheres participantes disseram utilizar o preservativo em todas as relações sexuais contra 29,72% dos homens. Dos que disseram nunca utilizar, as mulheres contabilizam 5,12% contra 5,40% dos homens. Mulheres Homens Sempre 38,46% Sempre 29,72% Freqüentemente 12,82% Freqüentemente 29,72% Às vezes 10,25% Às vezes 13,51% Raramente 7,69% Raramente 2,70% Nunca 5,12% Nunca 5,40%

Não tiveram relação sexual 23,07% Não tiveram relação sexual 18,91%

Abstenções 2,56% Abstenções 0%

Esses dados demonstram maior preocupação entre a população feminina na prevenção das DST/AIDS e também da gravidez, visto que há pessoas que o utilizam também com essa finalidade. Assim podemos dizer, com base nos dados, que o processo de feminização da AIDS, pode não ocorrer no caso das jovens universitárias. Lembremos que essa pesquisa retrata apenas uma parcela da população de universitários.

As informações prestadas na introdução dessa pesquisa foram corroboradas pelos dados obtidos, no sentido de que embora os jovens tenham informação sobre prevenção, eles não fazem uso dela como o devido, deixando de usar o preservativo quando da estabilização do relacionamento amoroso, quando se faz o uso de pílula contraceptiva, que tem como finalidade apenas a contracepção e não a prevenção de doenças, e ainda devido ao incômodo. Lembremos que o uso do preservativo é indicado em todos os casos em que estiverem presentes secreções de toda espécie e sangue, não podendo ser dispensado em hipótese alguma, para que assim haja um maior controle sobre a disseminação das DST/AIDS.

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Referências

NARDI, M. Os estudantes universitários e a AIDS: o que aponta a produção nacional de 1980 a 2003. 2005. 114f. Dissertação (Mestrado em Educação)- Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2005.

http://libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000364435 Acesso em 20 de abril de 2008 MINISTÉRIO DA SAÚDE. Programa Nacional de DST e AIDS. Disponível em World Wide Web: < http://www.aids.gov.br/data/Pages/LUMISCEBD192APTBRIE.htm >. Acesso em: 28 de novembro 2007.

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Pesquisa sobre Comportamento Sexual

Sexo: ( ) Feminino. Idade:_____ anos. Faculdade: ( ) FC

( ) Masculino. ( ) FAAC

( ) FEB 1. Em suas relações sexuais, você usa preservativo?

( ) sempre.

( ) freqüentemente. ( ) às vezes.

( ) raramente. ( ) nunca.

( ) ainda não tive nenhuma relação sexual.

2. Em caso afirmativo, com que finalidade você o utiliza (ou o utilizaria)? ( ) Evitar gravidez.

( ) Evitar as doenças sexualmente transmissíveis (DST).

( ) Evitar uma gravidez em primeiro lugar e, em segundo, evitar as doenças (DST). ( ) Evitar as doenças (DST) em primeiro lugar e , em segundo, uma possível gravidez. ( ) Outro fator. Qual?______________________.

3. Em caso negativo, por que você não o utiliza (ou não utilizaria)? ( ) Estabilização/Duração do relacionamento amoroso.

( ) Incomodo.

( ) Desconfiança da eficácia.

( ) Vergonha de ter a camisinha a mão.

( ) Vergonha de usar ou pedir para o parceiro usar.

( ) Falta de preparação prévia ( Não tem à mão, não comprou). ( ) Outros _________________.

4. Que fator de influência abaixo você considera relevante no comportamento do uso do preservativo?

( ) Formação/educação familiar.

( ) Propagandas/Campanhas da AIDS/DST veiculadas na mídia.

( ) Dados estatísticos, Declarações da ONU/OMS sobre a situação das DSTs (AIDS) no Brasil e no mundo.

( ) Um caso de óbito de algum artista famoso por conseqüência da AIDS.(Cazuza, Renato Russo, outros)

5. Você já teve ou mantém relações homossexuais? ( ) sim. ( ) não.

6. Caso a resposta à questão acima seja positiva, você usou preservativo? ( ) sempre.

( ) freqüentemente. ( ) às vezes.

( ) raramente. ( ) nunca.

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7. De acordo com as propagandas/campanhas veiculadas na mídia, você julga que elas exercem influência sobre o seu comportamento no uso do preservativo? Por que? ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ _______________________________________.

Referências

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